EDIÇÃO IMPRESSA - 467 - page 8

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 20 A 27 DE NOVEMBRO DE 2013
CAPA
P
G
8
Embora o Pantanal seja o chamariz da Copa, região não está recebendo ações do Governo e nível de segurança preocupa a
Embaixada dos Estados Unidos. Por Camila Ribeiro. Fotos:
COPA NO PANTANAL
Pantanal é esquecido pelo Governo
O Pantanal mato-
grossense receberá no
início de dezembroa visita
de membros da
Embaixada dos Estados
Unidos, que, dentre outros
compromissos, deverão
apurar os níveis de
segurança que serão
oferecidos aos turistas
estrangeiros durante a
realização da Copa do
Mundo de 2014. Na
oportunidade, a comissão
deverá se reunir com
empresários do setor
turístico que se dizem
indignados com o
descaso do Governo do
Estadoem relação à
região pantaneira.
Má qualidade da
malha viária nas estradas
que dão acesso ao
Pantanal, ausência de
sinalização, péssimo
estado de conservação
das pontes e fiscalização
de segurança
insuficientesão alguns dos
problemas encontrados
nas vias de acesso à
regiãoe que certamente
estarão presentes no
referendo que irá ser feito
pela Embaixada
americana.
· Sinalização nas estradas de acesso é quase
inexistente;
· Por falta de fiscalização de segurança, região fica
à mercê de traficantes que realizam pousos
clandestinos;
· Um dos destinos de destaque no Brasil não possui
qualquer estatística sobre o número de visitantes que
passam pela região;
· Estradas esburacadas;
· Pontes que não oferecem condições mínimas de
segurança;
· Inexistência de plano de crise ou acidentes;
· Pronto-Socorro de Poconé não possui estrutura
adequada para receber pacientes em caso de
acidentes mais graves.
SOS PANTANAL
Governo propaga investimento
de R$ 330 milhões
Em setembro do ano
passado, o governador
Silval Barbosa (PMDB)
assinou contrato de
operação de crédito junto
ao Banco Nacional do
Desenvolvimento Social
(BNDES), por meio do
qual Mato Grosso
passaria a contar com
aporte de mais de R$ 250
milhões para investimentos
na infraestrutura do
Turismo. À época, Silval
afirmou que os recursos
seriam fundamentais para
“estruturar e qualificar o
setor turístico, além de
proporcionar uma
melhoria da qualidade de
vida da população
residente nas áreas de
influência turística”.
Já em junho de 2013,
o secretário de Estado de
Desenvolvimento do
Turismo (Sedtur), Jairo
Pradela, anunciava que
haveria investimentos de
mais de R$ 330 milhões
para melhorias no setor.
“Até a Copa do Mundo
de 2014 os principais
atrativos turísticos de Mato
Grosso serão
revitalizados”, afirmou o
secretário, apesar de
praticamente não ter mais
tempo hábil para grandes
obras.
Setor teme “não ver dinheiro algum” até a Copa
Embora gestores
propagandeiem
investimentos milionários,
representantes do trade
turístico do Estado,
especialistas e membros
de órgãos ligados à área
alegam que as melhorias
estão distantes e falta até
mesmo o básico em
cidades com atrações
históricas ou belezas
naturais. A coordenadora
do curso de Turismo da
Unirondon, Rejane
Pasquale, alega, por
exemplo, que a principal
deficiência para o
desenvolvimento do
turismo em Mato Grosso é
a falta do produto turístico
formatado: “Temos o
atrativo, mas possuímos
deficiências em todos os
outros serviços e estruturas.
O Estado não tem seguido
o plano nacional do
Ministério do Turismo para
fomento da atividade”.
“É preciso
modernização das
estruturas de que
dispomos. Fala-se em
investimento no turismo do
Estado, mas a verdade é
que não vemos esse
dinheiro em lugar nenhum.
Não podemos vender um
turismo que não temos.
Uma paisagem sem um
hotel, transporte ou
restaurante que dê suporte
ao turista é só uma
paisagem”, completa o
presidente da Associação
Brasileira da Indústria
Hoteleira, seccional Mato
Grosso, Conrado Vitali.
E quem pensa
que o problema de
infraestrutura nas
estradas pode ser
observado somente
nas péssimas
condições do asfalto,
engana-se. A
precariedade das
pontes na MT-060,
conhecida como
Transpantaneira, é
outra dificuldade
encontrada na
região.
A empresária
Rosane Inês Kuhsler
lembra que existem
casos de ponte
interditada há mais
de ano e sem
qualquer previsão de
Ponte está há 1 ano interditada
conserto. “O acesso de
ônibus e carros é feito
de forma totalmente
improvisada. Nós que
temos empreendimentos
aqui na região ficamos
completamente
desesperados,
especialmente durante o
período chuvoso”,
relata.
Ainda segundo
Rosane, a região que
seria o principal destino
turístico em Mato
Grosso durante a Copa
do Mundo tem sentido
nos últimos meses a
redução no número de
visitantes, “já que o
acesso ao Pantanal está
extremamente caótico”.
O turista que tiver
a intenção de
conhecer o Pantanal
mato-grossense irá
literalmente se
aventurar já na
estrada que liga
Cuiabá a Poconé, um
das portas de entrada
ao Pantanal.A situação
é precária e
‘Panelas’ nas estradas dão as boas-vindas ao turista
desesperadora.Em muitos
trechos o acostamento
está tomado pelo mato,
em outros ele sequer
existe. A malha viária
apresenta deficiências,
entre elas uma infinidade
de buracos no asfalto,
colocando em risco a
vida daqueles que
precisam trafegar
nolocal. “Saindo de
Cuiabá para chegar a
Poconé o turista vai
encontrar muitas
‘panelas’ no asfalto. É
uma coisa vergonhosa,
acidentes e mortes são
frequentes”, relata André
Von Thuronyi.
A gerente do
Pantanal Mato Grosso
Hotel, Rosane Inês
Kuhsler, comenta que há
muito tempo a região
não recebe investimentos
em infraestrutura. “As
ações que acontecem
aqui são feitas pelos
próprios empresários da
região, que não
encontram respaldo do
Governo”, diz Rosane.
Moradores e
empresários alegam que
a viagem se torna algo
degradante e
extremamente perigoso.
Segundo eles, a
recuperação da rodovia
é uma medida
indispensável e que
precisa ser viabilizada
com urgência. “Os
gestores insistem em
dizer que esta é ‘A
Copa do Pantanal’,
engraçado que nada
está sendo feito por
aqui. O Pantanal é o
chamariz do evento,
mas não existe
nenhuma ação
concretizada”,
completa Thuronyi.
A visita está
previamente agendada
para o dia 2 do próximo
mês e contará com a
presença da assistente
consular da Embaixada
dos Estados Unidos em
Brasília, Andressa Morais,
da assistente consular
adjunta, Jennifer
Beauchamp e do chefe do
Serviço de Atendimento ao
Cidadão Americano, Luke
Greicius.
O empresário,
ambientalista e pioneiro
no ramo de ecoturismo
brasileiro André Von
Thuronyialerta para o fato
de quevisitas desta
natureza são realizadas
pelas embaixadas
visando, entre outras
tantas funções, informar e
categorizar os destinos
onde estão presentes os
cidadãos americanos,
para evitar e alertá-los
dos riscos que
determinados destinos
oferecem à integridade
física dos cidadãos. “No
caso da Copa, por
exemplo, eles estarão
analisando as condições
de resposta a crise de
cada um dos destinos”,
explica Thuronyi.
Neste sentido, ele
questiona, por exemplo,
“que segurança a
Transpantaneira oferece?
Onde estão as placas de
sinalização educativas
limitando a velocidade,
informando distâncias?
Não existe nenhum plano
de resgate e gestão de
crise”. Thuronyi diz que o
resultado desta visita
oficial pode ser um
verdadeiro atestado de
incompetência dos
responsáveis pela
organização do evento
em Mato Grosso, já que,
segundo ele, os
problemas já foram
exaustivamente
apresentados aos
gestores, audiências
públicas foram
realizadas, entretanto
nenhuma ação foi posta
em prática.
“Às vezes tenho a
impressão que o
governador não está a
par da gravidade e das
consequências na imagem
de Mato Grosso. Os
governantes inventaram
essa ‘moagem’ (Copa) e
não fizeram nada no
Pantanal. A situação é de
completo abandono”,
lamenta Thuronyi.
Em de z emb r o , Emba i x ada do s E s t ado s Un i do s r ea l i z a v i s i t a o f i c i a l pa r a
apu r a r o s n í v e i s de s egu r an ç a do Pan t ana l ma t o - g r o s s en s e
P i one i r o no e co t u r i smo , And r é Von
Thu r on y i d i z que r eg i ão não con t a com
nenhum p l ano de r e s po s t a a c r i s e
As pon t e s da Tr an s pan t ane i r a que a i nda não e s t ão
i n t e r d i t ada s ap r e s e n t am pé s s i ma s c ond i ç õe s
Con r ado V i t a l i d i z que gov e r no
p r opaga i n v e s t i me n t o s , ma s na
p r á t i c a n i ngu ém c on s e gu e v ê - l o s
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