CUIABÁ, 10 A 16 DE OUTUBRO DE 2013
CULTURA
Por Luiz Marchetti
Fotos: Luiz Marchetti
Luiz Marchetti é
cineasta cuiabano,
mestre em design em arte
midia, atuante na cultura de
Mato Grosso e é careca.
NA QUINTA DIA 10 DE OUTUBRO ÀS
19H A CASA DO PARQUE apresenta:
CALEIDOSCÓPIO
Charles Ribeiro
Charles Ribeiro,
24, vive e trabalha em Juscimeira. Suas peças são mandalas produzidas com lã e madeira de refugo. No segmento de
arte têxtil, Charles se apresenta como um artista
criando uma obra meditativa, em
que as cores dos fios de lã podem abrir um
universo sensorial. Observando suas
obras, vejo um forte início que merece entrar em
editais e possivelmente adotar novas
formas, talvez até se libertar das mandalas. Cresce
pelo mundo na arte urbana mundial
tricô em árvores, laços em prédios e inúmeras
técnicas de levar têxtil para formas
de visibilidade pública. As mandalas de Charles são belíssimas e seu acabamento
sublinham
a cartela de cor com impacto vibrante. Agora, imagine uma instalação com muitas
destas e
iluminação específica. Imagine estas obras em larga escala, ou em minúsculas mas
em
múltiplos. Charles nos apresenta na CASA DO PARQUE um início fascinante que
merece
seu olhar. Eis a delicadeza, técnica e talento de um jovem artista que deve seguir
adiante,
aprender a participar de editais nacionais, mostras e mercado nacional. Sua fronteira
entre o
design e a arte pode ser problemática mas positiva, pois pode oferecer conforto de
venda no
curto prazo, porém eu sinceramente torço por passos largos. Tomara que ela cresça, pense grande em bienais e instalações de
impacto. Quanto ao fato de se apresentar como arte meditativa, eu respeito mas confesso que às vezes meditativo não me diz
nada. A arte de CHARLES RIBEIRO DA COSTA é uma semente muito forte que merece crescer pela arte, suas linguagens e mercado. Força no percurso e
não se contenha aos editais e projetos estaduais. Atue grande. CONTATO DO ARTISTA – (65) 8122-9925
Gonçalo Arruda,
40, nasceu em Barão de Melgaço,
vive e trabalha em Cuiabá, iniciou
na Fundação Cultural com o artista
plástico Adir Sodré em 1984, depois
no Ateliê Livre da UFMT com O
PROFESSOR e artista plástico Nilson
Pimenta, depois como autodidata
seguiu em sua pesquisa e prática.
Arruda participou em nove salões de
arte com várias premiações, é um
grande admirador das obras de
João Sebastião, de Humberto
Espíndola, entre outros artistas da
região. Suas obras registram, com
cores quentes e traços pessoais,
temas de festividades como rodas
de samba, tias em lavagens de
santo, casamentos, festas de
rasqueado e rezas de São Benedito.
Arruda também chama atenção por
pintar pessoas, em especial uns
gordinhos em apresentações
musicais. Eu tenho uma obra dele
O que a exposição CALEIDOSCÓPIO traz para MATO GROSSO?
As obras de arte são valorizadas também
pelo contexto que se relacionam entre
elas, com outras peças da mesma série e
com peças de outros artistas em seu
tempo de exposição e locais. O diálogo
entre mandalas e pinturas de técnicas e
temas diferentes abre na CASA DO
PARQUE maneiras de vermos como
diferentes artistas – todos os três de Mato
Grosso – lidam com a produção e a
indústria criativa. São três gerações de
artistas visuais. É como observarmos
inclusive, ainda que com diferentes
interesses, técnicas e distintas
abordagens, a existência de um
personagem: o artista mato-grossense, na
fase de 24 anos, com 40 e com 70 anos.
É interessante verificar Ilton da Silva com
exposições por importantes galerias de
arte em todos os cantos do mundo ao
lado de um jovem brotando por entre a
secura e a falta de incentivo artístico em
Juscimeira. É fascinante a festividade de
Gonçalo prevalecer num dos momentos mais
caóticos da transformação/anomalia da Cuiabá
pré-Copa 2014. Num dos mais difíceis
momentos da indústria criativa de Mato Grosso,
vemos três distintos perfis: o do filho de uma
artista primitiva que se tornou ícone na nossa
indústria criativa se tornando outsider, o perfil
do artista que aqui permanece como autodidata
e o do jovem que investiga arte na fronteira do
design para talvez vender mais rápido. Se por
um lado o resultado é positivo, convenhamos:
as três abordagens resultam em peças
belíssimas, por outro questiono o horizonte de
mercado e a educação. Seguimos com
pouquíssimos editais e sem perspectiva de uma
escola de arte no curto prazo. Ilton Silva teria
conseguido tamanha visibilidade mundial se
tivesse permanecido em nossa indústria criativa?
Talvez, outros conseguiram, mas convenhamos:
aqui hoje, muitos poucos sabem quem foi sua
mãe, a criadora dos Bugrinhos. Essa falta de
referência educacional, esse jogo solto de cada
um por si na indústria criativa não fortalece a
permanência de ninguém por estas bandas.
Assim o Caleidoscópio funciona em distintos
níveis; se visualmente traz associações
inspiradoras, pelo contexto das práticas, em
outro nível levanta questões de indústria.
Aqui aprendemos mercado e produção do
iniciante de Juscimeira, pelo autodidata
festivo de Barão de Melgaço ao profissional
ímpar de Ponta Porã, hoje em Santa
Catarina. Sem melancolia, observemos
atentamente esta coletiva, ora deleite por
tamanha beleza, ora questionando
incentivos para todas as fases de um único
artista ou toda a classe artística de Mato
Grosso.
que faz muito sucesso em minha casa,
um trio dançando ao sax, o legal é que
quando você olha você vê apenas a
cantora e o saxofonista mas embaixo
da saia dela sai o par de sapatos do
terceiro integrante da pintura e por
detrás do vestido da gordinha vemos
também duas mãos gordas segurando a
cintura. E esse toque de humor se
estende por outras estampas, como
tecidos das roupas dela aparecerem na
cortina da casa. Misturando fartura,
humor e cores, Gonçalo Arruda leva
festas para o CALEIDOSCÓPIO na
Casa do Parque. CONTATO DO
ARTISTA: (65) 9249-4332
Ilton Silva,
CALEIDOSCÓPIO- Venha à abertura da
exposição nesta quinta 10 de outubro
às 19h, com entrada franca. A expo
segue até 16 de novembro na Casa do
Parque, Rua Marechal Severiano de
Queiroz, 455, bairro Duque de Caxias,
Cuiabá. INFO: (65) 3365 4789.
70, nasceu em Ponta Porã (então Mato
Grosso, hoje Mato Grosso do Sul) e
vive e trabalha em Santa Catarina. É
autodidata, iniciou faculdade de
Educação Artística em Araraquara, no
estado de São Paulo, e é filho de
Conceição dos Bugres, escultora que criou os Bugrinhos,
figura de extrema importância na referência artística e cultural
de Mato Grosso. Recentemente, na Galeria de Artes da SEC,
uma instalação do acervo trouxe à luz essas preciosidades do
acervo do Estado. Ilton conta que todo o Planeta Terra o
influencia e que sua inspiração vem de mergulhos internos e
pessoais. Suas peças encantam na primeira olhada. É sem
dúvida um dos maiores artistas plásticos brasileiros e vale a
pena ser observado inclusive fora da exposição
CALEIDOSCÓPIO. Conheça o site (http://
/) e verifique como é difícil escolher uma
ou outra melhor fase do artista. Eu particularmente
venero a fase de ITAÚNA. Gosto muito das imagens da
série PEÃO e fico, como todo mundo, encantado com
CORES E MITOS.
Algumas das peças
da série CORES E
MITOS, Ilton nos
apresenta em
CALEIDOSCÓPIO.
Uma renda,
emaranhado de
figuras, folhagens e
olhares por entre
pássaros, peixes e
cores escolhidas por
um artista ímpar. Ilton
Silva - CONTATO DO ARTISTA: (47) 8858-8717.