EDIÇÃO IMPRESSA - 461 - page 6

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 10 A 16 DE OUTUBRO DE 2013
POLÊMICA
P
G
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POLITICAGEM
O partido nunca cogitou ficar sem a secretaria, que lhe é ‘sagrada’, porque precisa usar a ‘máquina’ na campanha eleitoral,
segundo o professor João Edisom de Souza. Por: Rita Anibal. Fotos: Mary Juruna
“Seduc é a tábua de salvação do PT”
A saída de Ságuas
Moraes da Secretaria de
Estado de Educação
(Seduc) para reassumir
sua cadeira na Câmara
Federal levou o PT a mais
uma vez se mobilizar para
garantir o comando da
pasta, cujo orçamento
gira em torno dos R$ 500
milhões. Tanto fez que
conseguiu. Em seu lugar
reassumiu Rosa Neide
Sandes. E assim segue o
PT comandando a
Educação em Mato
Grosso por 11 anos
interruptos, desde a posse
de Blairo Maggi (PR) até
a era Silval Barbosa
(PMDB). Para o professor
e cientista político João
PT e Sintep se estranham Dados comprovam descaso
na educação de Mato Grosso
Mesmo sendo o
estudo a porta de entrada
para o crescimento
pessoal e profissional,
essa meta é esquecida no
Estado de Mato Grosso
por falta de investimento e
prioridade do governo.
Na última edição da
Pnad, divulgada pelo
Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística
(IBGE), as taxas de
escolarização entre todas
as idades caíram em Mato
Grosso comparando-se os
anos de 2011 e 2012.
Dado alarmante é o
crescimento do número de
analfabetos no Estado que
passou de 7,4% para
8,1%, entre as pessoas
com 15 anos ou acima
dessa idade e uma
diminuição dos que
frequentam a sala de aula
também, numa
demonstração de que o
poder público não elegeu
esse setor como prioritário.
Num estado onde o
agronegócio é
preponderante, à beira de
um ‘apagão’ de mão de
obra especializada e onde
o Sistema S poderia se
tornar a redenção com
formação desses
trabalhadores, a pesquisa
aponta que 19,1% dos
adolescentes de 15 a 17
anos não estão
estudando, percentual que
é de 71,1% entre as
pessoas de 18 a 24 anos;
dos que têm 25 anos ou
mais idade, 95% não
estudam, justamente nas
faixas etárias que
deveriam estar sendo
preparadas para ocupar
funções ligadas à
pecuária e agricultura.
Esse mesmo setor
[agronegócio], que
alavanca o estado
econômica e
financeiramente, também
‘sente na pele’ a
incapacidade do governo
estadual em implantar
projetos concretos na
logística.
Para o presidente
do PT no estado,
Willian César
Sampaio, os
professores deveriam
voltar às salas de
aula porque já
conseguiram grandes
avanços. “O governo
chegou ao seu limite
e o que os
professores querem
coloca em risco a
manutenção das
escolas. O
movimento está achando
que vai ganhar mais
alguma coisa, mas se
engana”, esclareceu o
petista. Pelo lado do
Sintep, o presidente
Henrique Lopes diz que o
fato de Rosa Neide voltar
a ocupar a pasta é
indiferente, pois “não
ocorrerão mudanças na
condução da Seduc, uma
vez que Rosa Neide e a
Ema [Ema Marta Dunck
Cintra] assinaram nota
conjunta fazendo
‘terrorismo’ nas
escolas”.
Lopes refuta o
‘conselho’ de Willian
Sampaio dizendo
que “ele tem que
cuidar do partido, do
Sintep cuidamos nós;
temos um estatuto
livre, democrático e
de luta, abrangendo
todos os credos e
correntes
partidárias”.
Edisom de Souza, o PT
agarra-se à Seduc como
uma ‘tábua de salvação’
para poder usar a
máquina na campanha
eleitoral de 2014: “Para
eles [petistas] não importa
o que o professor
necessita, importa é ter a
máquina governamental
na próxima eleição”.
João Edisom analisa
que o partido está sem
militância, além de
segmentado em grupos, e
o único poder que lhe
resta é a Seduc, inclusive
decidindo sozinho quem
ocupa a titularidade da
pasta. O cientista político
continua dizendo que o
Partido dos Trabalhadores
não contribui em nada
com a educação e que
“usa a máquina estadual
de maneira fisiológica,
escorado no poder da
presidente da República”.
A greve dos profissionais
da educação é o reflexo
da destituição do caráter e
da autonomia do
professor impingido pela
Seduc, mesmo tendo
proximidade de cunho
partidário com o sindicato
da categoria, segundo o
professor.
O analista político faz
uma afirmação
contundente: “O PT
inaugurou uma nova era
de diplomação e
escolarização sem
conhecimento”. Essa
afirmação é corroborada
com os números da
Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios
(Pnad) que mostram o
Brasil e o Estado de Mato
Grosso numa decadência
educacional (veja box ao
lado).
Relata, ainda, sobre
as amarras que o PT
produz para usar a
‘máquina governamental’
em benefício próprio
semse importar em ter um
plano de gestão
consistente que contribua
para a qualidade da
educação.
Profissionais da
educação há exatos 60
dias em greve comandada
pelo Sindicato dos
Trabalhadores do Ensino
Público de Mato Grosso
(Sintep), braço do
movimento sindical
liderado e controlado pelo
PT, estão sob ‘fogo
cruzado’ por ação da
Seduc e do PT.
Sem nunca ter
cogitado ficar fora do
governo, o PT tomou
decisão solitária de indicar
a nova secretária em
acordo firmado com o
governo. O partido
reuniu-se e aprovou por
maioria absoluta [apenas
um voto contrário] a
petista Rosa Neide Sandes
de Almeida no cargo de
secretária estadual de
Educação em substituição
a Ságuas Moraes, do
mesmo partido.
Ságuas Moraes foi
nomeado titular da pasta
de Educação em abril de
2007, no governo de
Blairo Maggi, e voltou a
ocupá-la no governo
Silval, confirmando um
‘reinado petista’ de seis
anos. O ex-secretário sai
deixando um rastro de
escolas sem estrutura
física, professores
contratados sem receber
os benefícios regidos por
lei como o pagamento de
horas-atividade, contratos
com construtoras
duvidosos, fiscalizações de
obras educacionais
ineficazes e professores
em greve há muito tempo.
Go v e r nado r S i l v a l Ba r bo s a , c e r c ado pe l o p r e s i den t e na c i ona l do P T, Ru i Fa l c ão ,
Wi l l i an Cé s a r, do PT e s t adua l e Ságua s Mo r ae s que de i xou comando da Seduc
O analista João Edisom diz que PT se “agarra” à
Seduc para poder usar a máquina eleitoral em 2014
Ao sabe r que p r e s i den t e do PT de f ende vo l t a dos p r o f e s so r e s
à s s a l a s de au l a , s i nd i ca l i s t a manda - o c u i da r do pa r t i do
Pe s qu i s a do I BGE mo s t r a que 19 , 1% do s ado l e s c en t e s
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