EDIÇÃO IMPRESSA - 461 - page 19

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 10 A 16 DE OUTUBRO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 7
PARALELO 15
Por Bolívar Figueiredo
SE MASTURBAR USANDO LUVAS – TWITTEAR OU FACEAR
BolívarFigueiredoé jornalistae
artistaplásticoformadoemBrasília,militante
verde e fundador nacional do PV,
sagitariano, calango do cerrado e
assuntadordefatosevarredordepalavras.
APOSTA MÁXIMA
Caio Porto Moussalem é
cinéfilo profissional... e sociólogo
nas horas vagas.
ARTE NÚMERO 7
Por Caio Porto Moussalem
Apo s t a Má x i ma
,
de Brad Furman, conta a
história de Richie Furst
(Justin Timberlake), um
estudante de Princeton
que tinha uma carreira
lucrativa em Wall Street
até a crise de 2008.
Depois de perder quase
tudo, ele decide usar seu
talento matemático e seu
carisma para entrar no
mundo das apostas.
Assim, Furst passa a
ganhar comissões ao
indicar novos jogadores
para um site de Poker e
é assim que ele paga
seus estudos.
Mas quando isso é
descoberto
pelo reitor da
Universidade
tudo vai por
água abaixo.
Furst é
proibido de
continuar seu
‘trabalho’ e,
na intenção
de conseguir
multiplicar seu
dinheiro, ele
decide
apostar o
pouco que lhe
resta no poker... mas ele
perde tudo de uma
maneira que,
matematicamente, julga
impossível.
Furst tem a certeza
de que foi trapaceado e
decide ir ao encontro de
Ivan Block
(Ben Affleck),
o dono do site
– que além de
ser procurado
pelo FBI, se
‘exilou’ na
Costa Rica! O
plano jenial
(com ‘J’
mesmo!) era
informar Block
dessa trapaça
para que ele
corrija o ‘erro’
no site e
devolva o dinheiro. Mas
Block vai além e oferece
até um emprego para
Furst, que o aceita sem
saber que estava
entrando em um pesado
jogo de intrigas e
traições...
Com esse roteiro
bobo e uma direção
pouco talentosa de Brad
Furman... não se pode
esperar muito.
Timberlake está longe da
forma que mostrou no
excelente
‘A Rede Social’
(2010) e Ben Affleck
continua aquele ator
mediano que não cativa
ninguém. O resultado
final é chato, cansativo e
desnecessário... é melhor
ficar em casa assistindo
Tela Quente!
Entõ. Na minha época,
de homo sapiens, seguir e
ser seguido era atitude
subversiva ou coisa da
repressão política. O
anonimato era estratégico e
área de conforto para se
defender. Hoje seguir e ser
seguido é “muderninho”,
escancarar a face no “feici”,
seja de fake ou de verdade,
faz parte dos 15 segundos
de sucesso, tanto pra tu ou
para you tube. É irritante ver
tanto Zumbinet vagando por
todos os lugares, com os
olhos conectados em suas
telinhas, babando e
twittando em seus
smartihfones. Smorffs e
Smorffets dividindo sua
solidão ou bisbilhotando o
abismo do outro.
É tanta dedada, e
olhada sedenta, que beira o
voyeurismo – prática que
consiste num indivíduo
conseguir obter prazer sexual
através da observação de
pessoas. E se manifesta de
várias formas, mas a
principal é que o indivíduo
não interage com o objeto.
O cabelo na mão, observa-
o tipicamente a uma relativa
distância, talvez escondido,
com o auxílio de binóculos,
câmeras, webcam, face,
orkut, twitter, etc., o que
servirá de estímulo para a
masturbação, seja ela no
famoso “5 x 1” e/ou a
masturbação mental.
Alvin Toffler, escritor
futurista, na década de 80,
previu nos livros “Terceira
Onda, a sociedade do
lazer” e “Choque do Futuro”
a interferência da tecnologia
do dia a dia. Mas ele não
previu que o excesso de
informação e de tempo
ocioso fosse produzir
neurodependentes e
compulsivos web.
Doença nova no
pedaço. Foi “muderninho”
há algum tempo ter dislexia
ou TOC, agora, nas
rodinhas de jovens velhos ou
de velhos jovens, a grande
discussão será: sou um
Zumbinet ou um IAD (Internet
Addiction Disorder) ou um
simples idiota mesmo?
A dependência digital
ou babão web ocorre
quando um quase humano
passa a se desvincular da
sociedade para permanecer
mais tempo em frente a um
computador ou de um
smorfffone. É desenvolvida
quando uma pessoa fica
verificando a caixa de
entrada do e-mail
constantemente, quando
participa constantemente em
salas de bate-papo, quando
utiliza mensageiros
instantâneos, jogos on-line e
sites específicos ou começa a
ficar azul e ronda na rede
mais que aranha, ou
quando o teclado começa a
criar pelo. A utilização da
internet e de seus benefícios
não caracteriza a
dependência digital e sim o
seu isolamento perante o
convívio social.
Os dependentes wi-fi,
que eu acho que surgiram
na geração Ctrl C e Ctrl V,
não conseguem controlar seu
envolvimento e seu uso com
a vida real e social,
desencadeando, além do
isolamento, o desconforto
emocional, a ansiedade, a
agitação, a irritabilidade, a
depressão, a perturbação, o
TOC (transtorno obsessivo-
compulsivo) e, de uma hora
para outra, deixa crescer
franjinha de emo ou passar
a torcer pelo “Curintia” e
comprar compulsivamente
sinalizadores. A dependência
net já é associada por
estudiosos ao alcoolismo.
Estima-se que pelo
menos 10% dos usuários
brasileiros, quase 2 milhões,
já estão dependentes. O
país tem cerca de 19,3
milhões de usuários
domésticos e os que mais
tempo permanecem
conectados à rede, à frente
dos Estados Unidos e do
Japão. O número maior de
dependentes, segundo
dados da PUC, está nas
faixas etárias acima dos 20
e até os 50 anos.
Entõ, vamos a um
exemplo: diz a sabedoria
popular que o verdadeiro
doido nunca admite que o é.
Piedade Peixoto, telefonista,
60 anos. Passa dez horas
por dia na internet desde
2009. Tem 12 perfis no
Orkut, para 12 jogos
Colheita Feliz. Tenta ajustar
os horários de acordo com a
“colheita”. Planeja comprar
uma mansão virtual de 250
mil moedas. Tem quatro
computadores em casa.
Come com colher para ter
uma mão livre para usar o
mouse. “Meu amigo é o
jogo, mas não sou viciada”.
Aff! Será que ela vai se
considerar viciada quando
passar 23 horas na mesinha
do PC, usar o mouse como
penico, comer miojo cru e
tomar banho de caneca
usando o pé esquerdo e
com o dedinho do pé direito
twittear com o asilo? Affff.
Chama o Ibama aí e manda
levar. Depois dessa, vou sair
do Not. To be or my Not to
be, that’s the question. Vai
que pego a doença
“muderninha” do Zumbinet.
Em tempo: quem quiser me
seguir, me xingar ou me
bullinar, vou avisando: não
tenho face, nem twitu, tenho
apenas um celular “veinho”,
que a bateria tá na UTI,
dura apenas 30 minutos, e
já é considerado pai de
santo até na Bahia. E com
relação à net, sou estatística
da classe média, roubo o
sinal wi-fi do vizinho. Saravá,
Amém, até a próxima TCida.
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