CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 11 A 17 DE JULHO DE 2013
POLÍTICA
P
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GRITO
Prefeitos e vereadores, de pires na mão, resolveram protestar contra o que chamam de descaso do Governo.
Por: Rita Anibal e Camila Ribeiro. Fotos: Diego Fredericci e Reprodução
“Silval virou as costas para municípios”
Depois de o povo sair
às ruas contra a corrupção
num movimento que parou
o país e estremeceu a
classe política, prefeitos e
vereadores protestaram
contra o que chamaram de
descaso do Estado com os
municípios mato-
grossenses. E não
economizaram palavras
para criticar o governador
Silval Barbosa (PMDB).
Para chefes de Executivo e
legisladores, Silval se
esqueceu da época em
que foi prefeito de
Matupá, no Nortão,
quando também se via
obrigado a peregrinar de
pires na mão pelo Centro
Político e Administrativo em
busca de recursos, e agora
virou as costas para o
interior.
“Tenho vergonha em
ver o caminhão de limpeza
derrubar sacos de lixo pelo
trajeto por não ser um
Extremo Araguaia padece com descaso
Conclusão das obras
na BR-158, construção do
Hospital Regional do Norte
Araguaia, pedidos por
regularização fundiária e
redução da carga tributária
imposta pelo Governo do
Outra reivindicação
da região do extremo
Araguaia é pela redução
da carga tributária de
Mato Grosso. Segundo
Ribeiro, os tributos
estaduais e taxas
aumentaram nos últimos
três anos em proporção
superior à inflação. Ele
cita como exemplo, o
fato de que em “o
Fethab custava R$ 11 e
hoje pagamos R$ 19,
embora o preço da
arroba do boi continue
praticamente o mesmo
desde então”, pontuou.
Isso sem contar com
os custos para retirada
de documentos de
licenciamento ambiental
junto à Sema. O valor de
documentos como o
Taxa do Fethab subiu e recurso
não retorna aos municípios
Cadastro Ambiental Rural
e (CAR) e a Licença
Ambiental Única (LAU)
também registrou
aumentos consideráveis
nos últimos meses. “O
CAR custava R$ 1.500
para uma área de 300
hectares e agora sai por
R$ 5 mil. São valores
exorbitantes e que não
têm explicação”, explicou
o sindicalista.
A manifestação
cobrando um
posicionamento dos
governos estadual e
federal mobilizou boa
parte da cidade. Lojas e
escolas fecharam as
portas e liberam
funcionários estudantes
para participarem do
ato.
Estado são clamores da
população do Araguaia,
mais precisamente no
município de Vila Rica
(1.279 km de Cuiabá), que
se dizem esquecidos e
ignorados pelos governos
federal e estadual.
Os questionamentos
foram, inclusive, alvo de
uma manifestação
realizada ao longo da
última segunda-feira (8), na
cidade. Servidores públicos,
estudantes, produtores
rurais, professores e
comerciantes saíram às ruas
para protestar contra o que
eles chamam de descaso
do poder público em
relação à região do
Araguaia.
Embora Vila Rica tenha
o quinto maior rebanho de
gado de Mato Grosso e
seja uma importante rota
de escoamento de grãos na
região, o Estado parece ter
“dado as costas” para o
município, pelo menos no
que diz respeito às
melhorias de infraestrutura
da região.
“Contribuímos com
uma boa fatia do Fethab,
mas a sociedade não
recebe nenhum retorno,
estamos completamente
desassistidos de
infraestrutura, de saúde, de
estradas, enfim, vivemos
uma situação complicada
aqui no Araguaia. O
cenário é de completo
abandono”, alegou o
presidente do sindicato
Rural do município,
Eduardo Ribeiro.
Os moradores de Vila
Rica questionam, por
exemplo, a paralisação da
obra de pavimentação da
BR-158, que liga o Rio
Grande do Sul ao Pará.
“Uma rodovia deste
tamanho e que é tão
importante para a região
do Araguaia, o único trecho
que não tem asfalto é no
município de Vila Rica”,
reclama Eduardo Ribeiro.
A não conclusão do
asfaltamento na BR-158
também reflete na área da
Saúde, já que por conta do
aumento do fluxo de
caminhões para o
transporte de grãos, boa
parcela da população está
tendo problemas
respiratórios causados pela
poeira.
Devido à precária
condição da saúde no
município, muitos
moradores recorrem ao
Estado de Tocantins.
Contudo, na última
semana, o Governo do
Tocantins enviou um
documento para as
secretarias dos municípios
da região dizendo que não
vai mais receber pacientes
em seus hospitais.
transporte adequado.
Tenho vergonha de
colocar pacientes numa
van para ser atendido em
outra cidade porque não
posso oferecer assistência
médica eficiente”,
desabafou o prefeito de
Denise, Pedro Tercy
Barbosa (PSD), município
localizado no sudoeste
mato-grossense, com
receita de R$800 mil e
inúmeras deficiências no
atendimento ao cidadão.
Tercy, que ainda
reclamou dos atrasos nos
repasses de saúde, pede
ao governador Silval que
olhe para os municípios
pobres “como se ele ainda
fosse prefeito de Matupá e
viesse atrás de recursos que
lhe eram negados”.
Muito contundente no
desabafo, o prefeito
cobrou que Silval “abra as
portas não só para os
municípios-elites e sim para
todos. O cidadão do MT
precisa de saúde, precisa
de educação, precisa de
emprego, precisa de
renda”.
Na mesma linha, o
prefeito de Nortelândia
(250 km de Cuiabá),
Neurilan Fraga (PSD),
destacou a dificuldade em
falar com Silval e seus
secretários. “Há três anos
espero uma indústria de
calcário que quer se
instalar na minha cidade e
o governo não está sendo
nosso parceiro”.
Fraga denunciou o
caos na saúde, falta de
qualidade na educação,
as estradas e pontes em
situação de calamidade,
tudo, segundo ele, por
omissão dos governos
estadual e federal. Para o
prefeito, além do governo,
a Assembleia Legislativa
não tem atendido as
necessidades dos cidadãos
ao aprovar leis que vão na
contramão do que os
municípios precisam.
O gestor reclamou da
aprovação dos desvios de
finalidade do Fundo de
Transporte e Habitação
(Fethab) e da prorrogação
por mais 10 anos da
concessão dos incentivos
fiscais. “O governo precisa
ser parceiro no transporte,
saúde e educação. Não
aguentamos mais tanta
cobrança do cidadão que
bate à nossa porta sem
saber quem é o
responsável pelo serviço”.
Prefeito de Juscimeira
(160 km da capital) e
presidente da Associação
Mato-grossense dos
Municípios (AMM),
Valdecir Luiz Colle (PSD) –
o Chiquinho do Posto –
presidiu a reunião-protesto
com prefeitos e vereadores
cobrando a tríade
Educação, Saúde e
reformulação das cotas do
Imposto sobre Circulação
de Mercadorias (ICMS).
Com muita
veemência, o presidente
cobrou do Governador
Silval Barbosa que voltasse
a discutir os repasses
atrasados da saúde,
revisse convênios com
hospitais do interior e que
houvesse a
distribuição
do Fethab
entre os
municípios
para suprir
as
necessidades
das
estradas
vicinais. “É
preciso
cobrar da
Assembleia
Legislativa
que reveja
a lei da saúde e crie
emenda para voltar aos
recursos de 2012”.
O presidente reclamou
dos R$ 0,30 por aluno
para merenda escolar, do
custo de uma unidade de
saúde que chega a R$ 30
mil enquanto recebem
apenas de 7 a 11 mil reais
da Secretaria de Saúde.
“Há desigualdades
municipais e não regionais.
Há municípios fortalecidos
pelas indústrias e
agronegócio e outros
pobres, sem recursos e
alguns só sobrevivendo
com recursos do ICMS. Daí
pedimos
que os
pobres
recebam
mais e os
ricos
[municípios]
contribuam
com esses
pequenos”,
sugeriu o
prefeito,
cobrando
uma
negociação
direta com
o governador para
melhorar o atendimento
nos município. “Queremos
discutir a situação das
cidades e que o Estado
fiscalize com mais rigor os
recursos do ICMS, Fethab
e da saúde”.
“O governo
não está
sendo
nosso
parceiro”.
Pr e f e i t o de Den i s e , Ped r o Te r c y, não e s conde r e vo l t a com f a l t a de a s s i s t ênc i a do Gov e r no
Pr e s i de n t e da AMM, Ch i qu i nho do Po s t o ,
l i de r ou man i f e s t a ç ão c on t r a S i l v a l
Popu l ação de V i l a R i ca s a i u à s r ua s pa r a
cob r a r açõe s do E s t ado na r eg i ão
P r odu t o r e s r e c l amam do s i mpo s t o s
e da f a l t a de i n f r ae s t r u t u r a
Mo r ado r e s que r em que r eg i ão
de i x e de s e r o “ Va l e dos E s quec i dos ”
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