CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 11 A 17 DE JULHO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 4
CONSCIENTE
CALDO CULTURAL
Por João Manteufel Jr
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.
João Carlos Manteufel,
mais conhecido como João
Gordo, é um dos publicitários
mais premiados de Cuiabá
UM HOMEM CHAMADO HARVEY MILK
ABCDEF....GLS
Por Menotti Griggi
M n i G i
G
Menotti Griggi é
geminiano, produtor
cultural e militante incansável da
comunidade LGBTT
Quando assisti pela primeira vez o filme
baseado na vida do ativista americano Harvey
Milk fiquei completamente extasiado com a
sua luta pelos direitos dos homossexuais num
período em que a militância LGBT ainda
engatinhava no mundo. São exemplos como o
de Mr. Milk que me faz acreditar todos os dias
que é possível mudar a visão das pessoas
homofóbicas e fazê-las entenderem que neste
mundo teremos que conviver para sempre com
as diferenças. Nas manifestações recentes, tive
o orgulho de participar carregando a bandeira
símbolo da nossa comunidade que é o “arco
íris” e em todos os lugares por onde passei
senti o RESPEITO das pessoas pelo movimento
gay que somado aos outros manifestantes e
outras reivindicações entenderam que aquele
momento era pra todo mundo, para o bem
geral.
Mas voltando ao batalhador Harvey Milk
que no mês de maio passado estaria fazendo
83 anos, e para quem tiver a oportunidade de
assistir ao filme, se deparará com a história do
primeiro homossexual assumido que conseguiu
eleger para um cargo político nos Estados
Unidos, militante dos direitos homossexuais que
virou referência mundial. Filho de pais judeus,
Harvey Bernand Milk, sofreu bullying na sua
infância por causa do seu físico franzinho.
Formou-se em Matemática e serviu na
Marinha dos Estados Unidos como oficial
mergulhador durante a Guerra da Coréia.
Candidatou-se a vaga de supervisor da
cidade de São Francisco, cargo equivalente ao
do vereador no Brasil. A sua posse foi
manchete nacional, já que foi o primeiro
homossexual assumido eleito para um cargo
público. Milk iniciou o seu mandato criando
um projeto de lei sobre direitos civis que bane
a discriminação baseada na orientação
sexual. O projeto de lei, que foi chamado da
“mais rigorosa e abrangente da nação norte-
americana”, mostrou ao ser aprovada “o
crescente pode político dos homossexuais”, de
acordo com o jornal The New York Times. Ele
foi homologada pelo prefeito George
Moscone que assinou o decreto com uma
caneta dada de presente pelo próprio Milk. E
onze meses depois de empossado, em 27 de
novembro de 1978, Milk foi assassinado junto
com o prefeito Moscone por Dan White, um
político homofóbico, opositor de Milk que tinha
renunciado seu cargo de supervisor da cidade
de São Francisco. A vida de Milk foi
transformada em filme pelo diretor Gus Van
Sant em 2008. “Milk – a voz da igualdade”,
que conta com o ator Sean Penn fazendo o
papel do ativista gay, ganhou os Oscars de
melhor ator e de melhor roteiro original.
E aqui o famoso “Discurso da
Esperança”, feita pelo Milk durante a Parada
Gay de 1978: “Em algum lugar em Des
Moines ou Santo Antonio há um jovem gay
que de repente percebe que ele ou ela é gay.
E sabe que se seus pais descobrirem, será
expulso de casa, seus colegas irão zombar
dele, e os políticos como Anita Bryant e John
Briggs estão fazendo sua parte na TV
[espalhando a homofobia]. E essa criança
tem duas opções: ficar no armário ou
suicidar-se. E talvez um dia, essa a criança
pode abrir um jornal que diz “homossexual
eleito em São Francisco”, ela terá duas novas
opções: uma é ir para a Califórnia, a outra é
ficar em Santo Antonio mesmo e lutar. Dois
dias depois de ter sido eleito, eu recebi um
telefonema e a voz era muito jovem. Era de
Altoona, Pensilvânia. E ela disse “Obrigado”.
Vocês têm que eleger gays, para que milhares
e milhares de jovens como essa criança
possam saber que existe esperança para um
mundo melhor. Esperança para um futuro
melhor. Sem esperança, não só para os gays,
mas negros, asiáticos, pessoas com
deficiência, idosos, nós mesmos! Sem
esperança, desistimos! Sei que não podemos
viver apenas de esperança, mas sem ela, não
vale a pena viver. E você, e você, e você
devem dar esperança para eles.”
Harvey Milk e o famoso discurso da
Esperança
Assisti uma propaganda que me
deixou com a pulga atrás da orelha. Entre
uma ou outra ação de desperdício, um
dos letterings informa que apenas 1% da
água potável do planeta está apta para o
consumo humano. Os atores vão
desaparecendo. A propaganda termina
dizendo que com o desperdício, não é só
o meio ambiente que vai sumir. Sabe o
que é pior? É tudo verdade.
– Papai!!!! Desliga a
torneira.
Levo um susto.
Meu filho me
interpela no
banheiro de
pijamas.
– Mas
estou lavando
as mãos,
Joãozinho –
respondo
espantado com
a consciência
de meu pupilo
de 4 anos.
– Mas se
você lavar as
mãos, vai acabar
a água do
planeta.
Excelente
professora, penso. Fecho a
torneira rapidamente. Me lembrou o
prefeito de Londres na época em que
morei lá: “Se for líquido, deixe. Mas se for
sólido, dê descarga”. São inegáveis os
progressos que o capitalismo trouxe à
humanidade: nunca tantos miseráveis
tiveram ascensão de classe. Não tem
como esconder o quanto a corrida
industrial facilitou a nossa vida. A
tecnologia nos permite um número
infinitamente maior de informações. Só
que os ricos estão mais ricos. Pobres estão
mais pobres. Em contrapartida, nunca a
humanidade viveu esse momento atual,
com cidades com 20 milhões de pessoas.
Nunca tivemos tantos carros. Nunca
precisamos tanto da natureza. Nunca
plantamos tanto. Nunca poluímos tanto.
Nunca matamos tanto. Com tanta gente, o
estado não dá conta da demanda. Agora
imagina então a natureza.
– A tia disse que se continuar desse
jeito, não vai ter futuro.
Exagerada essa professora. Imagina
então se ela tivesse vivido na guerra fria.
Instala e não instala míssil. Derruba ou não
derruba muro. Fico em silêncio. Ela está
certa. O pior é que ela está certa! A
exploração mineral. Exploração das
matas, os tsunamis. É o planeta reagindo.
Que bom que temos professores
conscientes que ensinam aquilo que
não devemos esquecer. Estamos
acabando com a civilização.
Estamos realizando uma
autofagia.
– Joãozinho. Vamos
dormir. Desliga a TV,
são quase 10 horas. E
energia também
acaba com a saúde
do planeta.
– Tá bommmmm,
papai. Mas no quarto
deixa a luz acesa pra
mamãe contar história
e empresta seu celular
pra eu jogar o
joguinho do sono.
Coloco a TV no
timer,
ligo o ar-
condicionado e desligo
a luz. Realmente eu e
essa professora ainda
temos muito que aprender.
Ligue: (65) 3023-5151
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