CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 11 A 17 DE JULHO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 6
CADEIRA DE BALANÇO
PPor Carlinhos Alves Corrêa
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v
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Carlinhos é jornalista
e colunista social
CASA GRANDE E SENZALA
REFLEXOES
PPor Marco Ramos
Marco é numerólogo, advogado
e troca de nome de acordo com a
energia do momento
Info: (65) 3365-4789
JOÃO DAS ARTES
Em pleno domingo, dia 7 de junho,
quando a multidão celebrava São Benedito,
João Pedro de Arruda ia sendo levado pelas
cores do amor, para outros planos espirituais,
onde as cores serão eternas para este cuiabano
nato. Formado pela Universidade de Belas Artes
em Paris, é o pioneiro das artes plásticas na
capital. Com o pincel cheio de equilíbrio, pintou
telas marcantes no cenário das artes plásticas,
como também rostos famosos de jovens da
tradicional sociedade cuiabana. As suas obras
vinham de uma imaginação da alma, cheia de
luzes do Espírito Santo. Foi o pioneiro da coluna
social voltada a jovens na Grande Cuiabá.
Quem não se lembra da coluna “Linha Direta”?
Foi um dos grandes defensores do Parque
Nacional da Chapada dos Guimarães, deixou
marca nas artes plásticas, na cultura, na
sociedade, na arte de fotografar e na
preservação da natureza. Um homem simples,
de uma alma e um coração grandioso, um ser
humano lindo, defensor dos humildes, sempre
fez o bem sem olhar a quem. Dizia sempre:
“Não morro, a arte plástica sempre ficará viva
em cada tela pintada”. O artista não morre, é
só um distanciamento de uns tons das cores,
para viver no mundo da espiritualidade da
alma colorida.
A INGRATIDÃO DO COLUNISMO
A cada dia presenciamos a falta de
sensibilidade por parte dos colegas, quando
o assunto é ajudar o próprio colega. Uma
classe desunida, a individualidade é fator
primordial desses profissionais que trabalham
com a vaidade humana. É bom lembrar: a
nossa passagem é tão rápida neste planeta
Terra, temos que estar atentos em fazer a
caridade, estender a mão para quem precisa,
ouvir, calar quando é preciso e nunca se
esquecer de um colega que serviu de
exemplo no mundo do colunismo social.
A ingratidão do colunismo social na
capital é o ponto alto, a falta de respeito e de
amor ao próximo, principalmente fazendo a
caridade sem alarme. É bom lembrar que
tudo passa: glamour, champa, alta
rotatividade-social, o que fica são as boas
ações feitas em silêncio. Perguntamos aos
colegas que estão na ativa: será que estão
sendo solidários para Henry Montgomery e
Jejé? Uma visita, um abraço, um olhar
profundo dentro dos olhos são um verdadeiro
remédio para dedicar a eles, não o
distanciamento que está acontecendo.
Fiquei pasmo com a falta de
sensibilidade de alguns colegas colunistas, de
não comparecerem ao velório de João Pedro
Arruda, para dar o seu último adeus. E a falta
também de consideração de muitas famílias
da tradicional sociedade cuiabana, que ele
sempre enalteceu em sua coluna social. Os
jovens que eram colunáveis na coluna hoje
são senhores e senhores; o não
comparecimento neste momento de dor dá
sentido que temos o valor quando temos um
jornal para escrever e enaltecer o ego dessa
sociedade de consumo.
BENEDITO SANTO
Com grande brilhantismo, encerrou-se a
tradicional festa de São Benedito 2013,
reunindo durante quatro dias fiéis,
admiradores, devotos, gente de outras
religiões, enfim, a passarela da Colina do
Rosário foi um verdadeiro encontro de paz. A
rainha Idê Guimarães e o rei Rômulo Augusto
Correia da Costa, e os demais festeiros
fecharam com chave de ouro este evento
religioso do Santo festeiro da Cidade Verde. As
manifestações das famílias cuiabanas, na
união das barracas gastronômicas, arrasaram
nos cardápios de variedades, tendo como
base o tempero do amor. Neste evento de
grande porte, a capital recebeu pessoas de
várias capitais brasileiras que vieram aplaudir e
aprenderam, com o Santo Negro, a calçar a
sandália da humildade. Foi uma pena a falta
de visão por parte do Governo do Estado e da
Prefeitura Municipal de Cuiabá em não montar
um estande mostrando o forte desta capital, a
sua tradição e a sua gastronomia. Uma
cidade que está sediando a Copa do Mundo,
onde durante esses quatro dias de festas
circularam mais de 30 mil pessoas. A
participação das políticas públicas, como
também das partes empresariais, foi pouca,
também notei a ausência de poucos políticos,
que deveriam estar ali com a fé aprendendo
as lições de São Benedito. A humildade é
tudo, não o enriquecimento do poder e de
bens materiais. Infelizmente não é ano político,
como diz Benedito Santo, amado por todos os
Beneditos e fiel a todos os povos que a ele
recorrem.
A escravidão no Brasil imaculou nossa
sociedade profundamente. Naquele tempo os
donos das terras vivendo em suas grandes e
confortáveis residências, muitas delas com os
porões reservados aos escravos que
trabalhavam dentro das casas, viviam em um
mundo muito diferente dos que estavam
abaixo daquela hierarquia. Os que cercavam
os senhores dos engenhos, familiares,
empregados (capangas, muitas vezes escravos
libertos) e também alguns escravos e escravas
mais próximos, algumas delas dormiam com
os senhores para obterem privilégios e deles
geravam filhos que formaram nossa primeira
mestiçagem, mantinham seus privilégios à
custa de uma grande massa subjugada. Com
a abolição, a esperança dos que lutaram por
ela era a de que a sociedade brasileira
tomasse um outro rumo em seu
desenvolvimento e na construção da cidadania
de sua população, bem como posteriormente
na construção de uma Nação mais justa e
independente. Olhando os dias de hoje,
passados séculos daquela época, vemos que
nada mudou. Brasília representa hoje a Casa
Grande de outrora, os políticos em todos os
níveis os Senhores do Engenho, os amigos do
poder, funcionários que compactuam com o
sistema corrupto e empresários que se
beneficiam deste poder e da proximidade
com os “Senhores do Engenho” são
equivalentes aos membros que viviam na
“Casa Grande” e em seus “porões”
desfrutando de privilégios à custa da
sociedade brasileira escravizada por um
poder cada vez mais vampiro e ilegítimo do
setor produtivo desta Nação. Estes Senhores
do Engenho e seus cupinchas não querem ver
seu poder sofrer qualquer abalo, e irão fazer
de tudo para perpetuar suas benesses.
Guardando as devidas proporções, em nada
mudou a mentalidade de nossa Nação,
continua impregnada com o mesmo
mecanismo que definiu o funcionamento de
todo um sistema, independente de ter sido
Imperial no passado e Republicano de hoje,
nada mudou, tudo continua na mesma
situação. Trabalho honesto, com suor,
sacrifício é para os “escravos”. Os da “Casa
Grande” querem cada vez mais sugar seus
escravos, impondo a eles “punições” a fim de
se protegerem de seus arroubos por
“liberdade”.
Os tempos passaram e o sistema
continua injusto até os dias de hoje. O que é
engraçado é vermos há pouco tempo uma
chamada luta proletária para assumir o
poder na promessa de definitivamente
“mudar o sistema”, mas o que vemos depois
desta falida experiência de esquerda é que o
sistema continua o mesmo, e os proletários de
outrora são hoje a elite perniciosa dos tempos
atuais. Como no passado, os escravos
libertos passaram a trabalhar para seus
patrões, mudando de lado e punindo seus
iguais. Pior: uma elite não foi construída em
cima de trabalho honesto e esforço contínuo,
mas sim por se aproveitar deste mesmo
sistema, que está envelhecido, porém cada
vez mais vigoroso, já que recebe novas
“injeções” de mentalidades que querem
mantê-lo vivo para sempre! Enquanto isso, os
“neoescravos” brasileiros urram em seus
“pelourinhos” das ruas, clamando por uma
Nação mais justa! Mas nada mudou, ainda...