CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 20 A 26 DE JUNHO DE 2013
CAPA
P
G
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MANIFESTO
O Circuito Mato Grosso se junta à voz das multidões para se fortalecer em defesa da cidadania.
Por: Diego Fredericci, Rita Anibal e Sandra Carvalho
...Aquele grito preso na garganta...
BASTA.
As manifestações que
se iniciaram em São Paulo
por um grupo de pessoas,
a maioria estudantes,
contra o aumento das
passagens de ônibus,
ganharam corpo
espalhando-se pelo Brasil.
A essa reivindicação, os
estudantes e
trabalhadores que se
incorporaram ao
movimento incluíram uma
faxina ética cobrando dos
poderes constituídos um
governo com lisura.
Esse clamor que
soava contra as ações
políticas nefastas é a
mesma voz do jornalismo
Descaso na Educação, um
desrespeito à cidadania
Caos na saúde vira
caso de polícia
Em tempos de
manifestações, e do basta
aos péssimos serviços
públicos que a população
é obrigada a engolir
diariamente, torna-se
conveniente a discussão
sobre o papel da política
e dos meios de
comunicação neste
processo tão necessário à
cidadania e do
redescobrimento da força
que a sociedade possui,
ao exigir melhores
condições e qualidade de
vida não apenas no
transporte, mas na
educação, na saúde, na
segurança e no bem-estar
a todos,
indiscriminadamente.
A capa da edição
441 do jornal
Circuito
Mato Grosso,
“Farra na
Seduc de Ságuas”,
tocou
num ponto
considerado
por muitos
como o mais
sensível na
construção de
uma
sociedade
mais justa: a
educação. A
reportagem
trazia em seu
conteúdo as
condições
subumanas
que
encontramos
em algumas
escolas do
Estado –
algumas
delas, sem
telhado nem
condições de
higiene para
as crianças e
adolescentes.
Sublinhando
a denúncia, a
equipe de reportagem
apurou a ligação de
funcionários do alto
escalão do governo com
uma empreiteira que tem
vários contratos e
licitações vencidas no
governo, da cidade de
Juína (734 km de
Cuiabá). Esse mesmo
município é considerado o
principal curral eleitoral de
Ságuas Moraes (PT), do
qual também já foi
prefeito, e que hoje é
Secretário de Estado de
Educação (Seduc).
Como se vê, a
política vai muito além
das barganhas e
conchavos feitos pelos
partidários profissionais.
Muitos deles têm atuação
íntegra, mas devemos nos
atentar que esta não é
única forma de atuação
em nossa sociedade. Um
professor que educa uma
criança com paciência e
disciplina, uma dona de
casa que devolve o troco
errado do supermercado,
e mesmo a imprensa, que
se dispõe a investigar
desvios de condutas
éticas, também presta um
serviço essencial a homens
e mulheres que constroem
este país: a esperança de
ver irmãos e irmãs em
condições de trabalhar,
viver, sonhar e amar.
Foram tantas as
denúncias relativas à má
gestão dos recursos da
saúde que na última
semana o
Circuito
Mato Grosso
mostrou
que a qualquer
momento um gestor
público pode ir parar na
cadeia por homicídio.
Isto porque cortaram
pela metade os recursos
da atenção básica à
saúde nos municípios –
que também sofreram
calote do governo – e
entregaram a gestão de
unidades de saúde a
Organizações Sociais, as
OSSs, que recebem
quase o triplo do que é
repassado a outras
unidades conveniadas
do SUS. O pior: os
contratos milionários não
garantem a eficácia e a
eficiência dos serviços
prestados por essas
entidades.
Quando o paciente
tem um caso mais grave
como infarto ou câncer,
ele será atendido por
hospitais segmentados
pelo próprio governo:
um, gerido pelas OSSs e
com abundância de
recursos; outro,
administrado pelos
Consórcios
Intermunicipais de
Saúde, que sofrem toda
a sorte de recursos
minguados ou sem
repasse algum.
Essa diferenciação
no atendimento do
cidadão é exposta no
contrato Estado-OSSs,
pelo qual as
organizações escolhem
quem e o que atender,
enquanto o resto das
pessoas é atendido
precariamente
ou nem chega
às mãos de
um médico,
pois morre
antes.
Há 15
dias,
escândalo
nacional. O
Instituto
Pernambucano
de Saúde
(ipas) foi
denunciado
por manter no
estoque da
Central de
Medicamentos
de Alto Custo
grande
quantidade de
remédios
vencidos,
reflexo da
falta de
planejamento.
E a OSS – tão
defendida
pelo governo
– se esquivou de culpa.
Resultado: o Executivo
dá pistas de que vai
demitir o secretário de
Estado de Saúde, Mauri
Rodrigues, para mostrar
energia na solução de
problemas na saúde,
quando na verdade ele
vinha tentando resolver
as mazelas deixadas por
seus antecessores.
quase que solitário do
Circuito Mato Grosso
.
Como representante do
chamado quarto poder, o
jornal não se curvou aos
poderosos nem se iludiu
com pseudolíderes. Não
fugiu do bom combate a
serviço da população.
Semanalmente, cidadãos
são informados e
esclarecidos sobre ações
que vão contra o povo,
através de reportagens e
matérias feitas com
embasamento e
responsabilidade.
É um jornalismo que
cobra dos representantes
legais as irregularidades
que cometem em nome do
povo. Imaginem se, num
lampejo de lucidez e
responsabilidade social
para quem os elegeu, os
poderes Executivo e
Legislativo criassem
formas de utilizar o Fethab
na sua concepção inicial,
não desvirtuando sua
criação? Quantos
quilômetros de estradas já
poderiam ter sido
construídos, minimizando
os grandes gastos de
transporte dos produtores?
Imaginem quantas famílias
carentes estariam
abrigadas agora em sua
casa própria? O
Circuito
Mato Grosso
vem
denunciando o desvio de
vergas carimbadas há
cerca de um ano.
Imagine se, em vez de
diminuir recursos da saúde
ou “privatizar o SUS”,
fizessem uma política
honesta e tratassem
aquele morador dos
rincões do Mato Grosso
com uma atenção básica
decente e com acesso à
saúde universalizado e de
qualidade? Ou se em vez
de beneficiar parentes e
amigos, os recursos da
Educação fossem
aplicados em favor dos
profissionais que sofrem
dentro de salas de aula
semelhantes a pardieiros?
Se vissem nos alunos
futuros cidadãos
conscientes e
profissionalizados para
ajudar a colocar o Estado
no ‘ranking’ mais alto da
educação?
São esses sonhos
que tem o
Circuito
Mato Grosso
! Que
também cobra respostas
à concessão dos serviços
de água e esgoto em
Cuiabá. A Sanecap foi
“vendida” por cerca de
R$300 milhões sob a
alegação do fim dos
problemas de
abastecimento. Hoje a
população enfrenta até
15 dias sem água na
torneira.
Ainda em Cuiabá,
reportagem do
Circuito
Mato Grosso
impediu
que a Prefeitura
vendesse a particulares o
terreno onde funciona há
décadas a Policlínica do
Verdão. Como a rede de
atenção à saúde já é
extremamente precária,
até construir um novo
prédio para a unidade
muitos sofreriam
peregrinando por
atendimento de
urgência.