CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 20 A 26 DE JUNHO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 4
RECADO AOS NOSSOS FILHOS
CALDO CULTURAL
Por João Manteufel Jr
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.
João Carlos Manteufel,
mais conhecido como João
Gordo, é um dos publicitários
mais premiados de Cuiabá
O ABSURDO DA “CURA GAY”
ABCDEF....GLS
Por Menotti Griggi
M n i G i
G
Menotti Griggi é
geminiano, produtor
cultural e militante incansável da
comunidade LGBTT
Um dos mais absurdos projetos
que se possa pensar nos dias atuais
foi aprovado na Comissão de Direitos
Humanos (CDH) da Câmara dos
Deputados esta semana. O projeto de
decreto legislativo que trata da “cura
gay ” é uma articulação do presidente
da comissão, pastor Marco Feliciano
(PSC-SP), e foi indicado para o
colegiado. A CDH se tornou palco de
manifestação entre ativistas pelos
direitos humanos e pastores
evangélicos apoiadores de Feliciano.
Aproveitando os inúmeros
manifestos no Brasil e com o foco nas
passeatas, não foi possível articular
como os LGBTs para uma luta maior
em Brasília pela não aprovação do
projeto, pois o que se viu na votação
sequer lembra os dias de ocupação
do plenário do colegiado, em que
manifestantes chegaram a ser detidos
e impedidos de entrar na sala onde
ocorriam as reuniões da CDH. Antes,
os ativistas gritavam palavras de
ordem e conseguiram adiar várias
pautas. Na votação, apenas cerca de
10 manifestantes seguravam cartazes e
aplaudiam o deputado Simplício
Araújo (PPS-MA), único a discursar
contra o projeto da “cura gay ”.
A proposta altera uma resolução
do Conselho Federal de Psicologia
(CFP) e suspende a vigência desse
documento, que proíbe psicólogos de
atuarem para mudar a orientação
sexual de pacientes e considerar a
homossexualidade uma doença. Há
quase 30 anos a homossexualidade
foi excluída da Classificação
Internacional das Doenças. Em seu
relatório, Anderson Ferreira defendeu
que a orientação do conselho impede
que homossexuais “mudem” sua
orientação com a ajuda de um
profissional.
“Não existe tratamento porque isso
não é doença. O que temos que tratar
é a corrupção, a cara de pau de
alguns políticos. Gostaria que tivessem
a mesma possibilidade os profissionais
de psicologia de tratar alguns
distúrbios de comportamento do ser
humano. Não é a homossexualidade
um dos distúrbios que prejudicam a
família. O que prejudica a família é a
corrupção, a forma como a classe
política está se comportando. Este
projeto é inconstitucional.
Feliciano, no entanto, alegou que a
CDH apenas analisou o mérito da
questão. A constitucionalidade do projeto
será avaliada ainda pela Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ). O projeto
também passará pela Comissão de
Seguridade Social da Câmara.
Em resposta, o CFP afirmou que
os psicólogos estão proibidos de tratar
a homossexualidade como doença:
“Estão, sim, proibidos os psicólogos
de exercerem qualquer ação que
favoreça a patologização de
comportamentos ou práticas
homoeróticas, e adotarem ação
coercitiva tendente a orientar
homossexuais para tratamentos não
solicitados. (...) A norma orienta os
profissionais da psicologia a não se
pronunciar e nem participar de
pronunciamentos públicos, nos meios
de comunicação de massa, de modo
a reforçar os preconceitos sociais
existentes em relação aos
homossexuais como portadores de
qualquer desordem psíquica”,
defendeu o conselho representativo
dos psicólogos em nota.
Não existe nada de genial.
Aliás, deve passar longe dos
festivais de propaganda. Mas
existe uma propaganda de uma
fábrica italiana de automóveis
em que centenas de pessoas
(jovens, idosos, crianças, pobre,
rico) estão nas ruas dançando,
comemorando, celebrando. No
final, uma voz tonitruante
anuncia: “Vem pra rua que é a
maior arquibancada do Brasil”.
O intuito era vender carro e dar
uma alfinetada numa concorrente
coreana, patrocinadora oficial
da próxima Copa do Mundo.
Que felicidade do diretor de
criação e principalmente do
cliente. Sacada teve o mídia:
estava eu sentado assistindo à
cobertura da Marcha dos 100
mil, realizada esta semana no
Rio, veio um intervalo de 30
segundos. Fazia horas que a
jornalista tocava direto
informações atualizadas a todo
instante ao vivo. E nesse espaço
comercial surgiu o anúncio da
Fiat: “Vem pra rua que é a maior
arquibancada do Brasil”. Talvez
nunca uma propaganda tenha
retratado um momento tão bem.
Essa propaganda retratou tão
bem, mas tão bem o cenário atual
da política brasileira, que chego a
pensar se ela não foi subliminar.
Hoje estamos literalmente na
arquibancada assistindo a um
show no qual o que importa é o
pão e o circo. Futebol é mais
importante que saúde e educação.
Eu fico imaginando um hospital
de 1 bilhão de reais. Ou uma
universidade de 2 bilhões. Quantos
cientistas não sairiam? Não que eu
não ache legal a Copa do Mundo.
É que aqui do lado de baixo do
Equador falta educação em tudo.
Até na hora de se manifestar.
Aliás, deve ser por falta de
educação que vândalos travestidos
de estudantes de classe média
começam a violência pedindo por
mais violência. Eles não
representam os ideais nem as
pessoas que saem todos os dias às
ruas. Devemos ter educação para
que quem ganha e sobrevive com
Bolsa Família não precise mais
ganhar Bolsa Família. Quando as
populações mais baixas têm
crescimento intelectual e financeiro,
a sociedade como um todo
melhora. Com educação, teremos
mais engenheiros, mais médicos.
Milhões terão outras escolhas além
do tráfico e do office-boy, não
terão mais no consumo a sua
salvação divina. Você vai poder
comprar uma geladeira. Mas e seu
neto? O que vai sobrar pra ele do
pré-sal? O que vai sobrar para
seus bisnetos da Amazônia? Você
vai comprar um novo celular. Mas
e as horas que você perde no
ônibus se entretendo com seu
smartphone, o metrô que nunca
avança, os hospitais em que você
fica na fila padecendo ou vendo
seu vizinho morrer. Educação para
frearmos uma violência
desenfreada numa luta campal
para obter mais bens de consumo.
Joãozinho, meu filho, nunca se
esqueça disso: tenha educação,
tenha cultura, eles terão medo de
você.