Rosemar Coenga é
doutor em Teoria Literária e
apaixonado pela literatura de
Monteiro Lobato
ALA JOVEM
Por Rosemar Coenga
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A ETERNA CONTADORA DE HISTÓRIAS
CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 20 A 26 DE JUNHO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 2
MELHOR REMÉDIO
Por José Augusto Filho
MANIFESTADO
José Augusto é diretor de
teatro e produtor de programas de
variedades
TENDÊNCIAS
Por Edmilson Eid
PROTESTO OU VANDALISMO?
Edmilson é arquiteto e
festeiro oficial da
Praça Popular
La cucaracha, la
cucaracha, tome cuidado
com as balas de
borracha. É, parece que
finalmente o Brasil
resolveu mostrar a sua
cara. No Rio foram 40
mil, em São Paulo estima-
se que 30 mil e em
Cuiabá 14 mil pessoas
foram às ruas se
manifestar. Desde o
impeachment do ex-
presidente “Xeirando
Colllor de Melo” que o
Brasil não se mobilizava;
o país tá saindo armário,
tá começando a mostrar
pras autoridades que o
povo não é bobo. E como
spray de pimenta nos
olhos do outros é refresco,
Mauro Mendes se
antecipa e reduz a
passagem do coletivo em
R$0,10. Mas vamos fazer
manifesto sim, o
movimento é por R$0,20
não aceitamos menos,
hehehehehe. Que
maravilha, esse é o Brasil
em que eu acredito.
Enquanto isso, ativistas
criam uma comunidade no
Orkut pra avisar ao Acre o
que se passa no Brasil.
E a polícia dá um
show de qualificação nos
protestos e nos mostra
como é bem preparada,
bem treinada, eficaz e
eficiente. Essa é a polícia
que fará a segurança do
País que vai sediar a
Copa do Mundo de
2014. Muita bala de
borracha, gás
lacrimogêneo e spray de
pimenta pra dar um
tempero – é o kit PM
Amiga Cidadã. E juntando
dez balas de borracha
você troca por um spray
de pimenta no olho. E tá
proibido portar vinagre, o
vinagre ameniza os efeitos
do gás lacrimogêneo, e
portar vinagre levou
milhares de pessoas para
as delegacias. Você pode
portar armas, drogas, o
que você quiser; vinagre
não. Nem na salada.
E no mundo
encantado das obras da
Copa, mais uma vez a
teoria de que “tudo que
está ruim sempre pode
piorar” se confirma. As
obras, além de muito
atrasadas, mais uma vez
foram destaque na mídia
nacional: um erro no pilar
de sustentação do viaduto
da UFMT foi matéria no
“Jornal Nacional” e no
“Fantástico”... Quem falou
que Cuiabá não tá na
mídia? Só que não. E os
trabalhadores da Arena
Pantanal, representados
por seus sindicatos,
ameaçam entrar em greve
e parar a obra; o valor
pago aos operários é o
menor do país. É, parece
que Nossa Senhora da
Secopa anda de mal com
a secretaria, e de bônus o
site da mesma foi
invadido e usado como
antipropaganda da Copa.
E a piada da semana
é: “Manifestante é igual
massa de pão: quanto
mais a polícia bate, mais
aumenta”.
Uma das mais
importantes escritoras
da literatura
infantojuvenil do País,
Tatiana Belinky morreu
no sábado aos 94
anos. Tatiana escreveu
mais de 270 livros,
entre eles
Coral dos
Bichos
e
O Grande
Rabanete.
Tatiana nasceu em
Petrogrado, na Rússia,
em 1919, e chegou ao
Brasil aos 10 anos
com a família, que
fugia das guerras civis
que assolavam o país.
Aos 18, após concluir
um curso preparatório
pela Faculdade Mackenzie,
começou a trabalhar como
secretária-correspondente bilíngue,
nos idiomas português e inglês. Aos
20, ingressou no curso de Filosofia
da Faculdade São Bento, mas o
abandonou em seguida, quando se
casou com o médico e educador
Júlio Gouveia, em 1940.
Foi em 1948 que Tatiana
começou a trabalhar em
adaptações, traduções e na criação
de peças infantis para a prefeitura
de São Paulo com o marido.
Quatro anos depois, eles criaram o
programa
Os Três Ursos
a pedido da TV Tupi, que
conquistou tanto sucesso a ponto de definir a carreira de
escritora de Tatiana. Logo, o casal foi convidado a ter
um programa fixo na emissora. Foi lá que ela e Júlio
fizeram a primeira adaptação do “Sítio do Picapau
Amarelo”, de Monteiro Lobato, obra
que a encantava – Tatiana sempre
dizia se identificar com a boneca
Emília.
No conjunto de sua obra, suas
raízes russas e judaicas também se
fizeram importantes na construção de
suas muitas e belas histórias, por vezes
recontadas a partir destas matrizes
culturais. Figuras fantásticas,
camponeses, cenários ora rurais, ora
urbanos, envolventes enredos
sentimentais, discussões de fundo ético
temperadas de humor são a espinha
dorsal de seus livros.
Chegando a centenas de títulos, espalhados em
diversas editoras, a obra de Tatiana Belinky cumpre a
função maior da literatura para qualquer idade: a
fantasia, o reforço da identidade e a solidariedade com
o diferente.
ALÉM DA ESCURIDÃO – STAR TREK
Caio Porto Moussalem é
cinéfilo profissional... e sociólogo
nas horas vagas.
ARTE NÚMERO 7
PPor Caio PPorto Moussalem
o o a
Além da Escuridão
– Star Trek,
de J. J.
Abrams, é o segundo
capítulo da nova versão
cinematográfica do
seriado antológico da
década de 60. Desta
vez, o Capitão Kirk
(Chris Pine) e seu 1°
Oficial Spock (Zachary
Quinto) levam a
lendária nave estelar,
USS
Enterprise,
aos
rincões do universo
para capturar um
impiedoso terrorista
chamado John Harrison
(Benedict
Camberbatch).
Com um trabalho
impecável, Abrams
caminha a passos largos para se tornar o próximo Steven
Spielberg. Ele sabe colocar a dose certa de ação num
roteiro dinâmico e funcional. Mas é o elenco a base de
seu filme: Chris Pine – um ator mediano – tem um
desempenho maduro como Capitão Kirk, enquanto
Zachary Quinto esbanja nostalgia ao reencarnar o
personagem imortalizado por Leonard Nimoy. Ambos
conseguiram capturar a essência de seus personagens e
se tornaram absolutamente insubstituíveis.
Mas quem realmente rouba a cena é um inspirado
Benedict Cumberbatch que, em uma atuação colossal,
coloca seu John Harrison no panteão dos vilões mais
espetaculares do cinema moderno. Se levarmos em conta os
últimos anos, Cumberbatch só é eclipsado pela performance
estarrecedora – e quase inexplicável – de Heath Ledger como
o Coringa de
Batman, O Cavaleiro das Trevas
.
Além da Escuridão
é entretenimento de alto nível. A
segurança de J. J. Abrams como diretor de ficção
científica me faz renovar a fé nos vindouros episódios de
outra franquia intergaláctica:
Guerra nas Estrelas
, da qual
Abrams – para alívio geral – será o diretor.
Os olhos se
confundem entre imagens
da população protestando
com a indignação da
situação atual por que
estamos passando em
todo o país, a volta da
inflação, a insatisfação
plena do custo de
transportes viários, aos
impostos que se
acumulam numa
velocidade frenética, fora
o descaso com a saúde e
a educação que há anos,
ou nunca, receberam os
créditos merecidos.
Com a realização dos
eventos da Copa das
Confederações e da Copa
do Mundo no nosso país,
a revolta do povo
aumenta devido aos
gastos exorbitantes e
sempre superfaturados das
obras dos estádios e das
obras de complexidade
que completam todo este
grande império de
faturamento num momento
tão difícil que passa a
nossa economia.
Mas como a coluna
Tendências tem seu foco
em trazer aos nossos fiéis
leitores o que está
acontecendo no cenário
da arquitetura, o que
vemos atualmente em
todos os canais de
televisão é o vandalismo
contra patrimônios
culturais do nosso país.
Cenas que comovem os
apaixonados em manter a
história e a época de
cada obra que está sendo
agredida por mero espírito
de maldade e falta de
cultura. Os manifestos são
a melhor nobreza do povo
que tem a democracia
como a melhor maneira
de desabafo e
insatisfação, mas têm os
seus limites, tendo respeito
e consciência.
A recuperação dessas
obras-primas agredidas e
sem defesa nos deixa
consternados e tristes por
um trabalho tão nobre
realizado em épocas com
poucos recursos e que
durante muitas décadas
enchem nossos olhos e
nossos sentimentos.
Vamos pensar um
pouco mais antes que
tudo que foi construído se
torne poeira do passado.