CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 20 A 26 DE JUNHO DE 2013
POLÊMICA
P
G
7
Secopa confia TI
da Arena a uma
empresa de VG
Enquanto isso, outros estados contratam grupos com certificação
internacional e que já realizaram serviços nos maiores estádios do mundo.
Por: Sandra Carvalho e Diego Frederici. Fotos: Pedro Alves
TECNOLOGIA MILIONÁRIA
Os 12 estádios que
sediarão jogos da Copa
2014, e que foram
transformados em Arena
Esportiva, devem atender
a três pontos
fundamentais: Selo Verde
(edificação sustentável),
requisitos Fifa e eficiência e
eficácia da gestão pública.
E planejar um TIC
(tecnologia da informação
e comunicação) desse
porte é atividade
complexa, que não pode
ser concluída por empresas
sem o chamado
know-how
– a competência para
executar determinada
tarefa.
Ao contrário dos
demais estados brasileiros
que sediarão jogos do
Mundial – e que
contrataram empresas com
certificados internacionais
de excelência –, Mato
Grosso optou por uma
opção caseira ao contratar
o Consórcio CLE Arena
Pantanal, formado pela
Canal Livre Comércio e
Serviços Ltda, localizada
em Várzea Grande, e a
Etel Engenharia Montagens
e Automações, de Rio
Claro (SP). Segundo
denúncia ao
Circuito
Mato Grosso
, as
empresas não têm
capacidade técnica para
assumir o serviço,
contratado por R$98
milhões pelo sistema de
Regime Diferenciado de
Contratação (RDC).
O
Circuito Mato
Grosso
procurou
insistentemente os diretores
das duas empresas que
formam o Consórcio CLE a
fim de saber qual a sua
capacidade técnica para
assumir o TIC da Arena
Pantanal, mas não obteve
resposta.
Coincidência ou não,
a diretora da Canal Livre
Comércio e Serviços,
Eroyta da Silva Frison, é
correligionária do
presidente da Assembleia
Legislativa e líder do
governador Silval Barbosa
no parlamento, Romoaldo
Junior. Os três pertencem
ao PMDB e ela chegou
inclusive a ser candidata a
vereadora em Várzea
Grande, onde está
localizada a sede da
Canal Livre. Quem assina
como procurador do
consórcio é o filho de
Eroyta, Rodrigo Santiago
Frison, que já teria
declarado que sua mãe
apenas assina como sócia,
mas não atuaria na
empresa.
O Sindicato Nacional
das Empresas de
Arquitetura e Engenharia
Consultiva (Sinaenco) é
taxativo quando cita que
os estados que sediarão
os jogos do Mundial
devem seguir como bons
exemplos o sistema de
Barcelona, apontado
como referência no uso
de TI em favor da
experiência do torcedor, e
o do Allianz Arena, na
Alemanha, considerado
um estádio totalmente
inteligente, desde a venda
dos ingressos até o uso
do telão.
Além destes exemplos,
há os pontos colocados
pela própria Fifa como
demandantes do uso de
Tecnologia da
Informação. Prada lembra
que o caderno de
encargos da entidade
determina que toda a
segurança do evento deve
ser baseada em
Tecnologia da
Informação, incluindo
dinheiro circulante,
serviços de banda larga, e
que o projeto deve ser
desenvolvido com o
objetivo de atingir os
padrões do Leed
(Leadership in Energy and
Environmental
Design), que é uma
certificação para edifícios
sustentáveis, além de
todos os outros projetos
como civil, mecânica e
elétrica e que dão a
garantia de resultados de
excelência.
Riscos incluem até invasão
do banco de dados
A falta de
planejamento e
implantação adequada de
uma infraestrutura de
tecnologia da informação
pode trazer consequências
negativas em relação à
segurança dos dados e o
próprio andamento dos
jogos nos estádios que
abrigarão a Copa do
Mundo, segundo Allan
Gonçalves de Oliveira,
mestre em Banco de Dados
e professor da Universidade
Federal de Mato Grosso
(UFMT). De acordo com o
pesquisador, no geral, os
sistemas são preparados
para possíveis invasões e
outras vulnerabilidades.
Contudo, um eventual
ataque pode alterar desde
mensagens informativas aos
torcedores – que poderiam
aparecer nos telões, dando
uma falsa instrução às
pessoas, por exemplo – até
manipulação de dados do
comércio e outros serviços
presentes nos estádios.
Para Allan, o Brasil é
um dos poucos países no
mundo que exportam
conhecimento, sendo
referência mundial em
cérebros que atuam nas
mais diversas áreas da
informática e tecnologia,
com profissionais
respeitados em todo o
planeta, apesar de grande
parte dos equipamentos
serem importados.
“Os serviços de
tecnologia da informação,
que estarão presentes nos
estádios envolvem várias
áreas da informática, como
estrutura de redes,
comunicação entre banco
de dados, segurança da
informação etc. Considero
isso um serviço de alta
complexidade e o Brasil
tem profissionais
qualificados
RDC só para contratos
de até R$5 milhões
As novas regras de licitação
impostas pelo Regime Diferenciado
de Contratações (RDC) são
encaradas com receio. Criado
inicialmente para acelerar
empreendimentos da Copa 2014 e
da Olimpíada 2016, o regime foi
estendido às obras do PAC e deve se
consolidar, por interesse do governo
federal, como opção para
contratação de demais projetos e
obras de engenharia. Segundo o
consultor do Sinaenco, Jorge Hori, o
maior risco é a contratação
integrada, que inclui a engenharia
básica, o projeto executivo e a
construção, tudo ancorado no
anteprojeto.
“O Sinaenco tem estudos que
comprovam os riscos de incerteza em
cada etapa de um projeto, e, no
caso de uma contratação associada
a partir do projeto básico, esses
riscos chegam a 50%. Empresas que
aceitarem contratos com esse nível de
indefinição podem quebrar no meio
da obra. A contratação associada
vai resultar em obras inacabadas e
prejuízos para a sociedade” previne
o consultor. Para Hori, o RDC pode
ser adequado para obras pequenas,
com orçamento de até R$5 milhões,
desde que exista um projeto básico
bem elaborado, que funcione como
gabarito para acompanhamento do
contrato.
Mané Garrincha está entre os melhores do mundo
Um cuiabano tipo exportação
Délcio Taques Saldanha afirma que, além da
experiência profissional, outro fator que contribuiu
para sua seleção, é ser professor do IFMT. “Assim, é
um orgulho pra mim que sou cuiabano de chapa e
cruz participar da equipe de projetos do Estádio
Nacional de Brasília. É como digo: sou cuiabano tipo
exportação”. Délcio preencheu os requisitos da Fifa:
formação em
Engenharia
Elétrica,
Eletrônica e
Telecomunicações,
com pós-
graduação na
área de
Tecnologia da
Informação,
experiência
comprovada
em mais de 10
anos de
serviços
prestados na
área
(engenheiro
sênior), com
conhecimento
de projetos
sustentáveis.
NEC - NIPPON ELECTRIC COMPANY
Responsável pela TIC da Arena das Dunas, em Natal,
da Arena Pernambuco, no Recife, e na Itaipava Arena Fonte
Nova, em Salvador, a empresa japonesa NEC, uma das
maiores organizações de serviços de tecnologia da
informação do mundo, possui um portfólio comparável a
gigantes do mercado, como Cisco, Siemens etc. A empresa
está implantando a TIC da Grêmio Arena – considerado,
hoje, o estádio com a maior e melhor estrutura de
tecnologia da informação da América Latina, em Porto
Alegre.
SONDA IT
A Arena Corinthians também conta com uma parceira
de peso para a implementação de soluções de
infraestrutura de tecnologia da informação. A Sonda IT é
outra empresa que se destaca no cenário nacional e
internacional. Com sede no Chile, onde foi fundada em
1974, é uma das maiores organizações de tecnologia da
informação da América Latina, presente em mais de 10
países, incluindo Brasil, Argentina, México e Costa Rica.
OI TELECOMUNICAÇÕES
Empresas estrangeiras, contudo, não são as únicas a
terem
know-how
para implantar infraestrutura de tecnologia
da informação numa arena multiuso, como também são
conhecidos os estádios que já são projetados para abrigar
outros eventos, além daqueles esportivos. A Oi
telecomunicações cuidará do TIC da Arena Castelão, em
Fortaleza. Presente nas áreas de telefonia móvel, internet
banda larga e TV por assinatura, a organização, que tem
sede no Rio de Janeiro, é umas das maiores operadores de
telecomunicações do país. Até setembro de 2012, a Oi
possuía mais de 73 milhões de Unidades Geradoras de
Receita (UGRS). Cada unidade dessa representa um serviço
utilizado – telefonia fixa, móvel, internet etc.
O projeto da TIC
no Estádio Nacional
de Brasília
“Mané Garrincha”
foi elaborado
com tecnologia de
última geração, o
que o torna hoje uma
das melhoras
tecnologias das arenas
esportivas do
mundo.
O engenheiro
responsável pelo
projeto, Délcio
Taques Saldanha,
detalha o que
classifica de
tecnologia de última
geração: sistema de
controle de acesso,
sistema de
automação para
gerenciar o uso de
energia, iluminação,
motores, geradores,
elevadores, nobreaks
e até nível dos
reservatórios de
água; sistema de
som ambiente e do
campo; sistema de
detecção de alarme
de incêndio;
cabeamento estruturado
com 64 salas de
telecomunicações e
3 Data Center para
a t ende r à r ede da
Fifa e do legado.
Todas as salas
cabeadas com fibras
ópticas de altas taxas
de transmissão em
redundância. Sistema
de CFTV com mais de
400 câmeras de alta
definição instaladas em
todas as áreas internas
do estádio.
A infraestrutura da
TIC vai atender os
sistemas de TV, IPTV,
CATV, Broadcast e
Digital Signage. Todos
os projetos foram
desenvolvidos para
atender não só os
requisitos da Fifa,
LEED, bem como
permitir que o edifício
possa ser utilizado
para qualquer
finalidade, seja
esportivo, cultural ou
comercial.
Fa l ha s no s i s t ema de i n f o rmação podem ge r a r de s de i n f o rmaçõe s e r r ada s no
t e l ão a t é i n va s ão do banco de dado s
Emp r e s a Cana l L i v r e , de Vá r z ea Gr ande , pe r t enc e
a uma co r r e l i g i oná r i a do p r e s i den t e da
A s s emb l e i a , Romoa l do J ún i o r, do PMDB
1,2,3,4,5,6 8,9,10,11,12,13,14,15,16,17,...