CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 13 A 19 DE JUNHO DE 2013
POLÍTICA
P
G
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FETHAB
Com a desativação do conselho, recursos do Fethab são usados sem qualquer fiscalização pelo Governo.
Por: Rita Anibal. Fotos: Pedro Alves e Reprodução
Governo Silval desvia e “desinforma”
De ilegalidade em
ilegalidade vai vivendo o
Governo Silval Barbosa
(PMDB). O Fundo de
Transporte e Habitação
(Fethab) é, junto com a
concessão de incentivos fiscais
para empresas, a “caixa-
preta” que ninguém
consegue abrir e decifrar. Os
desvios de finalidade do
Fethab são facilmente
comprovados na Lei nº
9859/2011, pela qual a
Assembleia Legislativa dá
aval para esses desvios se
tornarem legais, sob a ótica
dos deputados e do
governador. A lei, em seu
Artigo 2º- § 2º, agora tem a
seguinte redação: “Os
recursos financeiros
arrecadados pelo Fethab
poderão ser aplicados para
pagamento de pessoal,
encargos sociais e demais
despesas de custeio de
atividade finalística”.
Artimanha semelhante de
desvio de propósito
aconteceu em outros fundos.
Estima-se uma
arrecadação de cerca de
R$800 milhões anuais para
aplicar em transporte e
moradia através do Fethab,
descontando os 30%
garantidos por lei que são
enviados para a Secretaria
Extraordinária da Copa
Semo conselho, Silval mantém
a soberania sobre Fethab
CPI do Fethab é
necessária, diz Pandolfi
Deputados exigem estradas
mas permitem desvios
A instalação da CPI
do Fethab encontra
razões controversas
dentro da Assembleia
Legislativa do Estado.
Necessitando de oito
assinaturas, o deputado
Marcio Pandolfi conta
apenas com cinco
adesões. A dificuldade é
contraditória com a
atuação de vários
deputados ao usarem a
tribuna. Mauro Savi, por
exemplo, pede
melhorias na MT-140.
Airton Rondina, o
Português (PSD)
apresentou sete
indicações para seis
municípios localizados
na região noroeste de
Mato Grosso, todos
relacionados a
infraestrutura, como
recuperação de
estradas, pontes e vias
em perímetro urbano
das cidades. José Riva
pede pavimentação da
MT-225 entre Feliz
Natal e Vera. Pedro
Satélite apresentou cinco
indicações, todas
O Conselho Diretor
do Fethab, criado pela Lei
nº 7.263, de 27 de
março de 2000, pelo
então governador Dante
de Oliveira, e
praticamente desativado
pelo atual governador
Silval Barbosa, tinha com
primeira missão a de
estabelecer a política de
aplicação de recursos e
apreciar a prestação de
contas do fundo. Sem o
conselho, todos os
poderes ficam
concentrados nas mãos
do governador, os
recursos são utilizados a
seu bel-prazer e sem
nenhuma fiscalização.
Também, de acordo
com o estatuto, caberia
ao conselho, que deveria
se reunir quatro vezes ao
ano, encaminhar ao
Tribunal de Contas do
Estado as demonstrações
financeiras do Fethab e
representar o fundo
perante os entes do Poder
Executivo Estadual,
Assembleia Legislativa,
Poder Judiciário,
administração pública em
geral, e também nas
interpelações propostas
pela sociedade.
A aplicação dos
recursos originários do
Fethab se dava por meio
do extinto Departamento
de Viação e Obras
Públicas (DVOP). E para
completar, a política de
aplicação de recursos
para cada exercício
financeiro deveria ser
aprovada até a última
reunião ordinária do
exercício anterior. Como o
conselho não se reúne há
muito tempo, a política
praticada passa apenas
pelo crivo da Assembleia,
onde Silval Barbosa detém
a maioria dos
parlamentares na sua
base aliada.
E a grande
responsabilidade de
convocar e presidir as
reuniões do conselho é do
presidente, no caso, o
secretário de Estado de
Transporte e
Pavimentação Urbana
(Setpu), Cinézio de
Oliveira.
“Essa CPI é necessária,
pois o governo está perdido;
Silval perdeu as rédeas”,
disse o deputado Marcio
Pandolfi em entrevista
exclusiva para o
Circuito
Mato Grosso
. Pandolfi
contesta que os recursos
estejam chegando onde
deveriam ser aplicados:
“Mato Grosso continua sem
estradas e o povo menos
favorecido, sem moradia”.
“Precisamos dar um norte
para esse governo”, diz o
deputado que tenta emplacar
a instauração da Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI)
para investigar como o
Governo do Estado utiliza os
recursos arrecadados do
Fethab. “Tirando o valor
enviado à Secopa, ninguém
viu estradas nem casas
construídas com recursos do
Fethab. As estradas que estão
sendo anunciadas vão ser
construídas através de
empréstimos contraídos pelo
governo Silval Barbosa”,
explica o deputado. E vai
mais além questionando: “Se
há recursos advindos desse
fundo, por que endividar
mais o Estado?”.
O pedetista alega que
tinha seis assinaturas para a
instalação da comissão, mas
o governo, numa artimanha
política, exonerou Teté
Bezerra (PMDB) da Secretaria
de Estado de Turismo e
determinou seu retorno à
Assembleia Legislativa no
anoitecer, para que Adauto
de Freitas, o Daltinho
(PMDB), não amanhecesse
deputado, devolvendo-o à
condição de suplente.
Daltinho era um dos
assinantes da proposta, e
Pandolfi está tendo
dificuldades em colher
assinaturas entre os
deputados. Faltam três
assinaturas para a
formalização da CPI, mas
durante a sessão da terça-
feira (11), o presidente da
Assembleia, Romoaldo
Júnior, já acenou que mesmo
com a coleta das assinaturas
necessárias não vai ser
instaurada porque o
regimento interno estipula o
funcionamento de apenas três
CPIs por vez. Estão em
andamento as CPIs do MT
Saúde, Pequenas Centrais
Hidrelétricas (PCHs) e da
telefonia móvel.
(Secopa). O segredo está
onde e como foram
aplicados esses recursos. O
governo Silval Barbosa
sequer tem ativo o Conselho
Diretor do Fundo de
Transporte e Habitação para
informar os gastos e onde foi
aplicado o montante
arrecadado. Esse
obscurantismo está levando
produtores, especialistas na
área tributária e alguns
poucos políticos do grupo
não alinhado ao governo de
Silval a cobrarem
transparência e lisura no
Fethab.
É o caso de Carlos
Fávaro, presidente da
Associação de Produtores de
Soja (Aprosoja), que
manifestou apoio, através de
nota assinada, à iniciativa de
apurar a aplicação do
Fethab sugerida pelo
deputado estadual Márcio
Pandolfi (PDT). Fávaro ainda
diz na nota: “Não somos
contrários à sua existência [do
Fethab], mas entendemos
que o fundo deve se destinar
às finalidades propostas
originalmente na data de sua
criação: investimentos em
estradas e financiamento de
habitações populares. Ao
invés disso, o que vemos
atualmente é o total descaso
com as estradas mato-
grossenses, que em muitos
pontos do estado chegam a
ser intransitáveis, causando
muitos prejuízos, dificuldade
de locomoção, insegurança e
enormes transtornos a toda a
sociedade”.
A diretora de Relações
Institucionais da Aprosoja,
Maria Amélia Tirloni, relata
que o produtor não está
tendo retorno algum do
Fethab. “As entidades ligadas
ao agronegócio pedem a
volta da atuação do
Conselho Diretor do Fundo
de Transporte e Habitação e
que se tenha peridiocidade
na apresentação dos
relatórios de aplicação e
arrecadação dos recursos.
Queremos que a finalidade
do fundo seja garantida”,
concluiu Maria Amélia.
O cálculo do
percentual de arrecadação
do fundo está baseado na
Unidade Padrão Fiscal
(UPF) que é corrigida
semestralmente, saltou de
R$46,27, em janeiro de
2012, para R$100,40
atuais. Esse aumento é
contestado pelo presidente
do Sindicato dos Fiscais de
Tributos Estaduais de Mato
Grosso (Sinfate/MT),
Ricardo Bertolin, que
ingressou com ação no
Ministério Público Estadual
(MPE).
Atualmente estão sendo
aplicados quatro valores
diferentes para UPF em Mato
Grosso, conforme previsto na
Portaria 85/2013. Para fins
de recolhimento da
contribuição ao Fethab, foi
estabelecido que serão
recolhidos 98,83% do valor
da UPF, ou seja, R$99,23.
Questionado numa
coletiva de imprensa no
Palácio Paiáguas sobre a
abertura de uma possível CPI,
Silval Barbosa, muito irritado,
disse que “após obras da
Copa vai ‘devolver’ o Fethab
à origem”.
FUNDOS QUE SOFRERAM ALTERAÇÃO PARA QUE SEUS RECURSOS
PUDESSEM COBRIR ATÉ FOLHA DE PAGAMENTO:
Fundo Estadual de Desenvolvimento Social
Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercial – FUNDEIC
Fundo de Gestão Fazendária – FUNGEFAZ
Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia – FUNTEC
Fundo Estadual de Desenvolvimento do Turismo – FUNTUR
Fundo Estadual de Desenvolvimento Rural – FDR
Fundo de Apoio à Cultura do Algodão – FACUAL
Fundo de Apoio à Pesquisa da Cultura do Arroz – FUNDARROZ
Fundo de Apoio à Pecuária Leiteira – FAP-Leite
Fundo de Apoio à Pesquisa da Cultura da Mamona – FUNDEMAMONA
Fundo de Apoio à Aquicultura de Mato Grosso – FAAq/MT
Fundo Estadual de Assistência Social
Fundo de Desenvolvimento Desportivo do Estado de Mato Grosso – FUNDED/MT
Fundo para a Infância e Adolescência – FIA
Fundo Estadual de Amparo ao Trabalhador – FEAT
Fundo Estadual de Defesa do Consumidor
Fundo Estadual de Fomento à Cultura
Fundo Estadual de Habitação de Interesse Social – FHIS
Fundo Partilhado de Investimentos Sociais – FUPIS
Fonte: Lei 9859/2012
solicitando ao governo
estadual a liberação de
recursos para a
realização de obras de
pavimentação asfáltica
em vias públicas de
municípios da região
Norte. Os parlamentares
ocupam constantemente
a tribuna pedindo
estradas, mas não
assinam uma CPI que
apuraria desvios de
recursos do que eles
mais cobram do
Governo de Silval:
estradas.
Segundo a Con f ede r ação Nac i ona l do Tr an s po r t e
(CNT ) , Ma t o Gr os so t em 1 . 700 km de e s t r adas em
p é s s i ma s c ond i ç õe s .
A população que vive na informalidade não tem como comprar casas pelo sistema
financeiro. Moradia construída através do Fethab beneficiaria esses trabalhadores.
Marcio P
Marci
andolfi está empenhado na instalação da
CPI do Fethab para nortear o estado em suas ações.
ações.
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