CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 13 A 19 DE JUNHO DE 2013
OPINIÃO
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ENTRE ASPAS
EDITORIAL
CRIME NA SAÚDE
Presidente do Conselho Editorial:
Persio Domingos Briante
CIRCUITOMATOGROSSO
Diretora-executiva:
Flávia Salem - DRT/MT 11/07- 2005
Tiragem da edição 443 auditada
por PWC de 21.300 exemplares
Propriedade da República Comunicações Ltda.
Editor de Arte:
Glauco Martins
Revisão:
Marinaldo Custódio
Reportagem:
Mayla Miranda,
Rita Anibal e Débora Siqueira
Fotografia:
Pedro Alves
Editora:
Sandra Carvalho
Av. Miguel Sutil, 4001C - Pico do Amor - Cuiabá - MT - CEP 78010-500 - Fone: (65) 3023-5151 E-mail
LUTO
Coutinho, um ícone do jornalismo
O falecimento precoce do fundador e diretor do site Olhar Direto deixou uma lacuna no jornalismo investigativo.
Por: Sandra Carvalho. Foto: Reprodução
“Resumindo a saúde no Mato Grosso: gasta pouco e gasta mal!”
Dr. Carlos Eduardo Siqueira, médico e professor na University of Massachusetts, de
Boston, sobre a situação precária do atendimento na saúde pública no nosso estado.
“Teve um probleminha no
projeto, que será corrigido. A
despesa não é nossa, é do
consórcio. Houve um errinho.”
Silval Barbosa (PMDB), governador
do Estado, reclamando da
“polêmica” feita em torno do erro
nos pilares do viaduto da UFMT.
“Onde estão as casas do Fethab?
Ninguém sabe, ninguém viu.”
Deputado estadual Márcio Pandolfi (PDT),
que está se esforçando para emplacar a
CPI do Fethab que não constrói moradias
para os trabalhadores necessitados e na
informalidade.
“O governo não tem a intenção de
impedir a apuração dos fatos. Mas
os deputados sabem que o
Regimento Interno não permite isso. É
uma CPI que nem vai começar.”
Romoaldo Júnior (PMDB), presidente da
Assembleia Legislativa, jogando água na
fervura de criação da CPI do Fethab sobre
desvio de finalidades.
“Pegaram um momento de
obras e não dá pra fechar o
aeroporto. É uma situação de
enfrentamento mesmo, não
tem como fugir.”
Superintendente da Infraero do
Aeroporto Marechal Rondon, Luiz
Gustavo Schil, justificando que, a
um ano da Copa do Mundo,
ainda tem pelo menos 83% de
trabalho por ser feito.
“Essa não pode ser uma
“Essa não pode ser uma
luta de um ou dois
vereadores apenas . Deve
ser uma bandeira da
Câma r a . ”
Vereador Dilemário Alencar
(PTB) que, juntamente com
Onofre Júnior (PSB), pediu à
Prefeitura de Cuiabá redução
da tarifa do transporte coletivo
temendo que as manifestações
contra o preço dos ônibus
cheguem à capital.
O jornalismo mato-
grossense perdeu esta
semana um de seus
ícones, o irrequieto
Marcos Coutinho,
fundador e diretor do site
Olhar Direto, uma das
referências em jornalismo
virtual. Aos 47 anos,
Coutinho surpreendeu
familiares, amigos e
seguidores ao seguir para
outro plano, levado
subitamente por uma
parada cardiorrespiratória
na madrugada do dia 9
de junho de 2013. A
passagem do profissional
que se especializou em
jornalismo investigativo,
especialmente político,
gerou uma grande
comoção.
Formado pela
Universidade Metodista de
São Paulo, era
considerado um dos
profissionais mais
polêmicos da
comunicação de Mato
Grosso, como relata o
amigo e colaborador
Ronaldo Pacheco. ”De
família tradicional
cuiabana, sua história
profissional está
intrinsecamente ligada à
cobertura dos casos mais
polêmicos do noticiário
mato-grossense. Isso lhe
proporcionou ter
participação direta em
duas finais regionais do
Prêmio Esso de Jornalismo
– Veículo Impresso Centro-
Oeste, fato raro para
quem atua em Cuiabá”,
descreveu Pacheco, muito
emocionado com a perda
do companheiro.
Apontado por
decanos como Jê
Fernandes, Onofre Ribeiro
e José Eduardo do Espírito
Santo para o Sindicato
dos Jornalistas de Mato
Grosso (Sindjor) como o
primeiro repórter
investigativo da imprensa
no ‘formato
contemporâneo’, Marcos
Coutinho se notabilizou
com reportagens de fundo
para os jornais ‘A Gazeta’
– o maior do Estado, e,
depois, ‘Gazeta
Mercantil’.
Lucas Bólico, editor
do Olhar Direto, lembra
que com os amigos Auro
Ida, Marcão Lemos e
Ronaldo Pacheco, na
segunda metade da
década de 90, Coutinho
fundou o Sistema de
Informação e Marketing
(SIM), embrião do Mídia
News, primeiro site
noticioso de Mato Grosso,
ainda em atividade, hoje
sob direção do jornalista
Ramon Monteagudo.
Coutinho também foi
responsável pela criação e
implantação da Secretaria
de Comunicação da
Câmara Municipal de
Cuiabá, no atual
formato, no ano de
1995, sob a gestão do
então presidente Carlos
Brito. No começo dos
anos 2000, fundou o
site Olhar Direto com o
amigo Mário Marques
Almeida. Há três anos,
fundou a mais bem
estruturada sucursal de
Brasília entre os veículos
website de Cuiabá.
Porém, seu espírito
empreendedor queria
sempre mais. Por isso,
desde o ano passado,
transformou o Olhar
Direto num portal de
notícias. Ele criou outros
sites: Agro Olhar, Olhar
Jurídico, Olhar Copa e
Olhar Conceito. Por isso,
tem a maior redação
individual de um veículo
noticioso de Mato Grosso,
gerando quase 30
empregos para jornalistas.
Marcos Coutinho deixa a
esposa Maria Izabel
Manfrin Coutinho Barbosa
e três filhos – Matheus
Coutinho (23), Lucca
Coutinho (20) e Joaquim
Coutinho (17).
Dois dias antes de
falecer, Coutinho
conversou com o diretor
de jornalismo do
Circuito
Mato Grosso
, seu amigo
particular Pérsio Briante,
com o mesmo jeito
apressado e apreensivo
de ser. “Vamos guardar
como exemplo, para
sempre na lembrança, a
paixão que ele tinha pelo
jornalismo”, diz Pérsio, em
nome de toda a família
Circuito
.
Criado com a missão de garantir acesso gratuito á saúde para
todos os cidadãos brasileiros, o SUS, considerado “o melhor plano
de saúde” do mundo, está na iminência de se transformar em caso
de polícia em Mato Grosso. Nos últimos dez anos o setor vem
sofrendo um sucateamento e inclusive justificou a substituição do
serviço público pela assistência privada especialmente nos hospitais
e também na Central de Medicamentos de Alto Custo. As
Organizações Sociais de Saúde (OSSs) assumiram esses serviços, o
que soou como incompetência do Estado de gerir o SUS. Na fila de
espera por cirurgias e exames, pacientes acabaram morrendo sem
assistência. A tão prometida “fila zero” não saiu do papel. O caos
chegou a um ponto tão crítico que o Ministério Público está
orientando as pessoas a juntarem provas de que houve omissão do
Estado na morte de pacientes do SUS. Afinal, se um cidadão
comprovadamente for a óbito por negligência do Poder Público, os
responsáveis poderão ser indiciados por crime de homicídio e pegar
penas que vão até a 20 anos. E isto inclui até a autoridade máxima
do Estado, neste caso, o governador. Infelizmente, quem sempre
acaba levando a culpa é o mais fraco, como vem acontecendo no
caso dos medicamentos vencidos e sob a responsabilidade de uma
OSSs. Não será novidade se punirem servidores de carreira para
livrar a cara de comissionados, secretários e do chefe do Executivo!
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