CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 13 A 19 DE JUNHO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 7
PARALELO 15
Por Bolívar Figueiredo
JUNTOE MISTURADO: DOS CAIAPÓS, BANDEIRANTES, ESCRAVOS E LÚCIOCOSTA
BolívarFigueiredoé jornalistae
artistaplásticoformadoemBrasília,militante
verde e fundador nacional do PV,
sagitariano, calango do cerrado e
assuntadordefatosevarredordepalavras.
Clóvis é historiador e
Papai Noel nas horas vagas
INCLUSÃO LITERÁRIA
Por Clóvis Mattos
POEMAS DE JOÃO BOSQUO
Intõ. Num destes dias
neblinado, resolvi dar uma
volta, na minha mais
recente cidade, meio com
vontade de varrer causos.
E não tem lugar melhor do
que fuçar em biblioteca e
em museu. Lá fui eu para
o Museu da Chapada.
Um casarão secular, com
peças históricas da
colonização da cidade,
Chapada dos Guimarães
– filha predileta de Nossa
Senhora de Sant’Ana. Em
meio à viagem no tempo,
entre vasos indígenas,
instrumentos rudimentares
de engenho e peças
utilizadas pelos negros
que ainda eram
vergonhosamente
escravos. E lá vou eu, já
varrendo com os olhos e o
dedo coçando para
escrever, e no que olho
para a parede frontal
interna do museu, fito uma
foto dos anos 70, com
destaque para uma figura
familiar e genial da
história contemporânea do
nosso Brazilzão de Deus.
Figura familiar porque eu
fui criado em Brasília,
onde morei por 33 anos.
E lá estava pendurada na
parede de adobe uma
foto com a figura de Lúcio
Costa, o maior urbanista e
arquiteto do século,
considerado pioneiro na
arquitetura modernista,
sendo mundialmente
reconhecido pelo seu
projeto do Plano Piloto de
Brasília, juntamente com
outro gênio da raça,
Oscar Niemeyer. Entõ, aí a
vontade de escrever sobre
o museu virou obrigação e
fui lá eu fuçar sobre a foto
e descubro que ela
registrava a solenidade de
assinatura para a
elaboração do Plano
diretor da Chapada, em
12 de outubro de 1977.
Um dos pais de Brasília
esteve aqui na Chapada
para elaborar o
ordenamento territorial e
econômico deste paraíso
do cerrado. Viajei na
maionese ao lembrar a
profecia de São João
Bosco, de 1883, sobre a
civilização abençoada que
surgiria entre os paralelos
15 e 20. E tanto Chapada
dos Guimarães quanto
nossa capital Brasília
ficam neste paralelo. Com
relação ao Plano Diretor
do senhor Dr. Lúcio Costa,
de efetivo nada foi feito
oficialmente, a obra de
arte do gênio urbanista
ficou apenas como uma
obra de arte mesmo,
apenas contemplativa e
de referência, tipo um livro
histórico empoeirado, ou
uma tela rara num canto
qualquer de um gabinete
governamental.
O plano natimorto de
Lúcio Costa, por exemplo,
previa há 36 anos, um
centro de convenções,
mirantes cobertos e
Sonho Americanoþ
Meu sonho americano...
Sonhei minha cidade
no mesmo lugar de
sempre
meus avós vivos e alegres
minha mãe sem dor
nenhuma
tranquila na certeza
do retorno depois do
trabalho
Meu sonho americano...
Sonhei todas as crianças
de minha pobre América
com suas faces rosadas
em ciranda em um enorme
jardim
Meu sonho americano...
Sonhei todos os homens
em guarda, sentinelas
com rifles, enxadas e
foices
zelando pelo coração da
América
Meu sonho americano...
Senha Perdidaþ
Quem viu a senha
trezentos e vinte e dois
perdida, por aí?
Por favor devolva, meu
cartão de crédito está
precisando.
Ela é imprescindível para
qualquer movimentação
entre o crédito de
esperanças e débitos de
ilusões.
No Precipícioþ
Não me molhe com sais
de lágrimas.
Me lambuze com mel
doce, doce, doce de amor
Faça comigo gostosa
esquisitice
no vértice da noite
escondidos nos lençóis
laços dos sexos sedentos
Não me expulse com falas
banais.
Me retenha com beijos
puros, duros, sucos de
paixão
Faça comigo marota
peraltice
que esconde os corpos
na gênese madrugada
no precipício do prazer.
Adivinhação
Adivinhar o presente
em conversas noturnas
nos bares esquisitos
é missão dos esquecidos
profetas
Adivinhar o passado
é tão difícil
como ler os antigos
livros de história
contemporânea
João Bosquo é
jornalista e poeta.
descobertos, e abrigos tipo
chapéu de palha, trilhas de
turismo históricas e
arqueológicas, alojamentos
para estudantes. “... Quanto
à expansão da cidade, já
comprometida por extensas
áreas loteadas, o que
importa é ter presente a
imensidão do espaço livre e
que o chão, o valor do chão
urbano seja, portanto,
compatível com a
disponibilidade do chão
rural”, e concluiu: “Aqui, a
casa do pobre, a casa
mínima, deve ter o seu
quintal. Aqui, fora o
vermelho cinza dos
penhascos, o verde deve ser
dono da paisagem. Para
sempre. ... Por tudo isto
minha intervenção no projeto
foi praticamente nula...
Procurei atrapalhar o menos
possível para que dessem o
próprio recado. E valeu a
pena”. Alertou e agradeceu
o gênio, de forma humilde.
E que assim seja, e ao
“chucharem” o Plano Diretor
da Chapada, respeitem o
que foi realizado, com
carinho e amor, pois isso é
manter a história. Falei, fui,
Saravá, Amém, até semana
que vem.
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