CIRCUITOMATOGROSSO
PANORAMA
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CUIABÁ, 13 A 19 DE JUNHO DE 2013
VEÍCULOS USADOS
Usado novo pode custar 20% menos que um veículo 0 km e aparece como a melhor opção no setor.
Por: Diego Fredericci. Fotos: Pedro Alves
Mercado se recupera da crise emMT
Apesar do veículo 0
km ser a vedete para
muitos consumidores, o
comércio de veículos
usados é um importante
setor dos negócios no
Brasil. Só no primeiro
trimestre de 2013,
2.769.048 de unidades
foram vendidas em todo o
Brasil, um aumento de
1,1% em comparação
com o mesmo período do
ano passado.
Para Ricardo Laub,
vice-presidente da
Associação dos
Revendedores de Veículos
de Mato Grosso
(Agenciauto-MT), as
vantagens de se adquirir
um veículo seminovo ou
usado dependem do perfil
do comprador. No
entanto, ele aponta a
depreciação do valor
como o principal atrativo
para obter esses veículos.
Carros com menos de 1
ano de uso custam 1/5 a
menos. Porém, ele aponta
que as dificuldades de
obtenção de crédito junto
as bancos restringiram-se
nos últimos anos.
“Apesar de ser um
grande negócio a compra
do seminovo, o crédito
bancário ficou muito
restrito para esse tipo de
negócio. Desde a crise
imobiliária, que explodiu
em 2008 nos Estados
Unidos, as instituições
financeiras começaram a
Maioria dos clientes é
do interior do Estado
Gilson Auberici, sócio-
proprietário da Nascar
Veículos, em Várzea
Grande, fala que boa
parte deste mercado de
consumo esta no interior.
Na opinião dele, mesmo
que uma parcela da
clientela se sinta
desestimulada em possuir
um carro novo,
compradores de cidades
fora da região
metropolitana tem se
interessado em adquirir
automóveis, e não apenas
os de pequeno porte.
“Em torno de 65% da
venda de veículos usados,
na capital, são para
pessoas do interior. O
perfil de clientes, inclusive,
é diferente nesses
municípios. Aqui, temos o
cliente médio, que adquire,
em sua maioria, carros
populares. Quanto mais
longe da capital for a
Há dez anos, o então
estudante de Engenharia
da Computação da
Universidade Federal de
Mato Grosso (UFMT), Eric
Locatelli, teve uma ideia
com o outro sócio da
empresa, seu colega nos
tempos de faculdade:
viabilizar um produto que
aproxime comprador e
vendedor de veículos
usados e semi-novos,
uma ferramenta de
negócios, que não abra
mão da agilidade e do
conforto.
“No site, o Usado
Fácil, é um classificado
online. Facilitamos o
acesso ao comprador e
vendedor e, mesmo para
aqueles não utilizam
nossa página diretamente
no negócio, fazem dela
uma referência para
preços dos veículos, em
transações que podem ter
nossa ajuda ou não.
Dessa maneira, reduzimos
Compra pela internet é
opção rápida e barata
origem do comprador, aí
vemos outro tipo de
demanda: eles preferem
automóveis maiores,
principalmente
caminhonetes, sobretudo
impulsionados pelos
recursos do agronegócio”,
diz ele. Um nicho que,
segundo os dados, passam
longe da crise. Dados da
Federação Nacional das
Associações dos
Revendedores de Veículos
Automotores (FENAUTO)
apontam que, apenas no
mês de abril de 2013,
registrou-se um aumento de
15% na venda de veículos
seminovos, isto é, aqueles
com, no máximo, três anos
de uso, em relação a
março e 19,2% de aumento
se compararmos com abril
de 2012. Ao todo,
1.065.407 unidades foram
vendidas em todo o Brasil,
o que dá uma média de
mais de 47 mil carros
negociados todos os dias.
Mato Grosso possui
uma fatia considerável
nesse mercado. No
acumulado do ano, o
Estado já vendeu mais de
69 mil veículos, entre
usados e seminovos, um
aumento de 6,1% em
relação ao ano passado, e
está em segundo lugar na
região Centro-Oeste,
perdendo apenas para
Goiás. Só na comparação
entre abril de 2013 e o
mesmo período do ano
passado, o mercado de
usados teve um aumento de
mais de 32%, bem acima
da média nacional.
Apesar de reconhecer
que, desde que a crise
imobiliária nos EUA afetou
economias do mundo todo,
incluindo do Brasil, os
fazendeiros e donos de
terras produtivas tem dado
suporte ao segmento.
Segundo ele, um dos
motivos que levam a isso é
o fato do cliente médio
precisar aplicar um valor
relativamente alto no ato
da compra, algo em torno
de 30% a 40% do preço do
veículo. Ele também fala
que as obras da copa tem
intimidado os negócios na
região de Cuiabá.
“O agronegócio tem
possibilitado a compra de
carros com maior valor.
Entre outros fatores, pelo
menos aqui na região
metropolitana de Cuiabá,
as pessoas que tem
adquirido veículos usados
estão em menor número
por causa dos buracos e
detritos que as obras na
região tem causado as
avenidas e acessos”,
finaliza ele.
a especulação, e a ação de
intermediários. Levamos o
comprador direto ao
vendedor”, diz ele.
A ideia das feiras de
veículos, geralmente de
caráter informal, onde
clientes e donos de carros
conversam diretamente, sem
intermediários, “olho no
olho”, não parece mais ser
a única opção daqueles
que desejam fazer bons
negócios no ramo, pelo
menos para os que não
dispensam a rapidez e o
conforte que a internet pode
proporcionar, segundo a
opinião de Eric.
“Todos que tem carro
podem anunciar, mas as
facilidades que a internet
proporciona, como rapidez
e conforto, aliada a uma
informação precisa, são
atrativos interessantes. Além
disso, o dispomos de
espaço para publicidade,
que possui muito mais
possibilidades, diferente das
mídias comuns, que tem
limitações físicas e
tecnológicas, e são bem
mais caras do que um
anúncio na rede”, diz
ele. Como outros
profissionais da área, o
sócio da Usado Fácil
reconhece as
dificuldades enfrentadas
pelos empresários do
ramo, como a
diminuição do crédito.
Mas também admite ser
um bom negócio,
quando se acha a
oportunidade certa.
“Se o cliente
consegue adquirir um
carro seminovo, que
ainda esta na garantia,
tem praticamente um
zero km em mãos, mas
com preço muito mais
depreciado.
Principalmente nos carros
populares, que é o perfil
do brasileiro e sua
realidade sócio
econômica”.
negar o benefício para
muitos clientes potenciais.
Hoje, de cada dez
propostas de
financiamento enviadas
por alguém que deseja ter
um carro usado, apenas
três são aprovadas”,
afirma ele.
Mesmo sendo um
mercado que o vice-
presidente faz questão de
frisar que “não está em
crise”, além da queda do
crédito em virtude da crise
de 2008, as políticas
públicas implementadas
pelo governo federal para
estimular a economia,
como a redução do
Imposto sobre o Produto
Industrializado (IPI),
também contribuíram para
a queda de vendas que o
negócio vem enfrentando.
Segundo ele, porém, é um
ramo dos negócios que
vem se recuperando.
“A própria
propaganda do IPI menor
para carros recém saídos
da fábrica foi um banho
de água fria nos negócios
do modelos seminovos.
Fez com que muitos
consumidores perdessem o
interesse na compra. Tudo
isso, na minha opinião,
porque o governo tinha
medo de que o Produto
Interno Bruto fosse
negativo”.
Com mais de
quinhentas revendedoras
espalhadas por todo o
Estado, os negócios que
envolvem estes tipos de
veículos estão entre os que
mais empregam. No total,
cinco mil empregos diretos
são gerados a partir dele.
Na indústria e comércio
que dão suporte a este
nicho, outros vinte mil
postos são gerados de
maneira indireta. O
número total, de vinte e
cinco mil empregos diretos
e indiretos, representa
mais 6% de toda a oferta
de trabalho gerada em
2012.
Laub, no entanto,
aponta que o mercado
está se profissionalizando
cada vez mais, e que os
empresários que não
ficarem atentos acabaram
prejudicados, podendo
até perder o seu negócio.
“Batemos na tecla da
regulamentação. Alguns
revendedores de Mato
Grosso são resistentes em
agir de acordo com a lei.
Isso precisa ser mudado,
sem a necessária
formalização da
atividade, o empresário
corre o risco de ficar para
trás, e, em último caso,
perder todo seu
investimento”, analisa ele.
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