CULTURA
Por Luiz Marchetti
Fotos: Divulgação
Luiz Marchetti é
cineasta cuiabano,
mestre em design em arte
midia, atuante na cultura de
Mato Grosso e é careca.
CUIABÁ, 25 DE ABRIL A 2 DE MAIO DE 2013
Estive esta semana na
ARENA ARTE E TERAPIA de
Leda Maira, em Cuiabá. Uma
fábrica de sonhos, um canto
de muita positividade. Leda
sempre foi para mim uma
pessoa de luz e extrema
fidelidade com a melhoria
humana. Não tem tempo ruim
com ela. Aqui fica um resumo
de nossa entrevista e a extrema
confiança ao sugerir que seu
filho ou filha, caso necessite de
algum apoio (na saúde física
ou mental) seja depositado na
mão desta artista e terapeuta.
Eis aqui a formiguinha mais
construtiva que conheci pelas
bandas da dedicação cultural.
A educação visual de Leda
Maira e suas técnicas não são
milagrosas não, é muito
estudo, técnica e habilidade
mesmo de quem bota a mão
na massa, investiga com
paciência e se dedica como
profissional ímpar.
Leda, como funciona
a Arteterapia?
A arte como terapia, sob
a visão junguiana, funciona
como instrumento provocador
da criatividade e da
necessidade de desbloqueio.
Ela desperta a noção e a
compreensão do indivíduo
com o interpessoal, cuida para
que não aconteçam os
possíveis conflitos, eliminando
as provocações que
normalmente permanecem
ocultas, como ansiedades,
falta de estímulo, cansaço e
baixa estima.
Sempre estudei arte e
acompanho ateliês diversos
como linguagem, do mais
sublime ao mais obscuro tema
da evolução humana. Como
você lida com essa linguagem
na busca da cura?
A arte aqui é instrumento
apropriado a nossa
capacitação, podendo nos
auxiliar como mantenedores
da nossa saúde mental. Ao nos
socorrer, nos apropriando de
suas diversas alternativas,
caminhos lúdicos e
simbolicamente recheados de
poderosos, de princesas e
monstros, e contos e canto,
A CRUZ
DE MARIA
ANTONIA
A artista plástica Maria das Dores Soares Vital, conhecida como RIMARO, ilustrou as páginas
do livro A CRUZ DE MARIA ANTONIA. O livro é uma pesquisa de seu marido, o escritor e
engenheiro florestal Antonio Rocha Vital. Estive no coquetel de lançamento do Saguão da
Assembleia Legislativa de Mato Grosso, conferi as imagens na exposição organizada pelo
Instituto Memória e ganhei uma edição do livro. Os exemplares são gratuitos e podem ser
retirados ali mesmo na Assembleia. São histórias ótimas do resgate de nossas lendas, causos e
contos. Maria Antonia foi uma negra bêbada da rua que encanta até hoje pelo mistério de sua
vida e morte na região de DIAMANTINO. Ali fica a Cruz de Maria Antonia com muitos de seus
devotos. O livro é ótimo, uma declaração de amor a Diamantino e ao imaginário de nossa
gente. Além da parte histórica com extrema clareza e fácil vocabulário, temos o encantamento
das lendas e mitos contados com delicadeza e dinâmica. É um prato cheio para inspirações. Li o
livro numa manhã. O fato do Garimpo Rola Bunda eu conhecia, em outra região, e isso no livro
fica ainda mais interessante, o quanto o imaginário ultrapassa datas e geografias. O
CURUPIRA contado no livro e pintado por RIMARO também vem com traços fortes e autorais.
Busque o seu exemplar e confira a exposição das pinturas, eu gostei muito.
(“... Mas quando não lhe sobrar mais nenhuma esperança, quando a escuridão houver
coberto os seus faróis, quando os seus melhores amigos estiverem rindo de você caído, o
universo estiver fechado seu manto para você, somente cães numerosos e furiosos lhe rodear,
alguns por piedade lhe lamberem as feridas e não lhe sobrar nenhuma esperança, talvez seja a
hora de lembrar da ALMA PIEDOSA DE MARIA ANTONIA.)
A CRIATIVIDADE QUE CURA
música e dança escrita e
poesia, desenhos e esculturas,
uma infinidade que podemos
usufruir para qualquer que seja
o exposto, o cliente pode
proporcionar o que o atende
em prazer e em desejo e
habilitar-se-á a sua própria
produção. Ele será levado a
representar, a dar vida ao seu
personagem imaginário e será
provocado a diálogos em que
se permite, mesmo que esteja
em atividade de grupo, o seu
processo de discussão, em que
se propõem variadas
alternativas, sugestão e troca de
ideias. Aprenderá a se
organizar, a descobrir novos
horizontes, inclusive dissolvendo
seus problemas aflitivos,
habilitando-o a uma nova
postura em benefício de seu
bem-estar, se permitindo refletir
e evitando novas dificuldades,
que sempre chegam
camufladas de desejo externo e
bem devagar vão se alojando
como sugestões de tarefas ao
nosso interno, e que aplicadas
como satisfações a um externo
que entendemos em benefício
para um convívio coletivo.
“... A arte instiga o olhar à
importância dos saberes
naturais, juntamente aos
adquiridos, salientando suas
eficiências e as nossas
deficiências. O conhecer deste
entendimento oportuniza a
reorganização dos sentidos
para a conexão homogênea
diante da complexidade de
estarmos em um presente no
qual se diz para onde devemos
ir, ou ainda onde está a tão
valiosa corrida para a
demonstração de nossa
qualidade dentro de um
entendimento vendido como
melhor, atual e
contemporâneo. A arte como
terapia é uma forma de estudo,
de crescimento, de trabalho,
que propicia podermos expor,
de forma expressiva, nossas
responsabilidades e qualidades
profissionais com o devido
cuidado de estarmos sempre
afetuosos no suporte de
impulso às inspirações de
prazer do compartilhamento. A
arte no sentir é satisfação, é
sorrir com satisfação para um
simples bom dia, que não é tão
simples assim. É ver e ouvir o
outro, sugerir, respeitar, se
propor ao outro, objetivar, estar
para o outro como para si...”.
A metodologia dos ofícios,
quando em seu exercício de
trabalho, usufrui da arte –
como exemplo cito o
advogado ao rodopiar seu
pensamento em busca da
melhor eloquência para a
colocação daquela frase que
evidenciará sua intenção –,
ressaltando a supremacia de
sua atuação. Do médico que,
em momentos de solução
crucial, consegue traduzir o
suposto positivo e amenizar o
negativo com a eficiência da
luz. O fisioterapeuta que
caminha conduzindo seu
paciente a atitudes que o levem
à procurada reabilitação e que
mesmo diante de todo o
aparato de equipamentos não
esquece que ele, o terapeuta e
sua voz, seus gestos, deverão
estar revelando o principal
ponto entre o esforço e o
conseguir de alguém – o
carinho, sinônimo de afago de
cuidado –, realçando e dando
forma ao desejado,
estimulando com arte o alcance
deste paciente. E, se podemos
intuir, sucesso à frente.
ARENA ESPAÇO DE ARTE E
TERAPIA AVENIDA
MARECHAL FLORIANO
PEIXOTO, 421. Atrás da
Secopa.
Leda Maira S. Oliveira -
Graduada em Licenciatura
Plena – Ênfase em Artes
Plásticas – UNIC – 1998 –
Pós-graduação em
Arteterapia, pela FAVI –
Faculdade Vicentina –
NAPE – São José dos
Campos – SP. (2011)
Teoria e Clínica Gestáltica
com pacientes gays –
Instituto Gestalt de São
Paulo - SP.
Em curso – Especialização
em Didática do Ensino
Superior – UNIC (2012-
2014).