CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 14 A 20 DE AGOSTO DE 2014
CULTURA EM CIRCUITO
PG 4
QUE TAL? VAMOS DEAÇAÍ?!
Wania Monteiro de
Arruda é nutricionista funcional,
aficcionada em receitas saudáveis
e saborosas, que divulga em seu
site e no Insta @wmarruda
NUTRITIVA
Por Wania Monteiro de Arruda
Anna é doutora em
História, etnógrafa e filatelista.
TERRA BRASILIS
Por Anna Maria Ribeiro Costa
NO PERIGEUDA LUACHEIA
Em seu perigeu, no dia 10 de
agosto, despontou no céu uma Super
Lua. Em sua fase cheia, percorreu
uma órbita elíptica e não circular. Foi
o dia em que o satélite natural esteve
mais próximo do planeta Terra, maior
e mais brilhante em 2014.
A Lua, denominada pelo mundo
afora de Levanah, Diana, Perséfone,
Afrodite, Brid, Morrigan, dentre
outras, representa a força feminina,
que reflete a força masculina oriunda
do Sol. Entre os indígenas, por
incrível que possa parecer, o saber
sobre fenômenos naturais antecipou
descobertas da astronomia
convencional. Em 1614, Claude
d’Abbeville, missionário francês,
publicou um livro que evidenciou o
conhecimento do povo Tupinambá
sobre as fases da Lua e sua influência
nos ciclos naturais da Terra. Para se
ter uma ideia, somente em 1687 Isaac
Newton demonstrou que o movimento
das marés dá-se principalmente pela
atração gravitacional da Lua.
Entre o povo Nambiquara, a Lua
corresponde ao gênero masculino e o
Sol ao feminino. Assim, toda vez que
Lua e Sol faziam amor nasciam
milhares de estrelas. Como
namoravam todos os dias, mais
estrelas surgiam no céu. A Sol
começou a ficar brava com o Lua
porque era muito trabalhoso ser mãe
de tantas estrelas. No início, ela
cuidava de seus filhos dentro da casa,
mas elas eram tantas que começaram a
se espalhar pelo céu. Então, a Sol
muito revoltada,
foi à procura de
um pé de mangaba
para tirar seu leite
e jogar no rosto
do Lua.
À noite, ela se
deitou no chão, à
espera do Lua,
com a cuia de leite
de mangaba. Já
abraçados, jogou o
leite no rosto dele,
que ficou todo
manchado. Por
isso que o Lua é
todo manchado.
Desse dia em
diante, ele não foi
mais à casa da
Sol, não nascendo
mais estrelas.
Originário da região Norte
brasileira, o fruto da palmeira de nome
científico
Euterpe oleracea
popularizou-
se em todo o território nacional nas
formas de sucos, polpas, sorvetes e
tigelas. O açaí é venerado por quem
busca ganho de massa muscular, por ser
considerado um alimento “energético”,
mas por outro lado é temido por muitos,
devido a sua elevada densidade calórica.
Uma análise mais aprofundada das
propriedades nutricionais desta fruta
nos permite concluir que esta possui
benefícios até para quem busca perda
de gordura . O açaí é extremamente
antioxidante, propriedade que o torna
útil na prevenção de cânceres.
As polpas de açaí congeladas
comercializadas no Brasil possuem, em
média, em cada 100 g, 0,8g de
proteínas, 3,9g de lipídios, 6,2g de
carboidratos e 2,6g de fibras. Dos
lipídios, prevalece o ácido graxo
monoinsaturado oleico, o mesmo
encontrado no azeite de oliva e
associado à cardioproteção. Por ser rico
em lipídios e fibras e pobre em
carboidratos se comparado a outras
frutas, o açaí possui baixo índice de
carga glicêmica, ou seja: sua ingestão
não causa picos de glicemia e insulina
associados a aumento de gordura
corporal e do risco de doenças crônicas
não transmissíveis, por isso não
engorda como muitos pensam.
Entre os micronutrientes presentes
no açaí, destacam-se a vitamina E
(importante antioxidante) e minerais,
como manganês (também antioxidante e
importante para a saúde óssea),
magnésio (essencial à geração e
utilização de energia no corpo), cálcio
(que age na contração muscular,
transmissão do impulso nervoso e na
formação dos ossos) e cromo
(necessário para uma boa atuação do
hormônio insulina). O açaí é
extremamente rico em compostos
fenólicos que possuem atividade
antioxidante e anti-inflamatória. Entre
esses compostos, prevalecem as
antocianinas, responsáveis pela cor
escura da fruta. Devido à abundância
dessas substâncias, pesquisas
científicas têm associado o consumo de
açaí à prevenção de câncer, doenças
cardiovasculares, processos alérgicos,
doenças neurodegenerativas e para
aumentar a longevidade. Ao contrário do
que é pregado, por seu alto teor
calórico, o açaí tem demonstrado ser
uma boa opção para indivíduos obesos
ou com sobrepeso.
Em uma pesquisa, 10 adultos com
sobrepeso consumiram açaí diariamente
por um mês e tiveram reduzidos os
níveis de insulina e glicemia de jejum,
glicemia pós-prandial e LDL-colesterol,
e emagreceram. Com base em dados
científicos, podemos abrir mão de
“dogmas” que permeiam a nutrição,
como o que afirma que alimentos
calóricos são necessariamente
causadores de obesidade e doenças a
esta relacionada. O consumo de açaí
deve ser encorajado, inclusive, entre
indivíduos obesos ou com sobrepeso,
desde que inserido em uma dieta
individualizada, nutricionalmente
balanceada e orientada por nutricionista.
As tradicionais tigelas de açaí
congeladas (sem xarope de guaraná ou
leite condensado) são opções saudáveis
e prazerosas.