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PANORAMA
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CUIABÁ, 19 A 25 DE JUNHO DE 2014
BIOCOMBUSTÍVEL
Cereais são a nova aposta em MT
Setor acredita que o mercado está saturado e é preciso incentivar o consumo de etanol
Sandra Carvalho
Mato Grosso produz
atualmente 15,4 milhões
de toneladas de milho e,
em menos de dez anos,
deverá chegar a 34,9
milhões de toneladas.
Porém, mesmo com o
consumo interno e a
exportação, ainda há
excedente que poderia
ser utilizado para a
produção de etanol. A
viabilidade das usinas de
etanol de cereais foi
discutida em reunião na
Associação dos
Produtores de Soja e
Milho de Mato Grosso
(Aprosoja-MT) no início
de junho.
O estudo
“Oportunidades na
cadeia de processamento
de cereais para produção
de proteínas e
biocombustível – Uma
avaliação das
oportunidades do
Centro-Oeste do Brasil”
foi produzido pela
Céleres Consultoria a
pedido da associação.
Segundo o diretor da
Céleres, Ricardo
Giannini, não há
empecilhos em relação à
tecnologia, que já é bem
conhecida dos
brasileiros. “O que
precisamos trabalhar é o
acesso ao financiamento
para a construção ou
ampliação das usinas, e o
marco regulatório para a
produção”, explicou.
Por enquanto, o
governo federal não
informou se haverá uma
linha de financiamento
diferenciada por meio do
Banco Nacional de
Desenvolvimento
Econômico e Social
(BNDES). “Atualmente,
a taxa de juros é alta,
girando por volta de
10%, e é indexada em
dólar”, explicou
Giannini. Em relação ao
marco regulatório, o que
existe são regras para a
produção de etanol à
base de cana-de-açúcar.
“Não sabemos se a
legislação continuará a
mesma para a produção
de etanol de cereais”,
disse.
Tomando como
exemplo uma usina full
(que produz etanol
somente a partir de
cereais), com o
processamento de mil
toneladas de milho por
dia seriam produzidos
130 mil metros cúbicos
de etanol por ano, e 80
mil metros cúbicos de
DDG – farelo proteico
originado do cereal,
muito utilizado para
alimentação animal. Isso
sem contar com a
geração de CO2, outra
oportunidade de negócio.
Nos cálculos feitos no
estudo, com a situação
atual da legislação
tributária para etanol, o
investimento de US$ 69
milhões na construção da
usina teria retorno em 66
meses, contando com a
construção. O lucro
líquido seria de 10% e a
taxa de retorno, por
volta de 25%.
Porém, o problema
do etanol seria quase o
mesmo do milho: a
dificuldade para vender o
produto. “Não é simples
entrar no mercado de
combustíveis”, pontua o
gerente de Planejamento
da Aprosoja-MT, Cid
Sanches. De acordo com
o conselheiro consultivo
da entidade, Glauber
Silveira, Mato Grosso
produz mais de 1 bilhão
de litros de etanol, dos
quais 60% são
consumidos no estado e
40% são vendidos para o
norte do Brasil e também
para São Paulo.
Silveira acredita que
o mercado está saturado
e é preciso incentivar o
consumo de etanol.
“Para termos um
aumento no consumo de
etanol, precisamos
aumentar a diferença
entre o preço do etanol e
o da gasolina. Mas
podemos pensar não
apenas no aumento do
preço da gasolina, mas
também na redução do
preço do etanol”,
comenta. Glauber
acredita que, com a
aptidão de Mato Grosso
em produzir milho e
cana-de-açúcar (e
consequentemente
produzir etanol nas
usinas flex), os
consumidores poderiam
utilizar somente este
combustível, pagando
entre R$ 1,90 a R$ 2,00
o litro. Giannini reforça
ainda que mesmo com
investimentos em usinas
flex e full, haverá milho
suficiente para abastecer
o mercado da cadeia de
carnes. “Existe a
produção de farelo que
abastece esta cadeia e,
com a usina, há
potencial de
desenvolvimento das
regiões por atrair outros
negócios”, reforçou o
diretor da Céleres.
Governo federal ainda não informou se haverá uma linha
de financiamento diferenciado pelo BNDES