EDIÇÃO IMPRESSA - 493 - page 19

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 19 A 25 DE JUNHO DE 2014
CULTURA EM CIRCUITO
PG 7
Anna é doutora em
História, etnógrafa e filatelista.
TERRA BRASILIS
Por Anna Maria Ribeiro Costa
O CHILE DO POVOMAPUCHE
THINKANDTALK
Por Laura Santiago
Laura é diretora da Yes!Cuiabá
e apaixonada pelo
MickeyMouse ...”
BICYCLE KICK&TAKEADIVE
Amauri Lobo é
artista, jornalista e
sociólogo.
Vive a vida intensamente.
8
Por Amauri Lobo
INFINIT
VENTIRAS
PRIMEIRAFASE
Somos a civilização das
verdades passageiras. Com a
força do pensamento científico,
disseminou-se a ideia de que
toda verdade só existe até que a
próxima seja validada pela
ciência. Se, por um lado, isso
permitiu muitos avanços
científicos, por outro tirou
credibilidade de saberes
milenares.
Nada em exagero é bom.
Está aí uma verdade que
ninguém duvida. E abandonar o
que nossa ancestralidade nos
traz de forma tão inegável pode
nos levar ao erro. Mentira tem
pernas curtas. Esta é outra
verdade que todos aceitam. E se
as mentiras existem é porque
alguém acreditou nelas. E por
que acreditamos em mentiras e
não podemos acreditar em
verdades?
Existem verdades sim! E
mesmo que sejam
passageiras, serão
verdades enquanto
durar... Bem além da
comprovação, algo só
será verdadeiro se
acreditamos em sua
veracidade. Esta é a
regra que vale. Aquilo no
que cremos ser
verdadeiro é o que é
verdade. E, se botarmos
fé em nossa percepção,
veremos que existem
muito mais verdades do
que imaginamos.
Sobretudo, quando
pensamos em mentiras, iremos
perceber o quanto gostamos de
mentir para nós mesmos.
Principalmente em frente ao
espelho. Sobretudo sobre
nossas fraquezas. E, neste
caso, nada melhor que dizermos
a nós mesmos umas verdades!
Temos o péssimo hábito de
tender a acreditar em mentiras.
Coisas de seres humanos. E
temos uma grande resistência
em aceitar as verdades que estão
ali, acenando com os dois braços
à nossa frente. Trocamos as
bolas com frequência e isso é
outra verdade. Complexos da
mentira...
Por conta da Copa 2014,
os chilenos coloriram de
vermelho, azul e branco a
capital mato-grossense.
Levando ou não para casa o
troféu tão cobiçado, os
chilenos há muito já têm seu
lugar no reino da vitória. No
século XVI, o povo indígena
Mapuche (também habitante de
terras argentinas), venceu
militarmente os espanhóis na
época da colonização. Suas
táticas de ataque os levaram a
resistir durante 300 anos.
O povo Mapuche, também
denominado Araucano, era o
senhor das terras ao Sul do
Chile e ao Centro-sul da
Argentina de hoje. Sua história
guerreira contra os invasores
europeus foi iniciada em 1546,
quando Pedro de Valdívia
atravessou o deserto de
Atacama e fundou o povoado
de Santiago. No mesmo ano,
quando o conquistador
espanhol tentou ampliar seus
domínios, seguiu em expedição
a Araucanía, território sagrado
Mapuche-Araucano.
O ataque dos indígenas
obrigou o retorno das tropas
de Pedro de Valdívia para
Santiago. Em 1550, o espanhol
novamente seguiu em
expedição, quando foi atacada
pela força Mapuche. Outro
levante indígena às margens
do rio Andalién; outra fuga
espanhola. Tropas do Vice-
reinado do Peru foram
acionadas para exterminar o
povo Mapuche. Liderado pelo
jovem indígena Lautaro, à
frente dos exércitos indígenas,
capturou Pedro de Valdívia,
após seu cavalo atolar em
terras alagadiças. Em seguida
foi executado pelo líder
Mapuche.
No Chile, nos dias de
hoje, com uma população de
1,6 milhão de índios, o povo
Mapuche ainda luta pela
garantia de seus direitos,
liberdade de falar sua língua
e prática religiosa.
Expropriações de terras e
ações cont ra os
latifundiários e empresas
transnacionais são alvos
Mapuche.
Mas, em tempo de Copa,
vamos torcer! Torcer pela
“Cultura da Paz”. Que povos
distintos possam se entender
na diversidade das culturas.
Quem sabe, se a palavra
cultura só pudesse ser escrita
no plural, poderíamos viver
em paz. Goooooool!
A dica é especial para os
amantes do futebol. Nela vamos
aprender como se diz gol de
bicicleta em inglês. Então, o
nome do movimento em inglês é
“bicycle kick”. Esse é o nome
mais comum, porém é também
conhecido como “overhead kick”
e “scissor kick”. Abaixo seguem
alguns trechos tirados de
noticiários em inglês falando
sobre essa jogada.§
*He fired an acrobatic
bicycle kick back across goal
into the far corner. (
Ele, com
uma bicicleta maravilhosa,
mandou a bola bem no cantinho
do gol.
*Thiago scored with a
scissor kick in injury time.
(
Thiago marcou com uma
bicicleta nos acréscimos.
)
Veja que nos exemplos acima
há combinações interessantes
para serem aprendidas:
*fire an acrobatic bicycle
kick (
mandar uma bela bicicleta
)
*score with a scissor kick
(
marcar um gol de bicicleta
)
E como é que se diz ‘cavar
uma falta‘ em inglês? Aproveito
para ensinar não só essa
combinação mas também outra
parecida: ‘cavar um
pênalti‘.Anote aí que em inglês o
nome da ‘
jogada
’ é ‘ping’.
Alguns dizem também
‘simulation’, mas ‘ping’ é a mais
comum. Assim, o verbo usado
para transmitir esta ideia em
inglês é ‘dive’ ou ‘take a dive’
(
mergulhar
). Mas saber estas
duas palavras não é o bastante
ainda para você dizer ‘cavar uma
falta’. Isto porque ‘dive’ e ‘take
a dive’ significam ‘se jogar’. O
jogador na verdade se joga para
ganhar uma falta ou um pênalti.
Então, em inglês eles dirão:
take a dive to draw a
foul ou dive to draw a foul (
se
jogar para ganhar uma falta;
cavar uma falta
)
take a dive to draw a
penalty ou dive to draw a
penalty (
se jogar para ganhar um
pênalti; cavar um pênalti
)Veja
alguns exemplos retirados de
fóruns americanos e ingleses:·
*Can’t you see he took a
dive to draw a penalty? That’s so
unfair!
*I think Ronaldo took a
dive to draw the penalty. (
Eu
acho que o Ronaldo se jogou
para ganhar o pênalti. | Eu acho
que o Ronaldo cavou o pênalti.
Note que para dizer no
passado o verbo ‘dive’ se torna
‘dove‘ e ‘take a dive’ vira ‘took a
dive’. Com relação ao passado de
‘dive’, vale dizer que no inglês
britânico é ‘dived’; já no inglês
americano pode ser tanto ‘dived’
quanto ‘dove’.
João Carlos Manteufel,
mais conhecido como João Gordo,
é um dos publicitários mais
premiados de Cuiabá
CALDO CULTURAL
Por João Manteufel Jr.
Foi inacreditável a sensação de, pela
primeira vez, assistir a uma Copa do
Mundo. Eu, Flor e minha pequena Maria
Flor tivemos uma das experiências mais
gratificantes de toda a nossa vida. Não
fiquei nem chateado de pagar R$ 13 numa
lata de Budweiser. E como em tudo que
se preze, é muito melhor assistir ao vivo
do que na televisão. Imagino um jogo do
Brasil. Aqui na terra dos jacarés e tuiuiús
teve gente de todos os lugares, alto-astral
lá em cima, cidade bombando, viagens de
três semanas para gritar Chi-chi-chi-le-le-
le, estrutura dentro do estádio igual ao
primeiro mundo. Olhei para tudo aquilo,
aí bateu uma profunda depressão: imagine
se não fosse tão desorganizado, se não
tivesse tanto atraso, se não tivesse tanta
roubalheira e impunidade. Seria a melhor
Copa de todas as Copas que ainda hão de
vir. O brasileiro sabe como fazer as
coisas. O país poderia ser, sim, o melhor
lugar do mundo para se viver.
– Ei, Cabron, Aqui non, é mi casa.
Eu e minha síndrome de Robin Hood.
Não tive dúvidas. Aquele chileno pulando
para quebrar uma das cadeiras caríssimas
da Arena Pantanal, fazendo uma criança
chorar de desespero, não combinavam
com a magia do lugar. Tomei partido e
usei meu timbre de voz gravíssimo.
Minha depressão virou neonacionalismo,
afinal, nós brasileiros, somos os
segundos turistas a mais gastar no mundo
(perdemos apenas para os japoneses), não
vamos a Santiago quebrar as coisas da
LaU, e sim para tomar vinho e comer
ostras no mercado principal. Nós
quebramos aqui, seja um banco ou loja de
carros, achamos ruim aqui,
desvalorizamos aqui, votamos em gente
não comprometida aqui. Por isso todo
mundo rouba. Por isso todo mundo faz
falcatrua. Quem tem grana para contratar
um bom advogado não vai preso.
– Yo gusta Cuiabá. Yo vivo Cuiabá!!!!
– dispara o coreano após comprar uma
Coca-Cola, contra a Rússia ontem.
Agora qual daqui gusta Cuiabá? Qual
daqui bate no peito e diz que ama Cuiabá?
Quem daqui sabe o hino de Cuiabá?
Garanto que muitos não sabem qual é a
bandeira da cidade. Tenho certeza que a
grande maioria não conhece Nobres, mas
já foi a Miami fazer compras. Nossa
síndrome de vira-latas ultrapassa as
instâncias da normalidade. A grama do
vizinho sempre, mas sempre é mais
verde.
– Papai, não quero ir na Copa. Vai ser
muita confusão, gente gritando, polícia na
rua.
Eterno paradoxo. Quem gosta destrói,
quem não tá nem aí venera. Não sei onde
ele escutou, mas Joãozinho, no auge dos
seus 5 anos de sabedoria, ainda tem medo
da Copa.
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