EDIÇÃO IMPRESSA - 479 - page 5

CIRCUITOMATOGROSSO
GERAL
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CUIABÁ, 13 A 19 DEMARÇO DE 2014
ESTRADAS
Paliativos não amenizam apagão
Apenas 1/3 das rodovias estaduais tem asfalto, e ainda assim os motoristas o consideram de péssima qualidade
Rafaela Souza
Conviver com
buracos e atoleiros é a
dura rotina dos motoristas
em Mato Grosso. Vítimas
da falta de investimentos
nas rodovias estaduais e
federais, o deslocamento
de pessoas e produtos
está ficando cada vez
mais precário e, para
piorar, a situação é
tratada como problema
crônico.
Entre os mais
prejudicados estão os
agricultores da região
norte, que calculam os
prejuízos do começo ao
fim do plantio. De acordo
com os produtores, as
perdas têm início ao levar
sementes e insumos e
Promessa de recuperação na BR-163
A partir de junho a BR-
163 deve começar a receber
trabalhos de recuperação,
isso porque na quarta-feira
(12) o Governo Federal
assinou o contrato com a
concessionária Odebretch
que ofereceu uma tarifa de
R$ 0,02638 por quilômetro
de rodovia, representando
deságio de 52,03% em
relação à tarifa teto do
edital, que era de R$
0,0550.
Na parte mais
complexa, a concessionária
deverá realizar a duplicação,
sinalização e manutenção da
rodovia. Segundo a
assessoria da Odebretch,
113 km já foram
duplicados, outros 453 km
de duplicação mais o
contorno de Rondonópolis
serão executados pela
Concessionária Rota do
Oeste, e o restante da
duplicação pelo Dnit.
Apesar do acordo
fechado e do prazo para o
início da recuperação da
estrada estar marcado para
90 dias após a assinatura do
contrato, o começo da
cobrança ainda não está
definido, pois depende da
conclusão dos trabalhos
iniciais de recuperação da
rodovia, da implantação de
10% da duplicação, da
instalação das praças de
pedágio e dos serviços
operacionais, como socorro
médico e mecânico.
Falta de
acostamento,
sinalização precária,
asfalto de péssima
qualidade e falta de
suporte fazem parte da
realidade da MT-130
que foi privatizada há
mais de um ano e
nenhuma melhoria foi
apresentada para os
motoristas que pagam
entre R$ 6,50 e R$ 48
para trafegar pelo local
que está pior que
estradas públicas.
Alvo de
investigação pelo
Ministério Público
Estadual, a empresa
Morro da Mesa
Concessionária de
Rodovias S/A foi
notificada em 2012
pelo reajuste de mais
de 100% na tarifa do
pedágio e ainda foi
intimada a fazer a
melhoria da estrada,
contudo desde aquela
data nada mudou.
A rodovia que é
responsável por ligar
Rondonópolis,
Primavera e Poxoréu já
foi alvo de protestos
dos moradores da
região, pois com o alto
índice de tráfego na BR-
364, a MT-130 tem sido
usada como fuga por
alguns motoristas que
consideram um absurdo
pagar para utilizar uma
estrada que não oferece
suporte mínimo.
Essa foi a primeira
privatização concedida
no Estado, pois a BR-
163 também está na
lista, e estudos já
começaram a ser
realizados para analisar
o fluxo da rodovia.
Além da BR-163, a MT-
251, que liga a Cuiabá a
Chapada dos Guimarães
(distante 65 km da
capital), também está
recebendo estudos para
privatização, contudo
muitas discussões
foram abertas no Poder
Legislativo municipal e
estadual contra a
implantação do pedágio.
Estado privatiza,
mas caos continua
População cobra resultados já
Na região Oeste do
Estado, a população de
São José de Quatro
Marcos e Araputanga
(distantes 343 km e 371
km respectivamente da
capital) viu o governo
entregar R$ 1 milhão a
uma construtora, que
apenas fez buracos e
valetas em dois trechos da
rodovia MT-248 e depois
abandonou a obra, que no
total está orçada em R$ 11
milhões.
Devido ao descaso,
nesta semana cerca de 100
pessoas interditaram a
rodovia em dois pontos,
sendo uma na saída de
Araputanga para São José
dos Quatro Marcos e
outra na saída de Indiavaí
para Jauru.
Diante da situação, o
secretário adjunto da
Secretaria de Transportes
e Pavimentação Urbana
(Septu), Alaor de Paula,
foi chamado pela
Assembleia Legislativa
para prestar informações
sobre o caso. E segundo
Alaor, até o dia 13 deste
mês as empresas seriam
chamadas para discutir o
problema.
“Vamos convocar as
empresas que venceram a
concorrência e resolver o
impasse. Caso a empresa
que ganhou a obra não
coloque equipamentos e
mão de obra, vamos tomar
a iniciativa de chamar a
segunda colocada na
licitação para finalizar a
recuperação”, disse o
secretário adjunto.
Já o deputado
Ezequiel Fonseca,
responsável por intimar o
secretário para prestar
informações, criticou:
“Não vamos aceitar tanto
desgaste com as empresas
que venceram as
licitações, mas não
conseguem realizar os
serviços. A população está
sendo a maior penalizada.
Estamos indignados e
queremos uma solução”.
depois fazer o
escoamento do produto,
atos que sempre
requisitam a manutenção
constante dos caminhões
que não resistem.
O diretor executivo
do Movimento Pró-
Logística, Edeon Vaz
Ferreira, explica que para
os produtores as rodovias
estaduais são as piores e
o quadro, na sua opinião,
é resultado do abandono
do Governo do Estado
que não realizou nem a
manutenção antes das
chuvas, piorando mais a
situação agora.
“As estradas
estaduais são
catastróficas, os prejuízos
são contabilizados tanto
na entrada como na saída
das fazendas. E a única
promessa de melhoria está
na licitação de
manutenção que o Estado
vai fazer, mas estamos
cientes de que por agora
nada vai mudar”, declara
Ferreira.
Ainda de acordo com
o diretor do Movimento
Pró-Logística, dos 25 mil
quilômetros de rodovias
estaduais, apenas 6 mil
têm asfalto, e na grande
maioria intrafegável, e
com o MT Integrado
pouca coisa vai mudar,
pois apenas 2 mil
quilômetros serão
entregues para a
população.
Uma análise feita por
Edeon Vaz aponta ainda a
preocupação sobre a
intenção do governo de
privatizar esses trechos
considerados um terror
para os produtores.
“Entendemos que nas
rodovias de grande
escoamento é preciso ter
um cuidado e a
privatização é uma saída,
mas não adianta o
governo querer escapar
da sua responsabilidade e
tentar jogar mais uma vez
para a população mais um
custo para se conseguir
trafegar nas estradas
estaduais”, diz Vaz.
Para entender o caos
que é enfrentado durante
todo o ano pelos
motoristas e que se
agrava nos períodos de
chuva, um balanço mostra
que praticamente todas as
rodovias apresentam
algum tipo de problema.
Por exemplo, na BR-163
entre os municípios de
Sorriso e Lucas do Rio
Verde o rompimento de
uma barragem interditou
meia pista desde o final
do mês passado.
Já na MT-222, com o
excesso de chuvas, nem
mesmo as balsas em
Sinop estão funcionando,
pois o rio da região
transbordou e acabou
invadindo a área de
embarque.
Em Sorriso, na MT-
443, principal via de
acesso para a BR-163,
grandes atoleiros foram
formados, necessitando
que os produtores
jogassem cascalho no
local para amenizar o
problema, mas isso não
evitou que houvesse
atrasado no escoamento.
Há pistas que não oferecem as mínimas condições de trafegabilidade e previsão de manutenção, só após as chuvas
Diretor executivo do
Movimento Pró-Logística,
Edeon Vaz Ferreira, faz
duras críticas
Revoltados com péssima condição daMT-248, na região Oeste, caminhoneiros interditaram a pista
Com assinatura do contrato com a Odebretch,
Governo anuncia recuperação da 163
Foto: Mary Juruna
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