CIRCUITOMATOGROSSO
PANORAMA
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CUIABÁ, 20 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014
PLANO AGROPECUÁRIO
MT faz propostas para safra 2014/15
Setor pediu manutenção do programa de construção de armazéns com prazo de pagamento de 15 anos
Mayla Miranda
Famato, Aprosoja,
Acrimat e Ampa
elaboraram nove
propostas, fundamentadas
por estudos técnicos do
Imea, e três pedidos do
setor do agronegócio em
Mato Grosso e que foram
encaminhados ao
Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento
(Mapa) para compor o
Plano Agrícola e Pecuário
(PAP) da safra 2014-
2015.
Num dos itens o
setor produtivo espera a
manutenção do Programa
de Construção e
Ampliação de Armazéns
(PCA) com as mesmas
condições em relação ao
prazo de pagamento de 15
anos, com até três anos
de carência, e taxa de
3,5% ao ano. Esta foi
uma conquista do PAP
2013/2014 que garantiu
R$ 25 bilhões para
construção de armazéns
nos próximos cinco anos.
Também foi
solicitada intervenção
junto ao Banco Central do
Brasil (Bacen) para
impedir a obrigatoriedade
do seguro agrícola a
partir de 1º de julho deste
ano, conforme Resolução
4.235, de 18/06/2013, do
Bacen. “Apesar de o
seguro rural ser um
instrumento importante,
entendemos que ele ainda
não está adequado à
realidade do produtor
rural. A cobertura é
muito baixa e não
Sobre o Plano
Agropecuário
O PAP é preparado
antes do início do ano-
safra pela Secretaria de
Política Agrícola do
Mapa, responsável por
recolher as sugestões das
entidades que representam
o agronegócio, governos
estaduais, entre outros
órgãos. Neste ano, o
plano deve ser lançado
oficialmente em abril. Em
função da Copa do Mundo
e das eleições ocorrerem
nos meses de junho e
outubro, respectivamente,
o Mapa resolveu antecipar
o lançamento, que
geralmente acontecia em
junho. Mas o novo plano
somente entrará em vigor
a partir de 1º de julho.
contempla todas as
culturas. Somos
contrários a essa
obrigatoriedade nos
moldes atuais”, explica o
presidente da Famato, Rui
Prado.
Conforme estudo
feito pelo Imea, a
rentabilidade da pecuária
em Mato Grosso é bem
menor quando comparada
à agricultura. Por isso é
necessário diferenciar a
taxa de juros.
“Solicitamos que a taxa
de juros aplicada ao
custeio pecuário seja de
3,0% ao ano e não mais
de 5,5% ao ano”, informa
a analista de Agricultura e
Política Agrícola da
Famato, Karine Machado.
O limite de crédito
para custeio agrícola
precisa ser ampliado de
R$ 1 milhão, oferecido no
plano 2013/2014, para R$
2 milhões aos produtores
de Mato Grosso. Segundo
o estudo, o limite atual é
insuficiente para
propriedades com mais de
500 hectares cultivados
com soja, ou seja,
característica de mais da
metade das propriedades
rurais do Estado.
Para incrementar a
produtividade do gado de
corte, os pecuaristas
necessitam reformar suas
pastagens. O programa
Agricultura de Baixo
Carbono (ABC) é a
principal linha de crédito
disponível para a reforma
de pastagem. No PAP
2013/2014 foram
liberados R$ 4,5 bilhões,
com taxa de juros de
4,5% para produtores que
se encaixam no Pronamp
e 5,0% ao ano aos
demais. A sugestão do
setor produtivo é ajustar
as condições de
financiamento para o ABC
se adequar melhor ao
fluxo de caixa dos
pecuaristas de Mato
Grosso. “Sugerimos prazo
de 12 anos para pagar,
com carência de até três
anos e taxa de 3,5% ao
ano”, informa Karine.
Um dos grandes
problemas da pecuária de
corte, segundo o setor, é
a necessidade de
produzir e oferecer ao
mercado bezerros e
bezerras de qualidade e
em quantidade necessária
que permitam a redução
do período de recria,
aumentando a
disponibilização de bois
para terminação tanto a
pasto quanto em
confinamento. Em
função disso, o setor
solicitou a criação de um
programa de
melhoramento da
atividade de cria na
pecuária de corte que
contemple o volume de
R$ 800 milhões, com
juros controlados e 12
anos de prazo para
pagar, incluindo quatro
anos de carência.
COMERCIALIZAÇÃO
No documento
entregue ao Mapa está a
sugestão de revisão dos
preços mínimos da soja,
milho e algodão. No
caso da soja o
pedido é para o
valor mudar dos
atuais R$ 25,11
para R$ 37,34 por
saca. Para o milho
o preço mínimo
sugerido foi
aumentar de R$
13,56 para R$
17,84 a saca.
Ambos os ajustes,
segundo o setor,
precisam ocorrer na
atual safra 2013-
2014. E em relação
ao algodão a
solicitação foi de elevar
o preço mínimo de R$
44,60/arroba para R$
61,00/arroba na safra
2014/2015. Neste mês, a
presidente Dilma
Rousseff anunciou, em
evento realizado em
Lucas do Rio Verde, o
aumento do preço
mínimo do algodão para
R$ 54/arroba.
Fotos: Mary Juruna
PRAGAS
Produtores de soja do
Médio- Norte doMato
Grosso estão enfrentando
problemas com a mosca
branca. Esta é a constatação
que a entomologista da
Fundação de Apoio a
Pesquisa Agropecuária de
Mato Grosso, FundaçãoMT,
Lúcia Vivan fez ao realizar
visitas nas propriedades de
diversas cidades da região.
As visitas fazem parte do
FundaçãoMT emCampo
2014, em que pesquisadores
de diferentes áreas avaliam a
safra atual de soja. Ela
esclarece que os municípios
de Lucas do Rio Verde,
NovaMutume Sapezal já
tinhampresença da praga
desde o início da safra, mas
em algumas áreas a
população aumentoumuito.
Omanejo é apontado
como um dos principais
fatores para este cenário: “Se
você fez o manejo correto,
mas os vizinhos próximos a
sua lavoura não, o trabalho é
perdido, pois os adultos
Médio-Norte pode ter problemas com a mosca
acabammigrando e se
instalando na sua lavoura.
Este deve ser um trabalho
em conjunto”. A situação se
agrava ainda mais porque
algumas regiões estão
cultivando soja safrinha no
lugar domilho. O panorama
das últimas safras também
influenciou, de acordo com
Vivan: “Estamos tendo várias
safras com altas
temperaturas e veranicos, e a
situação agrava o problema
com a mosca branca”.
Para que o manejo seja
feito corretamente o
monitoramento é
fundamental. “Quando o
produtor identifica população
de adultos, é preciso
procurar onde estão as
ninfas. De acordo com
estudos, assim que
encontradas mais de 15
ninfas por folha
provavelmente o número de
moscas brancas vai
aumentar e o agricultor deve
agir. Principalmente se a
planta estiver no estágio de
enchimento de grãos, R3 -
R4”, explica a pesquisadora.
Omanejo da mosca
branca é um grande desafio,
já que suas características
contribuem para o difícil
controle. Segunda a
entomologista, “a dispersão
entre as culturas, seu alto
potencial reprodutivo, o
hábito polífago (se alimenta
de diversas fontes), a
resistência a inseticidas e o
seu comportamento de se
alimentar e viver na
superfície das folhas são
fatores que contribuem para
a complexidade e dificuldade
de controle”.
Na safra de 2012/13
muitos produtores já
enfrentaram o problema e
segundo a entomologista da
FundaçãoMT, houve muito
abandono de áreas com alta
infestação da mosca branca.
“Outro ponto importante é
que a mosca branca tem um
grande número de
hospedeiros. O seu ciclo só
não é tão intenso em
gramíneas”. Áreas com a
cultura do algodão também
favorecem a praga, mesmo
com aplicação de defensivos
químicos. Além disso, o
fator climático também
interfere, já que “a mosca
branca permanece nas
lavouras até em períodos de
seca”. Os danos causados
pela praga são severos,
conforme aponta Vivan,
ninfas e adultos causam o
dano direto.
Neste momento em que
Mato Grosso está colhendo,
Vivan orienta que o produtor
elimine as plantas
hospedeiras. “Depois de
destruir as possíveis
hospedeiras, orientamos que
sejamplantadas gramíneas
nessas áreas para diminuir a
população. Plantas daninhas
que podem hospedar a
mosca também devem ser
retiradas. Tudo deve ser feito
principalmente pensando na
próxima safra”, afirma a
entomologista.