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“Eles (turistas) vão vir pra Copa e nós vamos ter que fazer o quê? Uma maquiagem. Sempre os turistas
visitaram o estado de Mato Grosso e foram pra Transpantaneira. Acho que depois de 30, 40 anos de
existência dessa importante rodovia vamos trabalhar para que ela seja concluída. Vai dar tempo pra
Copa? Não.”
Jairo Pradela, secretário de Estado de Turismo
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CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 20 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014
CAPA
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CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 20 A 26 DE FEVEREIRO DE 2014
CAPA
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MAQUIAGEM NA COPA
Governo admite fracasso no Pantanal
Maquiagem. Essa foi a palavra usada pelo secretário de Estado de Turismo, Jairo Pradela
momentos antes da reunião de planejamento operacional para a Copa realizada há 10 dias em
Cuiabá para definir as ações que vão ser realizadas no Pantanal com vistas à Copa do Mundo
de 2014. Passados quase cinco anos desde que Cuiabá foi escolhida como uma das sedes do
Mundial, com o mote da ‘Copa do Pantanal’, o que se vê na região é um verdadeiro descaso
e abandono por parte do poder público. Mas não só o Pantanal deve chegar à Copa
maquiado. Algumas obras inauguradas em Cuiabá já apresentam problemas gravíssimos:
pontes ruindo, morro deslizando, viaduto alagando, entornos sem acabamento, incêndio na
Arena Pantanal deixando órgãos fiscalizadores em alerta. Detalhe: faltam apenas 120 dias
para o primeiro jogo do Mundial.
ENQUETE
Camila Ribeiro,
Mayla Miranda, Rafaela
Souza e Sandra Carvalho
Enquanto
investimentos milionários
estão sendo feitos em
Cuiabá e Várzea Grande, o
Pantanal Mato-grossense,
que é uma espécie de
chamariz da Copa, ao
menos aparentemente tem
sido relegado pelos
governantes. Prova disso
é o fato de que das mais
de 120 pontes de madeira
existentes na MT-60,
conhecida como
Transpantaneira, somente
32 serão trocadas por
estruturas de concreto e
aço. Ainda assim, está
realidade parece estar bem
distante, já que segundo a
Secretaria de Estado de
Turismo (Sedtur), estes
trabalhos só deverão ser
concluídos em janeiro de
2015, isto numa “previsão
otimista”, conforme
declarou o próprio titular
da pasta.
Questionado pela
reportagem sobre os
prováveis contratempos
que os turistas que se
aventurarem a conhecer o
Pantanal Mato-grossense
irão passar em
decorrência das precárias
condições das pontes e
estradas que dão acesso
ao local, o secretário de
Estado de Turismo, Jairo
Pradela, limitou-se a
responder que os
‘perrengues’ de fato vão
acontecer.
Segundo o secretário,
no entanto, “sempre os
turistas visitaram o estado
de Mato Grosso e foram
pra Transpantaneira. Acho
que depois de 30, 40 anos
de existência dessa
importante rodovia vamos
trabalhar para que ela seja
concluída. Vai dar tempo
pra Copa? Não. (...) Eles
(turistas) vão vir pra Copa
e nós vamos ter que fazer
o quê? Uma maquiagem”,
assegurou Pradela.
A princípio, segundo
o secretário de Turismo, o
projeto existente para a
região pantaneira é a troca
de 32 pontes, entre o km
0 de Poconé (102 km de
Cuiabá) e a região
conhecida como Pixaim.
Ainda de acordo com ele,
as pontes de madeira
serão trocadas por outras
de concreto com
recursos provenientes do
Programa de
Desenvolvimento do
Turismo (Prodetur).
A justificativa dada
pelo secretário para que
essas obras não sejam
concluídas antes do
Mundial de futebol é de
que a Sedtur não
dispunha de projetos de
boa qualidade. “Se
tivéssemos um
planejamento pré-Copa,
acho que não teríamos
problema nenhum. Mas
estamos otimistas que
esse recurso de R$ 250
milhões alocados pelo
Governo do Estado vai
ser colocado em prática e
o Estado terá o legado
que é o turismo
sustentável”.
Por fim, Pradela
alegou que a troca,
restauração ou melhoria
do restante das pontes na
região da Transpantaneira
compete à Secretaria de
Infraestrutura e de
Transporte e
Pavimentação Urbana.
O trade turístico da
região pantaneira está
temeroso com as
consequências que podem
ser causadas em
decorrência da falta de
preparação e investimentos
no Pantanal Mato-
grossense. Uma das
principais preocupações é
com uma possível
“inversão” do fluxo de
turistas que comumente
visitam a região.
O empresário,
ambientalista e pioneiro no
ramo do ecoturismo
brasileiro Andre Von
Thuronyi lamenta o que ele
classifica como miopia dos
governantes em relação à
indústria do ecoturismo
que é o setor que mais
cresce no planeta. “Como
pioneiro da atividade
turística no Estado, aqui
emprestando meus
serviços e esforços desde
1976, vejo com profunda
tristeza e certo desalento
esse comportamento e
descaso daqueles que são
Copa pode inverter fluxo
de turistas na região
chamados de ‘elite
governante’” em relação ao
Pantanal.
Thuronyi lembrou que
o governo federal fez uma
série de investimentos na
Capital e, em
contrapartida, “o que nós
do Pantanal recebemos foi
zero. O secretário disse
certo quando mencionou
que há 30 anos os turistas
visitam essa região. Mas é
preciso completar que se
eles visitam isso é graças
ao empenho único e
exclusivo dos
empreendedores que estão
aqui na região”.
Ele pontuou, ainda,
temer que aconteça aquilo
que ele previa há quatro
anos: “Que, graças à
desatenção e falta de
gestão, o Pantanal perca o
grande fluxo de turistas
conquistado pelo esforço
do trade, que hoje se sente
extirpado por um governo
que usou o nome do
Pantanal e depois o
abandonou”.
A Secretaria
Extraordinária da Copa 2014
(Secopa) vai realizar dia 6 de
março próximo a licitação na
modalidadeRegime
Diferenciado de Contratações
(RDC nº 001/2014) – sem
exigência de capacidade técnica
– para contratação da empresa
que será responsável pela
montagem e desmontagem das
estruturas temporárias dentro e
no entorno da Arena Pantanal.
O serviço deve custar em torno
de R$ 50 milhões – média gasta
nos estádios brasileiros que
sediaram a Copa das
Confederações – e não terá
financiamento da Fifa.
O processo licitatório já
possui pelo menos 4 mil
arquivos em PDF, como
mostra o portal da Secopa,
tamanha a quantidade de itens
que estão sendo licitados e que
seriam necessários para
garantir uma infraestrutura
ARENA PANTANAL
Estrutura temporária
por R$ 50 milhões
temporária à altura das
exigências da Fifa.
Dentre os mais de 500
itens que devem constar na
planilha de preços aparecem
2.381 assentos, cerca de 200
aparelhos de ar-condicionado,
1.800 tomadas de diferentes
tipos, 290 extintores, dentre
outros. E as edificações de
caráter temporário devem
seguir à risca as normas
estabelecidas na nota técnica
assinada pela Comissão
Especial de Segurança Pública
da Secretaria Nacional de
Segurança Pública do
Ministério da Justiça.
Dentre as especificações
para as edificações cuja
estrutura seja desmontável a
nota técnica cita, para evitar e
conter incêndios, por exemplo,
a exigência das Anotações de
Responsabilidade Técnica
(ART) referentes às estruturas
provisórias como palcos,
arquibancadas, tendas,
camarotes, estruturas
suspensas e outros, além das
instalações elétricas a exemplo
de iluminação, sonorização,
grupo moto-gerador,
equipamentos e outros.
FIFA
O secretário-geral da
Fifa, Jérôme Valcke, afirmou
esta semana, em entrevista
coletiva em Brasília, que a
entidade não vai arcar com o
custo de estruturas
temporárias no entorno dos
estádios da Copa do Mundo. O
debate sobre o tema ameaça
Porto Alegre, uma vez que o
Internacional não deseja arcar
com os custos destas obras no
entorno do Beira-Rio. “O que
posso dizer é que um estádio
da Copa não pode ficar sem
estrutura”, disse. “Se a Fifa vai
pagar, a resposta é não”,
complementou Valcke.
OBRAS
PRAZOS
ENTREGA DO PLANO DETALHADO
20/02/2014 À 06/03/2014
MONTAGEM
07/03 A 17/05/2014 + 5
DIAS DE CONTINGÊNCIA
ACABAMENTOS
01/04 A 30/05/2014
OCUPAÇÃO E TESTES
16/05 ATÉ 30/05/2014
PRÉ OPERAÇÃO
31/05 A 11/06/2014
OPERAÇÕES FWC (TORNEIO)
12/06 A 24/06/2014
DESOCUPAÇÃO FIFA/COL
25/06 A 30/06/2014
DESM. E FECHAM. DO EVENTO
30/06 A 15/08/2014
ESTRUTURAS TEMPORÁRIAS
Na licitação para
estrutura temporária lançada
pela Secopa, há cerca de
500 itens na lista, e a
empresa que concorrer ao
edital terá apenas 24 dias
para elaborar o projeto,
considerando a data inicial
de 10 de fevereiro, quando
foi dada a abertura do edital.
Caso cumpra todas as
especificações, o novo
desafio será deixar tudo
pronto em dois meses para o
início dos jogos.
Para o representante do
Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia do
Estado (Crea-MT), o
engenheiro André Luis
Shuring, a lista da Secopa é
extensa e cada item ainda
exige vários materiais, como
mais de 3 mil cadeiras
temporárias, com isso fica
Prazo de licitação não
é suficiente, garante Crea
complicado cumprir todas as
exigências e os prazos antes
do início dos jogos.
“Esse mesmo tipo de
estrutura foi requisitado em
2010 nos Jogos Olímpicos
em Londres, na época o país
começou a trabalhar com
nove meses de antecedência
para poder dar conta. Então,
acredito que é difícil uma
empresa cumprir com todos
os requisitos, ainda mais se
for se levar em consideração
o padrão Fifa que deve ser
obedecido”, argumenta
Shuring.
O engenheiro ainda
lembra que não é apenas
Cuiabá que está requisitando
as estruturas temporárias.
Logo, como todas as sedes
também terão a mesma
necessidade, o prazo até
maio para a instalação pode
não ser suficiente.
OUTRO LADO
A Secopa garante que
tanto o prazo para as
empresas apresentarem a
proposta de instalação da
estrutura externa como o
tempo para deixar tudo
pronto antes dos jogos é
suficiente, pois as empresas
que pretendem atender à
demanda já têm experiência
na área.
Com relação ao valor
dos custos para instalar essa
estrutura, a secretaria
informou que há um valor
estimado, mas não é aberto
para que não influencie as
empresas que vão concorrer
ao edital, e quem ganhar irá
receber toda a verba vinda
dos cofres do Governo
Estadual.
Em vistoria na Arena
Pantanal esta semana a
procuradora da República
Bianca Britto de Araújo
cobrou da Secopa a
apresentação dos resultados
das análises estruturais
realizadas no estádio em
decorrência do incêndio
ocorrido em outubro do ano
passado. Na ocasião ela
afirmou, ainda,
desconhecer o laudo citado
pela Fifa confirmando a
segurança na Arena.
A procuradora exigiu,
ainda, prova de que todos
os reparos nas áreas
afetadas pelo sinistro foram
de fato realizados. “Ainda
não tivemos acesso às
análises estruturais feitas
pelo projetista da obra e o
engenheiro responsável.
Precisamos destes laudos
para de fato saber se há
MPF cobra análise estrutural
segurança para liberação do
estádio”, pontuou.
Bianca frisou que em
nenhum momento o
Ministério Público Federal
(MPF) afirmou que a Arena
é insegura. Acontece,
segundo ela, que a própria
Concremat, empresa
gerenciadora da obra,
apontou a necessidade de
mais estudos e análises de
cálculos estruturais. “Se a
própria gerenciadora está
ciente desta necessidade, é
porque de fato os laudos a
que tivemos acesso não são
conclusivos”, disse ela.
Em relação à
declaração de Jérôme
Valcke, dada no dia 19 de
fevereiro dando conta de
que o estádio é seguro e
que não existe nenhuma
preocupação da entidade
em relação a essa questão,
a procuradora foi taxativa:
“Desconheço a existência
de qualquer laudo citado
pela Fifa”. Ainda de acordo
com a procuradora, os
trabalhos do MPF
continuam sendo os
mesmos, independente do
posicionamento da Fifa.
OUTRO LADO
O secretário adjunto de
infraestrutura da Secopa,
Alisson Sander, explicou
que todos os procedimentos
de reparo na Arena Pantanal
já foram executados, bem
como a perícia e o teste de
carga que asseguram que a
estrutura está preservada.
De acordo com ele, o laudo
apresentado ao MPF foi
considerado inclusivo, pelo
fato de não ter o parecer
final do projetista atestando
todo o trabalho executado.
VLT
Governo paga R$ 13 milhões
do empréstimo em março
Neste mês de março a
Secretaria de Estado de
Fazenda (Sefaz) já terá que
começar a amortizar os
juros do empréstimo de R$
727,9 milhões feito pelo
Governo de Mato Grosso na
Caixa Econômica Federal
para a construção do
Veículo Leve sobre Trilhos
(VLT) Cuiabá-Várzea
Grande.
No entanto, após
promessas consecutivas de
que o VLT ficaria pronto
para ser usado durante os
jogos da Copa 2014, a três
meses da realização do
Mundial a obra não dá sinais
nem de que vai ser
concluída do Aeroporto
Marechal Rondon, em
Várzea Grande, à Ponte
Júlio Müller, sobre o Rio
Cuiabá, no bairro do Porto.
Mesmo que terminada a
parte física, ainda será
necessário o período de
testes para então ser
liberada a operação
assistida, que leva pelo
menos seis meses até a
liberação da operação
comercial. A Secopa ainda
terá que trazer técnicos
estrangeiros para treinar as
pessoas que pilotarão o
VLT, o que também
demandará tempo.
OUTRO LADO
De acordo com o
secretário de Fazenda,
Vivaldo Lopes, o valor a ser
pago no dia 15 de março no
total de R$13.358.649,35 é
referente aos juros da
parcela já liberada,
conforme a medição e
execução das obras. A
parcela referente ao
empréstimo só começará a
ser paga após o fim do
período de carência de no
mínimo dois anos.
Já sobre os
questionamentos dos
pagamentos para o VLT,
mesmo estando com os
cronogramas atrasados,
Vivaldo informou que os
valores só são repassados
de acordo com a execução e
não com o total contratado.
CREA/MT
Relatório aponta ‘anomalias
estruturais’ emobras daCopa
Após uma série de
vistorias em 13 obras de
mobilidade que preparam
Cuiabá para sediar o
Mundial de 2014, o
Conselho Regional de
Engenharia e Arquitetura
(Crea-MT) elaborou um
relatório técnico cujo teor
aponta baixo padrão de
acabamento das obras. O
relatório foi produzido a
partir de uma solicitação
da Comissão de
Infraestrutura da
Assembleia Legislativa
(AL-MT).
“Foram encontradas
anomalias estruturais, de
drenagem, nas
sinalizações, nos itens de
acessibilidade, de
processos construtivos, de
planejamento e concepção
de projeto”, diz trecho do
documento.
De acordo com
presidente do Crea, Juarez
Samaniego, os problemas
com acabamento das obras
“não comprometem a
estrutura total. Entretanto,
é preciso que a Secopa
faça as correções
necessárias, para que no
futuro elas não
comprometam a
estrutura”. Em algumas “o
acabamento é irregular,
disforme, podendo não
atingir a finalidade
projetada (...) com risco
iminente aos usuários”.
ACESSIBILIDADE
Outra grave falha
detectada diz respeito ao
descumprimento as normas
de acessibilidade em obras
como a do Centro Oficial
de Treinamento do Pari. O
relatório aponta que as
instalações de acesso da
área externa para a interna
carecem de definição de
rotas acessíveis, sobretudo
dos estacionamentos para a
área de público.
Drenagem e restauração de
córregos são questionadas
Consta ainda no
relatório do Crea a
informação de que foi
verificada negligência
quanto à drenagem vertical
em algumas obras. “A
ausência de drenagem
compromete a durabilidade
do concreto armado (...) a
proteção da armadura fica
comprometida pela
percolação de fluido,
acelerando o processo de
corrosão da armadura”.
Outra obra vistoriada
pelo Crea foi a de
restauração do Córrego
Mané Pinto, onde os
engenheiros destacaram a
completa destruição de suas
barras, o que
consequentemente dificulta
o deslocamento daqueles
que transitam na região.
O relatório também
chama atenção para o fato
de que os prazos de entrega
das obras divulgados não
são condizentes com as
equipes e equipamentos
encontrados nos canteiros.
“Ainda que houvessem sido
dispostos os meios, o prazo
seria inalcançável devido às
condições adversas do
clima”.
“A única coisa que vai ficar
pronta para a Copa é mesmo o estádio
porque é obrigatório. Mas é a maior
palhaçada e falta de respeito com a
população esta história de nada do
prometido ficar pronto.”
Maxuwell
Cardoso, chapeiro, Coxipó.
“A gente sempre espera o melhor,
mas nunca acontece. Até hoje não
entendi porque o governo não fez o
BRT e insistiu em algo que não vai
ficar pronto e a gente continua aqui
correndo atrás dos ônibus”.
Lucimari
da Silva, copeira, Tijucal.
“O pior de tudo são essas obras feitas
nas
coxas,
ridiculamente mal feitas.
Um bom exemplo deste descaso é a
ponte do Praeirinho com o Coophema
que nem foi usada e já tem que ser
refeita.”
Elaine Vilas Boas, auxiliar
administrativa, Parque Atalaia.
“Quem está se dando mal mais uma
vez foi é população. Nós estamos
sofrendo há tanto tempo com estas
obras, interdições, buraqueira e tudo
mais para no fim não ficar nada
pronto.”
Maria do Carmo Barbosa,
aposentada, Nossa Senhora Aparecida.
O Pantanal, símbolo da Copa em Cuiabá e uma das paisagens mais admiradas do mundo, sofre o abandono da gestão pública
Vagões já chegaram, mas VLT não deve
funcionar com segurança até a Copa
Ponte recém-inaugurada já está interditada
por conta de desmoronamento
Sem muro de arrimo, barranco está
desmoronando ao lado de viaduto
Em novembro de 2013 reportagem do Circuito alertava
sobre a situação de abandono no Pantanal
1,2,3 6,7,8,9,10,11,12,13,14,15,...20
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