EDIÇÃO IMPRESSA - 456 - page 15

CIRCUITOMATOGROSSO
CULTURA EM CIRCUITO
PG 3
CUIABÁ, 5 A 11 DE SETEMBRO DE 2013
GARIMPO CULTURAL
Por Luiz Marchetti
Você pode participar do GARIMPO CULTURAL submetendo
sugestões para o seu evento, sua pesquisa artística, livros ou oficinas.
Mande para
COMO VAI VOCÊ?
Segue em Cuiabá a 13
a
Semana de Valorização da
Vida. São palestras com especialistas e eventos gratuitos
que culminam numa passeata na terça-feira, dia 10, às
19h, no DIA INTERNACIONAL DA PREVENÇÃO DO
SUICÍDIO. A passeata tem ponto de encontro na PRAÇA
SANTOS DUMMONT. Valorize a vida e participe. Os
voluntários mais legais do mundo trabalham no CVV de
Cuiabá. INFO: (65) 141 ou 3321 4111
SALÃO DE ARTE DE MATO GROSSO
Estão abertas as inscrições até 30 de setembro para
selecionar obras de artistas para a Exposição do Salão
de Arte de Mato Grosso, que será realizada no período
de 4 de dezembro deste ano a 21/02/2014. A Secretaria
de Estado de Cultura de Mato Grosso selecionará 20 e
premiará 5 artistas, a fim de exporem suas obras nas
categorias de desenho, pintura, gravura, escultura,
fotografia, objeto, instalação, arte digital e vídeo-arte.
INFO: (65) 3613 9230 e (65)3613 0216
MISTURA FINA
A Cantora NAYLA GARDÈS solta a voz e CLAY LEITE
a acompanha no Piano & Sax criando um ambiente
deliciosamente agradável para uma quinta-feira ímpar. A
partir das 20h na CASA DO PARQUE. Vale lembrar
que segue na Galeria a exposição REDE DE ARTE, dando
um ar ainda mais especial para a sua noite. Reserve sua
mesa no Bistrô/Café. INFO: (65) 3365.4789/
8116.8083
CINE SESC
Nesta semana, nos dias 5 e 7 de setembro,
tem exibição de “Paisagem na Neblina”, filme
de Theodoros Angelopoulos, uma obra-prima
premiada em diversos festivais pelo mundo. Com
entrada franca, às 19h30, no Cinema do SESC
Arsenal. INFO: (65) 3611-0550
PEIXADA DE DOMINGO
Depois de muitas idas e vindas, achei
um rodízio de peixe fenomenal para o
domingão com a família; pode levar todo
mundo, da sogra ao caçula, pois os
preços são super em conta. O
RESTAURANTE PEIXARIA COXIPÓ fica ali
na beira da ponte e conta com ar-
condicionado e estacionamento próprio.
INFO: (65) 3028-6545
NEGÓCIOS INOVADORES
A Copa 2014 vem ai e o que eu mais escuto é gente
acreditando em milagre no comercio empresarial. Se ha
algo que eu vejo melhorar uma empresa e fazer decolar
o negocio com estratégia e clareza é a FEIRA DO
EMPREENDEDOR 2013. Entre 12 e 14 de setembro
potenciais empresários se reunirão no Centro de Eventos
do Pantanal e na “Feira do Empreendedor vem até você”
em bairros de Cuiabá e Várzea Grande. Participe, faça
sua inscrição através do 0800 570 800 ou no site
Marília Beatriz *
Cidade dos Outros
permite várias miradas
e, sendo assim,
possibilita ao
espectador atitudes de
recolhimento reflexivo,
contemplação da cena
teatral como
explicitação de estética
arrojada e oitiva atenta
de um texto que
apresenta a
cotidianidade com
saberes transpassados
pela diversidade
contemporânea.
O artifício cênico,
mais que sublinhar a
representação
contextualizada,
aparenta chamar a
atenção para aquilo
que de tão ocasional
passa despercebido e/
ou divide opiniões.
Assim é que o acidente
de carro atravessa todo
o espetáculo como
recurso que inicia o
ambiente teatralizado e
vai destecendo aos
olhos dos personagens
e do público o que a
percepção, apesar de
SIMPLES ASSIM
anotar, não registra com
exatidão. A precariedade
do sentido da visão
indica, ao contrário do
que podia estar no texto,
a coloração de uma
gama variada de sentidos
que a todo o momento
uma ou outra
personagem, um próprio
ou um outro, explicitam o
acidente com sua
incidentalidade. Incidental
é o desempenho do texto,
é a interpretação máxima
aparentada nos corpos e
nas vestes das atrizes. É a
contemporaneidade
fugindo dos jargões
conceituais e se metendo
na dolorosa vida.
Contemporânea é a vida
que se mostra, que fere e
que pode ser avaliada
pelos desejos temporais e
ambientais.
A máquina sublinha a
validade de um homem
robotizado? Ou o mesmo
aparato tangencia a
volatilidade esfacelada
disso que o imaginário
sugere como múltiplo,
disso que
Cidade dos
Outros
apropria e faz na
realidade o imaginário.
Penso que o olhar mais
atento apreende dores,
lutos e emoções que
dificilmente são
mostradas num tempo
tão cênico. Em verdade
creio que a cena que vi
não é uma cena, mas
um pedaço da vida
devida. As amarrações,
as cadeias, os
rangidos, tudo é
parcela importante da
comunicação
entrecortada, cujo viés
traduz o caráter oral da
peça e a beleza da
plasticidade que se
desenrola o tempo todo
num jogo de vida e
morte.
Parece que por ser
a
Cidade dos Outros
,
de algum modo todo
mundo se apropria
desse espaço/
espetáculo e passa a
exigir o silêncio todo
tempo anunciado.
Cidade que se avizinha
de tantos rumores, de
tanto disse-me-disse,
que pede não apenas
palmas, mas o anúncio
de novos tempos para o
Teatro e para a Vida
que se faz Teatro. Não
se trata de mesmice,
porém de um outro que
pode ser o mesmo. Isso
é a prova que um
espetáculo de altíssimo
nível, pleno de um
arrojado arranjo
estético, pode provocar
numa espectadora
desavisada como eu.
Cuiabá, tarde
qualquer de um
domingo de agosto
2013.
* P r o f e s so r a/
UFMT mestre em
Comun i cação e
Semi ó t i ca ( PUC/SP )
A Casa do Parque é, sobretudo, a
“Casa dos Sonhos”. A bela estrutura
arquitetônica possibilita aos artistas locais a
real condição e a possibilidade em
apresentarem a Arte aos cuiabanos e até
mesmo ao público flutuante – turistas que
sempre nos visitam, levando consigo uma
boa impressão da nossa realidade cultural.
Avançamos no conhecimento das coisas
boas e prazerosas. Fazemos e criamos Arte
aqui mesmo. Cuiabá é celeiro efervescente
das Artes Plásticas no Brasil. Esta exposição
coletiva recente, abrigada neste contexto
formidável – inserido no título da mostra,
sendo a curadoria da Fabíola Henri
Mesquita – é composta dos artistas
Capucini Picaroli, Dwanski, Miguel Penha,
Rimaro, Rodrigo Sávio, Ordi Calder e Thais
Lino. Este resultado agrega a pertinente
diversidade dos pareceres individuais, vistos
e apreciados pelo público –, os quais estão
colocados na Arte de cada um de seus
componentes. Miguel Penha, o artista das
matas e florestas virgens, está presente com
duas obras de flagrante beleza. Seu
pequizeiro farto e florido causa
encantamento. Exala olores tropicais. Eu já
escrevi recentemente sobre a obra deste
artista formidável. Miguel Penha domina o
espaço cromático. É agradável e preenche
o espírito dos amantes da pintura em óleo
sobre tela. Rodrigo Sávio apresenta as telas
entrecortadas em cores geometrizadas. Um
figurativismo abstracionalisado na maneira
como aplica a cor. Lembra algo inerente à
infância, pela simplicidade da proposição
plástica. Esta atitude, de caráter
descontraído, brinca com a imaginação
das pessoas. Acrescenta cor aos elementos,
de maneira simples, sobretudo alegra o
espaço nobre do salão principal. Dwanski
apresenta formas em escultura. São
elementos diversificados, como peixe, ema,
Dom Quixote e um formidável urutau.
Manuseia as peças com dignidade e
conhecimento do material disponível em
mãos de escultor experiente. A fotografia,
quer dizer, a escrita da luz, pois (foto) é luz
e (grafia) é o significado da escrita. Ordi
Calder mostra imagens fotográficas em
branco e preto e grafa o silencioso diálogo
entre a luz e a sombra. É objetivo na
condução da ótica sensível. Não deixa
dúvida quanto à capacidade em ser um
bom fotógrafo. É impecável na condução
da tão preciosa composição cênica. As
fotos acentuam um caráter contemporâneo
de qualidade. Rimaro é um representante
da arte popular. As figuras estáticas brincam
de roda, num gramado repleto de outras
personas a fazer um fundo, de maneira
eloquente. Há mistura em poesia cromática.
REDE E ARTE. ASAS PARA O CONHECIMENTO
Esbanja uma sutil permanência da alegria
brasileira. Esta arte traz o desejo ardente e
explícito de quem possui a busca espiritual
– e a vontade intensa de fazer pintura.
Comove pela simplicidade. A festa junina
representa a diversidade cultural do
brasileiro. Entretanto, a diferença plástica
da mostra repousa nas presenças das
artistas Thais Lino e Capucine Picaroli. Thais
Lino elabora e conceitua a obra de
maneira própria. Articula a Arte do feminino
de modo particular. É intimista. Revestida de
clareza e elegância. Revela meticulosidade
no proceder artístico. Afloram-se nos
trabalhos expostos desta intelectual
requintada variadas concepções artísticas.
As projeções fazem caminhos a se
formigarem numa espécie de peneira
cósmica. Uma bateia de proposições
luminosas. Seria como separar o diamante
bruto a ser lapidado pelo joalheiro. Vem de
dentro do espaço o melhor a ser mostrado
ao público. Há começo, meio e fim. Ela
vivencia e condiciona o olhar do
espectador e concede o toque conclusivo.
Nada falta e nada sobra. Nasce e orbita
dentro do espaço. Independe de pré-
esboços. Capucini Picaroli liga ou agarra
pelos olhos. Atinge em cheio o coração do
admirador. Causa imensa estupefação.
Introjeta no outro uma determinada
abertura mental-espiritual – acentuando um
apaixonado apreciamento pela Arte da
Pintura. O colorido quente e vibrante
delineia-se em intenções sensuais de alto
nível. A provável classificação navega em
atmosfera vigorosa. Uma arte que delineia
o perfil da própria artista. Ela é ela mesma.
Combina as cores entre frias e quentes e
tempera a magia impregnante dos temas
diversificados. Atinge, com este proceder, o
ideal da Pintura. São denotadas a beleza e
a coragem. “Moça com Vestido Verde”
chega próximo a uma sedutora deusa da
vaidade feminina. Verdes e vermelhos
intensos acariciam um fundo repleto de
grafismo de rosas, símbolo do amor
incondicional. A postura pictográfica
esbarra na Arte do Inconsciente. Vai além
das linhas periféricas em postar, ao olhar
ávido dos amantes da bela Arte, o brilho
do autoconhecimento. Ela tem a
capacidade de incomodar e gerar a
pergunta: “Mas o que é isso?”. Vale a pena
conferir esta mostra na Casa do Parque. Eu
recomendo a todos.
João Sebastião é
Prêmio de Viagem
ao País. Curte traçar Comentários
Artísticos - Agosto de 2013
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