EDIÇÃO IMPRESSA - 456 - page 19

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 5 A 11 DE SETEMBRO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 7
PARALELO 15
Por Bolívar Figueiredo
AO SOM DAS ESTRELAS, EMBALADO PELOS MISTÉRIOS
BolívarFigueiredoé jornalistae
artistaplásticoformadoemBrasília,militante
verde e fundador nacional do PV,
sagitariano, calango do cerrado e
assuntadordefatosevarredordepalavras.
Clóvis é historiador e
Papai Noel nas horas vagas
INCLUSÃO LITERÁRIA
Por Clóvis Mattos
FOLHAS E PAISAGENS
Raul de Xangô, um
mestre da cultura negra
no Brasil, historiador,
jornalista, de fala
mansa, tão mansa que
não dava para saber se
ele estava incorporado
ou não, me disse uma
vez: “Existem três tipos
de civilizações, todas
influenciadas pelo meio
ambiente no qual
vivem: ”Os que moram
na faixa dos rios ou do
mar, são os grandes
aventureiros, com o
espírito ávido por
descobertas para além
de seu quintal,
responsáveis pelo
descobrimento e
alargamento do mundo
físico. Já os moradores
dos vales e planícies,
são os fixadores da
memória da terra, os
responsáveis pelo plantio
de nosso alimento,
trabalhadores
incansáveis; estão entre
o céu e a terra, tal uma
árvore medicinal. E os
moradores dos lugares
altos, sejam montanhas
ou chapadas, são os
místicos, os observadores
do céu e de seus
mistérios, comungando a
religiosidade e o
conhecimento das
tradições; por estarem
no alto, conversam com
Deus”.
Veio-me esta
recordação ao pensar
sobre a fama dos
lugares místicos de nosso
cerradão de meu Deus,
tais como as chapadas:
dos Guimarães,
Diamantina e Veadeiros,
serras da Canastra, a do
Cipó, a do Roncador, as
cidades de Cuiabá, Vila
Bela da Santíssima
Trindade, Brasília,
Caldas Novas, São Tomé
das Letras, Pirenópolis e
Goiás Velho, as quais eu
conheço. Lugares
místicos, holísticos e
berço do movimento
ambientalista brasileiro,
lá pela década de 80.
Tudo embalado e
misturado ainda pelo
sonho profético de Dom
Bosco (1883) sobre o
aparecimento de uma
nova civilização no
planalto central do país:
“Entre os paralelos de
15º e 20º havia uma
depressão bastante larga
e comprida, partindo de
um ponto onde se
formava um lago. Então,
repetidamente, uma voz
assim falou: “quando
vierem escavar as minas
ocultas, no meio destas
montanhas, surgirá aqui
a terra prometida,
vertendo leite e mel; será
uma riqueza
inconcebível”.
Várias missões e
expedições, realizadas
desde o século 18, como
as dos Jesuítas,
Franciscanas e
Presbiterianas e as
empreendidas por
Bartolomeu Bueno da
Silva, Pascoal Moreira
Cabral, Luís D’Alincourt,
Hércules Florence, Hiram
Bingham, Langsdorff e
Cel. Percy Harrison
Fawcett reforçam ainda
mais os mistérios do
Paralelo 15, com seu
patrimônio histórico e a
exuberância das
paisagens dessas
regiões.
E, destas, o
destaque em mistérios foi
a expedição do espião
inglês Cel. Percy
Harrison Fawcett, que
realizou a primeira
investida na América do
Sul em 1906, quando
viajou ao Brasil para
mapear a Amazônia em
um trabalho organizado
pela Royal Geographical
Society. Cortou a selva,
chegando a La Paz, na
Bolívia, em junho desse
mesmo ano.
Em sua segunda
investida, em 1925,
acompanhado pelo seu
filho mais velho, Jack
Fawcett, partiu em busca
de uma cidade perdida,
chamada em código por
“Z”. Profundo
conhecedor e estudioso
do ocultismo, e
pesquisador de lendas
antigas e registros
históricos, Fawcett estava
convencido de que essa
cidade realmente existia
e que se encontrava em
Mato Grosso, na Serra
do Roncador. Ao partir
em busca do Eldorado,
ele deixou uma nota
dizendo que, caso não
retornasse, nenhuma
expedição deveria
resgatá-lo. Fawcett sumiu
na selva do Alto Xingu
em 29 de maio de
1925, quando
telegrafou a sua esposa
dizendo que estava
prestes a entrar em um
território inexplorado,
acompanhado somente
de seu filho e um amigo
de Jack, chamado
Raleigh Rimmell. Entõ, os
Fawcett sumiram, meu
espaço acabou, semana
que vem nos
aprofundaremos neste
mistério, Saravá, amém!
A linguagem que
combina sons, ritmos e
significados é leitura que
leva ao decifrar, interpretar
e sentir. Esses atos são, ao
mesmo tempo, prazer e
tarefa que o leitor de
poesia encontra a sua
frente. E nem todos os
leitores estão dispostos a
esse exercício no mundo
em que vivemos.
Atualmente, as informações
já chegam decodificadas,
prontas para a ingestão
daqueles que juram que
pensam mas que detestam
pensar quando têm que
comungar esse assunto de
raciocínio com as páginas
de um livro.
Essa falta do hábito de
leitura é quase
generalizada e começa
onde deveria ser
incentivada: na escola. Ali,
leitura é um ato quase
obsoleto. Mesmo assim, há
os autores que insistem em
oferecer seus textos, que
nada mais são do que a
tradução da nossa cultura
através de romances,
contos, poemas, cantos e
cantigas populares que
ainda não se perderam na
esquina do tempo.
Em 2010, o cantor e
compositor Divino Arbués
abriu suas gavetas, ou se
preferirem, a janela do seu
computador, e reuniu em
livro 150 páginas a que
deu o nome de “Folhas e
Paisagens”, editado sob os
auspícios da Secretaria de
Estado de Cultura de Mato
Grosso.
Esse livro, que ele
dedica aos mestres da
cultura popular, tem
apresentação assinada
pelo cantor Almir Sater e é
ricamente ilustrado, desde
sua capa (a partir de uma
foto do autor) pelo artista
plástico Brás Rubson. Tem
ainda ilustrações internas
assinadas por Milton
Mendes Júnior e Mario José
de Angelis. A foto do
escritor, na orelha do livro,
é do premiado fotógrafo
Mayke Toscano.
Wanderley
Wasconcelos
Autor: Divino
Ar bué s
Edições do Autor
Ilustrações: Milton
Mendes Junior/
Mário José de
Ange l i s
Primeira Edição –
2010
Poesia brasileira
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