CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 1 A 7 DE AGOSTO DE 2013
ENTREVISTA
P
G
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O retorno político do homem trator
PAGOT
Luiz Antônio Pagot está de volta à cena política de Mato Grosso, agora filiado ao PTB, buscando ocupar espaço no próximo pleito
eleitoral – “com gente de bem e para o bem”. Por: Flávia Salem. Fotos: Mary Juruna
Bem mais tranquilo do que em sua época de
“homem trator”, Pagot escreveu uma história
paralela (a dele) durante o tempo em que esteve
no Governo Maggi, no qual ocupou três
importantes pastas: Secretaria de Infraestrutura,
Casa Civil e Educação. Na Sinfra, ele descerrou
mais de 600 placas de inaugurações das obras
realizadas sob o seu comando, o que lhe rendeu
prestígio e a fama de “fazedor”. Em entrevista
exclusiva ao
Circuito Mato Grosso
, Pagot traça
um panorama do atual cenário político, fala das
necessidades latentes e de seus planos para o
futuro.
PORQUE O PTB
“Minha filiação ao PTB se deu especialmente
porque eu preciso ter voz, não gosto de ser
omisso. Vejo na política de Mato Grosso muitas
coisas adversas, principalmente na parte
administrativa, que rege nosso desenvolvimento,
cultura, integração nacional. Nosso Estado coloca
saldo real na balança comercial e precisa ter um
governo sintonizado com este desenvolvimento.
Exatamente isto que não conseguimos enxergar
nesta administração estadual. Nós, no PTB,
queremos ser vez e voz. É um projeto político de
longo prazo.”
CENA POL Í T I CA ATUA L
“Os partidos políticos precisam atuar,
participar, precisam ter voz nas decisões do
Estado. As siglas são usadas para vencer as
eleições, as disputas políticas, e depois não mais
interessam. Hoje em dia, as decisões de Mato
Grosso não são feitas partidariamente, são feitas
por meia dúzia de pessoas que definem o destino
do Estado e muitas vezes estão decidindo
erradamente. E o Mato Grosso atravessa a
situação de um Estado com grande potencial de
crescimento, investimentos, perspectivas
promissoras em relação a sua população, mas mal
administrado.”
GESTÃO ATUAL
Hoje o governo está focando em algumas
obras de infraestrutura, muito poucas por sinal e
esquecendo da parte da Educação, que é
importantíssima, da Saúde, da Segurança
Pública... Esquece também das desigualdades
regionais, que cada vez estão mais latentes e faz
com que tenhamos rincões de pobreza em Mato
Grosso, que é um oásis de prosperidade. Um
Estado que se fosse bem utilizado estaria dando
uma melhor distribuição de renda pra todos, está
deixando diversos segmentos importantes à
margem do processo produtivo. Não existe
estrutura, nem programas necessários e trabalho
coordenado.
EDUCAÇÃO EM MT
Temos um governo pobre de ideias, que não
conseguiu inserir, por exemplo, a Educação no
terceiro milênio. O Mato Grosso entrou, a
produção agrícola entrou no terceiro milênio,
numa era totalmente tecnológica e disputando com
o mundo, sendo competitiva, ainda que sofra com
o gargalo logístico. A Educação ainda está no
segundo milênio, lá pela década de 50, não
passando disso. O resto é conversa fiada dentro
das escolas. Existe dinheiro federal disponível para
construção de escolas profissionalizantes e, por má
gestão e falta de comprovações por parte do
governo estadual, nada acontece. É uma vergonha
pra Mato Grosso, uma vergonha! Isto cala fundo
no coração das pessoas, que se revoltam. Vejam o
grito das ruas...”
OBRAS DA COPA
“O governo está focando no emergencial... Se
temos uma Copa do Mundo, temos que fazer as
obras pra Copa, como se isto fosse o todo ou
tudo pra Mato Grosso, e não é. É apenas uma
parte. Eles teriam que ter uma estrutura
administrando as questões da Copa e o Governo
preocupado com as questões gerais, mas não... O
Estado quase parou por conta da Copa, a gestão
é péssima e agora estão correndo atrás do
prejuízo. O governador praticamente puxou pro
gabinete dele a administração das obras da
Copa. Ele está fiscalizando, dando entrevistas, se
envolvendo com o pilar que não foi bem
construído, quando deveria ter uma equipe
competente pra isto. Isso vai criando,
principalmente nas regiões noroeste e nordeste, no
Vale do Araguaia especialmente, um
distanciamento deste ciclo de desenvolvimento e
uma frustração nas pessoas.
GR I TO DAS RUAS
“A população hoje não se sente representada
por ninguém e por isso os partidos precisam reunir
boas pessoas, boas ideias e desenvolver um
trabalho junto à sociedade, envolvendo também
os jovens e as mulheres para que sejamos bem
representados. Nas últimas pesquisas, aumentou
muito o número de indecisos, me espanta este
número. Isto reflete o repensar da população e
envolve todos os Poderes. A população quer se
sentir representada e, se gritou forte agora, no ano
que vem vai gritar mais forte ainda!”
P ROJ E TO S I L VA L
“Eu fico frustrado com o desempenho deste
governo... E também me sinto culpado, não
pensem que não me sinto culpado não, porque
vários amigos me procuravam e diziam que nós
íamos ter uma frustração com o que nós estávamos
acreditando e na época eu não acreditava... Eu
havia trabalhado com o então deputado Silval
Barbosa na Assembleia Legislativa e
posteriormente como vice-governador, eu
acreditava que ele poderia fazer uma gestão
adequada e dar desdobramentos à atuação do
governador Blairo Maggi, já que ele pegou o
Estado com uma condição financeira boa. Pela
primeira vez depois de muitos e muitos anos, ele
poderia fazer inclusive empréstimos para
desenvolver ainda mais o Estado, e de uma hora
pra outra eu vejo que a administração não
consegue coordenar os setores que deveria, nem
dar respostas à população e, no meu modo de
entender, faz uma administração atabalhoada...
Sempre correndo atrás de prejuízos ou apagando
incêndios. Não adianta Estradeiro, poeira na
estrada, belos discursos e nada acontece. Esta
administração é de fachada, não é de atos
concretos.”
MT I NT EGRADO
“Quando vejo o Estado receber este recurso
extraordinário de mais de R$ 1,5 bilhão para fazer
pontes e estradas, eu acho fantástico, aí eu olho o
processo licitatório, quem ganhou as licitações e o
preço que cada quilômetro de estrada está sendo
contratado... Podíamos fazer, com certeza
absoluta, o dobro com este mesmo dinheiro. O
dobro! Quer dizer: esta é uma forma inconsistente
de administração. Porque ela não é zelosa, porque
não é competente, não é eficaz e não maximiza a
utilização deste recurso. Blairo Maggi foi elogiado
em todo o país pela sua “PPP caipira”, pela qual
metade das estradas era custeada pelos
agricultores, comerciantes e empresários da região
e os outros 50% pelo Fethab, e foi um sucesso.
Construímos 1.100 pontes e 2.400 quilômetros de
estrada e em vez de este governo continuar com o
que deu certo e fazer de forma compartilhada,
resolve que vai bancar tudo e com isto vai fazer
muito menos.”
E L E I ÇÕE S 2014
“Estou trabalhando junto ao PTB pela
reestruturação partidária, como articulador,
mobilizador, mas também estou colocando meu
nome à disposição pra ser candidato a deputado
estadual ou federal. Ninguém anda sozinho e
queremos um grupo do bem para o bem, estamos
conversando com vários partidos. Não é fácil e
não é simples, pois a população está cansada
destas propostas mirabolantes que nunca
acontecem. Estaremos trabalhando num mar de
pessimismo, com pessoas que não conseguem ver
nada melhorar... Eu serei um grande companheiro
político, disputando ou não uma vaga eletiva.”
D I S PUT A MA JOR I T ÁR I A
“Eu descarto a disputa majoritária porque
preciso dedicar muito ao meu serviço e pra isto eu
teria que abandonar tudo para percorrer todo o
Estado e construir um arco de alianças, e se eu
parar de trabalhar hoje, no mês seguinte eu não
pago as minhas contas.”