CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 6 A 12 DE JUNHO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 4
PRECISAMOS MAIS DE VOCÊ, IVENS
CALDO CULTURAL
Por João Manteufel Jr
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.
João Carlos Manteufel,
mais conhecido como João
Gordo, é um dos publicitários
mais premiados de Cuiabá
NOVO OLHAR SOBRE A PARADA GAY
ABCDEF....GLS
Por Menotti Griggi
M n i G i
G
Menotti Griggi é
geminiano, produtor
cultural e militante incansável da
comunidade LGBTT
Grande médico. Grande
professor. Enorme coração.
Pequeno nesse poeta convexo, que
tem reflexo do próprio nome,
somente seus leitores, que carregam
nos sonhos as nossas maiores
esperanças. Falo de Ivens Cuiabano
Scaff.
Li (melhor dizendo, re-li) um
livro de poesias o qual fez em
parceria com o artista plástico
Jonas Barros, um livro em que as
poesias de Ivens ilustravam as obras
de Jonas, e as obras de Jonas
ilustravam a obra de Ivens. Mas,
independente da ordem dos fatores,
a tabelinha é uma grande
representação da cultura mato-
grossense. Queria ter a voz sedosa
de Wanda Marchetti para repetir
inúmeras vezes: é uma grande
representação da cultura mato-
grossense. É uma grande
representação.
O Estado precisa revigorar a
sua voz. Como faz falta um Almir,
uma Dalva, um Manoel. Não que
nasça um por dia, mas precisamos
de mais poesia representativa de
nossa querência para que nasçam
mais representantes representativos
da nossa cultura.
Porque é impossível dizer o
porquê que a cultura mato-
grossense vive em ondas. Sempre
rica, mas sobretudo, na maioria
das vezes, desvalorizada.
Quase sepultada na década de
50, teve sopros que se tornaram
gritos na voz de Liu Arruda. E o que
vejo agora é que precisamos de
alguém que balance as estruturas.
Não para resgatar o linguajar
regional, agora tombado
patrimônio de nosso estado. Mas
sim para dar um novo movimento à
globalizada cena cultural
cuiabana. Aos poucos, seja pela
necessidade de sobrevivência, seja
pela padronização dos gostos em
todo o planeta, o ser cuiabano de
raiz vai sumindo. Ou pior, se
tornando um clichê dele mesmo. E
não é culpa de ninguém
especificamente: é culpa de um
estado que atrai muita gente, há
muitos anos, e que com a
prosperidade miscigena no seu
DNA culturas de todas as culturas.
Ivens talvez possa ser essa
pessoa. Ou melhor, espero que
sejam essa pessoa: Jonas, Adir,
Marchetti, Rai, Friedlander,
Gervane, Medeiros, entre outros
que certamente esqueci aqui. Nada
contra o estilo Vanguart, Bruno Bini
ou Otaviano de ser, gente da terra
que pra mim são tão bons que
podem tocar, dirigir ou atuar em
Los Angeles, por exemplo. Vejo
Bruno rodando filmes de ação com
George Clooney, Otaviano
recebendo estatueta de melhor ator
coadjuvante e trilha mais que
emocionante da Vanguart em
“Avatar 2”.
Neste atual momento, quando
a cultura some na poeira do
desenvolvimento, precisamos de
alguém que crie, eduque, explique,
cobre, ensine a toda a sociedade o
que é a nossa cultura mato-
grossense. Precisamos aprender
mais com Ivens.
Aconteceu no último domingo a 17ª
edição da Parada Gay de São Paulo que
muitos consideraram a mais diferente dos
últimos anos. O clima não ajudou muito e
a chuva caiu forte e decidida a tirar o
brilho do evento durante toda a manhã
de domingo. Com o frio que fazia na
cidade, a água gelada doía na pele. Fez
com que tudo atrasasse. E também
diminuiu bastante a participação do
público que em outras edições
ultrapassou a marca de 3 milhões de
manifestantes.
Segundo o site Mixbrasil, o clima
intimidou muita gente que costuma
apostar nas fantasias e produções,
marcas inequívocas do evento. Foi uma
Parada que passou com (bem) menos
gente na rua, menos colorido nas
fantasias e, claro, menos famílias. O lado
bom é que o número de furtos, brigas e
socorros médicos foi bem baixo: 13
ocorrências leves, nenhuma grave. O site
afirma ainda outro fator positivo: o
palanque enfim atraiu nomes
importantes da política nacional, que
deram a cara e fizeram discursos.
Geraldo Alckmin defendeu a bandeira da
diversidade de seu governo, apareceu em
foto de capa da
Folha de S.Paulo
ao
lado de drags, vestiu camiseta de
campanha anti-homofobia e visitou
exposição fotográfica de travestis;
Haddad fez o discurso de abertura da
Parada no trio oficial e, desde Marta,
nenhum outro prefeito (Serra-Kassab) se
atreveu a pegar neste microfone. Além
deles, Jean Wyllys e Marta Suplicy
discursaram. Fica cada vez mais claro que
políticos que queiram imprimir uma
imagem pública arejada precisam se aliar
a questões LGBT, das mulheres, negros,
deficientes etc.
Mas foi Daniela Mercury quem
protagonizou o momento mais
emocionante de toda a Parada: no meio
de seu show, já na descida da Rua da
Consolação, ela chamou a esposa Malu
para acompanhá-la no Hino Nacional.
Ao perceber que a esposa, nervosa,
erraria a letra, ela brincou, puxou-a para
perto e lhe deu
um beijo de
boca.
Mais
politizada, a
Parada volta a
fazer acreditar
que é este o
maior objetivo:
chamar a
atenção para
as estratégias
de políticas
públicas para
a Comunidade
LGBT.