CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 23 A 29 DE MAIO DE 2013
CIDADES
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ABASTECIMENTO
Tradicional comércio de alimentos da região metropolitana de Cuiabá, a Feira do Verdão corre o risco de não ter um espaço próprio
para sua atividade. Por: Diego Fredericci. Fotos: Pedro Alves
Nova área em completo abandono
PECUÁRIA
Mega Leilão marca novo ciclo de negócios
Ao invés de
faturamento ou volume, a
Estância Bahia, do
empresário Maurício
Tonhá, destaca como
grande diferencial as
excelentes médias
registradas na versão
cuiabana de seu tradicional
Mega Leilão, realizada em
18 de maio, com a
presença de
aproximadamente 2.000
pecuaristas e empresários.
Chamado de maior evento
da pecuária mundial, o
Mega Leilão da Estância
Bahia é também uma
grande vitrine do mercado,
onde ficou evidente o início
de um novo ciclo de
valorização na pecuária de
corte.
Bezerros, novilhas,
garrotes, vacas prenhes ou
machos mais ‘erados’,
independentemente da
necessidade do produtor, o
evento estava servido de
boa genética. Ao todo,
foram negociados 96 lotes
e as médias por animal em
cada categoria deram
sinais dessa transição de
mercado. Os bezerros
foram negociados a
R$864,00, enquanto que
as bezerras saíram por
R$679,00. Já os garrotes,
de 15 a 20 meses,
chegaram a R$1.043,00 e
as novilhas a R$884,00.
Por fim, os machos mais
‘erados’, acima de 24
meses, foram
comercializados à média
de R$1.205,00 e as fêmeas
a R$1.500,00.
“A produção de gado
está um pouco mais curta e
a demanda é crescente,
cenário que beneficia
quem tem bons animais
para vender,
principalmente quem
investe um pouco mais na
qualidade genética e
produtividade dos
animais”, avalia Guilherme
Tonhá, do Grupo Estância
Bahia.
Considerando as
médias por raças, as
cruzas Aberdeem Angus
foram as mais
valorizadas. Os
machinhos foram
vendidos a R$1.052,00 e
as fêmeas por R$975,00.
No Nelore, machos
Localizada no bairro do
Verdão, na Capital, o
Terminal Atacadista de
Cuiabá, como também é
conhecido, será desalojado
para a construção de um
estacionamento que servirá
para autoridades da Copa
do Mundo. Outro espaço,
localizado no Distrito
Industrial, 20 km distante da
feira atual, foi destinado
para acomodar os feirantes
e proporcionar uma melhor
logística na distribuição e
armazenagem das frutas,
verduras e demais alimentos,
mas a estrutura continua
precária.
A mudança está prevista
para ocorrer no próximo dia
31 de julho, em menos de
três meses, e o antigo
armazém da Casemat deixa
a desejar em relação a itens
básicos, como cobertura e
espaço físico necessário,
além de ser utilizado para
um programa social do
Governo do Estado.
Em visita ao galpão, a
equipe do
Circuito Mato
Grosso
conversou com
Jackson de Queiroz,
encarregado dos
trabalhadores que utilizam o
local para fabricação de
pré-moldados, como
paredes etc., na construção
Comerciantes temem
ordem de despejo
Sem apoio de lideranças
atingiram patamar de
R$960,00 e fêmeas,
R$794,00. Para gado de
cruzamento, os machos
emplacaram média de
R$940,00 e as fêmeas,
R$790,00. No Tabanel, o
valor médio foi de
R$983,00 para machos e
R$688,00 para fêmeas.
Para o pecuarista
Ronaldo Rodrigues da
Cunha, comprador do
Mega Leilão da Estância
Bahia desde a primeira
edição, a qualidade foi
determinante para os bons
preços registrados. “A
qualidade foi muito boa,
com lotes de excelente
escore corporal e sem
defeitos”, afirma. Para o
produtor, é difícil saber se o
ano será bom ou ruim para
a pecuária, mas ele
acredita numa tendência de
melhora.
Neste ano, o principal
vendedor foi a
Agropecuária Missões, com
propriedades em Campo
Novo do Parecis e Tangará
da Serra, e parceiro da
Estância Bahia há seis
anos. Para esta edição, a
propriedade apresentou
mais de 2.700 animais,
entre bezerros, vacas
prenhes e machos para
terminação. “Confinei
tantos animais para vender
em um único evento porque
sei que a Estância Bahia
conta com uma equipe
profissional e também pela
grande gama de
compradores que reúne”,
avalia.
A Estância Bahia já
começa os trabalhos para
a promoção do
Mega Leilão 10014, com
a possibilidade de novos
pregões dentro do circuito.
Edevanir Miranda está
no Verdão há dez anos e
trabalha junto com seu
marido, Carlos Miranda,
na venda de verduras e
frutas. “Estamos esquecidos
pelo governador e o
prefeito. Fomos à
Assembleia Legislativa e à
Câmara Municipal para
conseguir apoio das
lideranças políticas. O
próprio governador, Silval
Barbosa, veio
pessoalmente até o Verdão
e nos disse que nosso
espaço estava garantido,
mas as condições que nos
impuseram nos deixam
preocupados”, disse a
comerciante Edevanir
Miranda.
Ambos reclamam da
falta de estrutura e espaço
físico insuficiente na nova
área, que fica na marginal
direita da BR-364, sentido
Rondonópolis, no Distrito
Reunidos na
Associação dos
Permissionários do
Terminal Atacadista de
Cuiabá, os
comerciantes tentam
resistir à ação
truculenta do poder
público, que ameaça
tirar deles o local de
trabalho e fonte de
renda que ajudaram a
organizar, manter e
transformar num centro
de comércio de
distribuição – no
atacado e no varejo –
de produtos
alimentícios direto dos
produtores.
Daniel Rodrigues é
um deles. Sentando em
sua cadeira,
negociando bananas
há 15 anos na Feira do
Verdão, ele se queixa da
falta de informação e
iniciativa da prefeitura e
do Estado, afirmando que
o governo prometeu
“assumir o abacaxi”,
porém, até agora, vem
decepcionando os
feirantes.
“A prefeitura lavou as
mãos. Muita gente por
aqui acha que estão nos
‘enrolando’. Estão
‘enfeitando’ para fazer
uma desapropriação.
Achamos que querem
cumprir uma ordem de
despejo. Até agora, todos
eles ficaram só na
conversa”.
Daniel denuncia
também que o novo
espaço foi promessa de
campanha do atual
prefeito, Mauro
Mendes.
“O prefeito nos
disse, durante a
campanha, que a
nova Feira do Verdão
teria uma construção
do padrão da
Rodoviária. Disse que
não nos mudaríamos
sem que houvesse um
espaço adequado
para nos abrigar.
Fizemos muitos
investimentos em
câmaras frias.
Algumas não são
móveis. Como até
agora não nos
falaram nada sobre
indenizações, é outro
investimento que será
perdido”, lamenta ele.
Industrial de Cuiabá, na
antiga Companhia de
Armazéns e Silos de Mato
Grosso (Casemat, hoje
incorporada pela
Empaer). “A falta de
estrutura é tanta que na
Casemat não cabem nem
os produtores que vendem
para nós. Se juntar os
vendedores com os
produtores então...”,
avalia Edevanir.
Atualmente, a Feira
do Verdão conta com
200 comerciantes, de
todos os perfis
econômicos. Segundo
eles, o preço do espaço
mais barato disponível é
de R$200, pagos à
prefeitura todo mês.
de novas casas. A mão de
obra empregada é
composta por presidiários
do Estado, que veem nessa
oportunidade uma chance
de ressocialização, além de
aprenderem, na prática,
uma profissão.
Queiroz, que é ex-
presidiário e hoje é bacharel
em Pedagogia, também
comentou que um novo
espaço para o programa
social foi prometido, mas, a
menos de três meses para o
prazo estipulado aos
feirantes, que irão ocupar a
área, não soube dizer para
onde iriam os empregados e
a estrutura, utilizados por ele
e pelos trabalhadores na
construção destes pré-
moldados, e também
levantou outra questão:
pessoas que fazem parte do
projeto social também
residem no espaço
prometido à Feira do
Verdão.
“Quatro pessoas
moram aqui, além da
estrutura utilizada pelos
detentos para a confecção
dessas casas. Espero que um
novo local seja destinado o
quanto antes, pois o que
temos aqui é crucial para a
recuperação dessas
pessoas”, pondera ele.
Para o Presidente da
Associação dos
Permissionários do Terminal
Atacadista de Cuiabá,
Luciano de Souza, o novo
local é bem-vindo, porém
ele também lamenta a falta
de estrutura e disse que os
comerciantes ainda não
desistiram da briga.
“Estamos em negociações,
porque mudar do jeito que
está não dá”, afirmou ele.
Os comerciantes
também se queixam que
perderão a cobertura e toda
a infraestrutura presente hoje,
na Feira do Verdão. De
acordo com Mizael
Campos, que tem um
comércio de venda de
carnes local há 18 anos,
90% de toda estrutura
montada hoje para abrigar
os produtores e os
comerciantes foram feitos
por eles próprios, sem ajuda
do poder público.
“A cobertura, as muretas
que separam os espaços
disponibilizados para cada
comerciante, as demais
construções... tudo foi feito
por nós (feirantes). Vamos
sair de um lugar que
ajudamos a construir, para
outro que está em péssimas
condições, e, ao que parece,
ainda não receberemos
indenização alguma pelo
investimento que fizemos
para transformar este espaço
num mercado de alimentos
que é referência para toda a
região”, sintetiza ele.
Barracão ainda precisa passar por uma ampla adaptação para receber feirantes
Até agora nenhum sinal de reforma
Locatários não escondem a apreensão
Principal vendedor foi a Agropecuária Missões, com propriedades em Campo Novo do Parecis e Tangará da Serra