CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 14 A 20 DE MARÇO DE 2013
POLÊMICA
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Secopa tem que ter humildade e recuar
Deputado Hermínio J. Barreto fala sobre crise na Secopa com saída de empreiteiras.
Por: Débora Siqueira. Foto: Pedro Alves
COPA 2014
O presidente da
Comissão Parlamentar
Especial de Fiscalização e
Acompanhamento das
Obras da Copa do
Mundo de 2014, da
Assembleia Legislativa,
Hermínio J. Barreto (PR),
falou que o Governo do
Estado precisa ter a
humildade de recuar e a
coragem de estabelecer
prioridades para a
conclusão das obras da
Copa do Mundo.
“Se não há recurso
para concluir todas as
obras necessárias, então
cumpra aquilo que a Fifa
determinou e priorize as
obras do Aeroporto
(Marechal Rondon), das
trincheiras na Avenida da
FEB e Miguel Sutil, além
da Arena Pantanal. O VLT
deveria ficar em segundo
plano”, comentou na
sessão ordinária de
quarta-feira (13).
Na próxima semana,
o Tribunal de Contas do
Estado (TCE) deve
apresentar um novo
relatório sobre o
andamento das obras da
Copa em Cuiabá. Barreto
deve solicitar cópia do
documento e na quarta-
feira (20), o titular da
Secopa, Maurício
Guimarães, será
convocado para explicar
o andamento das obras e
também o abandono dos
Turistas correrão risco por falta de leitos
Não haverá estrutura na saúde em caso de eventual sinistro ou epidemia que pode acontecer durante o Mundial em Cuiabá.
Por: Mayla Miranda. Fotos: Pedro Alves
Com o sistema de
saúde entrando em
colapso em Cuiabá e a
aproximação da Copa
de 2014, surge o risco de
uma tragédia de grandes
proporções durante o
evento, caso haja uma
simples intoxicação
alimentar ou até mesmo
uma “prevista” epidemia
de dengue no estado.
Sem condições de
atendimento da saúde
pública e privada, os tão
esperados turistas
correrão grande risco.
O caos instalado na
saúde se deve a uma
inversão de valores dos
gestores públicos,
segundo o médico e
gestor público Júlio
Müller Neto, ex-secretário
de Saúde do Estado e
professor do Instituto de
Saúde Coletiva da
Universidade Federal de
Mato Grosso.
Somente na capital,
atualmente existem 1.204
leitos para pacientes do
SUS (públicos e
contratados na rede
privada), um déficit de
mais de 400 leitos que
seria facilmente resolvido
caso 10% do valor
investido nas obras do
VLT (Veículo Leve Sobre
Trilhos), orçado em R$1
,5 bilhão, fossem
destinados à saúde. “Este
governo vai ser
conhecido como o
governo que perdeu a
oportunidade de ouro de
deixar um grande legado
para a população mato-
grossense. Esta realmente
é a Copa da perda das
boas oportunidades”,
ressalta Júlio Müller
completando que, além
da perda da
Na tentativa de
minimizar a atual situação
do buraco negro no
sistema de saúde, que
conta com a falta de
repasse das verbas
destinadas à saúde pública
nas prefeituras do interior
há mais de seis meses,
salários dos profissionais
atrasados, política de
interesses e nenhum
planejamento de atuação
do poder público que
fomenta a falência do
sistema, o presidente do
Sindicato dos Profissionais
de Enfermagem de Mato
Grosso (Sinpen), Dejamir
Soares, acionou a Justiça
solicitando uma
intervenção federal na
Saúde, para dar conta
principalmente da retenção
das verbas repassadas
pelo governo federal ao
Estado. “O governo não
realiza os repasses para
poder fazer volume nas
contas e desta maneira
conseguir adquirir mais
empréstimos para aplicar
nas obras da Copa e
enquanto isso o povo vai
ficando à mercê da
própria sorte, sem
atendimento adequado
nos hospitais”, declarou
Dejamir enfatizando que se
uma pessoa entra na
saúde pública hoje,
principalmente no interior,
já está com a morte
anunciada. Ainda segundo
o representante, apesar do
compromisso firmado pela
Secopa (Secretaria Especial
da Copa de Mato Grosso)
com a Fifa (Federação
Internacional de Futebol)
visando a uma melhoria
oportunidade de ouro, a
cidade corre o risco de
não ter as suas tão
esperadas obras prontas
para o Mundial devido à
desorganização dos atuais
gestores.
No caso da
necessidade de um
atendimento em massa, o
Estado terá de recorrer a
saídas de emergência
como o transporte de
pacientes para outros
estados. “Não adianta.
Nós não temos condições
de atender nem mesmo as
pessoas que vivem aqui
hoje e os hospitais
privados já não
conseguem atender a
demanda, sem nenhum
turista... Não é raro ver
esses estabelecimentos
lotados e com filas. Queira
Deus que nada aconteça”,
declara em tom de
preocupação.
Ainda mais grave do
que a falta de condições
de atendimento na saúde
em Mato Grosso é a
omissão dos gestores,
segundo o professor, que
fez questão de ressaltar
que apenas nesses últimos
três anos o Estado já teve
três secretários de Saúde.
“Os gestores deveriam
estar à frente desta luta. É
bastante difícil manter uma
saúde de qualidade, então
optaram pela OSS
(Organização Social de
Saúde), que cobra muito
mais caro para fazer os
trabalhos, escolhe os
pacientes que vai atender.
Estou totalmente
Sinpen pede
intervenção federal
extraordinária dos serviços
(como o divulgado),
nenhuma ação foi
efetivamente realizada.
Nem mesmo os
planejamentos de saúde
estão sendo feitos até o
momento. “Na verdade,
não estamos vendo nada,
mas nada mesmo, sendo
feito em favor da saúde. A
nossa realidade já é de
morte, imagine você
acrescentar milhares de
pessoas nos dias dos
eventos. Nós até solicitamos
para o governo e para a
Secopa uma resposta, mas
eles simplesmente nos
ignoram”, contou
indignado. Além de as
obras previstas na Policlínica
do Verdão, que deveria ter
o seu espaço físico e a
capacidade de atendimento
duplicada; reforma do
Hospital Júlio Müller;
construção de um novo
hospital e a finalização das
obras do Hospital Estadual,
não terem sido sequer
planejadas, a preparação
dos profissionais da saúde
para o evento também não
aconteceu. “Se no dia do
evento chegar uma pessoa
que não fala português em
um hospital de Cuiabá,
corre o sério risco de morrer
sem atendimento, porque
ninguém foi capacitado
para receber essas pessoas.
Não tem como o
profissional saber o que está
acontecendo com o
paciente se não conseguir se
comunicar. Imagine isso, eu
acho mesmo que vamos
passar muita vergonha,
infelizmente”, alerta Dejamir
Soares.
convencido de que a
responsabilidade disso é
do Governo do Estado”,
ressaltou.
NÃO É PESSIMISMO
“Pensar em uma
tragédia ou em um fato
inesperado que pode
causar uma demanda
extra de atendimento
pode até ser o
considerado pessimismo,
mas na verdade já temos
uma tragédia anunciada
em Mato Grosso. O
perigo de uma epidemia
de dengue é iminente,
principalmente na época
do evento, já que no
momento não temos
sequer os agentes de
combate à doença em
atuação. O governo
deveria pôr a cara na rua,
realizar um mutirão de
limpeza, passar o carro de
fumacê, mas infelizmente
nada está sendo feito”,
conta o professor que
ainda lembra que os
turistas não têm nenhum
tipo de imunidade contra
a doença, o que pode ser
ainda mais grave.
serviços de empresas
contratadas. As
reclamações sobre os
atrasos nos trabalhos das
trincheiras e viadutos das
avenidas Fernando Correa
da Costa, da FEB, Miguel
Sutil e do CPA são
constantes.
“A convocação é para
saber o que realmente tem
de verdade nessas obras,
pois em várias delas
quase não há operários
trabalhando, isso é visível
para qualquer pessoa que
passa pelos locais. Vou
pedir que o Governo do
Estado redimensione as
obras e priorize as mais
necessitadas para não
tumultuar o trânsito em
Cuiabá e,
consequentemente, termine
os trabalhos antes da
Copa”, disse.
A preocupação do
parlamentar se baseia no
abandono recente de
empreiteiras que
realizavam os trabalhos na
Arena Pantanal e também
nas trincheiras. “Se
realmente as obras não
ficarem prontas antes da
Copa, que o governo
tenha humildade de dizer
‘não temos condições de
fazer isso’, ou,
‘trabalharemos no plano
B’”, advertiu.
Para o líder do
Governo na Assembleia
Legislativa, deputado
Romoaldo Junior (PMDB),
a substituição das
empresas que deixaram as
obras já foi feita pelo
governador. “Os trabalhos
não sofreram prejuízos e a
substituição imediata é
para não deixar os
trabalhos pararem”,
rebateu Romoaldo.
“Sabemos que o VLT não
vai ficar pronto antes da
Copa, então que o
Governo dê prioridade
para as trincheiras, que
são as obras principais”,
justificou Barreto.
EMPRE I TE I RAS
O Ministério Público
Estadual (MPE) vai apurar
os reais motivos que
levaram a Construtora
Santa Bárbara, a Loyman e
a Ster Engenharia a
abandonar canteiros de
obras da Copa 2014. O
Circuito Mato Grosso
antecipou a crise assumida
esta semana pelo secretário
Maurício Guimarães. Em
que pese a debandada, o
secretário da Secopa
garante que as obras
seguirão normalmente sem
prejuízo aos prazos.
O secretário da Secopa, Maurício Guimarães
mantém o discurso de que as obras serão conclúidas dentro do prazo
No entanto, obras paralisadas
atestam falhas no processo
Ex-secretário de Saúde do
Estado, Júlio Muller
Pronto Socorro de Cuiabá não suportará atendimento em massa e nem hospitais da Capital