CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 14 A 20 DE FEVEREIRO DE 2013
OPINIÃO
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Persio Domingos Briante
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Flávia Salem - DRT/MT 11/07- 2005
Tiragem da edição 414 auditada
por PWC de 20.200 exemplares
Propriedade da República Comunicações Ltda.
Editor de Arte:
Glauco Martins
Revisão:
Marinaldo Custódio
Reportagem:
Camila Ribeiro, Mayla Miranda,
Rita Anibal e Débora Siqueira
Fotografia:
Pedro Alves
ENTRE ASPAS
EDITORIAL
Incompetência
Editora:
Sandra Carvalho
SUIÁ-MISSÚ
Lavouras viram criadouros de praga
Após vazio sanitário programado pelo Governo do Estado, as lavouras de Mato Grosso correm risco de surto de ferrugem asiática.
Por: Mayla Miranda. Foto: Reprodução
O grande perigo está
sendo apresentado pelos
agricultores que foram
obrigados a deixar a região
de Suiá-Missú por conta da
desintrusão dos não índios
dos mais de 165 mil hectares
da reserva xavante
Marãiwatsédé, no nordeste
de Mato Grosso. Com a
sequência de chuvas na
região e falta de aplicação
de fungicidas, muitas
lavouras já apresentam focos
da doença. A falta de
planejamento na retirada dos
produtores pode causar mais
danos para o estado do que
Sem capacidade de alojamento,
cidades ficam lotadas
Além das lavouras, as
cidades vizinhas à área
também sofrem diretamente
com a desocupação: o
município de Alto da Boa
Vista, a 1.064 km
de Cuiabá, é o mais
afetado diretamente, já que
perdeu 72% do seu território.
Segundo o prefeito do
município, Leuzipe
Domingues Gonçalves
(PMDB), a tragédia
anunciada vem fazendo
ainda mais vítimas com a
falta de apoio às cidades
afetadas pela desocupação.
As cidades estão lotadas e
não têm capacidade para
abrigar tantas famílias, o que
gera uma reação em cadeia,
Empresários à beira da falência
pensam em sair da região
O comércio da cidade
também foi extremamente
reduzido, já que a maioria
dos estabelecimentos se
encontrava no Posto da Mata,
que hoje está totalmente
ocupado pelos índios. Para o
deputado Baiano Filho
(PMDB), houve uma
irresponsabilidade por parte
do governo federal em não
preparar a retirada das
famílias da área e realizar
todo o processo de
desintrusão sem garantir o
mínimo de qualidade de vida.
“Na verdade nós erramos por
achar que o governo federal
não realizaria a retirada das
famílias de fato da área. Mas
independente disso, o modo
como falta de escolas e de
saneamento básico e,
principalmente, de moradias.
“Estas pessoas que
viviam de forma decente do
seu próprio sustento, hoje
estão aqui na cidade sem as
mínimas condições. O
município também não pode
fazer muita coisa por eles, já
que perdemos a maioria da
nossa receita. Na tentativa de
amenizar o impacto inicial,
com ajuda do governo, nós
alugamos casas e alojamos
algumas famílias e estamos
disponibilizando cestas
básicas, mas não podemos
garantir esta ajuda por muito
tempo”, alerta o gestor.
Domingues ainda conta
que o município não pode
resgatar objetos públicos da
área reservada aos índios,
como postes de iluminação,
caixas d’água e até uma
câmara fria que ficou retida
no local.
“Quebraram a maioria
das coisas que tínhamos lá,
não podemos retirar os
monumentos de propriedade
da Prefeitura e o que mais
nos preocupa no momento é
a câmara fria que custou 60
mil reais e está lá sem uso
nenhum. Eles não vão usar
nada disso, mas a truculência
é tamanha que não vejo
como podemos resolver isto,
pelo menos por enquanto”,
desabafou.
com que as famílias foram
simplesmente despejadas sem
nenhum apoio é totalmente
inadmissível. Agora nós,
juntamente com o governador
Silval Barbosa, estamos
lutando para dar o mínimo
necessário a estas famílias, até
que consigamos ajudá-las de
fato”, declarou o deputado
que ainda negou que o
Estado tenha sido omisso
durante o processo que
determinou a retirada das
famílias. Ainda segundo o
parlamentar, as famílias que
tinham uma melhor condição
financeira conseguiram seguir
a vida mesmo com os
prejuízos, mas as que
dependiam diretamente da
terra para o seu sustento e os
funcionários das fazendas,
maioria esmagadora,
simplesmente foram jogados
ao léu pela região. Já
segundo o prefeito de Alto
Boa Vista, diversos
empresários que atuavam na
região pensam em se mudar,
muitos deles não estão
conseguindo sequer honrar os
compromissos de manutenção
do comércio. “Muitos
empresários já estiveram aqui
pedindo ajuda da Prefeitura,
porque perderam quase todos
os seus clientes, mas o município
também perdeu a maior parte
da sua arrecadação e
infelizmente não podemos
ajudar”, declarou Leuzipe.
“Como é que você vende a
Sanecap por R$140
milhões e deixa uma dívida
de R$229 milhões para a
Prefeitura pagar?”
Vereador Toninho de Souza (PSD), ao
afirmar que irá apresentar projeto para
que a concessão da Sanecap seja
cancelada.
“Isso é uma aberração política”.
Deputado estadual Emanuel Pinheiro
(PR) ao criticar o “excesso de poder” nas
mãos do vice-governador Chico Daltro
(PSD), que também responde pela
Secretaria de Estado de Cidades.
“Recebo com espírito democrático
as críticas, porém considero-as
estranhas, intempestivas e
desprovidas de consistência ou
fundamento legal, constitucional e
admi n i s t ra t i vo” .
Vice-governador Chico Daltro
rebatendo as críticas feitas pelo
deputado Emanuel Pinheiro.
“O desfile da Mangueira estava
maravilhoso. Mas escolher
Cuiabá como tema foi um
hor ror . ”
Presidente da Petrobras, Graça Foster,
ao comentar desfile da Estação
Primeira de Mangueira e criticar a
influência de patrocinadores no enredo
das escolas de samba.
“Após ter repetidamente
examinado minha consciência
perante Deus, eu tive certeza de
que minhas forças, devido à
avançada idade, não são mais
apropriadas para o adequado
exercício do ministério de Pedro”.
Papa Bento XVI, ao renunciar ao cargo.
para as famílias retiradas da
região, alerta o agricultor
Paulo Vieira Gonçalves que
também teve de deixar a
área. “É um absurdo tudo o
que está acontecendo no
estado, nem deixaram ao
menos os agricultores
realizarem a colheita de cerca
de 4 mil hectares na região, e
esta falta de senso pode
prejudicar até agricultores que
não têm nada a ver com isso.
Não é possível que eles não
vejam o que está bem
debaixo dos seus próprios
narizes, a ferrugem é um
fungo que é transmitido pelo
vento, e o saldo desta
irresponsabilidade pode ser
trágico para o setor”,
desabafou o agricultor.
Após diversos alertas dos
agricultores da região, o
Ministério da Agricultura
enviou para a Fundação
Nacional do Índio (Funai) um
laudo técnico alertando para
a necessidade do controle
sanitário nas plantações de
soja na área indígenas de
Suiá-Missú, para que a
ferrugem asiática não se
espalhe para os cerca de
100 mil hectares de lavouras
no entorno. Exames
laboratoriais realizados em
amostras colhidas nas
lavouras da região
comprovaram os focos de
ferrugem asiática.
Em resposta à
solicitação, a Funai chegou a
conceder quatro dias para a
realização do trabalho,
tempo insuficiente
considerando a extensão das
áreas plantadas. Diante da
situação, a Aprosoja solicitou
ao Mapa que realizasse
vistoria na área para
convencer o governo federal
a tomar providências
preventivas.
Um relatório do Tribunal de Contas do Estado revelando que as
obras da Copa estão atrasadas, ao contrário do que prega a
Secopa, pagamento adiantado de contratos e agora o fato de o
Governo do Estado ter contratado uma construtora à beira da
falência para assumir megaobras como a Arena Pantanal e o
VLT já soam como incompetência dos gestores frente aos
projetos da Copa 2014. Do outro lado, milhares de mato-
grossenses se achando com a inteligência subestimada pelos
que têm as chaves dos cofres públicos, os donos da caneta,
senhores do poder. O Conselho Regional de Engenharia de
Mato Grosso, uma das poucas entidades com coragem para
criticar a forma como os projetos da Copa estão sendo tocados,
é bem oportuno quando sugere que as faixas colocadas nas
obras indicando transtorno tenham a seguinte frase: “Estamos em
obras, desculpe a incompetência”. Assim como o Crea, o
Circuito Mato Grosso
é totalmente a favor do desenvolvimento
de Cuiabá, de Mato Grosso, e sempre comemorou o fato de a
Capital sediar jogos do Mundial. No entanto, não se calará
diante de oportunistas, gestores descompromissados, falhas
inadmissíveis e tampouco tentativas de ludibriar o cidadão de
bem, o verdadeiro financiador de todas essas obras e do salário
dos que deveriam estar gerindo o Estado com competência.