CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 31 DE JANEIRO A 6 DE FEVEREIRO DE 2013
POLÊMICA
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Escola de samba deveria oferecer cursos e oficinas para carnavalesco, passistas e ritmistas e blocos locais.
Por: Rita Aníbal. Fotos: Pedro Alves
CARNAVAL
Mangueira descumpre contrato
O acordo entre a
Prefeitura de Cuiabá e a
escola de samba “Estação
Primeira de Mangueira”,
do Rio de Janeiro,
assinado em maio de
2012, não está sendo
cumprido. Para que a
agremiação tivesse como
enredo o tema “Cuiabá –
Um paraíso no centro da
América” – ficou
estabelecido como
contrapartida a realização
imediata de cursos e
oficinas aqui na Capital.
Às vésperas do carnaval,
nenhum curso foi iniciado,
o que provocou
indignação e revolta entre
vários integrantes de
blocos carnavalescos.
Como se não bastasse, o
acordo estimado em R$3
milhões com a Mangueira
gerou a transferência do
desfile de blocos e escolas
de samba de Cuiabá para
o mês de abril, rompendo
uma tradição secular que
começou com os antigos
desfiles de carros
alegóricos (corso).
Ewerton Moreira
Salgado, do Bloco
Tradição do Araés,
lamenta que o
compromisso assinado
com a Escola de Samba
Mangueira não tenha sido
cumprido. Os cursos iriam
enriquecer o trabalho dos
carnavalescos e ainda
‘profissionalizar’ passistas,
mestres-salas, porta-
bandeiras e ritmistas.
“Além disso, foi prometido
que seriam escolhidos 30
passistas e 30 ritmistas
para desfilarem no Rio de
Janeiro através de um
concurso que não
aconteceu”, reclama,
observando ainda que o
secretário de Cultura,
Como a Prefeitura de
Cuiabá suspendeu o
desfile de blocos e escolas
de samba neste carnaval,
moradores do bairro
Araés decidiram unir
esforços para, sem
qualquer ajuda do
município, promover o seu
próprio carnaval.
Ewerton Moreira
Dinheiro daria para
construir 450 salas de aula
Enquanto vários
prefeitos do Brasil,
inclusive de municípios
mato-grossenses,
suspenderam o carnaval
para garantir a
recuperação de vários
setores de suas cidades, a
Capital do Estado entra
na contramão: suspende o
desfile de blocos e escolas
de samba porque
repassou R$3 milhões
para a escola de samba
Estação Primeira de
Mangueira “cantasse
Cuiabá” em seu samba-
enredo.
Com base nos dados
do site Impostômetro, com
esses milhões daria para
contratar mais de 500
professores por um ano,
construir mais de 450 salas
de aula equipadas,
Samba-enredo “tipo CEP”
A Prefeitura de
Cuiabá está
desembolsando cerca
de R$3 milhões para
ver a Capital mato-
grossense ser
divulgada mundo
afora. No entanto,
ao invés de
promover, acabou
sendo motivo de
chacota na imprensa
nacional.
Reportagem assinada
por Álvaro Costa e
Silva na “Folha de
S.Paulo” diz: “No
jargão carnavalesco,
é um típico ‘enredo
CEP ’ , a
tradicionalíssima
Mangueira, quem
diria, teve de
contentar-se com
Cuiabá, capital de
Sem ajuda, Tradição do
Araés manterá tradição
Salgado, do Bloco
Tradição do Araés,
confirma que sua
agremiação fará um
desfile voltado para a
comunidade pelas ruas do
bairro nos dias de
carnaval, mantendo a
tradição.
A diretoria vem
promovendo eventos para
angariar fundos com os
quais confeccionará
fantasias e alegorias.
Ewerton aproveita para
pedir que a população
compareça à Feijoada
Tradição do Araés que
ocorre dia 02/02, às 12h,
no barracão do bloco
localizado na Rua Manoel
Leopoldino.
contratar mais de 400
policiais por um ano,
construir mais de 250
casas populares de 40m²,
construir mais de 120
postos policiais equipados,
adquirir mais de 80
ambulâncias equipadas,
construir mais de 70 km de
redes de esgoto, construir
mais de 20 postos de
saúde equipados, dentre
outros benefícios para a
cidade de Cuiabá.
Mato Grosso”.
E o jornalista
contextualiza sua
citação observando que
“enredo CEP” é aquela
modalidade em que
uma cidade, um Estado
ou mesmo um país
pagam para ser
retratados. Em 2013,
lembra a reportagem, a
Coreia do Sul escolheu
a Inocentes de Belford
Roxo; a Alemanha, a
atual campeã, Unidos
da Tijuca.
E para 2013, a
Mangueira levou a
grana dos cofres da
Prefeitura de Cuiabá.
Enquanto Cuiabá
segue ironizada, sua
população sofre com a
falta de assistência à
saúde, trânsito caótico –
mesmo antes das
obras da Copa –,
coleta de lixo
deficitária e
abastecimento de
água precário.
O ex-corretor de
imóveis Francisco
Galindo, prefeito
da Capital,
encerrou seu
mandato
contabilizando
concessões e
privatizações no
serviço público,
venda de lotes
públicos e outras
ações muito
contestadas pela
sociedade
organizada. E
agora o povo ainda
tem que chupar essa
manga.
Marcos Fabrício, estaria
divulgando na mídia a
presença de carnavalescos
de Cuiabá no desfile da
Mangueira, mas que até
agora nenhum foi
contatado. “Não tenho
manha (sic) política, então
não sei o que ocorre nos
bastidores e quem está
recebendo esses convites”.
O ex-rei momo
Benedito Rubens Amorim
tem utilizado diariamente
as mídias sociais da
internet para criticar o
contrato de Chico Galindo
com a Mangueira. “Foi
feito um acordo para
selecionar ritmistas e
passistas para o desfile do
Rio de Janeiro que lotaria
4 ou 5 ônibus mas até
agora nada”.
Berenice Silva, do
Bloco Boca Suja, destaca
a falta de sensibilidade
para com os mais pobres
que não têm condições de
irem ao Rio de Janeiro e
não terão o desfile aqui
em Cuiabá. “Acho muito
chato o que está
acontecendo! Estávamos
ensaiando e suspendemos
tudo. Até as fantasias que
estavam sendo
confeccionadas,
encaixotamos tudo. Nem
sei se virão recursos para
o carnaval de abril que
estão prometendo. Nem
quero falar muito para
não sofrer consequências
depois”, declarou.
Gabriel, integrante do
Bloco Boca Suja, disse
que “é uma barbaridade
a classe mais baixa ficar
sem seu carnaval. Estamos
ensaiando, mas nem
tenho certeza se vamos
desfilar. Tá tudo
indefinido!”. A Secretaria
de Cultura, através de seu
secretário, divulga que
manterá um carnaval
popular descentralizado a
um custo de R$400 mil. O
carnaval de rua,
propriamente dito, deverá
ocorrer em abril, junto ao
aniversário da cidade, com
os desfiles dos blocos, mas
sem um montante ainda
definido para auxiliar as
agremiações.
Oficinas para ritmistas e carnavalescos de blocos de escolas de samba de Cuiabá não ocorreram
Ewerton Salgado conta com o apoio da comunidade
para manter desfile no Carnaval
Integrantes de bloco promovem feijoada para angariar
fundos para desfile de rua
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