EDIÇÃO IMPRESSA - 481 - page 7

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ,
27 DE MARÇO A 2 DE ABRIL
DE 2014
POLÊMICA
P
G
7
SAÚDE MENTAL
Adauto Botelho em ‘estado terminal’
Esta semana faltou energia por 24 horas no hospital e muitos pacientes tiveram surto por conta da escuridão
Rafaela Souza e
Camila Ribeiro
Problemas antigos e
crônicos estão gerando
novos transtornos no
Hospital PsiquiátricoAdauto
Botelho. Apontado como
uma das piores instituições
de tratamento do Estado, o
local mês a mês enfrenta
mais com o descaso da
administração pública, que
deixa faltar desde
medicamentos até papel
higiênico para os 60
pacientes. Apesar de todo o
problema na parte interna,
O
Circuito Mato Grosso
vem denunciando há
anos o sucateamento do Hospital Adauto Botelho. E
de acordo com o Sisma que acompanha de perto o
drama dos funcionários, alega que as gestões da
saúde que garantem resolução do problema, mas
nenhuma benfeitoria tem sido vista.
“Na gestão atual do secretário Jorge Lafetá, nós
entregamos um relatório de todos os problemas
enfrentados e fizemos uma reunião com os diretores
do centro psiquiátrico. Nesse encontro, todos os
problemas foram expostos e pontuados como ação
emergencial. O secretário prometeu resolver de
acordo com o tempo, mas até agora nada foi feito”,
diz Alzita Ormond, presidente do Sisma.
Em uma matéria realizada em agosto de 2013, o
Circuito mostrou a insanidade administrativa que o
hospital enfrentava, que envolvia os problemas de
abandono. Na época, funcionários alegaram que há
15 anos a situação era precária, mas que nos últimos
anos o Estado deu as costas aos pacientes com
problemas psicológico.
Desde essa denúncia, há sete meses, a única a
ações por parte do Estado foi fazer uma licitação por
meio da Secretaria de Estado de Trabalho e
Assistência Social (Setas) para compra de lençóis
para o local. Mas na época a secretaria era gerida
pela primeira dama Roseli Barbosa, foi impedida de
realizar a compra após uma denúncia do jornal,
mostrando que 120 kits de enxovais estavam saindo
por R$ 10 milhões.
Logo após essa denúncia realizada pelo Circuito
Mato Grosso, o jornal mostrou também a denúncia
feita por promotores que mostraram pacientes à
condição “análoga ou até inferiores a animais
despidos de toda dignidade”. Pois, imagens
conseguidas no local, mostrava pacientes deitados
em macas quebradas e sem colchão.
Gestão nova,
problemas antigos
Alimentação no Hospital não tem qualidade
A novidade dessa
semana na novela que se
tornou os problemas no
Adauto Botelho, é a
instauração do processo
administrativo aberta pela
SES contra a empresa
Serviclin Nutrições e
Alimentos Ltda, que
supostamente está
entregando refeição sem
qualidade no hospital.
A empresa é
responsável pelo
fornecimento de refeições
para pacientes,
acompanhantes e
funcionários de cinco
unidades do Complexo
CIAPS Adauto Botelho,
conforme contrato 005/
2013, firmado em
fevereiro do ano
passado.
De acordo com
Diário Oficial do Estado,
uma Comissão
Processante, formada por
três funcionários da SES,
será responsável em
verificar se a empresa não
está cumprindo as
cláusulas previstas no
contrato.
Ainda segundo a
publicação, relatórios de
fiscalização referentes aos
meses de maio, junho,
julho e novembro de
2013, bem como de
fevereiro deste ano,
apontaram algumas
irregularidades na
prestação dos serviços.
A publicação relata
também, que a empresa já
foi, inclusive, notificada
sobre tais relatórios, mas
não apresentou qualquer
manifestação a respeito.
A Portaria publicada
no Diário Oficial
determina que a Comissão
Processante conclua os
trabalhos num prazo de
60 dias, admitida a
prorrogação por igual
prazo ou a continuidade
excepcional do
instrutório, para garantir
preceitos legais e
regulamentares.
O OUTRO LADO
A assessoria da
Secretaria de Estado de
Saúde (SES) informou
que em relação ao
problema com o gerador
no Hospital, a empresa
responsável pela
manutenção do aparelho
foi acionada assim que o
problema foi denunciado
pelos funcionários. E o
equipamento foi trocado
por um novo, já que não
havia maneira de
consertá-lo.
E sobre a
investigação aberta contra
a empresa Serviclin
Nutrições e Alimentos, o
objetivo é averiguar se
realmente a refeição está
sendo entregue
devidamente e como está
a qualidade. E as ações
serão tomadas assim que
a Comissão Processante
entregar o relatório.
O Pronto-
Atendimento (PA) do
Adauto Botelho está
fechado há seis meses,
e o objetivo do Estado
é transferir para os
municípios essa carga.
Porém, para a
presidente do Sisma,
Alzita Ormond, essa
ação é uma total
irresponsabilidade do
Governo, pois as
policlínicas não têm
condições de atender
os pacientes com
problemas mentais.
O PA do hospital
Fotos: Mary Juruna
Sisma acusa Estado de irresponsabilidade
psiquiátrico atendia
uma média de 45
pacientes por dia, e
apesar de não ter
estrutura suficiente
para realizar o
trabalho, os
funcionários do local
são capacitados para
lidar com as pessoas
que chegam com
transtorno mental.
E ainda de acordo
com a presidente do
Sisma, apesar da luta
por melhorias, nem
mesmo os
funcionários
conseguem enxergar
futuras mudanças no
local.
“Não tem condições
de misturar uma
paciente com problema
mental com um
paciente comum, e
outro detalhe que
devemos destacar é
como os municípios do
interior vão conseguir
lidar com essa situação.
A tendência é que esse
problema do tratamento
de saúde mental no
nosso Estado só tende a
piorar”, afirma Ormond.
pacientes necessitam do local
por ser o único de referência
para tratamento psiquiátrico
emMato Grosso, contudo as
portas estão fechadas para
essas pessoas que são
obrigadas a procurar
atendimento em postos de
saúde e policlínicas que não
têm suporte para casos de
problemamental.
Não bastava todo esse
caos dentro e fora do
hospital, os pacientes e
funcionários enfrentaramna
segunda-feira (24) a
calamidade de ficarem sem
energia por quase 24 horas,
o que gerou pânico nos
internos.
De acordo com relato
dos funcionários, durante o
dia muitos pacientes ficaram
agitados por causa do calor e
mosquito no local, tendo que
reforçar a atenção. E quando
anoiteceu a situação ficou
ainda pior, pois boa parte dos
pacientes tem pânico de
escuro, e mesmo com velas
e lanternas o transtorno não
foi amenizado.
De acordo com a
presidente do Sindicato dos
Servidores Público da Saúde
do Estado (Sisma), Alzita
Ormond, a área de saúde
psiquiátrica do Estado está
passando pelo total abandono
e descaso tanto com os
funcionários como dos
pacientes, e mesmo com
denúncias a situação
permanece no caos.
Entre os principais
problemas enfrentados pelos
usuários do hospital está a
falta de medicamentos e
produtos descartáveis. E
ainda é apontado que a
questão física é antiga e não
suporta a carga de serviço no
local, resultando assim na
falta de água constante e
agora a queima do gerador
de energia. “Já elaboramos
diversos relatórios apontando
os problemas, principalmente
relacionado aos fornecedores
do hospital que deixamde
entregar os produtos básicos
e sempre alegam que não
estão recebendo, e em
contrapartida a Secretaria de
Saúde garante que está
realizando o pagamento. Fica
difícil então para o Sisma
tratar dessa situação que se
tornou um ‘jogo de empurra’
de responsabilidades”, diz
Ormond.
Falta de estrutura e
suporte continuam fazendo
parte do único hospital
psiquiátrico do Estado
Para presidente do Sisma,
AlzitaOrmond, oEstado está
agindo com irresponsabilidade
ao deixarmunicípios
cuidaremde pacientes com
problemasmentais
Mesmo com diversas denúncias de descaso, Estado não
providencia melhorias no Adauto Botelho
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