CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 27 DEMARÇO A 2 DE ABRIL DE 2014
POLÊMICA
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COPA 2014
Cinco anos após Cuiabá ser escolhida como sede do Mundial, apenas 9 das 50 obras prometidas foram inauguradas
80% do ‘legado’ não foi entregue
Rafaela Souza
Emmarço de 2009 foi
anunciado para todo o Brasil
que Cuiabá seria uma das
sedes da Copa. Nesse
mesmo ano um pacote de
obras modernas foi
apresentado pelo governador
Silval Barbosa (PMDB) para
a população, com a
promessa de melhorias no
trânsito e no transporte
público, além de ter um dos
estádios mais sofisticados do
país e ummoderno e inédito
sistema de transporte, o
Veículo Leve sobre Trilhos
(VLT).
Cinco anos se passaram
e das 50 obras, apenas nove
foram entregues, sendo que
algumas apenas pela metade,
como o caso do Viaduto da
UFMT, em que somente a
parte superior está liberada
para o trânsito, assim
TRINCHEIRA
MIGUEL SUTIL/
JURUMIRIM
A maior de todas
as trincheiras é a
obra da Avenida
Miguel Sutil com a
Jurumirim, com 960
metros de extensão, e
com atraso atual de
quatro meses. Com
valor estimado de R$
39,3 milhões, a obra
tinha prazo para ser
entregue em
novembro de 2013.
De acordo com a
Secopa, a construção
da trincheira ainda
está na fase de
execução das lajes.
TRINCHEIRA
SANTA ROSA
Com apenas uma
parte da obra
liberada, a Trincheira
Santa Rosa deveria
estar pronta em
setembro do ano
passado. Mas, como
as outras
construções, também
sofre com o atraso e
com isso o trânsito
dos bairros
Goiabeiras e Santa
Rosa, que deveria ser
melhorado, continua
com problemas. A
construção, que
passou um período
paralisada porque a
empreiteira
contratada
inicialmente
abandonou o serviço,
tem custo estimado
de R$ 23,3 milhões.
TRINCHEIRA
SANTA ISABEL
Assim como a
obra da Santa Rosa,
essa trincheira está
com seis meses de
atraso. A construção,
que tem custo de R$
19,9 milhões, tem o
objetivo de desafogar
o fluxo da Avenida
Miguel Sutil. Só
recentemente foi
iniciada a aplicação
da primeira camada
de massa asfáltica na
trincheira. Em
paralelo, a via
marginal esquerda
também foi
pavimentada e
aguarda liberação. Em
outra extensão da
intervenção, estão em
execução serviços de
drenagem na Avenida
Miguel Sutil.
COMPLEXO
VIÁRIO DO
TIJUCAL
Com o foco de
amenizar o trânsito na
entrada de Cuiabá, de
quem vem do sul do
Estado, o Complexo
Viário deveria ter sido
entregue em
dezembro de 2013,
contudo a obra
atrasada ainda passa
por fase de
acabamento e os
motoristas continuam
enfrentando fila no
trânsito para passar
na lateral da BR-364.
Estimada em R$ 30,1
milhões, a obra só
agora entra em
processo de
acabamento em
pontos específicos.
MOBILIDADE
URBANA
Aprincipal porta de
entrada dos turistas, o
aeroporto, ainda sofre com
as obras no local que limitam
o espaço de embarque,
desembarque e
estacionamento. Alémdisso,
obras ao longo da Avenida da
FEB e Prainha deixamo
trajetomais longo e
congestionado, quando por
falta de sinalização as
pessoas acabam se perdendo
no caminho. Com o custo
estimado emR$ 77,2
milhões, o aeroporto já teve
aditivos que elevaramem
mais R$ 4 milhões a obra. A
entrega das mudanças no
local estava prevista para o
final de dezembro de 2013, e
agora a nova data é 30 de
abril. O aeroporto é alvo de
constantes reclamações e
críticas, até mesmo do
ministro daAviaçãoCivil,
WellingtonMoreira Franco,
que alertou sobre a
morosidade da construção
em janeiro. Por causa desse
aviso, a construtora precisou
acelerar o andamento da
obra. De acordo com a
Infraero, as obras do
aeroporto já estão 85%
prontas.
Obra do aeroporto só
fica pronta em abril
A 55 dias do término
do prazo estabelecido pelo
Governo do Estado de
Mato Grosso, em acordo
judicial, para a execução
da Estação do VLT na
avenida XV de novembro,
o Ministério Público do
Estado de Mato Grosso
encaminhou notificação
recomendatória ao
governador Silval Barbosa
e ao secretário
extraordinário da copa do
mundo, Maurício Souza
Guimarães. No
documento, o MPE cobra
o cumprimento do acordo,
cujo prazo limite é 20 de
maio, e alerta sobre as
consequências de eventual
descumprimento.
De acordo com o
promotor de Justiça
Gerson Barbosa, o acordo
judicial foi firmado nos
autos da ação civil pública
que questionou a
desafetação e alienação da
rua Tufik Affi, no bairro
Porto, às empresas
Atacadão Distribuição,
Comércio e Indústria Ltda
e Royal Brasil
Administração,
Empreendimentos e
Participações Ltda. A ação
foi proposta pelo
Ministério Público, por
meio da 17ª Promotoria de
Justiça de Defesa da
Ordem Urbanística e do
Patrimônio Cultural de
Cuiabá, com o objetivo de
garantir a livre utilização de
bem de uso comum do
povo.
“A não execução da
Estação Porto, no prazo e
modo fixados, poderá
ensejar a execução do
acordo firmado em 18 de
outubro de 2013, inclusive
da multa constante das
disposições finais, no que
se refere à pessoa jurídica
de direito público interno e
aos administradores
responsáveis pelo
inadimplemento do termo”,
alertou o promotor de
Justiça Gérson Barbosa.
Além dele, também
assinaram as notificações
os promotores de Justiça
que integram o Grupo
Especial de
Acompanhamento da Copa
Clóvis de Almeida Júnior e
Carlos Eduardo Silva.
MPE cobra cumprimento
de acordo judicial
O trânsito é um dos
maiores desafios da
população, que precisa
enfrentar diariamente
diversos pontos de desvio
por causa das obras na
AvenidaMiguel Sutil,
Fernando Corrêa e da FEB.
Amaior parte dessas
alterações nas vias está
sendo realizada para receber
o pré-modal, que é
considerado a obra mais cara
do pacote, com custo de R$
1,477 bilhão.
Cominauguração inicial
marcada para este mês, a
Secopa já admite que o
veículo provavelmente só
estará pronto para uso na
Linha 1, entre o aeroporto e
o CPA, no final de 2014,
cuja extensão é de apenas 5
km.
Conforme o
Circuito
Mato Grosso
antecipou, e
mesmo o próprio governador
já tendo admitido que apenas
5 km do VLT ficarão
prontos até junho próximo, a
Secopa já empenhou R$ 1,3
bilhão emnome Consórcio
VLTCuiabá-VárzeaGrande.
Estes dados estão
disponíveis no Sistema
Integrado de Planejamento,
Contabilidade e Finanças
(Fiplan), alimentado pela
Secretaria de Estado de
Fazenda (Sefaz).
Em 2013, como mostra
o Fiplan, a Secopa pagou R$
587,7 milhões ao consórcio e
já se apressou em empenhar
R$ 726.893.091,00 em 2014
para a obra, que só deve
mesmo ser concluída em
2016. Isto segundo previsões
do engenheiro LuizMiguel de
Miranda, especialista em
trânsito e transporte urbano,
membro do Departamento de
EngenhariaCivil da
Universidade Federal de
Mato Grosso (UFMT).
VLT não ficará pronto
para a Copa do Mundo
A obra principal para
o Mundial é a Arena
Pantanal que tinha
previsão para ser
inaugurada em outubro do
ano passado, mas já teve
sua data alterada duas
vezes, e agora a nova
previsão é 2 de abril. O
valor da obra no início era
de R$ 420 milhões, mas
com os aditivos
acrescentados ao longo
do tempo a Arena já está
custando R$ 519,4
milhões.
Somente dia 21 de
março a Secopa anunciou
a contratação do
Consórcio DMDL/Pazini
para instalação da
estrutura temporária, cujo
custo ficou em R$ 36,2
milhões. O valor deixa
Mato Grosso na quarta
colocação em custos do
tipo, conforme
levantamento realizado
pela revista
Veja
desta
semana.
Arena Pantanal R$ 100 milhões mais cara
O valor do serviço de
Tecnologia da Informação
também levantou muita
polêmica. A Secopa está
gastando R$110 milhões
com o serviço que foi
entregue a duas empresas
que não precisaram
apresentar capacidade
técnica porque o pregão
foi feito pelo sistema de
Regime Diferenciado de
Contratação (RDC).
também como a Trincheira
Santa Rosa.
No decorrer do tempo,
as datas de entrega das
construções foram sendo
adiadas mês a mês, até que
no dia 10 de março deste
ano, prazo da entrega da
última obra, o VLT, o
Governo do Estado e a
Secretaria Extraordinária da
Copa 2014 começaram a se
recusar a falar sobre novas
datas. Apesar de a população
atestar diariamente que as
obras estão totalmente
atrasadas, a Secopa garante
que Cuiabá já está 90%
preparada para receber o
evento.
Um exemplo claro desse
atraso são os Centros
Oficiais de Treinamentos
(COTs). As obras do COT
da Barra do Pari, com valor
estimado emR$ 25,5
milhões, e o COT da UFMT,
orçado emR$ 15,8 milhões,
eram para ser entregues em
outubro e dezembro de 2013
respectivamente e até agora,
final de março de 2014, ainda
não foram inauguradas.
Apesar de a Secopa não
informar as porcentagens
que as obras estão prontas, a
secretaria garante que no
final de abril elas serão
entregues.
FAN FEST SEM
LICITAÇÃO
Sem empresa
interessada em realizar a
construção da Fan Fest, local
que irá abrigar os torcedores
que não conseguirem ter
acesso ao estádio, o
governador Silval Barbosa
anunciou esta semana que
vai entregar o serviço à
Associação dos Criadores de
Mato Grosso (Acrimat) sem
passar por processo
licitatório. A obra orçada em
R$ 1,3 milhão faz parte da
exigência da Fifa e deve ser
concluída em apenas 60 dias,
pouco menos do que o
tempo que falta para o início
doMundial. O espaço deverá
ter capacidade para a
circulação de 56 mil pessoas
por dia.
Fotos: Mary Juruna