CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 30 DE JANEIRO A 5 DE FEVEREIRO DE 2014
CULTURA EM CIRCUITO
PG 5
REFLEXOES
Por Marco Ramos
Marco é numerólogo, advogado e
troca de nome de acordo com a
energia do momento
VAMOS DAR UMROLEZINHO?!!!!
Rosemar Coenga é
doutor em Teoria Literária e
apaixonado pela literatura de
Monteiro Lobato
ALA JOVEM
Por Rosemar Coenga
TRAGÉDIAS, AMOR E HUMOR
A editora Dimensão lançou em 2013
a premiada Coleção Shakespeare
composta de 12 títulos da obra do
dramaturgo inglês:
O mercador de
Veneza, Romeu e Julieta, Conto de
inverno, Otelo, A tempestade, A comédia
de erros, Hamlet, Tempestade em copo
d’água, Macbeth, Rei
Lear, A megera domada
e
Sonho de uma noite de
verão.
Charles e Mary Lamb
fizeram uma adaptação
bem cuidada dos textos
para o gênero narrativo.
As ilustrações, assinadas
por alguns dos melhores
ilustradores da atualidade,
e o padrão gráfico
primoroso da coleção
atraem a atenção do jovem leitor. Soma-
se a tudo isso a temática sempre atual da
obra de Shakespeare – o amor e seus
desdobramentos, o que torna a leitura
importante e prazerosa para jovens (e
também para adultos).
As situações e personagens criadas
por William Shakespeare
há mais de quatro séculos
não perdem o viço, o
encanto e a capacidade de
revelar o que temos de
mais humano. Assim,
Romeu e Julieta são todos
os jovens amantes
desventurados em busca
de um amor ideal. E o que
dizer da atualidade de
Macbeth se pensarmos nos
tiranos que sempre
encontram seus pares inescrupulosos na
luta pelo poder a qualquer preço. Cada
idoso abandonado por seus filhos é um
Rei Lear. Mas nem só de tragédias é feita
a obra de Shakespeare. Em algumas de
suas peças o amor triunfa e, em vez de
derramamento de sangue, dor e
sofrimento, temos reencontro,
reconciliação, perdão, realização de
sonhos e um humor refinado que brinca
com a vida palaciana. É o que
encontramos em
O mercador de Veneza,
Conto de inverno, A tempestade, A
comédia de erros, Tempestade em copo
d’água, A megera domada
e
Sonho de
uma noite de verão.
O poder das palavras de Shakespeare
explica a permanência de sua obra e
justifica esta indicação de leitura para
início do ano.
Começamos o ano com os
rolezinhos criados por jovens pobres e
na maior parte negros, gente da
periferia. A imprensa em sua maioria
classificando como arrastão, a polícia
sempre afirmando a ocorrência de
furtos e “vandalismo”, os comerciantes
alegando nenhum caso de furto, e a
opinião pública, que é massa de
manobra em sua maior parte,
desaprovando sem capacidade de fazer
uma análise mais apurada sobre o
ocorrido. Mas o que há por trás desta
nova modalidade de manifestação
pública? O que há na verdade é o que
chamamos de “Tensão Social” sendo
exposta. Depois de 10 anos do alegado
“milagre” econômico brasileiro que
colocou boa parte de nossa população
com acesso a bens de consumo jamais
imaginado, percebemos que esta parte
da população ainda encontra-se
segregada. Não bastou a melhoria
financeira para colocá-los lado a lado
com outros “cidadãos” brasileiros. O
fato revela o quanto se encontra
impregnada em nossa cultura a
mentalidade da “Casa Grande e
Senzala”, pela qual o escravo deveria
ficar no seu lugar e apenas circulando
nas áreas privadas de seus senhorios
com autorização deles. Negro e pobre
no Brasil ainda só servem para serem
seguranças, empregadas, pedreiros,
serviçais de maneira geral, lixeiros,
quando não putas e bandidos etc.
Quando os vemos dentro de aviões ao
nosso lado, dentro dos shoppings que
são no fundo o ícone do consumismo,
eles geram incômodo naqueles de
mentalidade escravagista!
Vivemos uma sociedade de
consumismo exagerado,
superficialidade, exposição da
intimidade ao máximo, baseada em
valores chulos. Tendência mundial,
porém acentuada ao máximo em nosso
país.
A grande verdade é o sistema social
brasileiro está saturado, e cada vez
mais iremos ver tensões sociais mais
intensas. Há um questionamento do
sistema social, que está falido! Esta
população, na sua maior parte jovens,
está questionando a razão de seu
dinheiro não ter cor e ser bem-vindo
quando consome, e qual a razão de
seus corpos e cores e sua presença não
serem bem-vindos. Basta colocar um
chinelo, bermuda e um boné entrando
em qualquer shopping para perceber
que serão seguidos o tempo todo por
seguranças. Tudo isso revela que nossa
sociedade está na verdade falida e
nossa população ainda tem esta mente
da escravidão. O que vemos agora
através das “medidas judiciais” que por
um lado tentam proteger a iniciativa
privada é um precedente perigosíssimo,
de um lado garantindo os direitos dos
comerciantes e destes
estabelecimentos, por outro lado
estamos vendo instaurados o apartheid
social. Não vai resolver, só veremos a
tensão aumentar. Mais uma vez o País
dá um passo atrás, justamente no
momento em que vemos uma de nossas
Grandes Universidades sendo fechada!