EDIÇÃO IMPRESSA - 470 - page 2

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 12 A 18 DE DEZEMBRO DE 2013
OPINIÃO
P
G
2
ENTRE ASPAS
EDITORIAL
FARRA DOS FUNDOS
Presidente do Conselho Editorial:
Persio Domingos Briante
CIRCUITOMATOGROSSO
Diretora-executiva:
Flávia Salem - DRT/MT 11/07- 2005
Propriedade da República Comunicações Ltda.
Editor de Arte:
Glauco Martins
Revisão:
Marinaldo Custódio
Reportagem:
Rita Anibal e Camila Ribeiro
Fotografia:
Mary Juruna
Editora:
Sandra Carvalho
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SUIÁ-MISSÚ
Desespero e tragédias um ano depois
Produtores e trabalhadores estão espalhados por cidades da região do Araguaia ou em barracas de lona, de forma precária.
Da Redação. Foto Ilustrativa
Após publicação, na edição passada, de reportagem informando que a
Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social está usando R$ 3 milhões
do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza para promover
eventos institucionais, o Circuito Mato Grosso recebeu e confirmou denúncia
de que a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural (Seder) também estaria
fazendo se utilizando deste mesmo tipo de prática. Quase R$ 400 mil foram
sacados da conta do fundo em 2013 para pagar festas de rodeio, quando este
recurso poderia estar contribuindo para garantir comida à mesa de centenas de
pessoas que vivem na linha da pobreza no Estado. Curiosamente o secretário
Meraldo Sá repassou, também com dinheiro do fundo, meio milhão de reais
para a Prefeitura de Acorizal. Meraldo é ex-prefeito de Acorizal e o atual prefeito
Arcílio Jesus da Cruz (
Chindo)
foi seu secretário de Finanças – ambos do
mesmo partido, o PSD. Tudo em casa. Enquanto isso, o governador Silval
Barbosa briga para pegar para si o comando de todos os fundos. Ou seja, quer
que o recurso milionário fique todo na Conta Única, a exemplo do Fundo do
Combate e Erradicação da Pobreza, e não em contas específicas, como é o
caso do Fundo Estadual de Assistência Social e Fundo Estadual da Saúde,
dentre outros. Já passou da hora de os órgãos fiscalizadores pedirem que o
Governo abra a caixa-preta desses fundos, cujas finalidades há muito vêm
sendo desvirtuadas, a exemplo do Fundo Estadual do Transporte e Habitação, o
Fethab. Parte do dinheiro está indo para financiar as obras da Copa e outra
para quitar a folha de pagamento. Na periferia, apenas um rastro do
propagado programa Panela Cheia. No Governo, eventos luxuosos e festas de
rodeio financiados com o dinheiro que deveria estar sendo usado para combater
a miséria. Acorda Mato Grosso!
Num clima de bastante
tensão, foi instalada esta
quarta-feira (10) em Brasília,
exatamente um ano após a
retirada dos ocupantes da
Gleba Suiá-Missú, uma
comissão especial que vai
analisar a Proposta de
Emenda à Constituição (PEC)
215/00, que submete ao
Congresso a demarcação
de terras indígenas.
Enquanto isso, quase 7 mil
pessoas vivem há um ano
sem qualquer expectativa
desde a desintrusão da área
que começou no dia 10 de
dezembro de 2012.
A gleba foi considerada
pela Justiça Terra Indígena
Maraiwatsede, da etnia
Xavante. Quem vivia nos
165 mil hectares teve que
desocupar suas casas,
propriedades rurais e
comércios. A área, que antes
era sinônimo de
desenvolvimento, agora
parece um cenário pós-
guerra. Produtores e
trabalhadores estão
espalhados por cidades da
região do Araguaia ou em
barracas de lona, sem
energia elétrica, água
encanada, escola ou posto
médico. Para sobreviverem,
recebem alimentos de
doações feitas em eventos
beneficentes. Vinte e cinco
pessoas já morreram por
causas diversas, inclusive
suicídio. Agora, alcoolismo,
uso de drogas e prostituição
fazem parte do cotidiano
dessas pessoas e são
inúmeros os casos de
depressão e até surtos
psicóticos. A produtora
Nailza Bispo era uma das
moradoras de lá. Herdou
100 alqueires do pai e ali
criava gado para garantir o
sustento da família. Hoje,
vive de favor na casa de
parentes em Alto Boa Vista.
“É difícil traduzir nossa
situação em palavras.
Vivemos uma verdadeira
guerra. Ver tudo o que
construímos destruído, estar
vivendo de favor, passando
fome, enquanto até pouco
tempo atrás produzíamos o
nosso alimento é muito triste.
Olho para meus filhos e
temo pelo futuro deles. Mas
não vou perder a minha fé e
esperança”, comenta com a
voz embargada.
A estudante Mikaely
Pereira Cavalcante vivia em
Posto da Mata desde o seu
nascimento. Morava com os
pais, trabalhadores rurais, ia
para a escola, onde tinha
muitos amigos e bons
professores. Na época da
retirada, quase não
conseguiu terminar o
primeiro ano do ensino
médio. Mas, apesar das
dificuldades, ela sonha em
construir um futuro melhor.
“Fomos enxotados de
nossas casas como se não
fôssemos nada. Quase não
consegui terminar o ano na
escola. Fui separada dos
meus amigos e professores.
Atualmente, moro com
minha família em Alto Boa
Vista de favor, pois não
temos condições de pagar
aluguel. Agradeço por ainda
existir pessoas de bem, pois
o que o Governo Federal fez
com a gente não é coisa que
se faça com cidadãos.
Apesar de tudo, confio que
vamos ganhar na Justiça o
direito de voltar para nossa
cidade. Vejo meu futuro lá e
vou continuar lutando por
isso”, diz emocionada.
O presidente da
Associação dos Produtores
Rurais da Área Suiá-Missú
(Aprossum), Sebastião
Prado, contou que quando
as famílias foram expulsas
de suas propriedades os
moradores venderam o que
foi possível. O Governo
Federal não assentou
nenhuma família e ainda
não deu nenhuma
assistência. “Destruíram as
casas e propriedades da
área, mas nenhum índio está
vivendo lá. Pessoas estão
morrendo e assim vai
continuar. Até agora já
registramos 25 mortes.
Embora as poucas
promessas de ajuda
continuem na intenção, as
pessoas que tiveram suas
vidas arrancadas vivem em
situação de desespero”,
desabafa.
ENTENDA O CASO
Após mais de 20 anos
de debate judicial, em
dezembro de 2012 as 7 mil
pessoas que viviam na
região da antiga gleba Suiá-
Missú foram obrigadas a sair
da área em meio a um
processo de desintrusão
violento e desumano, por
determinação da Justiça
Federal. A Funai alega que
a área pertence à Terra
Indígena Maraiwatsede, da
etnia Xavante. A decisão
ainda pode ser revertida na
Justiça Federal e deve
chegar ao Superior Tribunal
Federal (STF).
“A partir do momento em
que ele vota, ele aceita o
jogo eleitoral, e então, que
me desculpe o Onofre,
tapetão não!”
Presidente da Câmara de
Cuiabá, Júlio Pinheiro (PTB),
sobre o fato de Onofre Júnior
(PSB) ter ingressado na Justiça
Civil contestando sua eleição.
“Estou no sexto mandato. Tenho hoje a preferência em todas as pesquisas.
Não é arrogância. Eu tenho condições de ser candidato ao Senado.”
Deputado federal Wellington Fagundes (PR) sobre candidatura ao Senado em 2014.
“Não vou desistir da CPI do Fethab. Já temos sete votos, são
neces sá r i os o i t o . ”
Deputado estadual Zeca Viana (PDT) ao sustentar que aplicações do
dinheiro do Fethab precisam ser investigadas.
“Temos que escolher melhor
os parceiros, verificar a
qua l i dade do a t end imen to,
para termos de fato o
controle de tudo o que
controle de tudo o que
a c on t e c e . ”
Secretário de Estado de Saúde,
Jorge Lafetá, ao se mostrar
contrário à ampliação da atuação
das OSSs em Mato Grosso.
“Estamos muito animados, as
pessoas desses países têm tradição
em viajar e, além de assistirem aos
jogos, vão conhecer as belezas de
Mato Grosso.”
Governador Silval Barbosa
(PMDB), após anúncio das
seleções que irão jogar na Arena
Pantanal (Chile, Austrália, Japão,
Rússia, Coreia do Sul, Nigéria,
Bósnia, Colômbia).
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