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CIRCUITOMATOGROSSO
PANORAMA
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CUIABÁ, 29 DE AGOSTO A 4 DE SETEMBRO DE 2013
AGRICULTURA FAMILIAR
Sem assistência técnica, agricultura familiar está endividada e fadada à falência em Mato Grosso.
Por: Sandra Carvalho. Foto: Bruno Barreto
MT tem 66 mil produtores devendo
Existem atualmente
em Mato Grosso pelo
menos 66 mil produtores
da agricultura familiar
inadimplentes. Esse
número alarmante seria
resultado da assessoria
técnica – a Empaer está
completamente sucateada
– e atenção do Governo
do Estado nos últimos 10
anos. Adão da Silva,
presidente da Federação
dos Trabalhadores na
Agricultura do Estado de
Mato Grosso, resume a
situação: “Os governantes
estão, na verdade,
promovendo o êxodo
rural e o fim da agricultura
familiar no Estado porque
só investem no
agronegócio”.
O Banco do Brasil
responde, no Estado, pela
maioria das liberações de
recursos para as
atividades rurais. Segundo
informações da instituição
financeira, na safra do
ano passado, somente em
Mato Grosso foram 14 mil
contratos. Segundo Adão
Silva, os bancos fazem a
sua parte disponibilizando
os recursos. No entanto,
os pequenos produtores
QUALIFICAÇÃO
Instituto forma 420 alunos em VG
IDHMT certifica jovens e adultos em mais uma etapa do maior projeto de qualificação profissional de trabalhadores.
Da Redação. Fotos: Divulgação
Os dois mais
importantes projetos de
qualificação profissional
de Mato Grosso e da
região Centro-Oeste,
Qualifica Mato Grosso e
Copa em Ação, da
Secretaria de Trabalho e
Assistência Social (Setas),
executados pelo Instituto
de Desenvolvimento
Humano (IDH), tiveram
mais uma etapa concluída
na noite da segunda-feira
26, em uma grande
solenidade, em Várzea
Grande. Para atender à
demanda em vários
setores, o IDH certificou
420 jovens e adultos, em
16 cursos dos dois
programas. No Qualifica
Mato Grosso foram 306
alunos, e no Copa em
Ação foram certificadas
114 pessoas. Os
formandos passam, a
partir de hoje, a ter
melhores oportunidades no
mercado de trabalho
exigente e competitivo de
Mato Grosso – ou do País,
em áreas que incluem
bilíngue em inglês e
espanhol, secretário
executivo, auxiliar
administrativo, operador
de caixa, atendente em
hotelaria e turismo,
garçom, pintura em tecido
e outros, perfazendo um
total de 16 cursos.
Os cursos, nos
períodos matutino,
vespertino e noturno, com
carga horária de 200
horas, na média, utilizando
uma grande estrutura do
IDH, são executados no
polo de Várzea Grande,
que cobre toda a Baixada
Cuiabana, integrada por
seis municípios. Na região
Norte, no polo de Sinop,
onde já foram formados
mais de 350 jovens e
adultos, são 12 municípios.
É um grande
investimento e um grande
esforço para chegar aos
objetivos dos dois
programas que são a
qualificação e o de
preparar essas pessoas
para que possam competir
no mercado em condições
de igualdade. Mas tudo
isso vale a pena”, afirma o
presidente do IDH, Paulo
Vítor Borges.
A secretária titular da
Setas e primeira-dama do
Estado, Roseli Barbosa,
classificou a formatura
como um passo decisivo
no futuro das pessoas.
“Esta é mais uma etapa de
um projeto que já atendeu
e beneficiou perto de 20
mil pessoas em todo o
Estado. Vamos continuar
nessa direção,
fortalecendo as parcerias e
apoiando os
trabalhadores”, afirmou
ela. Na solenidade de
formatura, além de Roseli
Barbosa representando a
Setas, estiveram presentes
o vice-prefeito de Várzea
Grande, Wilton Coelho, a
secretária adjunta de
Trabalho e Emprego,
Vanessa Rosin e o
presidente do IDH, Paulo
Vitor Borges, entre outras
autoridades, professores e
convidados.
Criação de um fundo de
aval não passou do discurso
Há exatamente um
ano o governador
Silval Barbosa
anunciou a intenção de
criar um fundo de aval
para dar suporte
financeiro à agricultura
familiar no Estado e
atender especialmente
aqueles produtores
cujo acesso ao crédito
em instituições
financeiras está
impedido em função
da ausência da
regularização fundiária
e ambiental das
propriedades. O
fundo não passou de
intenção. O mecanismo
faria parte de um plano
elaborado pelo
Executivo e com
estratégias para ampliar
a produção de
alimentos na unidade
federada. O plano
deveria complementar,
em âmbito regional, as
ações do Plano Safra da
Agricultura Familiar,
lançado em julho de
2012 pelo Governo
Federal.
“Discutimos com os
bancos para abrirem
possibilidade para todos
terem acesso ao crédito.
Para os casos em que a
regularização é
impeditiva, o Estado vai
entrar com o aval. Ou
seja, ter um fundo para
dar garantias para que
os produtores acessem o
crédito”, frisou Silval
Barbosa, à época.
“Nada disso foi
cumprido”, denuncia
Adão Silva.
não encontram apoio
para fazer projetos bem
elaborados e que
garantam bons resultados.
“Sou de Itanhangá e
lá temos pelo menos 4 mil
assentados. No entanto,
há mais de três anos a
Empaer (Empresa Mato-
grossense de Pesquisa,
Assistência e Extensão
Rural) não atua no
município”, reclama o
presidente da Fetagri,
observando que um
projeto não pode ser feito
com apoio de um técnico
que nem conheça a
região onde mora o
produtor. “Ele tem de estar
dentro da área para
conhecer a sua
realidade”, acrescenta, o
que seria um dos grandes
motivos de projetos serem
fadados ao fracasso e o
agricultor, sem a garantia
da colheita, não ter
condições de quitar o
financiamento.
Para o deputado
estadual José Domingos
Fraga (PSD), requerente
da Câmara Setorial
Temática (CST), que
discute medidas referentes
ao endividamento dos
produtores da Agricultura
Familiar em Mato Grosso,
agora será possível fazer
um levantamento das
linhas de financiamentos
e, consequentemente, dos
débitos e ainda
encaminhar sugestões
para que o governo possa
criar políticas públicas que
atendam os produtores. A
câmara terá 180 dias
para colher informações,
debater e propor medidas
para minimizar o
endividamento.
Do total de
estabelecimentos rurais no
Estado, 140.201 são de
pequenos produtores. Deste
universo, 90.046 ou 64,2%
estão localizados em
assentamentos. Outros 50.155
(35,8%) pertencem à fatia de
agricultores tradicionais,
segundo a Empaer.
Já os grandes e
médios produtores
respondem por 26% de
todos os estabelecimentos
da unidade federada:
48.359. Barbosa disse
que o governo já abriu
negociações com os
bancos para que
flexibilizem a oferta de
crédito, até mesmo para
aqueles que ainda não
obtiveram a regularização
pelos órgãos responsáveis.
Adão da S i l va , p r e s i den t e da Fe t ag r i , a f i rma que
gov e r no s ó t em o l ho s pa r a o ag r onegóc i o
I n s t i t u t o s egue qua l i f i cando c en t ena s de pe s s oa s
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