EDIÇÃO IMPRESSA - 453 - page 20

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 15 A 21 DE AGOSTO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 8
Caio Porto Moussalem é
cinéfilo profissional... e sociólogo
nas horas vagas.
ARTE NÚMERO 7
Por Caio Porto Moussalem
o
a m
CÍRCULO DE FOGO
REFLEXOES
Por Marco Ramos
Marco é numerólogo, advogado
e troca de nome de acordo com a
energia do momento
“INFELICIDADE DE UM PAÍS COM UM FELICIANO!”
Círculo de
Fogo,
do mexicano
Guillermo Del Toro,
é um filme que
conta a história de
uma invasão de
monstros
alienígenas
gigantescos à Terra.
A solução ‘evidente’
para o problema é
construir robôs
enormes –
controlados por
dois ‘pilotos’ – para
sair no “mano a
mano” com os
monstrengos. A
lógica e o bom-
senso são
sistematicamente
evitados pelo
roteiro surreal do filme e acaba transformando-o em um
festival de absurdos e impossibilidades.
Entrei na sala de cinema para ver essa ‘coisa’ – que
me cheirava a ‘Godzilla Vs Transformers’ – com as
expectativas tão altas quanto a sola do meu sapato, mas
em poucos minutos a insanidade do enredo foi
suplantada por uma capacidade estarrecedora de
impressionar. Del Toro é mesmo um diretor talentoso e
cheio de personalidade (e isso eu já sabia... confesso
que subestimei o cineasta de Guadalajara!), mas é a sua
dedicação em fazer de
Círculo de Fogo
uma experiência
visual arrebatadora que dá todo o tom do filme.
Não me lembro da última vez que me diverti tanto
com algo tão... idiota! Mas o espetáculo visual é tão
eficiente em sua dupla função de fascinar e entreter que
faz tudo valer a pena. As atuações não são especiais,
mas são dedicadas o suficiente para nos lembrar que,
além das maravilhosas cenas de luta no fundo do mar ou
nos quarteirões de Hong Kong, existe um componente
mais humano e trivial nessa história... mas quem liga pra
isso?! Só queremos mesmo é ver milhares de toneladas
de aço quebrarem a fuça daquelas bestas alienígenas!
Polêmica que se
propaga por semanas
e talvez por meses
ainda, a eleição deste
deputado para tal
cargo mostra o verso
vergonhoso de nossa
sociedade. País do
Carnaval, da nudez
nesta festa, da orgia
com o dinheiro
público, da
exploração financeira
por igrejas
eletrônicas, dos
mensalões e de todos
os escândalos que
não param de crescer
é o mesmo país que
elege um ícone da
segregação e da
discriminação não só
dos homossexuais,
mas também dos negros e das mulheres.
Declarações deste senhor pipocam pela internet, as
próprias declarações do mesmo estão por aí para
quem quer que queira ver. Presenciar um homem
deste ser eleito para tal cargo não me surpreende,
mas causa indignação, pois do poder não podemos
esperar mais nada de útil por estas bandas. Porém
ver parte da população apoiando o mesmo, seus
atos e desmandos e justificando toda malandragem
que ele praticou com o aval da “Bíblia” é de chocar
até mesmo setores religiosos mais serenos, como
vimos semana passada. O que está em jogo não é
apenas o direito desses setores segregados, mas sim
o retrocesso que pode atingir toda a sociedade.
Estamos vendo o estímulo à violência e o
acirramento da intolerância, o que pode levar dentro
em breve para atos mais radicais. Não vejo
diferença alguma de um homem deste para um nazi-
fascista! Na Alemanha de outrora a população
apoiou Hitler, e era ponto pacífico naquela
sociedade o que estava sendo feito, todos
concordavam apesar de toda a aberração. Tudo
para o bem de uma Alemanha pura, nobre e de
“raça superior ”. Não só judeus foram para os
campos de concentração, mas muitos homossexuais,
Testemunhas de Jeová, ciganos, defeituosos físicos,
opositores do sistema e comunistas. Tudo apoiado
por aquela sociedade que acreditava estar se
limpando de todas as “impurezas”. Hoje vemos a
mesma coisa por aqui. Há uma parte da população
que avaliza este homem e suas palavras, uma parte
da sociedade que é conivente, que é partícipe destes
atos e que está cega diante da realidade, uma parte
da sociedade que é sim criminosa! Se somarmos os
números de violência na sociedade contra
homossexuais (mortes sempre das formas mais
bizarras possíveis), violência contra a mulher,
violência secular contra os negros em nosso país, os
números podem ultrapassar qualquer guerra em
qualquer lugar do mundo. É em favor disso que esta
parcela da sociedade brasileira apoia este homem
em nome da religiosidade? É esta religiosidade que
eles defendem?
E ainda se esquecem que o Estado é laico e que
a aproximação de religião com poder sempre foi
perniciosa, perigosa e arriscada para a humanidade
em qualquer lugar do mundo. Estado para todos,
religião para os que estão em seus templos e assim
devem permanecer. Temos de temer a escalada
destes “xiitas” religiosos no poder. Muitos minimizam
tal problema, mas lembremos que no passado
abrigamos o segundo maior partido nazista do
mundo, e sua saudação era Anauê. Algo ridículo,
pois um partido nazista no Brasil de população
miscigenada e ainda usando saudação de origem
indígena é risível, mas um riso de medo! Só por
estas terras é possível ver estas aberrações nascerem
e florescerem, e agora estamos vendo mais uma, da
qual não podemos desprezar o potencial destrutivo
de nossas liberdades conquistadas com enorme
esforço e sacrifício!
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