CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 15 A 21 DE AGOSTO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 6
CADEIRA DE BALANÇO
PPor Carlinhos Alves Corrêa r
Carlinhos é jornalista
e colunista social
Info: (65) 3365-4789
Rosemar Coenga é
doutor em Teoria Literária e
apaixonado pela literatura de
Monteiro Lobato
ALA JOVEM
PPor Rosemar Coenga
o
CALENDÁRIO DE CONTOS
MODA SOLIDÁRIA
Cuiabá sempre foi uma capital que
editava moda dos grandes centros do país.
Portanto, as empresárias de plantão, sempre
antenadas nas tendências da moda outono/
inverno e primavera/verão, eram o ponto
alto das coleções. A elegantérrima
empresária em moda e pioneira Leila Affi
Coelho, à frente da Maison Porão,
promovia grande desfile filantrópico que
deixava marca de bom gosto na eterna
capital de Mato Grosso. Também na
década de 60, a moda é forte da capital,
onde as moças da sociedade cuiabana
desfilavam com os famosos tecidos Bangu, e
a renda desse desfile era totalmente
filantrópica. Engraçada a moda com os
tecidos Bangu: as confecções eram feitas por
famosas costumeiras: Maria Vieira Aguiar,
Zezita Campos Réche, Oscarlina Ramos,
Sônia Gama Laurindo, Mariinha. Elas
davam luzes, bom gosto e requinte nos
modelitos apresentados na coleção. A
moda, solidária, sempre foi o ponto forte da
sociedade, com pouca participação de
mulheres de políticos. Mesmo assim, o
evento atingia os objetivos dos idealizadores.
TRÊS GARÇAS
Muita gente que circula na rotatória da
Igreja São Judas Tadeu não imagina o
quanto aquelas esculturas feitas com material
reciclável representam para Cuiabá e para
todo o Estado de Mato Grosso, antes da
divisão. Uma importância do mundo
feminino da intelectualidade. Ali se encontra
a verdadeira enciclopédia da inteligência
cuiabana, mulheres que atravessaram o
tempo na área da música, do jornalismo, da
poesia, da cultura e de uma verdadeira
educação cultural para o Mato Grosso. O
escritor e poeta cuiabano Silva Freire
escreveu as três legendas das Garças, entre
elas a jornalista Luiza de Figueiredo Calhao,
a professora Guilhermina de Figueiredo e a
pianista e compositora Zulmira Canavarros,
sendo uma obra criativa na época do
Muxirum Cuiabano. É uma pena que nossos
governantes que por aqui passaram (e
passarão) não se preocupem em preservar a
memória de um povo de tradição,
principalmente os olhares voltados para os
bustos em escultura, de pessoas que fizeram
história em diversas áreas nesta TERRA
descoberta por Pascoal Moreira Cabral. É
bom lembrar que busto, escultura, não dá
votos para a vaidade humana dos políticos.
BAÚ SERENO
O nome do tradicional bairro do Baú
deriva deste local que era zona do baixo
meretrício, onde as pessoas, nas noites,
acompanhadas de umas boas metas,
varavam altas horas da manhã, quando os
boêmios de plantão diziam: “Baú Sereno”.
Neste bairro havia casas noturnas ou
boates para as noites dos prazeres, onde o
carteado rolava solto, bebidas, blues, jazz,
bolero, MPB, mambo, era uma pá de gente
que entrava e de gente que saía, parecia
uma bola de pingue-pongue. As casas
noturnas sempre foram frequentadas por
políticos, governadores, empresários,
rapazes de família, para uma noite
diferencial com mulheres lindas que
pareciam “divas de Hollywood”. Para o
status de alguns homens públicos,
principalmente políticos que saíam depois da
sessão da noite da Assembleia Legislativa e
Câmara, o terno de linho ss120 super
engomado, o chique era ser amassado na
cama com as prostitutas.
A disputa era grande, o terno amassado
era sinal de status da moda. Dava para
esses puladores de cerquinhas status. Depois
de uma boa suada, partia para uma
pratada de escaldado, regada com muito
queijo e apimentada. Era o prato da
madrugada, que repunha as “energias das
noites perdidas”.
CUIABÁ, UM MARCO DA
HISTÓRIA
Pensando bem, Cuiabá chegando aos
seus 300 anos, um marco da história que
esta geração não sabe; poucas delas não
estão no registro histórico. Se passamos na
Praça Alencastro, vêm à memória o Bar do
Bugre e o Bar do Pinheiro, com seu salão de
sinuca, na Avenida Getúlio Vargas, Bar do
Beto, Bar Internacional, para refrescar o
paladar com o lembrado sorvete de coco
da Sorveteria do Seror, do Restaurante e
Petisqueria da Michel Stid Herani, Bar do
Kalil, onde, para espantar as bicharadas da
época, usava-se bomba de matar mosquito.
Nesses locais os cuiabanos se reuniam para
um aperitivo, bate-papo, rolavam as falas
de fim de tarde. Do Sayonara do Nazir
Bucair, Balneário do João Balão, Clube
Antônio João, Clube Feminino, Clube D.
Bosco com seu jantar dançante, Clube
Náutico, à beira do Rio Cuiabá. Só nos
restam saudades daquilo que foi um marco
na história da eterna Capital de Mato
Grosso.
André Neves nasceu em Recife,
capital do Estado de Pernambuco. Lá
começou a desenvolver suas primeiras
atividades relacionadas à literatura
infantil. Hoje o autor tem vários livros
publicados por diversas editoras, além
de prêmios em reconhecimento ao seu
trabalho, como o Prêmio Luiz Jardim
2001, de melhor livro de imagem.
Como escritor, em 2003, foi
agraciado com menção honrosa no
Prêmio Jabuti e também no Prêmio O
SUL - Correios e Telégrafos. Em 2004
recebeu o Prêmio Açorianos de melhor
ilustração. Ainda recebeu por parte de
sua obra selos Altamente
Recomendável, concedidos pela
Fundação Nacional do Livro Infantil e
Juvenil. André dedica-se à arte de
escrever e ilustrar para crianças de
todas as idades, e suas imagens já
foram vistas por crianças e adultos do
mundo inteiro em mostras de
ilustração dedicadas à infância.
O livro
Maroca e Deolindo e
outros personagens em festas
(2011),
publicado pela Editora Paulinas,
apresenta um ciclo festivo próprio das
manifestações populares que marcam
a cultura do nosso povo. O autor
segue uma cronologia mensal,
evidenciando tradições e costumes
próprios de determinadas regiões
brasileiras ao longo de um ano.
Contempla os meses de janeiro a
dezembro e, em cada festejo
exaltado, evoca danças, músicas,
cheiros, sabores, cores, rituais e
personagens que dão vida a um povo.
André reveste todas elas com
ilustrações mágicas que confirmam seu
estilo singular e talentoso. Ele brinca
com a diagramação do texto
explorando os recursos
grafotipográficos: há sempre uma
frase desenhando uma estrada, uma
interjeição em tamanho maior, um
espanto em cor diferente... mas não
são recursos colocados
aleatoriamente; é como se
iluminassem o texto, como se fossem
sinais daquilo que não se quis
escrever... só festejar.
Impossível não se encontrar em um
ou vários momentos alegres nesta
história, são crenças, valores,
costumes, entrelaçados à história de
vida de cada um. Costura poesia e
reflexões, ancoradas no barco das
tradições folclóricas.