CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 27 DE JUNHO A 3 DE JULHO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 4
PARECE QUE NÃO FUNCIONA MAIS
CALDO CULTURAL
Por João Manteufel Jr
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.
João Carlos Manteufel,
mais conhecido como João
Gordo, é um dos publicitários
mais premiados de Cuiabá
BRASILEIRO AVANÇA NA LUTA
ABCDEF....GLS
Por Menotti Griggi
M n i G i
G
Menotti Griggi é
geminiano, produtor
cultural e militante incansável da
comunidade LGBTT
Essa semana teve uma charge de um
jornal suíço que mostrava vários guardas de
um pelotão de choque em frente a um
numeroso número de pessoas enfurecidas,
onde um deles mostra a estas pessoas uma
bola de futebol. Este guarda que segura a
bola olha para o companheiro e diz: Parece
que não funciona mais. E não funciona
mesmo. Nem aqui, nem na China. Os mais
recentes indicadores a respeito da evolução da
pobreza global revelam uma crescente
desconexão entre o que o mundo poderia ser
e o que realmente é. A tática do lucro
desmedido aplicado por toda governança
global durante as duas últimas décadas tem
apontado para um abismo social cada vez
maior, cada vez mais infinito, entre riqueza e
pobreza. Temos bilhões de pessoas a margem
da pobreza, na miséria absoluta. O ciclo de
expansão econômica, comercial e tecnológica
parece ter sido muito bem aproveitado por
grandes corporações multinacionais e pelo
crémedellacréme da elite mundial. Enquanto
as 500 maiores corporações já respondem por
mais de 40% do PIB mundial e 1,2 milhão de
clãs de famílias apropriam-se de 55% da
riqueza do planeta, a média mundial do
salário de um trabalhador é de R$ 122
mensais. Dar de comer, vestir e transportar uma
família com R$ 122. O mesmo que um jantar
de classe média. Classe que vive das migalhas
sonhando em um dia ser de uma classe a qual
ela imita seu estilo de vida, transformando-se
um eterno reflexo daquilo que ela não é.
Valores estão obtusos. Um preso, hoje,
custa mais ao estado que um salário mínimo
de funcionário público que atue na área da
limpeza. A economia aquece com os subsídios
doados pelo Governo em prol do consumo e
não em prol da estruturação. Os mais pobres
com certeza não têm acesso a computadores.
O mundo, sem a China e seu sucesso de
ascender socialmente 75% de sua população,
teria mantido seis a cada grupo de dez
pessoas na condição de pobreza. E quando
esse povo pobre, doído, sem perspectivas de
um futuro melhor protesta, abre a boca, o pau
come. Ou melhor, o tiro come. Numa
manifestação essa semana na favela da Maré,
uma das mais miseráveis do Rio de Janeiro,
fontes extraoficiais confirmam que um oficial
do BOPE e dezoito, sim, dezoito moradores
foram mortos. Mas eles não têm
smartphones. Eles não dão mídia. A chacina
terminou com os populares expulsando a
polícia. Mas ninguém noticiou. Só o facebook.
Eu sempre fui céptico ao poder do mundo
digital. Tem um papo que diz que, se todo
chinês abrir um laptop e ao mesmo tempo se
conectar à rede mundial de computadores,
haveria um apagão global. Isso mesmo.
Boom. O mundo inteiro ficaria sem energia
elétrica, às escuras. Demonstra o quanto ainda
somos limitados por um lado, mas altamente
articulados de outro. A internet mostrou que
algo mudou. A internet mostrou que a geração
que todos achavam sem propósito, tem muito
mais propósitos que muitas gerações juntas. A
internet mostrou que existe sim uma classe que
não quer mais pertencer a currais. Mostrou que
existe uma geração que quer um mundo
melhor que este, que está aí nas nossas caras.
Mas essa geração precisa saber realmente o
que quer. O capitalismo não aceita brechas.
Vandalismo, políticos e ex-políticos já
compraram cartazes, pessoas para saírem às
ruas quebrando ou lutando pelo interesse
particular de alguém, já compraram a
imaculidade do movimento. A corrupção é o
verdadeiro vírus entrando no corrompido
sistema. Sistema que age rápido, com
profissionais caros e competentes, que tem nas
mãos a força armada, que faz manobras
montando novos tipos de currais num piscar de
olhos. Como está acontecendo agora, diante
de nosso colo.
Realmente. O problema do Brasil não são
os 20 centavos.
A grande notícia dos últimos dias
sobre os avanços na cura da Aids foi
o desenvolvimento de uma vacina
com a combinação de cinco
anticorpos que conseguiu manter
os níveis do vírus da Aids (HIV-1)
abaixo dos detectáveis durante
mais tempo que os
tratamentos atuais, informou
a r ev i s t a
Nature
. O estudo
está sendo feito pelo
imunologista brasileiro
Michel Nussenzweig, membro
da Academia Americana de
Ciências na Universidade
Rockefeller, em Nova York.
O tratamento experimental é
composto por cinco potentes
anticorpos monoclonais,
idênticos entre si porque são
produzidos pelo mesmo tipo
de célula do sistema
imunológico, e foi
administrado em ratos
“humanizados” – ou
seja, que dispõem de
um sistema
imunológico
idêntico ao humano,
permitindo que sejam
infectados com o vírus
HIV. Estima-se que esta é
uma fórmula
que poderia
evitar a
infecção de
novas células.
Nussenzweig
observou
que, desde
que foi
iniciado o
tratamento, a
carga viral
tinha caído para níveis abaixo dos
detectáveis e assim se mantiveram por
até 60 dias após o término do
tratamento. Em seguida, o cientista
brasileiro comparou resultados ao
tratar ratos com uma combinação de
três anticorpos monoclonais e,
também, com um tratamento baseado
em um único anticorpo.
Ao tratar os roedores com uma
vacina com três anticorpos, o HIV se
manteve em níveis baixos até 40 dias
após o fim do tratamento, enquanto a
monoterapia só permitiu que o vírus
não fosse detectado durante o tempo
em que o rato estava recebendo o
tratamento, cerca de duas
semanas.
Na atualidade, o tratamento
antirretroviral em humanos
consiste em combinar pelo
menos três drogas antivirais
para minimizar o surgimento de
vírus mutantes resistentes aos
remédios. No entanto, o HIV se
armazena em uma espécie de
“depósito” ou reservatório viral,
o que faz com que a carga viral
do paciente se eleve quando o
tratamento farmacológico é
interrompido, e o vírus volta
a aparecer depois de 21
dias.
Apesar dos resultados
promissores de
Nussenzweig, ainda
serão necessários
testes clínicos que
permitam avaliar a
eficácia do tratamento
em humanos e medir os
efeitos sobre a infecção
em longo prazo.