CIRCUITOMATOGROSSO
        
        
          CUIABÁ, 6 A 12 DE JUNHO DE 2013
        
        
          POLÍTICA
        
        
          P
        
        
          G
        
        
          4
        
        
        
          OBRAS DA COPA
        
        
          O governo concede incentivos milionários à iniciativa privada, mas dispensa incentivos oferecidos para obras da Copa.
        
        
          Por: Rita Anibal. Foto: Pedro Alves
        
        
          Governo Silval recusa R$300 milhões
        
        
          O relatório sobre as
        
        
          obras da Copa 2014
        
        
          divulgado esta semana
        
        
          pelo Tribunal de Contas
        
        
          do Estado mostra que a
        
        
          Secretaria Extraordinária
        
        
          da Copa (Secopa) já
        
        
          desembolsou cerca de
        
        
          R$285 milhões em
        
        
          impostos que poderiam
        
        
          ter sido evitados. Tudo
        
        
          porque ainda não
        
        
          obteve os benefícios da
        
        
          isenção tributária do
        
        
          programa Recopa
        
        
          referente às obras dos
        
        
          estádios para a Copa do
        
        
          Mundo. Esse atraso está
        
        
          trazendo prejuízo aos
        
        
          cofres públicos, já que os
        
        
          benefícios não
        
        
          retroagem.
        
        
          O conselheiro
        
        
          Antônio Joaquim Neto e
        
        
          o procurador geral do
        
        
          Ministério Público de
        
        
          Contas, William de
        
        
          Almeida Brito Júnior,
        
        
          alertam que as obras
        
        
          ficarão muito mais caras
        
        
          sem esse benefício da
        
        
          Recopa. “O Estado está
        
        
          pagando valores
        
        
          desnecessários na
        
        
          construção da Arena
        
        
          Pantanal”, sentenciou
        
        
          Brito Júnior.
        
        
          De acordo com o
        
        
          conselheiro e o
        
        
          procurador, a concessão
        
        
          não aconteceu por falta
        
        
          de documentação da
        
        
          empresa Mendes Júnior,
        
        
          contratada para a
        
        
          execução das obras do
        
        
          “Novo Verdão”. “A
        
        
          Secopa tem que exercer
        
        
          o poder gerencial e
        
        
          exigir que a contratada
        
        
          [Mendes Júnior] cumpra
        
        
          os requisitos para a
        
        
          obtenção dos incentivos
        
        
          fiscais sob pena de os
        
        
          gestores governamentais
        
        
          – Governo do Estado e
        
        
          Secopa – serem
        
        
          DÍVIDA PÚBLICA
        
        
          Renegociação e risco de colapso
        
        
          Graças ao aval do
        
        
          Ministério da Fazenda, os
        
        
          governos estaduais têm
        
        
          tomado volume inédito de
        
        
          empréstimos no exterior, a
        
        
          despeito de obstáculos
        
        
          legais ao aumento do
        
        
          endividamento público.
        
        
          Com o impulso de
        
        
          interesses políticos e
        
        
          econômicos na expansão
        
        
          das obras públicas, a
        
        
          dívida externa estadual
        
        
          teve um salto de mais de
        
        
          50% em apenas um ano,
        
        
          como cita reportagem de
        
        
          Gustavo Paulo na
        
        
          Folha de
        
        
          S.Paulo
        
        
          . E que chama
        
        
          atenção para o fato de,
        
        
          além da expansão
        
        
          acelerada, esse
        
        
          endividamento trazer o
        
        
          risco ligado à variação do
        
        
          câmbio, ainda mais com a
        
        
          tendência atual de alta do
        
        
          dólar.
        
        
          O montante passou de
        
        
          US$12,5 bilhões, em abril
        
        
          do ano passado, para
        
        
          US$19 bilhões no mês
        
        
          retrasado. Medida em
        
        
          moeda nacional, a dívida,
        
        
          que não chegava a R$20
        
        
          bilhões no início do
        
        
          governo Dilma Rousseff,
        
        
          hoje se aproxima dos
        
        
          R$40 bilhões. “Trata-se do
        
        
          maior ritmo de alta desde
        
        
          o final dos anos 90,
        
        
          quando um colapso das
        
        
          Por: Sandra Carvalho. Fotos: Secom/MT
        
        
          finanças estaduais levou à
        
        
          criação da Lei de
        
        
          Responsabilidade Fiscal e
        
        
          ao monitoramento das
        
        
          operações de crédito pelo
        
        
          Tesouro Nacional”, diz a
        
        
          Folha
        
        
          , observando que a
        
        
          atual safra de
        
        
          governadores desfruta de
        
        
          uma liberalidade para o
        
        
          endividamento impensável
        
        
          nas quatro administrações
        
        
          anteriores.
        
        
          Reação à paralisia
        
        
          econômica do país, o
        
        
          estímulo federal ao
        
        
          investimento desencadeou
        
        
          uma corrida
        
        
          suprapartidária por dólares
        
        
          e projetos de infraestrutura
        
        
          – que tende a ficar mais
        
        
          intensa com a
        
        
          aproximação das eleições
        
        
          do próximo ano. E a
        
        
          Fazenda teria decidido
        
        
          contornar uma restrição
        
        
          criada em 1997, segundo
        
        
          a qual a União só pode
        
        
          garantir empréstimos
        
        
          tomados por Estados cuja
        
        
          capacidade de pagamento
        
        
          seja classificada como “A”
        
        
          ou “B” em avaliação do
        
        
          Tesouro.
        
        
          A lei permite que, “em
        
        
          caráter excepcional”, a
        
        
          União garanta
        
        
          empréstimos para Estados
        
        
          com nota “C” e “D” em
        
        
          caso de “projeto relevante
        
        
          para o governo federal”
        
        
          com garantias do
        
        
          VEJA NO QUADRO ABAIXO O QUE PODERIA TER SIDO PAGO COM O MONTANTE PAGO EM IMPOSTOS PELA SECOPA:
        
        
          OBRA
        
        
          VALOR CONTRATADO EM R$
        
        
          Implantação de Centros Oficiais de Treinamento .......................................................................................................................... 39.307.183,28
        
        
          Fomento à Qualificação de Mão de Obra especializada para o Receptivo Turístico da Copa do Mundo Fifa 2014 ................... 75.684.993,14
        
        
          Implementação de Tecnologia de Informação da Comunicação - TIC ......................................................................................... 98.360.326,00
        
        
          “Trincheira Jurumirim” Obras de Adequação da Capacidade e Melhoria da Segurança Viária da Travessia Urbana
        
        
          de Cuiabá e Várzea Grande na Rodovia BR-163/364/070/MT, Subtrecho Av. Miguel Sutil (Rua Bela Vista, no
        
        
          Jardim Leblon – Entr. Av. Marechal Deodoro), extensão 2,40 km. ................................................................................................ 46.673.356,27
        
        
          Contratação de empresa de engenharia especializada na área civil para execução dos serviços
        
        
          necessários à construção do Centro Oficial de Treinamento da Barra do Pari, em Várzea Grande,
        
        
          com área total de 52.170,00 m
        
        
          2
        
        
          , contemplando fornecimento de mão de obra, materiais, equipamentos
        
        
          e outros serviços afins e correlatos previstos em projeto. ................................................................................................................ 25.535.184,42
        
        
          TOTAL .................................................................................................................................................................................. 285.561.043.11
        
        
          Fonte: Relatório do Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso
        
        
          enquadrados por
        
        
          improbidade
        
        
          administrativa”, relata
        
        
          Antônio Joaquim.
        
        
          O valor pago até
        
        
          agora em impostos
        
        
          [R$285 milhões] é quase
        
        
          o correspondente ao
        
        
          custo inicial  de
        
        
          construção da Arena
        
        
          Pantanal, orçada em
        
        
          R$343.630.404,03,
        
        
          segundo a Secopa, e
        
        
          R$342.060.007,96
        
        
          segundo o Tribunal de
        
        
          Contas do Estado (TCE).
        
        
          O Governo do
        
        
          Estado do Mato Grosso
        
        
          concede incentivos fiscais
        
        
          a muitas indústrias e
        
        
          empresas, mas segundo
        
        
          o relatório do TCE, não
        
        
          tem capacidade de obter
        
        
          pra si próprio os
        
        
          benefícios fiscais por
        
        
          incapacidade de
        
        
          gerenciamento de
        
        
          apenas uma obra – a
        
        
          construção da Arena
        
        
          Pantanal.
        
        
          tomador. Mas o
        
        
          excepcional virou regra.
        
        
          Da administração tucana
        
        
          de São Paulo à
        
        
          peemedebista de Mato
        
        
          Grosso, Estados mais e
        
        
          menos endividados foram
        
        
          autorizados a tomar novos
        
        
          empréstimos no país e no
        
        
          exterior para objetivos
        
        
          variados.
        
        
          Contraída, na maior
        
        
          parte, em organismos
        
        
          como o Banco Mundial, a
        
        
          nova dívida externa
        
        
          estadual ainda pesa pouco
        
        
          nos orçamentos, com juros
        
        
          inferiores às taxas
        
        
          domésticas, mas pode virar
        
        
          uma bola de neve porque
        
        
          agora está ligada à
        
        
          variação do dólar, cuja
        
        
          tendência é de alta nos
        
        
          últimos meses.
        
        
          O governo de Mato
        
        
          Grosso está fazendo o
        
        
          reperfilamento das dívidas
        
        
          do Estado com a União,
        
        
          no valor de US$1 bilhão
        
        
          (R$2 bilhões), com o
        
        
          banco Credit Suisse, um
        
        
          dos maiores da Europa.
        
        
          Um dos responsáveis
        
        
          pela elaboração do
        
        
          projeto técnico de
        
        
          refinanciamento do débito
        
        
          desde o primeiro contrato,
        
        
          firmado em 30 de
        
        
          setembro de 2012, o
        
        
          secretário adjunto de
        
        
          Fazenda do Estado,
        
        
          economista Vivaldo Lopes,
        
        
          afirma que é a
        
        
          renegociação é importante
        
        
          para reduzir dos atuais
        
        
          15% para 7% o
        
        
          comprometimento das
        
        
          receitas correntes líquidas
        
        
          com o montante da dívida.
        
        
          Ele explica que isso só
        
        
          está sendo possível graças
        
        
          à manutenção da
        
        
          classificação de risco
        
        
          (rating) dada pelas
        
        
          principais agências
        
        
          internacionais – Standard &
        
        
          Poor’s e Moody’s.
        
        
          “Com o alongamento
        
        
          do perfil da dívida, o
        
        
          Estado recupera sua
        
        
          capacidade de
        
        
          investimentos no social e
        
        
          em infraestrutura”, destaca
        
        
          Lopes, em que pese o risco
        
        
          da alta disparada do
        
        
          dólar.
        
        
          Nesta quarta-feira (5)
        
        
          o governador Silval
        
        
          Barbosa anunciou o que
        
        
          chamou de grande passo
        
        
          decisivo para consolidar
        
        
          sua posição econômica ao
        
        
          manter sua classificação de
        
        
          risco positiva, com vistas à
        
        
          reestruturação da dívida
        
        
          pública de R$2,4 bilhões
        
        
          ou US$1,2 bilhão. E
        
        
          também anunciou
        
        
          empréstimo de R$242
        
        
          milhões junto ao BNDES.
        
        
          TCE d i z que E s t ado e s t á pagando v a l o r e s de s ne c e s s á r i o s , em impo s t o s , na con s t r ução da A r ena
        
        
          Go v e r no j á anun c i a no v o emp r é s t imo mi l i oná r i o j un t o ao BNDES