CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 23 A 29 DE MAIO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 4
APENAS MAIS UM
CALDO CULTURAL
Por João Manteufel Jr
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João Carlos Manteufel,
mais conhecido como João
Gordo, é um dos publicitários
mais premiados de Cuiabá
MAIO – LUTA CONTRA HOMOFOBIA
ABCDEF....GLS
Por Menotti Griggi
M n i G i
G
Menotti Griggi é
geminiano, produtor
cultural e militante incansável da
comunidade LGBTT
Para entender melhor a luta da
Comunidade LGBT é preciso que se
conheça um pouco da história e dos seus
motivos de luta ao longo de tantos anos
de opressão e luta contra a
HOMOFOBIA.
No dia 17 de maio de 1990, a
Assembleia Geral da organização
Mundial de Saúde, órgão da ONU,
retirou a homossexualidade de sua lista
de distúrbios mentais, tentando liquidar
mais de um século do que chamou
“homofobia médica”. Informa fonte do
governo estadual: “Os boletins de
ocorrência das delegacias do Estado do
Rio de Janeiro contarão com a opção
‘homofobia’ entre as possíveis motivações
para um crime”. A classificação desse tipo
de violência pela polícia é fato inédito no
Brasil. Discriminar gays, lésbicas e
transgêneros e matá-los com o aval da lei
ainda é fato considerado normal em
muitos países-membros das Nações
Unidas, se bem que organizações
encarregadas de cuidar dos direitos do
homem – como o próprio Comitê dos
Direitos do Homem e a Anistia
Internacional – condenem repetidamente
a discriminação com base na orientação
sexual e identidade de gênero.
Enquanto gente morre de fome e
inanição e guerras absurdas continuam
acontecendo, cerca de 80 países no
mundo ainda aprisionam pessoas cujo
grande delito é que sentem atração pelo
mesmo sexo. Nove deles punem com a
morte este “tremendo pecado”:
Afeganistão, Arábia Saudita, Emirados
Árabes Unidos, Irã, Mauritânia, Nigéria,
Paquistão, Sudão e Yemen.
Em 2005, a ILGA – sigla da
Associação Internacional de Gays e
Lésbicas – entidade que combate a
discriminação e luta pela igualdade de
direitos para a comunidade LGBT há 30
anos, liderou um movimento para criar
um dia no calendário em
que fosse exibido, com prioridade,
esse comportamento abjeto e absurdo.
Assim foi criado o IDAHO
– Dia Internacional contra a
Homofobia, celebrado por
mais de 40 países.
A Parada Gay que
acontece em São Paulo logo
na primeira semana de junho
é uma das maiores
manifestações no mundo da
comunidade LGBT, em que
se pontua de forma
veemente a luta contra o
preconceito e as ações que
são estabelecidas pelos
governos e os cidadãos e
cidadãs LGBTs.
Meu nome é João. Mas pode me
chamar de José, Antonio ou tantos
outros mil. Sou apenas mais um, na
violentada pátria amada e
idolatrada chamada Brasil.
Violência que vem
de tempos, desde
quando Cabral nos
descobriu guiado
pelos poderes dos
ventos, e com
bandeirantes, igreja,
gripe e descontento,
massacrou aqui uma nação.
Nação. Nação formada por
xavantes, xingus, txucarramães,
morubixabas insolentes perante o
fogo dos jesuítas. Que pela força ou
pela inocência trocaram a beleza por
espelhos e a liberdade pelo perdão.
Perdão. Palavra que assola a
cidadania, nos povoando com
ladrões, escravizando irmãos,
deixando a terra da vida vazia.
Capitanias hereditárias, feudalismo,
senzala, covardia. Exploração de
ouro, diamantes, pau-brasil, a favor
da diabólica monarquia, que
despertaram o desejo de
independência ou morte. Como Dom
Pedro e muitos outros anjos diriam,
acabaram com as riquezas, mas não
acabaram com a nossa esperança e
alegria. Alegria que não durou
muito tempo. Veio a república,
Getúlio, Juscelino, o golpe militar, a
tal da Guerra Fria. E o Brasil ainda
não era nada daquilo que a gente
queria. Plano Funaro, os dois
Fernandos, a esperança venceu o
medo, e o barbudo, quem diria,
transformou nosso país em refém da
hipocrisia. Hipocrisia que apodrece
todas as instâncias, Granja do Torto,
Piratini ou Casa Branca, onde a
insanidade se confunde com o
próprio medo, onde números,
grades e códigos escondem os mais
negros segredos, segredos que
regem o mundo como uma divina
comédia, recheada de amargos
temperos. Mundo, planeta água,
planeta terra. Mundo que nos
fornece matéria-prima e agora tenta
se livrar do câncer, com tsunamis,
secas na Amazônia, Katrinas. Efeito
da produção em massa, da
burguesia
minoria, do
relógio Rolex,
casaco de pele,
terno Armani,
sorriso perfeito,
com combustível
cocaína,
vendendo indultos em todas as
esquinas, sustentando o caos à base
da anarquia, onde na favela
traficantes são deuses e no asfalto,
o calmante da família. Anarquia do
medo, anarquia da fome, anarquia
do fim. Onde carros blindados são
vítimas de si mesmos, com
secretárias prostitutas e mulheres
cheias de joias nos dedos,
sustentando o morro com o vício
que domina, olhando o moleque na
rua, fome no prato, a noite vazia.
Deixando pro resto apenas o
desdém. Sou esse menino e meu
nome é João. Mas podem me
chamar de Zé. Zé ninguém.