CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 9 A 15 DE MAIO DE 2013
OPINIÃO
P
G
2
ENTRE ASPAS
EDITORIAL
Pela hora da morte
Presidente do Conselho Editorial:
Persio Domingos Briante
CIRCUITOMATOGROSSO
Diretora-executiva:
Flávia Salem - DRT/MT 11/07- 2005
Tiragem da edição 436 auditada
por PWC de 23.350 exemplares
Propriedade da República Comunicações Ltda.
Editor de Arte:
Glauco Martins
Revisão:
Marinaldo Custódio
Reportagem:
Mayla Miranda,
Rita Anibal e Débora Siqueira
Fotografia:
Pedro Alves
Editora:
Sandra Carvalho
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PERSEGUIÇÃO
Daltinho perde vaga por criticar Silval
Teté Bezerra foi obrigada a deixar a Sedtur, a contragosto, para assumir a vaga na Assembleia.
Por: Débora Siqueira e Sandra Carvalho. Foto: Reprodução
Inconformado com a
má gestão dos recursos
públicos, inclusive
apontadas pelo Tribunal de
Contas do Estado (TCE), o
suplente de deputado
estadual Adauto de Freitas,
o Daltinho, do PMDB,
acabou sendo enxotado da
Assembleia Legislativa, onde
ocupava a vaga da
deputada Teté Bezerra, que
estava no comando da
Romoaldo confirma ‘castigo’
O líder do governo
na Assembleia Legislativa,
Romoaldo Junior (PMDB),
assume que o retorno da
peemedebista Teté
Bezerra à Assembleia
Legislativa foi resultado
do pedido de
providências em relação
ao comportamento
‘kamikaze’ do suplente de
deputado Adauto de
Freitas (PMDB), que
disparou críticas
contundentes contra o
próprio governo dirigido
pelo seu partido.
Romoaldo disse que a
situação estava ficando
insustentável pelo
comportamento de
Daltinho. “Me senti na
obrigação de líder do
governo de pedir
providências ao
governador. A deputada
Teté é uma pessoa mais
centrada”, comentou.
O líder disse que o
deputado tinha de ter mais
comprometimento com o
partido. Ele já havia
conversado umas três
vezes com o deputado,
que havia reclamado da
falta de apoio de Silval
Barbosa durante sua
campanha a prefeito de
Barra do Garças em
2012.
A possível expulsão
de Daltinho do partido
será discutida no diretório,
contudo Romoaldo acha
que não será preciso
porque Daltinho já havia
sinalizado o desejo de
mudar de legenda.
Secretaria de Estado de
Turismo. Depois de emitir
nota afirmando que não
voltaria à AL, Teté reassumiu
sua cadeira às pressas,
atendendo ordem da cúpula
do PMDB, disposta a dar
“um corretivo” no
correligionário. Na semana
passada, Daltinho assinou
duas CPIs contra o governo
e acusou o governador Silval
Barbosa de fazer uma
administração incompetente,
com desmandos e com fortes
indícios de corrupção devido
a uma “onda avassaladora
de denúncias”.
Daltinho apontou vários
casos, dentre eles a
cobrança de propina para a
liberação dos incentivos
fiscais na Secretaria de
Indústria, Comércio, Minas e
Energia (Sicme) denunciada
pelo
Circuito Mato
Grosso
. “É mais um indício
de corrupção recente, que
não se investiga,
provavelmente para não
expor o mar de lama no
qual está mergulhado o
governo, porque, além
deste, muitos outros casos
suspeitos têm sido trazidos a
público constantemente”.
Outros casos suspeitos,
motivo de reportagens no
Circuito
, também foram
lembrados por Daltinho
como as intenções do
governo em relação à
terceirização da cobrança da
dívida ativa, a não inclusão
da Arena Pantanal no
programa Recopa, o que faz
o Estado perder benefícios
fiscais, e superfaturamento
do programa MT Integrado.
O suplente de deputado
também citou o escândalo
do Detran, que trocou
policiais aposentados na
Segurança para contratar
vigilantes a custo entre R$
4.836,00 e R$ R$
11.095,11 cada.
Da l t i nho de Fr e i t a s d i s s e t e r de i x ado a
As s emb l e i a com a ce r t e z a do de v e r cump r i do
“Agora somos duas
Bezerras. Não sou a
única musa, divido o
título com você, Teté.”
Luciane Bezerra (PSB), deputada
estadual, dando boas-vindas a
Teté Bezerra (PMDB), que
reassumiu às pressas a vaga na
Assembleia para evitar que
Daltinho abrisse mais o bico.
“Estamos relatando apenas
escândalos envolvendo o governo
ocorridos nas duas últimas semanas
para que se tenha a dimensão do
elevado grau de incompetência,
desmandos e indícios graves de
prática de corrupção em Mato
Gros so. ”
Deputado Adalto de Freitas (Daltinho-
PMDB), que foi arrancado do cargo pelo
partido de Silval Barbosa num perfeito ‘cala
a boca’ contra as mazelas do governo.
“Podemos perder toda nossa
capacidade de investimentos e
ainda o poder de atrair
desenvolvimento da iniciativa
privada. Não se pode tratar com
igualdade os desiguais. Estamos
distante dos grandes centros
consumidores, com problemas
logísticos de difícil solução.”
Secretário de Estado de Fazenda,
Marcel Souza de Cursi, declarando-se
contra a unificação do ICMS e já
adiantando que nem o MT Integrado
do Silval dará jeito nas estradas.
“Quem está financiando a Copa do Mundo é o Governo
Federal e não o Estado. Nós é que estamos pagando as contas.
Depois não vai sobrar nada e vamos ficar ao deus-dará.”
Prefeito de Paranatinga, Vilson Pires (PRP), denunciando que os cortes feitos
nos repasses da saúde aos municípios aconteceram para que o governo
Silval destinasse mais verbas para a Copa.
“Isto não passa
de um equívoco
da Justiça.”
José Riva (PSD),
ao ser destituído
da presidência da
Assembleia
Legislativa pelo
Tribunal de Justiça
e se esquecendo
de que ainda há
mais 164
processos a serem
julgados.
“Tudo deve ser transparente e o governo deve
prestar contas ao cidadão, pois o Estado está
deixando ou renunciando pagamentos que devem
ser revertidos para melhorar a qualidade de vida
do c i dadão ma t o-gros sense . ”
Procurador geral do Ministério Público de Contas, William
de Almeida Brito Júnior, sendo incisivo de que o governo
deve divulgar as alíquotas concedidas em incentivos fiscais
às empresas.
A morte de um jovem motociclista de 21 anos, vítima de
atropelamento, que poderia ter sua vida salva caso o motor da
viatura do Samu não tivesse fundido durante o resgate, é o mais
triste reflexo da má gestão dos recursos públicos em Mato
Grosso. Licitações milionárias para locação de veículos, pelo
visto, não têm garantido viaturas oficiais nem mesmo nos
serviços essenciais, quanto mais na urgência e emergência. E a
possibilidade de o Estado chegar a 2014 com um déficit de R$5
bilhões caso as rédeas da gestão não sejam retomadas atesta a
necessidade de o governador Silval Barbosa manter a torneira do
Tesouro fechada. A gritaria de deputados e secretários pelo fim
da centralização dos recursos na Secretaria de Estado de
Fazenda cresce e cresce também o movimento pela substituição
de Marcel de Cursi na pasta. Afinal, não está sendo mais
possível torrar o dinheiro do governo a ponto de crianças ficarem
sem escolas e cidadãos morrerem na porta de hospitais
públicos, como ocorre atualmente. A situação está tão caótica
em Mato Grosso que não há viaturas para salvar vidas, nem
para buscar corpos de vítimas de toda a sorte de violências. No
meio da guerra declarada de poderes, o povo, o verdadeiro
patrão dos políticos que – com raras exceções – só olham para o
próprio umbigo.