CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 2 A 8 DE MAIO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 2
INCLUSÃO LITERÁRIA
Por Clovis Mattos
TENDÊNCIAS
Por Edmilson Eid
Edmilson é arquiteto e
festeiro oficial da
Praça Popular
A VOCÊ TRABALHADOR
30 CENTÍMETROS
Rosemar Coenga é
doutor em Teoria Literária e
apaixonado pela literatura de
Monteiro Lobato
ALA JOVEM
Por Rosemar Coenga
r
n
CAIO FERNANDO ABREU COM TODAS AS LETRAS
HOMEM DE FERRO 3
Caio Porto Moussalem é
cinéfilo profissional... e sociólogo
nas horas vagas.
ARTE NÚMERO 7
Por Caio Porto Moussalem
o
a
Clóvis é historiador e
Papai Noel nas horas vagas
NICOLE BECKER
Acordou decidida que
encontraria uma nova
paixão. Como se fosse fácil
decidir quando, onde,
apenas conhecia o porquê.
Tudo parecia parado, além
do normal, os segundos não
se movimentavam no
relógio. Sabia que o tempo
passava pelas marcas que
fazia de dentro pra fora do
peito, intimamente, era uma
súplica por um beijo quente,
que tirasse os pés do chão,
que a fizesse devanear, se
sentir mais bonita, mais
mulher. Levou uma vida
muito recatada, apesar do
fogo que lhe percorria, teve
poucos homens e dentre
estes muito poucos que
realmente valeram a pena o
beijo, o sexo, o namoro, ou
qualquer coisa que pudesse
se rotular. Nunca se casou,
porque se cansava antes que
pudessem sequer propor
algo mais sério, parecia que
a esse ponto o tempero da
relação ou a temperatura da
mesma eram quase nulos,
mais uma amizade que a tal
coisa chamada romance.
Queria algo simples,
objetivo, uma paixão lhe
bastava, não queria fazer
planos para o futuro, pois há
muito tempo não acreditava
que havia sido contemplada
com a sorte do amor, queria
o prazer pelo prazer, sem
cobranças, sem entregas,
apenas cama.
Vestiu uma minissaia
dessas que não se pode
dizer que não a deixariam
frequentar a maioria dos
lugares, mas, sem sombra
de dúvidas, não era uma
roupa super comportada -
30 centímetros de tecido-
preto. A camisa branca de
renda nas mangas e o
casaco de lã até os joelhos
era tudo o que vestia. Tudo -
e mais nada. Queria se
permitir viver o desejo lascivo
e incontrolável, não
suportaria outra noite de
solidão. Entrou num pub
exatamente às 22:00 horas,
pronta para caçar, pois se
sexo é poder e poder é força
não mediria suas armas, já
estava despida de toda
moral coercitiva.
Pediu uma taça de
carmenere e uma porção de
amendoins. Antes mesmo
que pensasse em tirar seu
casaco, um belo moreno se
aproximou e prontamente se
ofereceu a livrá-la daquele
excesso de roupa. No fundo
não sabia se tinha tirado a
sorte grande, ou se era o
vinho já estava fazendo
efeito, foi quando disse a si
mesma, baixinho, que
pagaria para ver qual a do
rapaz. Quase antes de
terminar a primeira taça e
pedir a segunda percebeu os
olhares vorazes daquele
homem, que não se fazia
misterioso, parecia até ser
uma boa pessoa, mas o
relógio, que nunca se movia,
parecia girar rapidamente, e
a noite, que não é uma
criança coisa nenhuma,
poderia descambar para
coisa nenhuma.
Depois de entornar
metade da segunda taça
resolveu que iria direto ao
ponto, e numa cruzada de
pernas, daquelas de tirar o
fôlego, perguntou ao “alvo”
se ele não gostaria de ir a
um lugar mais reservado.
O resto do vinho ficou
no balcão. Os amendoins
nem foram tocados. A conta
não foi paga por
ela...Saíram de mãos dadas,
tesos, derretendo o cimento
do asfalto até chegarem ao
quarto de motel.
A taça que ela buscava
preenchimento usufruiu uma
noite inteira de intensos e
libidinosos vinhos e licores,
onde se revelaram fantasias,
taras, deliciosos gozos que
descongelaram os ponteiros
dos segundos, fizeram os
minutos voarem e as horas
escorrerem por aqueles
corpos. Amanheceu e sequer
sabiam seus nomes,
inebriados por terem sido
apenas objetos carnais um
do outro, onde caça e
caçador alternaram-se sem
qualquer pudor. E estava
viva na lembrança a
intensidade de suas línguas,
no ato de descobrirem-se,
assim como os toques, tanto
que ainda os fazia vibrarem
por um simples gole do café
expresso na boca, fruto de
uma vontade louca de
repetirem aquela noite outra
vez.
NICOLE BECKER
Engenheira e escritora
Homem de Ferro 3
,
de Shane Black, é –
contando com
Os
Vingadores
– a quarta
vez em que Robert
Downey Jr. faz o papel
que o retirou do
ostracismo. Dessa vez,
Tony Stark/Homem de
Ferro (Downey Jr.) está
sofrendo de Transtorno
de Estresse Pós-
Traumático, uma
consequência da
invasão alienígena –
retratada em
Os
Vingadores –
que quase
destruiu o planeta.
O centro de
gravidade desse filme é
o relacionamento entre
Stark e Pepper Potts
(Gwyneth Paltrow), gerente geral da Stark Industries. O
distanciamento entre eles, causado pelas excentricidades
de Stark e pela seriedade com que Potts conduz a
empresa, fica cada vez mais claro. Os problemas se
acentuam quando Potts se aproxima de Aldrich Killian
(Guy Pearce) e vão ao teto com a chegada de um
terrorista internacional chamado Mandarin (Ben Kingsley),
que ameaça tudo o que Stark mais ama.
Homem de Ferro 3
é muito divertido, mas sofre com
o excesso de expectativas desde a união dos principais
super-heróis da Marvel. Algumas escolhas do roteiro se
mostram inconsistentes, mas o filme se segura na química
entre os excelentes atores. Ben Kingsley está
absolutamente genial como vilão; Guy Pearce traz uma
boa dose de maldade em uma atuação exótica; Paltrow
está mais segura do que nunca como Pepper Potts; mas é
– de novo – Robert Downey Jr. quem se sobressai,
deixando claro que ele é simplesmente insubstituível no
papel do Homem de Ferro.
O filme é puro entretenimento e, mesmo deixando
um pouco a desejar, vale cada centavo gasto com o
ingresso e a pipoca.
Nascido em
Santiago do
Boqueirão (RS), foi
escritor, jornalista,
estudante de letras e
artes dramáticas na
UFRGS, sendo
apontado como um
dos expoentes de sua
geração. Trata-se de
um escritor que
questiona a
problemática das
grandes cidades, no
tocante ao indivíduo:
solidão,
marginalidade,
clandestinidade, a
cura para o
“irremediável” são
temas comuns à literatura de Caio Fernando
Abreu.
Suas principais obras são
Morangos
mofados
(1982),
Triângulo das águas
(1983),
Onde andará Dulce Veiga
(1990). Viveu
intensamente, passou por todas as experiências
possíveis e inimagináveis e faleceu cedo, em
1996, vitima da Aids.
“Além do ponto e outros contos” (2009) foi
publicado pela Editora Ática e os contos desta
coletânea foram selecionados e organizados por
Luís Augusto Fischer. Um aspecto que se destaca
nos contos desta antologia, de modo explícito
ou tênue, é a problemática da solidão, o
desespero, a desilusão, o afeto inesperado.
Caio Fernando trabalha, em seus contos, os
impasses vividos por uma geração que sofreu
muito, mas que também amou muito.
Criador de uma literatura corajosa, o autor
enfrentou os estigmas de seu tempo e fez uso de
uma linguagem que mistura prosa e poesia,
rompendo com os padrões. Dentre os diversos
aspectos que se destacam nas 15 histórias desta
antologia temos a problemática da solidão e a
incomunicabilidade em
Linda, uma história
horrível,
em que um rapaz adoentado tenta se
abrir com a preconceituosa mãe e não consegue;
Triângulo amoroso: variação sobre o tema
, que
narra a relação trágica da solitária menininha
com seu gato de estimação;
Sob o céu de
Saigon,
que relata os desencontros juvenis numa
grande cidade. Por vezes, a solidão traz
lembranças ternas e tristes, do primeiro amor,
como acontece com o narrador de
O destino
desfolhou.
E, ainda, a história do homem que
tenta dizer o que nunca disse na partida da
mulher em
Para uma avenca partindo.
Em todos
os casos, o bloqueio, a frustração, a
impossibilidade de comunicação. É disso que nos
falam suas admiráveis histórias.
Hoje a Coluna
Tendências
é dedicada a
todos os trabalhadores
da construção civil, anjos
que fazem nossos
projetos se
transformarem em
realidade.
Neste dia 1º de maio
comemora-se, não só no
Brasil como em vários
países, o Dia
Internacional dos
Trabalhadores, inspirado
em conquistas como
salário mínimo, férias e
demais direitos
trabalhistas.
Com seu suor,
homens e mulheres,
trabalhadores que
enfrentam humilhações,
muitas vezes mal
remunerados, mal
orientados e
desamparados, ainda
assim não se cansam de
batalhar, ter fé e lutar
pelo pão de cada dia.
A paisagem urbana
de Cuiabá se transforma
num novo cenário onde o
futuro e a modernização
se destacam neste tempo
de renovação e
crescimento.
Por trás de todo este
espetáculo, nos bastidores
estão eles, nossos
trabalhadores incessantes
na sua luta do dia a dia,
seja com sol escaldante
ou com chuvas e
temporais que acontecem
na nossa cidade
repentinamente.
A todos vocês,
mestres, pedreiros,
serventes e auxiliares,
nossos sensatos
agradecimentos por um
trabalho tão árduo e que
fazem com tanto amor e
dedicação. Parabéns pelo
seu dia, o Dia do
Trabalhador.
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