CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 18 A 24 DE ABRIL DE 2013
OPINIÃO
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Persio Domingos Briante
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Flávia Salem - DRT/MT 11/07- 2005
Tiragem da edição 428 auditada
por PWC de 23.232 exemplares
Propriedade da República Comunicações Ltda.
Editor de Arte:
Glauco Martins
Revisão:
Marinaldo Custódio
Reportagem:
Camila Ribeiro, Mayla Miranda,
Rita Anibal e Débora Siqueira
Fotografia:
Pedro Alves
ENTRE ASPAS
EDITORIAL
AL aprova quase tudo...
Editora:
Sandra Carvalho
CASO CAB
Câmara e Prefeitura da capital, inertes
Vereadores criticam concessão, mas na prática abastecimento continua ineficiente em toda a cidade.
Por: Sandra Carvalho e Diego Frederici. Fotos: Pedro Alves
A falta d’água é um
problema generalizado em
Cuiabá. Em todas as
regiões, do Coxipó ao CPA,
há relatos de moradores e
comerciantes que reclamam
da inconstância do
abastecimento e, quando ele
ocorre, a água não tem
força suficiente para encher
as caixas. A situação se
repete em bairros mais
humildes e nos de classe
média e alta. Enquanto isso,
silêncio na Câmara
Municipal e no Palácio
Alencastro após o verdadeiro
carnaval que foi feito no
início do novo mandato em
torno do contrato de
concessão com a CAB
Ambiental, inclusive sob
ameaça de rompimento. O
alarde feito pelos políticos
sob o pretexto de encontrar
uma solução para a falta de
água não passou de
improdutivas audiências
públicas.
Enquanto isso, dados
da Superintendência de
Defesa do Consumidor de
Mato Grosso (Procon-MT)
revelam um aumento em
186% no número de
reclamações quanto ao
abastecimento de água na
cidade. Já são 1.402
queixas de abril de 2012 a
abril de 2013, primeiro ano
de atuação da CAB, contra
490 reclamações no mesmo
período entre 2011 e 2012.
Para atestar o grau de
insatisfação da população
cuiabana, pesquisa
realizada pelo Instituto Vetor,
e divulgada esta semana,
mostra que apenas 7,8% dos
entrevistados veem melhoria
no saneamento contra 92,2
insatisfeitos com os serviços.
Um dos consumidores
afetados pela ineficiência do
serviço é Pedro Tarcisio,
proprietário de uma loja de
materiais de construção no
bairro Leblon, que conta seu
drama. A rotina estressante
de empresário – em meio a
tomada de decisões,
impostos a pagar – seria
amenizada se problemas
que estão além de suas
responsabilidades fossem
resolvidos por aqueles que
prestam e cobram por um
serviço de qualidade
duvidosa. O empreendedor
fala que já chegou a ficar
quase uma semana sem
água.
“Aqui vem água um dia
e ficamos seis dias sem.
Tenho uma caixa reserva de
5 mil litros que ajuda em
meu cotidiano. Mas e quem
não tem? Além disso, mesmo
com ela, já fiquei três dias
sem água, nem na torneira
nem estocada, e ninguém da
CAB ou da prefeitura dá
nenhuma satisfação”, disse o
comerciante.
Mas quando o assunto
é má prestação de serviços
públicos, logo vêm à mente
bairros carentes ou partes da
cidade mais afastadas do
centro. Só que em Cuiabá o
problema da falta d’água
atinge todas as classes
sociais – pelo menos as que
utilizam a CAB como
fornecedor de água potável
para as torneiras de suas
residências.
No Residencial Monte
Negro, próximo à rodovia
Emanuel Pinheiro, no Parque
das Nações, a grande dor
de cabeça dos moradores é
a pressurização fornecida
pela concessionária de
saneamento. A água não
tem força suficiente para
encher as caixas das casas,
fazendo com que seus
moradores utilizem bombas
para completar o serviço, o
que é ilegal.
“Moro aqui há 50 dias
e não me lembro de um
único dia sequer de ter visto
minha caixa d’água cheia
sem precisar utilizar a
bomba. A realidade deste
condomínio é esta: quem
usa bomba tem água dentro
de casa e quem não tem fica
sem”, disse Clarito Júnior,
morador e síndico do
condomínio.
Mas o residencial, que
tem moradores de classe
média, também possui
deficiências no fornecimento
do serviço. De acordo com
Clarito, a interrupção do
abastecimento é constante
não apenas no Monte
Negro, mas em conjuntos
vizinhos, como os
residenciais San Marino e
Mônaco. “Toda essa região
apresenta esse problema,
não apenas aqui. O
fornecimento também é
inconstante. Na semana
passada, ficamos seis dias
sem água. Mas os
moradores daqui chegaram
a ficar três semanas sem o
serviço”, afirmou ele.
“Não podemos
nos dividir
entre Turma do
Sim e Turma do
Sim Senhor.”
Allan Kardec (PT),
vereador de
Cuiabá, cobrando
independência ao
Executivo nas
decisões da
Câmara
Municipal.
“Não tive acesso a esse relatório de 2011, mas não tenho dúvidas de que, a
cada ano que passa, nosso Estado está evoluindo. Essa conta de R$200 mil
por emprego não procede, não está claro.”
Secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme), Alan Zanata, demonstrando
desconhecer o relatório sobre incentivos fiscais, apresentado pelo TTCE em 2012,
referente a 2011, mesmo tendo sido empossado secretário no início do ano.
“Nós consideramos os pagamentos
antecipados de esquadrias da Arena Pantanal
como ilegais, porque isso não está previsto
no edital nem no contrato. Isso não significa
desvio ou malversação dos recursos, mas
apenas que é ilegal.”
Conselheiro Antônio Joaquim, relator das contas no
TCE, mostrando que de ilegalidade em ilegalidade a
Secopa pode chegar lá.
“Nossa finalidade não é cobrar. Não
estamos aqui para impedir a Copa.”
Valmir Campelo, ministro do Tribunal de
contas da União e relator de fiscalização das
obras da Copa do Mundo, provando que as
construções finais dos estádios vão virar “Casa
da Mãe Joana”.
“Jamais poderia ficar em silêncio sobre o
tema, porque o governo de Mato Grosso
destruiu de forma criminosa o antigo
Estádio Verdão, um patrimônio avaliado em
R$250 milhões.”
Adalto de Freitas, deputado estadual do PMDB,
mesmo partido do governador Silval Barbosa, em
sua primeira incursão como “oposicionista”.
“O Romário entende muito de futebol, mas não entende
nada de obra para ficar dando palpite na Arena Pantanal, que é
uma obra que vai terminar muito bem.”
Líder do Governo na Assembleia Legislativa, Romoaldo Júnior (PMDB), utilizando-se do
questionamento feito pelo CIRCUITO MT, quando da vistoria pelo TCU, sobre frase de
Romário de que “próximo à Copa do Mundo aconteceria o maior roubo da história!”
Con t i nua f a l t ando água em d i v e r s a s r eg i õe s da
c i dade e a CAB f a l a em r ea j us t e da t a r i f a
Bastou o Executivo apertar a torneira da Conta Única para a
Assembleia Legislativa ameaçar a amizade com o governador
Silval Barbosa e sair em defesa do fim do decreto que deu
superpoderes à Secretaria de Estado de Fazenda. Verdade: os
deputados se rebelaram. Mas estão prontos para aprovar a
prorrogação de incentivos fiscais que não geram empregos e
beneficiam poucas e grandes empresas e para cortar pela
metade a verba da saúde repassada aos municípios. A
Assembleia também parece não enxergar que a educação vai de
mal a pior nas mãos do PT e que a saúde está falida nas mãos
do PP. O importante mesmo é ter um vice-governador
superpoderoso e uma Casa de Leis que consome R$12 milhões
por ano em combustível, o suficiente para 500 voltas ao redor
do planeta Terra. Ah! E ter o comando de algumas secretarias
com gordos orçamentos também é bem interessante para manter
as rédeas do Executivo. No meio dessa briga para garantir
repasses religiosos na conta da Assembleia, o cidadão mato-
grossense peregrina em busca de assistência à saúde, jovens
estudam em ambientes deprimentes, servidores trabalham
desmotivados e ainda são obrigados a assistir à mais deslavada
propaganda enganosa anunciando reajuste de 85% para os
profissionais da educação.