CULTURA
Por Luiz Marchetti
Fotos: Divulgação
Luiz Marchetti é
cineasta cuiabano,
mestre em design em arte
midia, atuante na cultura de
Mato Grosso e é careca.
CUIABÁ, 7 A 13 DE MARÇO DE 2013
EXPANSÃO
Nesta quinta dia 14 de março A
CASA DO PARQUE
terá a primeira
exposição de uma artista em sua galeria:
ALESSANDRA MASTROGIOVANNI.
A vernissage de
EXPANSÃO
será às 19h,
com entrada franca. Você está convidado!
INFO: Ateliê da artista (67) 3255 4173 e (67)9109 6071)
A CASA DO PARQUE: 2ª a sab. - 10h às 22h |
PACTO
entre o teu signo e o meu
existe uma possibilidade
de veneno
umas tintas de vermelho
meu moreno
e se a paixão há de ser provisória
que seja louca e linda
a nossa história.
(Bruna Lombardi)
CASA SUSPEITA
talvez eu quisesse ser teu lado mais bonito
a parte da tua história mais repleta, plena
a coisa certa
de uma forma tão serena, tão doce
mas que ao mesmo tempo fosse
selvagem e obscena, violenta até.
que o ódio está sempre contido na paixão
e se eu tenho uma paz toda que me enfeita
trago uma casa suspeita dentro do coração
trago um crime que cometi ou que vou cometer
e jogo contra mim, jogo contra você
vivo do perigo de te fazer enlouquecer
no eterno dilema de ser e não ser
ando na beira do que pode acontecer
e morro de medo de te perder.
(Bruna Lombardi)
MOTO-CONTÍNUO
Eu não sabia o que fazer, e abri a blusa.
Mais tarde eu ia dizer: foi sem pensar.
Ele me achou desnorteada, confusa,
Como acharia qualquer mulher que abre a blusa
E faz tudo que eu fiz só pra agradar.
Minha cabeça não era mesmo muito certa.
Mulher esperta eu nunca fui, mas deveria
Saber me colocar no meu lugar.
Não adiantava nada, eu era assim desatinada,
O tipo de mulher que faz as coisas sem pensar...
Você agora, me ouvindo contar essas histórias,
Talvez me ache também um pouco confusa.
E eu, que faço tudo pra agradar,
Já sem saber o que fazer, abro minha blusa,
Como faria qualquer mulher confusa emmeu lugar!”
(Bruna Lombardi)
O DIA DA MULÉ
Talvez por termos pela primeira vez
uma mulher como presidente, talvez mais
uma virose da cultura consumista, o Dia
Internacional da Mulher tomou uma
proporção política e social de extremo
impacto na agenda mundial. Como no
período consumista do Natal, eu prefiro
buscar o lado bom dessas invenções,
insistir em ver que algo inteligente brota
também atrás do ritual popularesco e
idiota que costura a agenda cultural com
que somos obrigados a lidar em março. E
o lado bom é ótimo. É legal abraçar
minhas mulheres, minha mãe, minhas
amigas, tias e todas aquelas com quem
cruzo no dia delas. Recentemente tive a
honra de rapidamente me apresentar à
CORONEL LILIAN TEREZA
VIEIRA DE
LIMA
aqui em Cuiabá, a primeira mulher
mato-grossense a assumir a patente de
coronel da Polícia Militar e comandante
geral adjunta, nossa primeira coronel, e
realmente fiquei emocionado com a
conquista dessa igualdade profissional.
Num mundo cristalizado por culturas
antigas, acompanhar essas conquistas
são brisas de alívio. Em pleno momento
religioso, quando a mídia e o mesmo
povo que crucificou Jesus e salvou
Barrabás se preocupam com a liderança
de uma instituição política e econômica
que proíbe liderança feminina, eu torço, e
muito, pela liderança feminina.
Fica
aqui o PARABÉNS do CULTURA EM
CIRCUITO para todas as nossas
leitoras, para nossas cronistas,
nossas parceiras e colaboradoras
.
Tento ao máximo responder e-mails e
sugestões e reafirmo: o CULTURA EM
CIRCUITO é escrito por todas vocês que
mandam textos e ideias.
Para celebrar o 8 de março minha
sugestão são poesias e o show do
cuiabano
JOANDRE CAMARGO,
radicado na França há 11 anos.
Como constantemente promovo
autoras regionais, hoje volto ao passado
em busca de uma intelectual de outra
região que muito me influenciou: a atriz e
escritora Bruna Lombardi. Escolhi aqui
três de seus poemas para emoldurar
Joandre, o Doutor em Música pela
Universidade de Toulouse e pela
Universidade Federal da Bahia. Quer
mistura melhor que uma música com
raízes numa França baiana? O pianista,
guitarrista e cantor traz repertório com
obras de Tom Jobim, Pixinguinha, Chico
Buarque, Milton, Edith Piaf, Charles Trenet
e Henry Salvador. Depois de
apresentações em Amsterdam, Toulouse,
Estocolmo, Bordeaux, Salvador, Bruxelas,
Guadalupe, Port of Spain, Caribe,
Joandre Camargo
se apresenta no DIA
INTERNACIONAL DA MULHER na CASA
DO PARQUE, às 21h, com couvert
artístico de 20 reais. Está aqui o convite
para uma noite que merece ser sua, pra
cantar junto entre goles de alegria. A
Casa do Parque é um espaço de arte
irreverente, cool, nesta sexta dia 8 vá e
chame os amigos, vai ser muito legal.
INFO E RESERVA: CASA DO PARQUE
(65 )3365 4789 e 9997 4858
INFO COM O ARTISTA JOANDRE
CAMARGO : (65)3321 4782.
POR QUE PRECISAMOS FALAR SOBRE KEVIN ESPADA?
Neste final de semana fui à sorveteria
mais barata e popular de Cuiabá tomar
um sorvete e a televisão na parede estava
ligada. Um entra-e-sai de casa lotada
com apenas três pessoas olhando para a
tela com futebol. Era visível o ódio de um
deles toda vez que alguém passava na
frente da TV, uma tensão alimentada com
respiração presa, ali em plena sorveteria
alegre no final da tarde de domingo, com
crianças e jovens falando sobre indecisos
sabores. No fundinho, entre casquinhas,
lambidas e banana-splits, um olharzinho
tenso, concentrado em ver e ser visto como
concentrado. Há orgulho em ser tenso
nesses casos, porém esse e qualquer tipo
de fanatismo não deve nunca ser orgulho
de ninguém. Eu não tenho fanatismo pelas
artes, por cultura alguma, por cinema
nem por nada, nem porque tenha
estudado e vivido décadas de minha vida
na pesquisa e no amor por esses temas.
Todo e qualquer fanatismo é
DOENÇA e deve ser tratado e sentido
como um desequilíbrio que merece ser
encarado de frente e superado. Nem por
humor, nem quando vem do seu chefe, do
seu patrão ou de sua mãe. Não admire,
não entre nessa. A fraqueza na
capacidade de ver a totalidade, a falta de
O que mais aprendi com a mulher mais importante de minha vida.
outros ângulos numa vida é sempre um
escapismo barato e POPULARESCO na
intenção de equilibrar uma ausência. É
doença cultural. Eu respeito os fanáticos
como respeito os drogados, os obesos, os
anoréxicos, os consumistas, os alcoólatras,
os religiosos e os viciados em sexo. Esses
desequilíbrios em diversas culturas atuais
ganham amparos perigosos, são tratados
com humor e um certo carinho familiar,
porém mais cedo ou mais tarde alguns de
seus cultores pisam na bola e toda essa
energia extrema se converte em algo
prejudicial, na maioria das vezes para eles
mesmos, até o dia em que, na cegueira
desta doença que uns chamam de paixão,
explode (acidentalmente?) para alguém
próximo.
Na Bolívia, um adolescente, com seu
primo, foi assistir um jogo de futebol. Era
a pela primeira vez que Kevin saía de sua
cidade para assistir seu time, o San Jose.
Um outro jovem vindo do Brasil levava na
mochila para a BOLÍVIA um sinalizador
marítimo, olha que fofinho, um
sinalizadorzinho desses de explodir em
caso de naufrágio, de perda de rumo.
Depois do massacre de Santa Maria, deste
assassinato/acidente num jogo de futebol,
até quando os frequentadores da noite,
dos esportes e das artes seguirão
buscando esta urgência absurda de
glamourização, agregando na histeria
coletiva um desespero visual pelo perigo
onde somente o que importa é o show? O
fanatismo coletivo tem uma necessidade
constante de ato orgástico, de céu em
chamas e cores pra
testosteronear
clímax.
Mas vamos tentar responder: só o que
importa é o visual? Se o fanatismo é
doença, por outro lado essa ânsia podre
por imagem explosiva deve acabar
independentemente se os fanáticos
queiram ou não. Na maioria das vezes, a
acústica está uma merda, o lugar é
apertado, a recepção e o staff são
péssimos, mas se a foto do evento ficou
forte para o registro no celular então
ninguém reclama. Uma vez que é
impossível retirar o álcool, as drogas, a
violência da nossa cultura atual, devemos
minimizar esses riscos disfarçados de
ejaculações alegóricas, proibir a presença
de
perigos espetaculares
, inibir fogos,
entrada de vidro, de armas e qualquer
tipo de riscos para os eventos. Sou
extremamente a favor de copos plásticos,
sou a favor de que todos os
frequentadores sejam SEM-PRE revistados
porque, por mais bem-intencionado que
você saia na noite, há sempre um fofinho
idiota querendo explodir o planeta com
suas súbitas e ótimas intenções. Trabalho
em diversos eventos e percebo que
qualquer tipo de concessão para uma
performance mais espetacular e colorida
tende muitas vezes a virar dor e destruição.
E essa doença cultural não deve ser
responsabilidade apenas dos psiquiatras,
dos gestores e dos produtores, mas os
professores, os pais de família devem
discutir o que aconteceu com Kevin.
PRECISAMOS FALAR SOBRE KEVIN’
,
como vocês sabem, é inclusive o nome de
um livro e de um filme homônimo
premiadíssimo que merece sua leitura e
visão. Todos os papais devem bater um
papo com seus filhotes apaixonados ou
não pelo esporte e pelas anomalias que
culturas equivocadas assinam como
manifestações de amor ao time/religião/
cultura.
Sobre Kevin Espada, a decisão de
vetar fogos de artifícios foi aprovada por
unanimidade pela Fifa, porém não
criaram nenhum tipo de punição, nem
medidas preventivas no alinhamento das
competições com esta norma. Ou seja,
ficou tudo apenas na incompetência
unânime.
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