CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 7 A 13 DE FEVEREIRO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 4
COM QUE CORPO EU VOU?
Por Soraia Fava
Soraia Fava é Educadora
Física, faz Gestão e
Treinamento, é pisciana e
conectada com seus sonhos!
VIDA GAY NO ARMÁRIO, ATÉ QUANDO?
CARNAVAL
ABCDEF....GLS
Por Menotti Griggi
Menotti Griggi é
geminiano, produtor
cultural e militante incansável da
comunidade LGBTT
Com a proximidade do carnaval, as
academias começam a ficar lotadas
devido à grande procura dos usuários
para poder “entrar em forma para o
carnaval”. O aumento pode chegar a
mais de 50%. Na ânsia de entrar em
forma, as pessoas querem sempre o
resultado para ontem e ainda
embarcam em dietas loucas e restritivas.
O resultado quase sempre frustrante e
ilusório pode fazer com que as pessoas
desistam de vez de aderir à atividade
física. É muito importante que a
academia e os
professores que
realizam o
atendimento
estejam
preparados
para receber
um grande
número de
pessoas que
chegam com
essa proposta.
Uma conversa
sincera, franca
e esclarecedora
pode fazer com
que as pessoas
repensem seu
estilo de vida e
comecem a incluir em suas rotinas o
exercício.
O profissional de Educação Física
tem que estar atento aos clientes afoitos
e novatos. Eles buscam quase sempre
resultados imediatos e muitas vezes
exageram na intensidade do exercício,
ficando mais expostos a lesões e over
training. Portanto a orientação correta
vai fazer com que o desenvolvimento do
aluno aconteça de maneira progressiva
e saudável. O aluno deve sempre
buscar orientação especializada e não
embarcar no exemplo de colegas que já
treinam há anos, querendo copiar seu
treino e seu suplemento. Um atestado
médico em dia, juntamente com uma
prescrição de exercícios de um
profissional de Educação Física
formado, vai fazer a diferença para
quem está iniciando agora no mundo
dos exercícios. Com isso, as academias
deveriam investir em atendimento para
aproveitar a demanda de clientes
entrantes. Fazer com que o aluno se
sinta confortável com a nova rotina de
exercícios, posicionando-se como
responsável pelo sucesso e pela vinda
diária do aluno. Ser profissional em
atendimento, gestão, pessoas e
treinamento. Só assim o cliente irá
permanecer na academia durante todo
o ano e não só durante períodos curtos
e passageiros. Todos ganharão: o
cliente, o colaborador, o professor, o
gestor e o empresário.
Uma das coisas que mais me
incomodam, já antecipando o de
“juízo de valor ”*, é o fato de muito
gays não assumirem a sua
sexualidade, para assim viverem suas
vidas de formas mais prazerosa. Sei
que existem inúmeros fatos, dentre eles
a questão da não aceitação da
família, do preconceito da sociedade,
do medo à exposição pública, entre
tantos outros. Deixado de lado essas
barreiras, fico pensando como deve
ser triste não poder vivenciar a sua
liberdade sexual e como é cruel ter
que mentir, ocultar, se esconder da sua
própria felicidade. Eu vejo nas minhas
andanças pela cidade inúmeros gays
não assumidos e que não frequentam
a Zumzum. Estão por toda parte: nas
boates heterossexuais, nos shoppings,
nas academias, no trabalho, nas ruas.
São muitos. Que se escondem (e têm
todo o direito), mas que se revelam
nos chats das redes sociais, no
GRINDR (aplicativo do Iphone), nas
“pegações” das ruas na calada da
noite, nos lugares perigosos e sem
qualquer proteção. Isso é muito triste.
São quase almas sem vida (como diria
Caio Fernando Abreu), que vagam
perigosamente sem rumo.
Mas como não viver uma vida
gay? Como não conhecer a cultura
local produzida pela comunidade
gay? Como deixar de conhecer os
trabalhos das dragqueens Sarah
Mitchigan , Leila Veronick, Petilaine
Queen, Elza Brasil entres dezenas de
outros artistas da cena gay de
Cuiabá? Como não viver a sua
LIBERDADE de beijar na boca, de
amar e ser amado? Falta o quê? Falta
conhecimento e esclarecimento do que
é ser gay em 2011 (quase 2012) e
que não é mais “tempo da
inquisição”.
Têm muitos gays que não
frequentam a Zumzum por medo, por
preconceito e também porque não
gostam do meu trabalho (direito de
cada um). Mas eu garanto que seria
muito infeliz em não conhecer as
pessoas, não ver os shows de artistas
de Cuiabá e do Brasil, não ver
cinema, teatro, música, dança e
principalmente de “não me ver ”. Digo
isso porque quando nos vemos temos
o fiel retrato do que somos, não o que
está refletido no espelho, mas o que
está por dentro.
A Parada Gay está por vir. Dia 16
de dezembro. Quem sabe a leitura
deste artigo te faça um bem tão
grande e te dê forças para finalmente
assumir, “assumir o direito de ser
feliz”. Que este texto te traga um
pouco mais de coragem para ser feliz
neste finalzinho de 2011 e para o
resto de sua vida!
*”
O juízo de valor que está na
base da promoção da liberdade à
condição necessária da dignidade
humana é cada pessoa ser
considerada o melhor juiz, mesmo que
frequentemente falível, do seu próprio
bem.
É a livre expressão deste juízo de
valor que está subjacente em todas as
declarações sobre os direitos humanos
e à defesa das liberdades, direitos e
garantias do ser humano, como
indivíduo único. É este juízo de valor
que justifica ser a liberdade de
escolha pedra angular da dignidade
humana.” (*)http://
/
204.htm