EDIÇÃO IMPRESSA - 504 - page 4

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 4 A 10 DE SETEMBRO DE 2014
ENTREVISTA
P
G
4
MUVUCA
“Não me sinto menor que ninguém”
Mesmo com candidatura barrada pelo TRE e sem muitos recursos, candidato se diz animado e aposta em uma chegada ao 2° turno
Camila Ribeiro
Nesta edição, o
Circuito Mato Grosso
início à série de entrevistas
com os candidatos ao
Governo do Estado. O
primeiro é o representante
do PHS, José Marcondes
‘Muvuca’. O jornalista, que
disputa pela primeira vez
um cargo majoritário,
afirma que sua candidatura
nasceu da indignação e
insatisfação da população,
que segundo ele busca a
renovação no poder.
Mesmo assumindo uma
candidatura modesta e sem
muitos recursos, Muvuca
diz não se intimidar,
tampouco se sente inferior
em relação a seus
adversários. Seu passado
como dependente químico,
críticas aos demais
postulantes ao Palácio
Paiaguás e insinuações de
que ele representaria uma
candidatura ‘laranja’ são
alguns dos temas da
entrevista. Confira:
Circuito Mato Grosso:
Como o senhor tem tocado
a campanha mesmo com o
registro de candidatura
impugnado pelo TER? Já
existe recurso junto ao
TSE?
José Marcondes
‘Muvuca’:
Pra mim a
situação é tranquila, até
porque nossos advogados
cuidaram de fazer as
devidas diligências e o caso
foi para o TSE. Posso
tranquilizar os simpatizantes
da nossa candidatura que
nós estaremos nas urnas.
Não temos nenhum
problema quanto a isso, até
porque existe
jurisprudência, no meu
caso específico, de contas
não prestadas em eleições
anteriores. Este é o
problema menor da minha
campanha. É algo que pode
ser revertido com
tranquilidade. Meu nome
estará nas urnas. Não
levaria adiante a campanha
se não tivesse esta certeza.
CMT: O senhor
acredita que tem potencial
para vencer esta eleição?
Ou seria esta uma
tentativa de ganhar
visibilidade para disputar
um próximo pleito
eleitoral?
JM:
Eu entrei nessa
disputa com a disposição de
vencê-la. Acho que o
partido afirma sua
identidade disputando
eleições majoritárias. Acho
até que todos os partidos
deveriam colocar
candidatura, desde que
tenham condições e
representatividade para se
afirmar no processo
eleitoral. Agora, eu sou
contra essa coisa de balcão
de negócios, venda de
partido, coisa que o meu
partido não aceita. Nós não
nos colocamos na prateleira
de negócios, muitos
partidos são na verdade
gangues partidárias que
nesses acordos pré-
eleitorais se vendem,
barganham cargos,
prestígio, poder e dinheiro
para poder resolver seus
problemas particulares. Nós
não, nós estamos afirmando
a identidade do Partido
Humanista emMato
Grosso, lógico, com a
disposição de vencer as
eleições, de ir para o
segundo turno. No entanto,
enfrentamos a dificuldade
financeira, que é visível
para todos.
CMT: Candidato, o
senhor considera a questão
financeira como sua maior
dificuldade neste pleito, ou
talvez ela fosse os seus
‘adversários’ ou ainda o
fato de ser novo na
política?
JM:
Você matou a
‘charada’: essas são as
principais dificuldades.
Lógico que o fato de não
ser conhecido pesa, mas
agora estaremos ganhando
visibilidade e certamente as
pessoas quando começam a
conhecer nossos projetos,
nossas propostas, começam
a fazer melhor juízo até
sobre a figura caricata que
eu parecia ser com o
apelido ‘Muvuca’. A maior
dificuldade é, sim, a
questão financeira, mas
desde que entrei na
candidatura já sabia que
teria essa dificuldade, o que
não me tira nenhum minuto
de sono. Não aceito
financiamento de
empreiteiras, do
agronegócio, que são os
grandes financiadores dos
meus adversários. Entrei
nesta sabendo que não teria
dinheiro para campanha,
continuo não tendo, mas
isso não me demove e não
me faz recuar um milímetro
desse desejo incontrolável
de ir para o segundo turno.
CMT: O senhor tem
sido enaltecido pelos
programas do horário
eleitoral e pela postura nos
debates. Como tem
recebido esses elogios?
JM:
Na verdade, as
pessoas não me conheciam
e agora passam a conhecer.
Essa visibilidade da
campanha passa a mostrar
na essência quem é a
pessoa, sua história, o que
ela propõe, e esses elogios
eu recebo com muita
simpatia. Isso me motiva a
lutar por aquilo que
acredito. Minha candidatura
também é importante
porque estou levantando e
pautando grandes debates
que outros candidatos não
levantariam, como por
exemplo, a questão do
combate às drogas. Esse
tipo de coisa certamente
não entraria na pauta de
debate com tanta força se
eu não tivesse levantado a
questão. Isso é o que eu
sempre fui, mas que nunca
foi enxergado ou exposto
na mídia, nos jornais.
Exposto publicamente, as
pessoas passaram a ver
quem realmente é o
Muvuca.
CMT: Sobre seu
passado como dependente
químico, o senhor tratou
do assunto já no primeiro
dia da propaganda
eleitoral e foi também um
tema que seus adversários
pautaram bastante durante
o debate. De alguma
maneira eles estão
tentando descaracterizar
seu discurso ou tratá-lo de
uma forma inferior. Como
o senhor avalia isso?
JM:
Como essa
questão pra mim transcende
o processo eleitoral – para
mim é uma missão de vida
fazer esse resgate e
continuar ajudando as
pessoas – eu acredito que é
uma vitória trazer para o
debate e fazer com que
meus adversários defendam
isso. Traz o compromisso
de qualquer um que venha a
ser governador, estar
fazendo um trabalho em
relação a isso. Então, essa
já é a primeira vitória que
temos. A partir deste tema,
nós desdobramos em todos
os outros: a saúde pública,
a segurança e a educação.
Acho que já uma vitória
minha. Se é para me
neutralizar ou não, não
importa pra mim. O
importante é que esse tema
entre em debate. Não me
incomoda de maneira
alguma, isso pra mim é
muito mais uma missão de
vida, independente do
processo eleitoral.
CMT: Mudando um
pouco o foco: sobre essa
briga antiga com o
candidato Pedro Taques
(PDT), uma ‘rixa’ que já
vem lá de trás, o que é que
existe por trás disso tudo?
É alguma questão de
ordem pessoal?
JM:
Tudo que era para
ser falado em relação ao
Taques já foi falado,
estamos num processo
eleitoral e eu não gostaria
de pautar qualquer
conversa em relação a
essas questões que existem
entre mim e ele, porque elas
são muito pequenas diante
dos dramas reais da
população do Estado.
Portanto, essa briga fica
pra trás, estamos num
processo eleitoral e prefiro
debater isso.
CMT:
Especificamente sobre o
processo eleitoral, o senhor
criticou duramente a
ausência dele no último
debate. O senhor mantém
essas críticas?
JM:
Ele foi tido pelo
site Congresso em Foco –
que inclusive é um site
pago – como o melhor
debatedor do Brasil. Ou o
site mentiu e foi pago, ou
ele realmente é, com perdão
da expressão, um covarde,
que se afugentou e fugiu do
debate. Se é tão bom assim,
que vá e enfrente seus
adversários! ‘Ah, mas vou
lá só pra ser criticado’.
Ora, quem está no processo
eleitoral tem que aceitar as
críticas e enfrentar o
debate. Eu, por exemplo,
enfrento as minhas com
toda a tranquilidade. Quem
está disposto a entrar na
eleição tem que estar
disposto a se expor por
completo. Quem não está
disposto e preparado, não
enfrente. Agora a questão
da fuga dele, eu acho que é
porque todos os candidatos
estão explorando as
incoerências na candidatura
dele. Prega o novo e está
com os Campos, o
Mendonça, do
Mendonçoduto, com o
Galindo que vendeu nossa
água, enfim, as forças do
atraso que viram nele uma
chance de voltar ao poder.
Enfim, acho que ele está
fugindo da grande verdade.
O Pedro Taques, na
verdade, a ‘Coragem e
Atitude para Mudar’ é
apenas um slogan de
campanha, ele é um
personagem ‘fake’. Tudo
aquilo que se vê dele na
televisão é falso. E ele
prestou um grande
desserviço à população
quando não compareceu ao
debate. Espero que
compareça aos outros.
CMT: Nessa questão
que o senhor pontua sobre
democracia, moralidade,
essas incoerências que já
comentou sobre o Taques,
muitos alegam que o
senhor não tem o mesmo
‘tom’, até certo porto
agressivo, em relação ao
José Riva (PSD) – em que
pesem os processos que ele
responde na Justiça – ou
ao Lúdio, por exemplo,
que representa a
continuidade da gestão
Silval. O senhor acredita
que essa briga com
Taques, embora não
queira comentar, faz com
que as críticas sejam mais
acentuadas em relação a
ele?
JM:
Se são mais ou
menos acentuadas, aí são
as pessoas que devem
avaliar. As incoerências do
Taques eu aponto, mas sou
crítico também em relação
ao Riva, que está aí há mais
de 20 anos no poder e não
resolveu nada. O Lúdio, por
exemplo, representa as
forças da continuidade, o
poder instalado. Riva está
agora falando que vai fazer,
vai fazer, mas por que já
não fez? Todos eles tiveram
oportunidade. Aminha
posição é contra todas as
panelinhas políticas que
estão aí nas candidaturas,
agora especialmente sobre
o Taques, porque ele é o
grande incoerente. O Lúdio
admite que é defensor
desse Governo que pra mim
deixou a desejar e muito,
enfim, o Taques quer
manter a imagem de
impoluto e na verdade,
quando você abre a cortina,
não é. Enfim, estou
enfrentando todos da
mesma maneira.
CMT: E como o
senhor responde às
alegações de que
representaria uma
candidatura ‘laranja’?
JM:
Esta conceituação
partiudomarqueteirodo
Pedro Taques, que é oAntero
(Paes de Barros), que
disseminou que eu era um
laranja de umou outro
candidato. Éuma informação
que vemdoComitê da
Maldade e eles são bons para
fazer isso, querem
desqualificar nossa
candidatura. Então, as pessoas
que engoliramesse
comprimido saibamque é um
comprimidode placebo, falso.
Na verdade, acho que laranja é
quemusa a esposa para
receber dinheiro de ‘caixa 2’.
Agora eu posso confessar,
sou laranja, mas sou laranja do
povo. Enquanto todos os
meus adversários são bagaços
da laranja, todos eles
indistintamente, salvoexceção,
o ‘camarada’ do PSOL que eu
não conheçomuito bem.
CMT: Acompanhando
as postagens do senhor no
Facebook, em alguns
momentos é possível
perceber muitas críticas
ácidas e acentuadas,
especialmente em relação
aos jornalistas, classe da
qual o senhor faz parte. O
que acontece? O senhor de
vez em quando ‘perde as
estribeiras’?
JM:
Na verdade, a
gente tenta se controlar ao
máximo. Mas vou citar um
caso: sites e jornais que
usam a expressão ‘os três
principais candidatos’. Eu
queria deixar de público
aqui que quem usa esse tipo
de expressão presta um
desserviço à sociedade.
Parece que são
tangenciados pela
declaração de gastos de
campanha, da conta
bancária dos candidatos.
Não existem três principais
candidatos, eu não me sinto
menor que ninguém.
Embora eu tenha uma
campanha modesta, estou
enfrentando a tudo e a
todos com a mesma
vontade, a mesma garra.
CMT: Sobre a
continuidade do processo
eleitoral, o senhor tem
fôlego para até 5 de
outubro? Como o senhor
vai conduzir o processo nos
próximos dias?
JM:
Agora que estou
com mais fôlego! Nós
aumentamos nossa equipe,
estamos com trio elétrico, a
direção nacional está nos
apoiando, a Marina Silva
(candidata à Presidência)
vai gravar uma declaração
pedindo voto pra mim aqui
em Mato Grosso, e isso vai
dar uma guinada nesta reta
final. Nossa campanha
segue dentro das nossas
limitações, mas segue com
muito mais vigor e mais
vontade de chegar ao
segundo turno.
CMT: Para finalizar:
por que o eleitor deve
depositar seu voto de
confiança no número 31?
JM:
Porque eu não
apresento um conjunto de
promessas, mas sim um
rumo novo, diferente e
contra todas essas
panelinhas de poder que
estão aí. Estou cansado de
tudo isso, sou um militante,
estou indignado e tenho a
capacidade de transformar
minha indignação em atos e
fatos concretos para
resolver os dramas reais da
população, que precisam
ser resolvidos
urgentemente.
Eu, somente eu, que
não tenho ‘rabo preso’ com
nenhuma empreiteira, com
nenhum financiador de
campanha, tenho condições
de colocar dinheiro em
caixa, de enxugar o Estado
sem entregar secretarias
para partido A ou B, cortar
os gastos com
comissionados, que são
‘cabidões’ de emprego e
tenho condições de investir
em gente, melhorar a vida
do povo e atender às
entidades e suas
reivindicações. Serei um
governador do povo. Vim
do povo, minha candidatura
surgiu das manifestações de
junho de 2013, esse
protesto e essa indignação
toda têm que sair das ruas e
chegar às urnas. Por isso,
acho que sou mais
qualificado, preparado e
que realmente represento os
interesses populares.
Fotos: Airton Marques
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