EDIÇÃO IMPRESSA - 504 - page 2

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CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 4 A 10 DE SETEMBRODE 2014
OPINIÃO
P
G
2
ENTRE ASPAS
EDITORIAL
A CASA CAIU
#BOMBOUNAREDE
Presidente do Conselho Editorial:
Persio Domingos Briante
CIRCUITOMATOGROSSO
Fundadora:
Flávia Salem
Propriedade da República Comunicações Ltda.
Editor de Arte:
Glauco Martins
Revisão:
Marinaldo Custódio
Reportagem:
Camila Ribeiro, Airton
Marques, Simone Gomes e
Diego Frederici
Fotografia:
André Romeu
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Flávia Salem - DRT/MT 11/07- 2005
CÂMARA DE CUIABÁ
A eterna “Casa dos Horrores”
Vereador Júlio Pinheiro, do PTB, consegue se reeleger à Presidência apesar da sequência de polêmicas envolvendo seu nome
Foto: Mary Juruna
Airton Marques
Escândalo de
corrupção, renúncia,
expulsão, polêmica na
eleição do presidente
“tampão” da mesa diretora,
disputa interna pelo poder,
pedidos de afastamento e
falta de transparência. Os
itens citados podem até
parecer a descrição da
sinopse de uma produção
hollywoodiana, mas não, é
a demonstração de um
trágico enredo em que a
atual legislatura da Câmara
Municipal de Cuiabá,
considerada praticamente
renovada na eleição
municipal de 2012,
continua enfrentando. Os
mesmos problemas dos
últimos anos escancaram
as fragilidades que lhe
deram o estigma de Casa
dos Horrores.
O vereador Júlio
Pinheiro (PTB), atual
presidente e reeleito para
comandar a casa no
próximo biênio (2015-
2016), permanece no
centro destes turbilhões,
algumas vezes como ator
principal, em outras como
coadjuvante. Júlio, que já
foi acusado de agredir sua
mulher em 2012, teve no
último dia 25 de agosto o
Pela primeira vez, omesmo
vereador conseguiu a reeleição
para a presidência da Câmara em
ummesmo quadriênio. Isso
porque mudanças foram feitas
no Regimento Interno da Casa,
que permitiram aos presidentes
que assumissem a mesa
diretora, por consequência de
renúncias e cassações, se
candidatarem. Assim, Júlio
Pinheiro somará três mandatos
no comando do Palácio Pascoal
MoreiraCabral. Emseuprimeiro
mandato no biênio 2011-12,
Júlio chegou a assumir o
comando da Prefeitura de
Cuiabá, em substituição ao
então prefeitoChicoGalindo
(PTB). Na época, privatizou o
sistema de água e esgoto,
repassando a concessão para a
CABCuiabá, contestada
judicialmente. A segunda e
atual gestão de Júlio foi
igualmente polêmica, veio após
o escândalo envolvendo o ex-
vereador JoãoEmanuel (PSD),
que, investigado na Operação
Aprendiz, do Grupo de Atuação
Especial Contra oCrime
Organizado (Gaeco), por
possível desvio de dinheiro
público para pagar dívidas de
campanha, renunciou à cadeira
Apesar das polêmicas,
duas eleições à presidência
de presidente e foi expulso
pelos seus colegas
vereadores.
O início domandato
“tampão” de Júlio foi
conturbado por conta de uma
ação judicial impetrada pelo 1º
vice-presidente, vereador
Onofre Júnior (PSB), que
acreditava ser o verdadeiro
“herdeiro” do comando da
Câmara. Após trocas de
acusações, os ânimos
acalmarame tudo transcorreu
normalmente, comJúlio na
presidência e Onofre na vice.
Mesmo compolêmicas,
Pinheiro parece saber usar
muito bemo poder de
convencimento, visto a quase
unânime reeleição paramais
dois anos na gestão da Casa
de Leis.
TRANSPARÊNCIA
ACâmara tambémé
acusada de falta de
transparência nas ações e
gastos. No início desta semana
aCâmara deCuiabá informou a
adequação de seu Portal
Transparência; caso isso não
ocorresse, Júlio Pinheiro
responderia por ação de
improbidade administrativa.
pedido de afastamento da
presidência da Câmara, pelo
Ministério Público do
Estado de Mato Grosso
(MPE-MT). Segundo ação
que tramita na 9ª
Promotoria de Justiça de
Defesa do Patrimônio
Público e da Probidade
Administrativa, o
parlamentar, quando
presidente da Casa de Leis,
no fim de 2012,
encaminhou para sanção do
Executivo três projetos de
lei que não foram
apreciados pela Câmara,
aprovando suplementação
orçamentária no valor de
R$ 360 milhões, em
benefício da Prefeitura, que
na época era comandada
por Chico Galindo. O
acontecido, na visão do
MPE, se caracterizou como
“traição ao sistema
democrático e,
evidentemente, aos
administrados que elegeram
os membros que compõem
o Poder Legislativo”.
Mesmo com o pedido
de afastamento, Júlio
Pinheiro foi reeleito
presidente da Câmara para
os próximos dois anos. Em
sua chapa os vereadores
Haroldo Kuzai (SD) –
primeiro vice-presidente,
Toninho de Souza (PSD) –
segundo vice-presidente,
Chico 2000 (PR) – primeiro
secretário e Onofre Júnior
(PSB) – segundo
secretário, compõem a
nova mesa diretora.
Com o apoio de 22 dos
25 vereadores, o petebista
só não conseguiu
convencer dois colegas
parlamentares, Adilson
Levante (PSB) e Faissal
Kalil (PSB) que se
abstiveram de seus votos
alegando não terem sido
chamados para as reuniões
que definiram a eleição e
por não concordarem com
a gestão de Pinheiro.
Em seu discurso pós-
eleição, Júlio posicionou a
Câmara de Vereadores como
vitima de um processo de
perseguição: “Não vai ser
diferente, a Câmara de
Cuiabá é o primeiro órgão
público que apanha.
Acontece qualquer confusão,
a primeira a apanhar é a
Câmara. Mas não vou mudar
minha atitude”, reclamou o
reeleito garantindo amesma
postura que vem tendo em
sua gestão.
“Esta lei é o recomeço de uma
mudança da cultura da
ilegalidade e da safadeza que
ocorrem nas obras públicas
brasileiras.”
Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado
(TCE-MT) e relator das contas da Secopa,
Antonio Joaquim, ao comentar sobre a Lei
Anticorrupção, aprovada pelo Congresso
Nacional em janeiro deste ano.
“Coitado, ele vai ter que
inventar 10 milhões de
verdades, pois cada dia
aparece uma nova mentira.”
Candidato ao Governo José
Riva (PSD) ao comentar vídeo
gravado e postado no
Facebook, em que Taques
explicou a ausência em debate
na TBO dizendo que “para
cada mentira, falaria mil
verdades”.
“Eu não escondo apoio.
Tenho apoio do governador
Silval e do PMDB. Minha
relação com Silval é franca e
muito madura de respeito e
crítica.”
Candidato ao Governo Lúdio
Cabral (PT), ao descartar
especulações de que ele
estaria ‘escondendo’ os
apoiadores de sua
candidatura.
“ODepartamento de
EngenhariaCivil daUFMTestá
chorando porque a vergonha
que vamos passar emâmbito
nacional com essas obras é
muito grande.”
Membro doConselho Regional de
Engenharia e Agronomia (Crea-
MT) e doutor emEngenharia de
Transportes daUFMT Luiz
Miguel deMiranda sobre amá
qualidade das obras da Copa em
Cuiabá e VárzeaGrande.
“Se a solução for a demolição e os
custos forem da empreiteira, ela tem
que fazer. Porém, até agora o
acompanhamento das fissuras não
identificou a possibilidade de uma
demolição, mas as inspeções estão
ocorrendo.”
Promotor Clóvis de Almeida Júnior, do
Núcleo de Defesa do Patrimônio Público
e da Probidade Administrativa do MPE-
MT, sobre falhas no Viaduto da Sefaz.
Novamente as obras da Copa em
Cuiabá voltaram a dar manchetes
‘negativas’ no noticiário nacional. Não
bastasse o viaduto da Sefaz precisar ser
‘escorado’ para evitar um desabamento,
o teto do Aeroporto Marechal Rondon
ainda despencou em meio a chuva e
ventania. Nas redes sociais não
faltaram críticas em relação a tais
obras. É rir para não chorar!
O vereador
Júlio
Pinheiro,
apesar da
imagem
estremecida,
tem apoio da
maioria dos
parlamentares
Todas as críticas às obras da Copa 2014
foram retaliadas por seus responsáveis e
seguidores e inclusive os críticos foram
chamados de “profetas do caos”. Passada a
euforia do evento – cujo brilho ficou por
conta da alegria dos estrangeiros e da
hospitalidade do povo cuiabano e mato-
grossense –, a triste e anunciada realidade.
Obras desabando e outras por ruir. Tudo foi
jogado para baixo do tapete pelos gestores,
mas a sujeira não iria mesmo resistir à
insistência de quem tem coragem de
denunciar. A cada dia vêm à tona novas
falhas, riscos de desabamento, obras
inacabadas, promessas não cumpridas, e
prejuízos milionários à vista. O curioso é
que alguns órgãos que deveriam ter
fiscalizado, denunciado, cobrado e punido
os responsáveis pelas falhas agora se
colocam como vítimas da falta de
transparência do Governo do Estado.
Alegam que tiveram o trabalho de
fiscalização prejudicado por conta da falta
de documentos e informações. Mas o povo
não está engolindo toda essa falta de
responsabilidade. E de compromisso com o
patrimônio público e com a vida. Até
porque uma tragédia pode ocorrer a
qualquer momento por conta dos erros nas
obras. E isso tem espalhado um clima de
insegurança, de medo. Mas, se a casa caiu,
então o caso é mesmo de polícia!
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