CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 28 DE AGOSTO A 3 DE SETEMBRO DE 2014
CULTURA EM CIRCUITO
PG 5
Rosemar Coenga é
doutor em Teoria Literária e
apaixonado pela literatura de
Monteiro Lobato
ALA JOVEM
Por Rosemar Coenga
APOESIADE
EUCANAÃ FERRAZ
PARACRIANÇAS
COACHING
Por Iracema Borges
Iracema Irigaray N. Borges,
mãe de 3 anjos, ama comer tudo com
banana, coach pelo ICI- SP, sonha
em dar cursos na África, Índia,
EUA, onde o destino a levar.
FALTADE FOCO XANSIEDADE
Em seu último livro FOCO, Daniel
Goleman traz um alerta importante sobre
nossa crescente dificuldade de
concentração, “...estamos sem tempo para
refletir, sem essa pausa não conseguimos
digerir o que está acontecendo ao redor.
Os circuitos cerebrais usados pela
concentração são os mesmos que
geram a ansiedade
. Quando aumenta o
fluxo de distrações, a ansiedade tende a
aumentar na mesma proporção.
Precisamos ter um momento, no
trabalho e na vida, para parar e pensar.
Sem concentração, perdemos o
controle de nossos pensamentos...”
Goleman afirma que o grande desafio
passa pelo gerenciamento da rotina e
dá uma dica importante “...dormir bem
ajuda na concentração. Mas o melhor
exercício é criar um período em que as
interrupções sejam proibidas. Isso
significa não ter reuniões, receber ligações,
ver e-mails ou ter contato com qualquer
outra fonte de distração. Isso pode ser
feito antes do trabalho ou durante o
expediente, em uma sala de reuniões por
pelo menos 10 minutos. Os chefes
precisam entender que, para ter bons
resultados, suas equipes devem ter tempo
para se concentrar.
E isso significa dar a oportunidade a
elas de ter momentos sem interrupções.
No Google, por exemplo, os funcionários
têm sido incentivados a parar por alguns
minutos durante o dia e prestar atenção na
própria respiração. Isso faz com que o
circuito do cérebro responsável pela
concentração seja ativado.” Extraido da
entrevista concedida a revista Exame.
Bicho de sete
cabeças e outros
seres fantásticos
foi
editado pela
Companhia das
Letrinhas em 2009
e traz ilustrações –
belíssimas – de
André da Loba. O
livro tem esse jeitão
meio introspectivo
mesmo e traz uma
poesia ora lírica,
ora brincalhona, ora
engraçada, ora
triste... Os poemas
apresentam uma
série de referências
folclóricas e
mitológicas da
cultura universal,
que talvez mais agucem do que esclareçam a
curiosidade infantil, justamente por não fazerem parte
do universo que é normalmente apresentado à criança.
Mas como não amar um livro que não subestima os
pequenos?
A obra de Eucanaã Ferraz propõe-se a versar
sobre monstros e seres imaginários, brincando com o
medo e a fascinação que eles provocam na gente. Mas,
para fazer isso, o autor resolveu pescar personagens
em diferentes culturas e explorar seres da mitologia
brasileira, chinesa, japonesa, grega, nórdica e mais
algumas... Essas referências diversas, por sua vez, ao
contrário de tornar o livro pedante e distante do leitor,
acabam nos aproximando de um universo misterioso.
Os poemas caminham nos passos da curiosidade e
vão, aos poucos, desvendando mistérios e
apresentando novos desafios à imaginação da criança.
O poeta mistura versos simples com a
complexidade mitológica de vários povos, embalando o
desconhecido em uma cadência sem mistérios. Os
poemas de Eucanaã Ferraz se delineiam sem medo de
falar do misterioso, do oculto: os monstros e criaturas
que o autor escolhe, embora alguns não façam parte da
cultura brasileira, são desdobrados naquilo que têm de
mais curioso e peculiar e constroem versos que nada
têm de monstruosos. A delicadeza das palavras e a
simplicidade da voz lírica, que fala do mistério com
naturalidade e que não tem medo de especular sobre o
desconhecido, fazem dos monstros e seres mais
distantes nossos velhos amigos.
A leitura das ilustrações de André da Loba é um
deleite à parte, pela riqueza e misticismo que
apresentam e pela forma como o artista foi capaz de
dialogar com os poemas, ao movimentar-se dentro dos
imaginários apresentados. Eucanaã Ferraz brinca com
o medo e a curiosidade recorrentes na infância e, com
humor e uma linguagem simples e lírica, faz uma obra
de valor, mas, mais do que isso, uma obra que valoriza
seu leitor.