EDIÇÃO IMPRESSA - 470 - page 16

CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 12 A 18 DE DEZEMBRO DE 2013
CULTURA EM CIRCUITO
PG 4
O NATAL VEM VINDO
A CENA GAY DOS ANOS 80
MELHOR REMÉDIO
Por José Augusto F
o é A s ilho ilhl
José Augusto é diretor de
teatro e produtor de programas de
variedades
ABCDEF....GLS
Por Menotti Griggi
o
ti G igg
Menotti Griggi é
geminiano, produtor
cultural e militante incansável da
comunidade LGBTT
O blogueiro Adécio Moreira Jr.,
que se considera mais cinéfilo do que
crítico, apesar de saber que uma coisa
é condição para a outra, fez uma
crítica do esperado filme “São Paulo
em Hi-Fi”, do cineasta Lufe Steffen,
que conta a vida boêmia e o glamour
da cena gay paulistana dos anos 80.
Estou muito curioso para ver
também este documentário que servirá
como base para meus projetos de
arquivos da cena gay de Cuiabá dos
últimos 30 anos. Enquanto o filme não
chega por aqui, reproduzo o texto do
Adécio que viu e se maravilhou:
“... Antes de qualquer coisa, é
preciso dizer que assisti ‘São Paulo em
Hi-Fi’ nas melhores das circunstâncias:
em pleno Festival Mix de São Paulo,
numa sala disputada que comportava
as principais figuras de
representatividade do filme. A plateia,
que em grande parte estava
relacionada ao que viam na tela, era
capaz de aplaudir depoimentos de
figuras importantes e verbalizar a
reação nostálgica em ver
personalidades saudosas e casas
noturnas que eram a verdadeira
coqueluche da outrora noite
paulistana. O desafio do diretor Lufe
Steffen (que também assina a
produção ao lado de Edu Lima) é
justamente resgatar a memória das
primeiras manifestações boêmias
assumidamente gays através das
reminiscências de pessoas que
trabalhavam, frequentavam ou até
mesmo ajudaram a consolidar esse
conceito. Lufe dispõe de bem pouco
material de arquivo, muito embora o
que foi visto tenha sido
cuidadosamente utilizado numa
montagem competente. Com isso, ‘São
Paulo em Hi-Fi’ irá se sustentar
primeiramente nas personalidades
emblemáticas que concederam seus
depoimentos (com destaque para as
drags Miss Biá e Kaká di Polly, além da
indispensável Elisa Mascaro, dona das
principais casas com essa temática). Os
relatos são totalmente indispensáveis,
não faltou nem mesmo a tão
relembrada vez em que Wilza Carla
desceu a Augusta em cima de um
elefante em 1976 para uma estrada
triunfal na casa Medieval, a Meca gay
da época em questão.
O documentário, por sinal, consegue
fazer um bom percurso entre diversos
contextos desse recorte, que vai dos anos
60 até o final dos 80, período este
marcado pela dolorosa disseminação da
Aids como o ‘câncer gay’,
definitivamente um retrocesso que deixou
feridas abertas em muitas das pessoas
que viveram essa época. Ou seja, tudo o
que não é dispensável na discussão que
“São Paulo em Hi-Fi” levanta está
devidamente encaixado. Menções às
casas como a já citada Medieval,
Corintos, Homo Sapiens, Nostro Mundo,
Off, entre tantas outras, nos servem para
delimitar um forte contraste da era de
ouro notívaga (das danceterias disco à
la Studio 54 aos shows que remontavam
aos cabarés parisienses) com a atual
cena decadente que vemos por aí. Trata-
se, portanto, de um documentário não só
recomendado pela importância social,
política e histórica dessa causa, mas
também pela necessidade de legitimar o
valor de pessoas que tiveram que se
produzir com brilhos, perucas, fantasias,
maquiagem e muita, mas muita
coragem.”
Então é Natal e Simone tocando em
tudo que é lugar, parece tortura, aliás a
gente só ouve a Simone no Natal e fica
tão traumatizado que só tem coragem de
ouvir no próximo Natal. E com o Natal
vem aquela palhaçada do amigo oculto
do trabalho, um monte de gente que se
odeia fingindo que se ama, trocando
presentes e dizendo “Feliz Natal”
enquanto gostaria de dizer “vai pro
inferno”, é o espírito do Natal.
E em Minas Gerais este ano vai
nevar, é o helipópetero do senador
Perrela trazendo a magia do
Natal. E o senador Perrela
vai mudar seu nome para
Pórrela, e ninguém sabe de
onde veio o “Pó”, então tá:
o “Pó” entrou sozinho e se
escondeu no helicóptero,
ficou lá quietinho e só
apareceu quando o
helipópetero caiu??? Isso
daria um ótimo filme: “O
destino do pó sem dono”.
E sabe como é o barulho do
helipópetero??? Pó! Pó!
Pó!Pó!Pó!
E por falar em amigo
oculto, imaginem o amigo
oculto da Assembleia
Legislativa : “O meu amigo oculto tem 5
mandatos, 22 processos por corrupção,
nunca foi preso ... quem ficou quietinho é
porque tem mais de 22 processos,
heheheheh, aí que pena, ele não veio,
ah, tira outro, alguém ai com mais de 22
processos??? E se alguém aí me tirar eu
quero ser aprovado no concurso de
mentira que a Assembleia realizou, tem
que falar com quem pra passar???
E o maior presente que vamos ganhar
nesse fim de ano são obras que o
Governo de Never Land, “ops” Mato
Grosso está entregando, tudo tão lúdico e
daqui até julho de 2014 serão
inauguradas muitas outras obras, até as
que não estão prontas. “É o Governo de
Mato Grosso não fazendo nada por
você”, ai, desculpe, errei, o slogan certo
seria: é o governo fazendo mais por você,
ou seria por si próprio? Ixi ,já não sei
mais de nada, como diria meu amigo o
fotógrafo Fábio Mota : “Tuti confiuze”.
E Cuiabá está ficando linda com a
decoração de Natal, eu diria “um primor”
– só que não tô loco pra saber quem
ganhou essa licitação. Que o espírito do
Natal baixe nessa pessoa e a traga pra
realidade, porque caixinha de presente
de TNT, pisca-pisca enrolado em árvore e
referências da Groenlândia ninguém
merece, é a bagunça com o dinheiro
público. Mas tirando tudo isso, o que eu
mais quero nesse Natal é “ÁGUA”, que
Nossa Senhora da CAB tenha piedade de
nós. Oremos.
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