CIRCUITOMATOGROSSO
        
        
          CUIABÁ, 12 A 18 DE DEZEMBRO DE 2013
        
        
          CULTURA EM CIRCUITO
        
        
          PG 4
        
        
        
          O NATAL VEM VINDO
        
        
          A CENA GAY DOS ANOS 80
        
        
          MELHOR REMÉDIO
        
        
          Por José Augusto F
        
        
          o é A s ilho ilhl
        
        
          José Augusto é diretor de
        
        
          teatro e produtor de programas de
        
        
          variedades
        
        
        
          ABCDEF....GLS
        
        
          Por Menotti Griggi
        
        
          o
        
        
          ti G igg
        
        
          Menotti Griggi é
        
        
          geminiano, produtor
        
        
          cultural e militante incansável da
        
        
          comunidade LGBTT
        
        
        
          O blogueiro Adécio Moreira Jr.,
        
        
          que se considera mais cinéfilo do que
        
        
          crítico, apesar de saber que uma coisa
        
        
          é condição para a outra, fez uma
        
        
          crítica do esperado filme “São Paulo
        
        
          em Hi-Fi”, do cineasta Lufe Steffen,
        
        
          que conta a vida boêmia e o glamour
        
        
          da cena gay paulistana dos anos 80.
        
        
          Estou muito curioso para ver
        
        
          também este documentário que servirá
        
        
          como base para meus projetos de
        
        
          arquivos da cena gay de Cuiabá dos
        
        
          últimos 30 anos. Enquanto o filme não
        
        
          chega por aqui, reproduzo o texto do
        
        
          Adécio que viu e se maravilhou:
        
        
          “... Antes de qualquer coisa, é
        
        
          preciso dizer que assisti ‘São Paulo em
        
        
          Hi-Fi’ nas melhores das circunstâncias:
        
        
          em pleno Festival Mix de São Paulo,
        
        
          numa sala disputada que comportava
        
        
          as principais figuras de
        
        
          representatividade do filme. A plateia,
        
        
          que em grande parte estava
        
        
          relacionada ao que viam na tela, era
        
        
          capaz de aplaudir depoimentos de
        
        
          figuras importantes e verbalizar a
        
        
          reação nostálgica em ver
        
        
          personalidades saudosas e casas
        
        
          noturnas que eram a verdadeira
        
        
          coqueluche da outrora noite
        
        
          paulistana. O desafio do diretor Lufe
        
        
          Steffen (que também assina a
        
        
          produção ao lado de Edu Lima) é
        
        
          justamente resgatar a memória das
        
        
          primeiras manifestações boêmias
        
        
          assumidamente gays através das
        
        
          reminiscências de pessoas que
        
        
          trabalhavam, frequentavam ou até
        
        
          mesmo ajudaram a consolidar esse
        
        
          conceito. Lufe dispõe de bem pouco
        
        
          material de arquivo, muito embora o
        
        
          que foi visto tenha sido
        
        
          cuidadosamente utilizado numa
        
        
          montagem competente. Com isso, ‘São
        
        
          Paulo em Hi-Fi’ irá se sustentar
        
        
          primeiramente nas personalidades
        
        
          emblemáticas que concederam seus
        
        
          depoimentos (com destaque para as
        
        
          drags Miss Biá e Kaká di Polly, além da
        
        
          indispensável Elisa Mascaro, dona das
        
        
          principais casas com essa temática). Os
        
        
          relatos são totalmente indispensáveis,
        
        
          não faltou nem mesmo a tão
        
        
          relembrada vez em que Wilza Carla
        
        
          desceu a Augusta em cima de um
        
        
          elefante em 1976 para uma estrada
        
        
          triunfal na casa Medieval, a Meca gay
        
        
          da época em questão.
        
        
          O documentário, por sinal, consegue
        
        
          fazer um bom percurso entre diversos
        
        
          contextos desse recorte, que vai dos anos
        
        
          60 até o final dos 80, período este
        
        
          marcado pela dolorosa disseminação da
        
        
          Aids como o ‘câncer gay’,
        
        
          definitivamente um retrocesso que deixou
        
        
          feridas abertas em muitas das pessoas
        
        
          que viveram essa época. Ou seja, tudo o
        
        
          que não é dispensável na discussão que
        
        
          “São Paulo em Hi-Fi” levanta está
        
        
          devidamente encaixado. Menções às
        
        
          casas como a já citada Medieval,
        
        
          Corintos, Homo Sapiens, Nostro Mundo,
        
        
          Off, entre tantas outras, nos servem para
        
        
          delimitar um forte contraste da era de
        
        
          ouro notívaga (das danceterias disco à
        
        
          la Studio 54 aos shows que remontavam
        
        
          aos cabarés parisienses) com a atual
        
        
          cena decadente que vemos por aí. Trata-
        
        
          se, portanto, de um documentário não só
        
        
          recomendado pela importância social,
        
        
          política e histórica dessa causa, mas
        
        
          também pela necessidade de legitimar o
        
        
          valor de pessoas que tiveram que se
        
        
          produzir com brilhos, perucas, fantasias,
        
        
          maquiagem e muita, mas muita
        
        
          coragem.”
        
        
          Então é Natal e Simone tocando em
        
        
          tudo que é lugar, parece tortura, aliás a
        
        
          gente só ouve a Simone no Natal e fica
        
        
          tão traumatizado que só tem coragem de
        
        
          ouvir no próximo Natal. E com o Natal
        
        
          vem aquela palhaçada do amigo oculto
        
        
          do trabalho, um monte de gente que se
        
        
          odeia fingindo que se ama, trocando
        
        
          presentes e dizendo “Feliz Natal”
        
        
          enquanto gostaria de dizer “vai pro
        
        
          inferno”, é o espírito do Natal.
        
        
          E em Minas Gerais este ano vai
        
        
          nevar, é o helipópetero do senador
        
        
          Perrela trazendo a magia do
        
        
          Natal. E o senador Perrela
        
        
          vai mudar seu nome para
        
        
          Pórrela, e ninguém sabe de
        
        
          onde veio o “Pó”, então tá:
        
        
          o “Pó” entrou sozinho e se
        
        
          escondeu no helicóptero,
        
        
          ficou lá quietinho e só
        
        
          apareceu quando o
        
        
          helipópetero caiu???  Isso
        
        
          daria um ótimo filme: “O
        
        
          destino do pó sem dono”.
        
        
          E sabe como é o barulho do
        
        
          helipópetero??? Pó! Pó!
        
        
          Pó!Pó!Pó!
        
        
          E por falar em amigo
        
        
          oculto, imaginem o amigo
        
        
          oculto da Assembleia
        
        
          Legislativa : “O meu amigo oculto tem 5
        
        
          mandatos, 22 processos por corrupção,
        
        
          nunca foi preso ... quem ficou quietinho é
        
        
          porque tem mais de 22 processos,
        
        
          heheheheh, aí que pena, ele não veio,
        
        
          ah, tira outro, alguém ai com mais de 22
        
        
          processos??? E se alguém aí me tirar eu
        
        
          quero ser aprovado no concurso de
        
        
          mentira que a Assembleia realizou, tem
        
        
          que falar com quem pra passar???
        
        
          E o maior presente que vamos ganhar
        
        
          nesse fim de ano são obras que o
        
        
          Governo de Never Land, “ops” Mato
        
        
          Grosso está entregando, tudo tão lúdico e
        
        
          daqui até julho de 2014 serão
        
        
          inauguradas muitas outras obras, até as
        
        
          que não estão prontas. “É o Governo de
        
        
          Mato Grosso não fazendo nada por
        
        
          você”, ai, desculpe, errei, o slogan certo
        
        
          seria: é o governo fazendo mais por você,
        
        
          ou seria por si próprio? Ixi ,já não sei
        
        
          mais de nada, como diria meu amigo o
        
        
          fotógrafo Fábio Mota : “Tuti confiuze”.
        
        
          E Cuiabá está ficando linda com a
        
        
          decoração de Natal, eu diria “um primor”
        
        
          – só que não tô loco pra saber quem
        
        
          ganhou essa licitação. Que o espírito do
        
        
          Natal baixe nessa pessoa e a traga pra
        
        
          realidade, porque caixinha de presente
        
        
          de TNT, pisca-pisca enrolado em árvore e
        
        
          referências da Groenlândia ninguém
        
        
          merece, é a bagunça com o dinheiro
        
        
          público.  Mas tirando tudo isso, o que eu
        
        
          mais quero nesse Natal é “ÁGUA”, que
        
        
          Nossa Senhora da CAB tenha piedade de
        
        
          nós. Oremos.