CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 31 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2013
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CIRCUITOMATOGROSSO
CUIABÁ, 31 DE OUTUBRO A 6 DE NOVEMBRO DE 2013
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BARRANCO
Famílias em pânico, Secopa inerte...
As informações dadas pelo governo são conflitantes com as passadas aos moradores do alto do barranco.
Por: Rita Anibal. Fotos: Mary Juruna
Os moradores do
alto do morro localizado
nas proximidades do
Viaduto do Despraiado,
e que se encontram em
situação de risco por
conta de um corte [mal
feito] na encosta, vivem
dias de incerteza. A
Secretaria Extraordinária
da Copa (Secopa)
informa que as famílias
estão recebendo as
notificações de
desapropriação, porém
os moradores garantem
que até o momento não
foram acionados.
Enquanto isso, as chuvas
vêm provocando o
deslizamento de pedras
e árvores onde já
deveria ter sido
construído um muro de
contenção.
Na coletiva
convocada pelo
governador para passar
o cronograma de
entrega de obras, Silval
Barbosa foi taxativo ao
responder ao
questionamento do
C i r c u i t o Ma t o Gr o s s o
ao dizer “que as
desapropriações estavam
concluídas”, equívoco
que levou o secretário
Maurício a explicar que
“as notificações estavam
sendo entregues” e que
a construção do muro de
sustentação começaria
durante esta semana.
A desapropriação
das moradias do bairro
Santa Helena que ficam
no alto do morro do
Despraiado também é
questão fechada na
Procuradoria Geral do
Estado (PGE). Segundo o
procurador-geral, Jenz
Prochnow, a
desapropriação de parte
da área “visa o interesse
público e a
incolumidade do trecho
abaixo” e que estariam
apenas esperando a
Secopa remeter os
documentos e dados
pedidos para finalizar o
procedimento.
Depois da denúncia
feita pelo
Circuito
Mato Grosso
sobre os
riscos iminentes de
desabamento da área, o
secretário-adjunto de
infraestrutura da Secopa,
Alysson Sander, recebeu
o grupo de moradores e
ficou acertado que o
órgão faria um estudo
técnico dentro de 30
Mais residências em
risco por obra da Copa
Moradores de um
condomínio à beira da
Estrada da Guarita, em
Várzea Grande (região
metropolitana de
Cuiabá), estão vivendo
momentos de
insegurança devido à
duplicação da estrada.
Segundo os moradores,
desde que começou a
compactação do solo
por máquinas pesadas,
rachaduras começaram
a surgir em suas casas,
muros e piscina do
condomínio. A empresa
também fez um corte
rente à cerca do
condomínio de
aproximadamente 3
metros, mas de acordo
com o síndico Carlos
Alberto Pereira, deve
atingir de 7 a 8 metros
de barranco, o que
coloca as 34 residências
próximas em risco de
desabamento.
A Secretaria
Extraordinária da Copa
(Secopa) se pronunciou
afirmando que as
rachaduras que
apareceram não eram
por ação dos rolos
compactadores,
diferentemente do laudo
técnico de um
engenheiro civil
contratado pelo
condomínio.
O laudo atesta que
as vibrações estão
causando as rachaduras
e pede uma diminuição
considerável da
compactação e que,
quando for feita na via
que está a menos de 2
metros do condomínio,
os moradores ficam sob
risco de verem seus
imóveis desabados.
A Secopa está
analisando este laudo e
também o pedido de
indenização feito pelo
condomínio, uma vez
que parte da área está
sendo usada para a
duplicação. Segundo os
moradores, não houve
até agora nenhuma
manifestação por parte
do órgão, assim como
no caso dos moradores
do Depsraiado.
dias sobre a
possibilidade da
permanência de todos
em suas casas e a
construção do muro de
contenção ocupar
apenas parte do terreno.
Findo esse prazo, a
reunião marcada para
dia 29/10 foi
cancelada, devendo
ocorrer até o final de
semana para a Secopa
expor os resultados do
estudo.
Mário Cavalcanti de
Albuquerque, geólogo
do Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia
(Crea-MT), fez uma
vistoria informal na
região a pedido do
C i r c u i t o Ma t o Gr o s s o
C i r c u i t o Ma t o Gr o s s o
e comprovou que o
talude (corte) praticado
colocou a rocha em
exposição, abrindo a
possibilidade de
deslizamentos na época
das chuvas.
O geólogo explicou
que o solo é constituído
de rochas metamórficas,
sedimentadas “em
folhas”, e o corte
provocou falhas e
fraturas, ocasionando a
perda de estabilidade
(veja infográfico). Essa
instabilidade pode ser
corrigida com a
construção de um muro
de arrimo, mas a um
custo muito alto.
Caso a contenção
tivesse sido feita
previamente, com a
correção da
instabilidade do talude,
não haveria riscos de um
possível solapamento
[erosão].
Consequentemente, não
haveria situação de
insegurança para a
população local.
O elevado risco de
desmoronamento e
queda de barranco é
causado pela perda da
coesão do material. As
intempéries, isto é, a
sucessão de períodos de
chuva seguida de
períodos de estiagem
[sem chuva] começa a
formar no solo trincas e
rachaduras que vão
aumentando com o
tempo. Como o solo está
‘em camadas’, há um
deslizamento da camada
mais externa que pode
causar danos
irreparáveis, como a
perda de vidas humanas.
Albuquerque
constatou que uma das
rochas com fraturas está
como um ‘iceberg’ e um
bloco já foi solapado:
“Mexeram numa caixa
de marimbondos”,
comparou o profissional.
As mudanças de discurso de Silval
Ogovernador Silval Barbosa vemmudandoaos poucos
seu posicionamento sobre as obras daCopa2014. Até
30dias atrás ele demostrava um intensootimismo e
chegou inclusive a declarar que os pessimistas eramos
‘profetas do caos’. Porém, a sequência de falhas nas
obras, cancelamentode licitações, desperdícios, obras
atrasadíssimas, interferências judiciais, faltade
planejamento, dentreoutros fatores, levaramo
governador amudar o discurso. Ele já reconheceu que
a Arena Pantanal só ficará pronta em2014, que o VLT
só chegará no bairro do Porto e que todas as obras
ficarão prontas nemse for daqui a dois anos. Porém,
para não sair por baixo, anunciou que a partir de
agora vai inaugurar umaobra por semana. Como
estamos a exatas 31 semanas do início daCopa do
Mundo emCuiabá, as 56 anunciadas então não
devemmesmo ser entregues até o iníciodoMundial.
ANTES
DEPOIS
VLT do AERO até o PORTO
Se não bastasse o
descomunal atraso nas
obras da implantação do
Veículo Leve sobre Trilhos
(VLT), foi veiculada notícia
na tarde de ontem (30/10)
que o modal só ficará
pronto o trecho ligando o
Aeroporto Internacional
Mal. Rondon, em Várzea
Grande, até o Porto, em
Cuiabá. Sistematicamente
o governador Silval
Barbosa propalava que o
VLT, senão integral, mas
que o trecho do Aeroporto
até o Quartel no CPA
estaria pronto para uso
durante a Copa 2014.
Integrantes da equipe
técnica da Secopa e
engenheiros do consórcio
que constrói o VLT
afirmaram em entrevista
que a obra só chegará até
a região do Porto, em
Cuiabá.
Diante dessa
mudança, os gestores terão
de trocar o discurso para
se adequar à triste
realidade de atraso que
assola o modal.
COPA 2014
Conclusão da Arena
ainda é incógnita
A exatos 60 dias da
data da entrega dos
estádios que receberão os
jogos da Copa do Mundo
no Brasil, o término da
Arena Pantanal corre o
sério risco de não ser
entregue na data final
estipulada pela Fifa –
dezembro/2013. A
“novela” para a entrega
da Arena Pantanal parece
não ter fim. O prazo
inicial, previsto para
dezembro de 2012, foi
alterado para outubro de
2013, mas a Secretaria
Extraordinária da Copa
(Secopa) mudou
novamente a data, para
dezembro deste ano.
Como se não bastasse o
tempo a mais, parece que
será necessário pelo menos
mais um mês para a Arena
Pantanal ficar pronta e,
segundo prognóstico do
governador Silval Barbosa
(PMDB), será entregue em
janeiro de 2014.
Os constantes atrasos
se devem, em parte, à
polêmica com as cadeiras,
que chegaram a ser
licitadas, mas o alto preço
fez com que o governo
O governador Silval Barbosa chegou a declarar que entregará
todas as demais obras nem se for daqui a dois anos. Por: Rita
Anibal. Fotos: Mary Juruna
recuasse depois da
intervenção do Ministério
Público Estadual (MPE).
Um acordo judicial
firmado em audiência de
conciliação entre a Secopa
e a empresa Kango
garantirá uma economia
aos cofres públicos de
aproximadamente R$ 1,3
milhão na aquisição das
cadeiras da Arena
Pantanal, um ‘desconto’
irrisório de R$ 29 por
cadeira.
O curioso é que em
2010 a Arena Pantanal
chegou até mesmo a ser o
estádio mais avançado
para a Copa. Hoje, as
obras já estão 85%
concluídas e os locais onde
existem os trabalhos em
maior ritmo são a
instalação da cobertura,
preparação do gramado,
acabamento interno e
entorno. Na semana
passada, mais um susto
contribuiu para aumentar a
dúvida sobre a conclusão
da obra dentro do
calendário. Um incêndio
ocorrido no subsolo do
estádio consumiu as placas
de isopor que seriam
usadas na cobertura. A
Secopa informou que o
incêndio, debelado
rapidamente pelo Corpo
de Bombeiro da capital,
teria sido provocado por
um curto-circuito e gerou
desconfiança na
população, pois a obra é
nova e não teria razão
para tal, apenas se não
estivesse dentro de normas
de segurança ou pela
utilização de material e
serviços de baixa
qualidade.
Dos doze estádios da
Copa do Mundo de 2014,
seis ainda estão em
construção. A previsão é
de que eles sejam
entregues até o final de
dezembro, quando acaba
o prazo. Em sua última
visita ao Brasil, no começo
do mês, o secretário-geral
da Fifa, JérômeValcke,
passou por Cuiabá e
revelou preocupação com
o risco de atraso na
conclusão da Arena
Pantanal, possibilidade
agora admitida pelo
governador Silval Barbosa.
Reclamando muito de
‘distorções’ em relação às
obras da Copa, o
governador garantiu,
durante inauguração da
ponte Antônio Dorileo,
sobre o rio Coxipó, que
apesar das dificuldades
todas as obras ficarão
prontas, “nem que seja
daqui a dois
anos”. ”Não farei nada
de irresponsável para
deixar para o próximo
governador”, declarou,
mandando um recado:
“Não receberei nenhuma
obra que não tenha
qualidade e, se houver
falhas, não serão por
culpa da Secopa, mas das
empreiteiras”.
A ‘novela’
protagonizada pela
Secretaria Extraordinária da
Copa (Secopa) cujo tema foi
a licitação dos assentos da
Arena Pantanal teve um
desfecho melancólico
mediante acordo judicial. O
governo de Mato Grosso
aceitou uma ‘economia’ de
R$ 1,3 milhão na aquisição
dos assentos, caindo o preço
original de R$ 19,4 milhões
para aproximadamente R$
18,2 milhões. Mas o que foi
amplamente divulgado
como economia na verdade
foi a prova de que a
Secopa iria pagar R$
1,3 milhão a mais pelas
cadeiras se o caso não
tivesse se tornado um
escândalo nacional.
Esse imbróglio teve
início com o edital de
licitação confeccionado pela
Secopa ao fazer ‘exigências’
extravagantes, restringindo
uma ampla concorrência de
preços. Devido a isso, a
única empresa habilitada foi
a Kango Brasil que venceu a
licitação por R$ 19,4
milhões, para vender e
instalar as 44,5 mil cadeiras
da Arena Pantanal, com
valor médio por assento de
POLTRONAS
Governo ia desperdiçar
R$ 1.300.000,00
Após toda a polêmica em torno do contrato, governo vai mesmo
comprar poltronas caríssimas, ao contrário de outros estádios.
Por: Rita Anibal. Fotos: Mary Juruna
R$ 436,8. Como esta
mesma empresa havia
vencido a licitação para
fornecer as 72,4 mil cadeiras
instaladas ao Estádio
Nacional Mané Garrincha,
em Brasília, por R$ 12,7
milhões e preço unitário por
cadeira de R$ 175, o Estado
de Mato Grosso pagaria 2,5
vezes o valor oferecido ao
Distrito Federal. Caso não
houvesse os itens restritivos de
concorrência e exigências
tão peculiares, o gasto total
seria cerca de R$ 7 milhões
[tomando como base as
cadeiras do Mané Garrincha
com preço médio de R$
150], o Estado economizaria
R$ 12,4 milhões, montante
suficiente para construir mais
de 910 salas de aula
equipadas, adquirir 160
ambulâncias equipadas,
construir 150 km de redes de
esgoto ou, ainda, construir
mais de 45 postos de saúde
equipados.
Após tomar
conhecimento, o Ministério
Público Estadual (MPE) abriu
investigação sobre o caso
cujo resultado, após
notificação à Secopa, foi o
cancelamento do negócio.
Nessa investigação, o MPE
contatou que a oferta da
Kango era a segunda mais
cara entre as empresas
convidadas pelo Estado a
cotar preços para a licitação
via RDC, ou Regime
Diferenciado de
Contratação.
A Secopa promoveu
uma sessão do novo pregão
presencial, que foi suspenso
durante a fase de proposta
da única empresa
participante do certame, a
Desk Móveis Escolares
Produtos Plásticos Ltda,
devido ao fato de um
representante da empresa
Kango Brasil Ltda,
vencedora do processo
licitatório anterior que foi
anulado, apresentar um
documento que aponta a
Desk como empresa
inidônea, ou seja, impedida
de contratar com a
Administração Pública.
Depois disso, a Secopa
faz acordo com a Kango
para o fornecimento dos
assentos, mas a ‘novela’
ainda não teve um final feliz,
uma vez que a Desk,
vencedora do segundo pleito
promovido pela Secopa,
entrou na Justiça pedindo
ressarcimento.
Go v e r nado r c hamou de ‘ p r o f e t a s do cao s ’ quem
d i z i a que a A r ena não f i ca r i a p r on t a no p r a z o ;
ago r a conco r da com o s p r o f e t a s
O s e c r e t á r i o
Mau r í c i o Gu i ma r ã e s
mo s t r ando a
‘ c ade i r a de ou r o ’
comp r ada pa r a a
A r e na Pan t ana l
A e x ecução s em p l ane j amen t o p r ovocou ma i s uma á r ea de r i s co
Com a s chuva s f o r t e s que e s t ão ca i ndo , o ba r r anco j á começou a de s l i z a r
Os qu i n t a i s da s ca s a s j á e s t ão s o f r endo com
a s chuva s e o s mu r o s e s t ão s e de s l ocando
“Certamente, o que vale é esse reconhecimento de que valeu a pena Cuiabá ser escolhida. Tudo por causa da
realização das obras que entregaremos, na sua maioria, todas em dezembro”
“As obras estão sendo realizadas com planejamento e vão ficar prontas. Todas as secretarias
estão envolvidas para que os trabalhos sejam mais intensos e que o desenvolvimento das
ações fique a contento”
“O VLT veio para mudar Cuiabá e em 2014 estará pronto para toda a população
e para a Copa”
“Estamos prontos para entregar, em março, o Viaduto do Despraiado, a primeira obra
da Copa”
“O Viaduto da Sefaz será entregue na data correta [julho/2014]”
“É importante ver a obra em plena execução, máquinas trabalhando à
noite para garantir a conclusão desse Centro de Treinamento,
importantíssimo para o Mundial, mas também uma obra essencial para
a comunidade com um moderno centro esportivo [COT do Pari e
UFMT]”
“Estamos trabalhando com afinco para entregá-la em dezembro, mas pode ser que vá precisar de mais alguns dias, de 10 a
15, para os detalhes de acabamento, instalar algumas cadeiras. Porém, isso não nos preocupa”
“Estamos trabalhando com afinco para entregá-la em dezembro, mas pode ser que vá precisar de mais alguns dias, de 10 a
15, para os detalhes de acabamento, instalar algumas cadeiras. Porém, isso não nos preocupa”
“As obras ficarão prontas nem se for daqui a dois anos”
“Não vai dar mesmo de entregar 100% do VLT, mas cerca de 60% estará concluído e já
funcionando até a Copa”
“Em novembro, entregaremos o Viaduto do Despraiado”
“Marcamos para novembro a entrega do Viaduto da Sefaz que vai aliviar o trânsito na
Avenida do CPA”
“Apesar de a avaliação do TCE demonstrar um atraso, que é verdade, nós
temos controle da situação. Temos um plano que diz que a obra será entregue
em dezembro e que se houver algum problema no prazo, ainda temos uma
‘gordura’ para queimar nas duas obras”